Uma Deusa Virgem
CAPÍTULO II
Ao final da tarde, Mione sentiu-se mais disposta para sair. Perambulou pelas ruas antigas da cidade com a satisfação de uma criança.
Vestira jeans, um camisão leve e sapatos confortáveis. Sua aparência era muito parecida à de outros turistas que caminhavam pela baía. Seu corpo ainda se acostumava ao calor, mas o camisão era uma peça necessária. Não tinha coragem de usar camisetas justas em público. Seus seios um pouco fartos chamavam muita atenção.
Ficou fascinada com a arquitetura das construções antigas, pró¬ximas às docas. Percorrendo a vista pela baía, imaginou a época em que navios piratas navegavam por ali. A imagem do loiro atraente voltou à sua mente. Sim, ele teria dado um belo pirata, se vivesse naquela época. Como fora mesmo que Draco chamara os piratas durante o vôo? Flibusteiros? Nem conseguia imaginá-lo empunhando uma adaga.
Sorriu consigo, zombando do rumo de seus pensamentos. Apro¬ximou-se mais do molhe, para observar alguns homens que des¬carregavam um enorme cargueiro. Nunca vira muitos navios de perto. Greenville era uma cidade interiorana, situada longe do mar. Estava muito mais familiarizada com montanhas e vales do que com navios. Todavia, gostava de, observá-los. Absorta em pensamentos, não se deu conta do tempo que ficou ali. Nem de que seu interesse pudesse ser mais do que casual.
Um dos homens começou a observá-la e Mione juntou-se aos demais turistas com uma sensação de inquietude. Não queria pro¬blemas e uma mulher sozinha poderia encontrá-los com facilidade. O sol começara a desaparecer e o homem continuou a observá-la. Pelo canto dos olhos, Mione percebeu ele vindo em sua direção. Oh, Deus, o que faria agora? Não avistou nenhum policial por perto e a maioria dos outros turistas eram pessoas mais velhas que não se preocupariam em resolver problemas dos outros.
Segurando a bolsa com firmeza, andou rapidamente de volta para o hotel. Entrou sozinha, mas os passos pareceram continuar bem atrás dela. Seu coração se acelerou. E se o estranho quisesse assaltá-la? E se pensasse que ela estava atrás de um homem?
Apressando os passos, virou a esquina bem na hora em que um homem saía do hotel. Parou de repente e quase gritou de medo, mas notou a inconfundível cor dos cabelos dele bem a tempo.
— Oh — respirou aliviada, levando a mão ao peito.
Draco olhou-a com naturalidade. Trajava uma camisa branca e calça cáqui. Mione flagrou-se pensando se algo teria o poder de assustá-lo. Ele exibia sempre um incontestável ar de autoconfian¬ça, como se já conhecesse todos os perigos que a vida poderia lhe apresentar.
Draco olhou na direção de onde ela viera, analisando a situação com um rápido pensamento. O azul de seus olhos pareceu mais escuro quando voltou a encontrar os dela.
— Aproveitará mais a viagem se, se mantiver longe dessa parte da cidade depois que escurecer — ele avisou. — Acho que con¬quistou um admirador.
— Sim, eu sei. Eu...
Ela fez menção de olhar por cima do ombro, mas Draco a deteve.
— Não olhe agora. Ele pensará que o está encorajando. — Riu. — Deve ter uns cinqüenta anos e é careca. Se foi às docas procurar companhia, deve ter dado algum indício ao homem e agora ele pensa que ganhou o dia.
Draco falara brincando, mas o comentário magoou Hermione pro¬fundamente. Ficara claro que ele não achava que ela seria capaz de atrair um homem do nível dele.
— O problema é que esqueci onde estava, se quer saber a verdade. Serei mais cautelosa da próxima vez. Desculpe — disse e passou por ele.
Draco ficou olhando Hermione se afastar, aborrecido por ela haver ficado magoada e mais furioso consigo mesmo, por não ter se dado conta de que o comentário a magoaria. Resmungou algo incompreensível e foi atrás dela.
Porém, Mione apressou o passo e subiu pela escada, em vez de esperar o elevador. Entrou no quarto e trancou a porta. Nem ela própria sabia por que ficara tão aborrecida. Estava acostumada a ser ignorada por homens como Draco Malfoy.
A noite, não quis descer para jantar. Acionou o serviço de quarto e saboreou alguns mariscos sozinha.
Na manhã seguinte, desceu para o café. O orgulho falou mais alto e Hermione não queria que Draco pensasse que ela o estava evitando. Como já esperava, avistou-o sentado a uma mesa lendo o jornal.
Cada vez que o via achava-o ainda mais bonito, embora agora ele estivesse trajando apenas uma calça branca e uma camisa vermelha e branca. Um típico turista.
Como que pressentindo o olhar dela sobre si, Draco levantou a vista. Hermione enrubesceu, mas ele sorriu antes de voltar a ler. Ela mal percebeu o que comeu depois disso, não conseguindo con¬trolar o impulso de fitá-lo de vez em quando pelo canto dos olhos.
Draco era sofisticado demais, pensou consigo. Melhor seria man¬ter-se distante dele. Estava claro que não tinha nenhum interesse por ela, embora Mione se sentisse cada vez mais fascinada. Com certeza era do tipo acostumado a lidar com mulheres sofisticadas. O pouco que entrara em contato com ela fora apenas para se divertir, nada mais.
Prometendo a si mesma aproveitar ao máximo o restante de seus quatro dias de folga, voltou para o quarto, onde vestiu seu maiô preto para ir à praia. Prendeu os cabelos e olhou-se ao espelho.
"Mas que tipo mais comum", disse a si mesma. Não era de admirar que ele não estivesse interessado. Com aquela aparência, nem mesmo um tubarão olharia para ela.
“Vá para o México e divirta-se!” sua amiga Gina aconselhara. “Brilhe! Atraia os homens!” Mione suspirou, desanimada. Em sua terra-natal era início de primavera, época em que as flores co¬meçavam a desabrochar e os livros vendiam bem, principalmente os romances.
E aqui estava ela, sem nenhuma mudança em sua vida, exceto o lugar onde se encontrava. Sozinha e carente, como sempre.
Olhou-se mais uma vez ao espelho. Num impulso, ligou para o salão de beleza que havia no andar térreo do hotel, a fim de marcar um horário para cortar os cabelos.
Havia um cancelamento e eles disseram que ela podia descer logo, se quisesse. Minutos depois, viu-se sentada diante do espelho do salão, vendo parte dos cachos caírem aos poucos, até se trans¬formarem em um corte mais moderno. Os cabelos pouco abaixo das orelhas ficaram soltos com mais liberdade em torno do rosto, ressaltando os belos olhos castanhos e deixando-a com uma aparência mais feminina.
Sorriu para si mesma, satisfeita com o resultado. Ao deixar o salão, foi direto para o quarto, vestir novamente o maiô preto. Aplicou até um pouco de maquiagem e algumas gotas de perfume. O resultado não a deixou com uma aparência de rainha, mas, sem dúvida, melhorou bastante.
Examinou seu corpo com olhar crítico. Bem, não ocorreria nenhum milagre para fazê-la perder peso de uma hora para outra, pensou vestindo a saída de praia. O traje era até elegante, colorido em tons de azul e lilás. Arrumou o bronzeador e a toalha dentro da bolsa de praia, que comprara em uma loja da cidade. Em seguida, colocou os óculos escuros e saiu para a praia.
O dia estava fantástico. Muito sol, calor e o ritmo preguiçoso das ondas formavam o cenário perfeito para fazê-la relaxar.
Já estava a algum tempo na areia quando sentiu como se alguém a estivesse observando. Abriu os olhos e viu Draco perambulando pela praia, os cabelos ainda mais dourados sob o sol intenso. Sem camisa, seu porte atlético tornava-se mais evidente, desper¬tando olhares femininos, incluindo o dela.
Pêlos castanho-claros cobriam seu peito e parte do estômago. O short de banho deixava à mostra as pernas fortes, também cobertas de pêlos.
Mione virou o rosto para não ter que ver mais. A visão era perturbadora demais para uma mulher que não conhecia quase nada sobre o sexo masculino. Ele devia ter notado sua ingenuidade e se divertia com isso cada vez que a encontrava.
Draco sentiu uma onda de irritação do vê-Ia virar a cabeça. Por que Hermione insistia em olhá-lo sempre com aquele ar de criança desamparada? Ela o perturbava de uma maneira que nem ele mesmo sabia explicar. Estreitou o olhar. Novo corte de cabelo, hum? Ficara muito bom para ela, mas por que diabos estava em¬brulhada na saída de praia daquele jeito? Ainda a veria sem estar vestida com algo que a cobrisse do pescoço até os pés.
Franziu o cenho. Talvez ela tivesse seios pequenos e não qui¬sesse chamar atenção para isso. Mas será que ela não se dava conta de que quanto mais tentava camuflar a imagem, mais pro¬vocava olhares curiosos?
Observou-a com mais atenção. Pernas esguias, bonitas mesmo, pensou consigo percorrendo a vista pelo corpo estendido sobre a grande toalha. Quadris atraentes, curvas sensuais, cintura mar¬cada... Se bem que aquela saída de praia não estava colaborando muito com sua análise. Hermione dissera que precisava emagrecer, mas Draco não conseguia ver onde. Parecia perfeita para ele.
Ela era apenas uma mulher à procura de flertes, concluiu. Será que ele nunca aprenderia? Já não pagara o suficiente por seu único e maior caso de amor? Caso de amor... repetiu em pensa¬mento. No fundo, não fora nem isso. Uma ligação que lhe custara caro, nada mais.
Olhou o mar por um momento, perguntando-se o que o atraia nessa mulher. Um sorriso insinuou-se nos lábios dele. Hermione per¬tencia a uma espécie diferente de mulher. Talvez fosse isso que o atraísse.
Pelo canto dos olhos, Mione percebeu que ele se aproximava. Sentiu seu pulso se acelerar. "Não!", pediu em silêncio, fechando os olhos. "Por favor, vá embora!"
— Não vai conseguir tomar muito sol vestida com isso — Draco comentou, deitando ao lado dela e apoiando-se em um co¬tovelo.
Mione sentiu o calor do corpo másculo chegar até o seu, co¬brindo-a como uma nuvem quente de sensualidade.
— Não quero me queimar demais — explicou, disfarçando a voz tremula.
— Ainda está brava pelo que eu disse ontem? — questionou ele com um sorriso charmoso.
— Sim, um pouco — Mione admitiu.
Draco levantou o braço e tirou os óculos que cobriam o rosto dela. Hermione sentiu-se vulnerável.
— Não quis ofendê-la. Acho que não estou muito acostumado a lidar com mulheres. Passei muito tempo longe delas.
— Pelo visto, também as encara como inimigas — ela salientou.
Draco empertigou-se um instante, não resistindo ao impulso de fitar os lábios dela.
— Só mudo de opinião às vezes, na cama. — Riu ao notar o quanto ela enrubescera. — Não diga que ficou embaraçada? Não com o tipo de livro que carrega consigo. Tenho certeza de que detalhes como esses estão lá com todas as palavras.
— Não da maneira como você pensa — Hermione protestou.
— Ah, uma delicada dama sulista... — Draco sorriu.
Mione tinha uma suavidade com a qual ele não estava acostu¬mado, uma espécie de vulnerabilidade. Todavia, também havia determinação por detrás de toda aquela delicadeza.
— Eu a assusto?
— Sim. Eu... também não sei lidar muito bem com homens — confessou. — Nunca fui atirada.
— E sempre tão sincera? — Draco indagou com indiferença, mais interessado em analisar o belo nariz de Hermione.
— Não gosto que mintam para mim — replicou ela. — Por isso faço tudo para não mentir para as pessoas.
— Uma espécie de regra? — Segurou uma mecha dos cabelos dela entre os dedos, impressionado com o brilho que adquiriam sob o sol. — Gostei de seus cabelos assim.
— Estava quente para deixá-los compridos e... — interrom¬peu-se.
Hermione não estava acostumada a ser tocada, mas havia alga de magnético em Draco. Para ela, era perturbador ter toda aquela mas¬culinidade tão próxima de si, a ponto de poder tocá-lo, se quisesse. Draco a fazia sentir coisas das quais ela não lembrava desde a adolescência.
— Por que está usando isso? — questionou Draco, indicando a saída de praia.
Mione engoliu seco.
— Eu... não, mas...
— Então tire — disse ele. — Quero vê-Ia por inteiro.
Mione lembrou-se de uma cena semelhante em um dos últimos romances de seu autor preferido. Ao lê-Ia ficara sem fôlego. Só que agora a situação era real e o brilho no olhar de Draco a fez estremecer. Não desviou os olhos dos dele enquanto tirava a saída de praia.
Draco conteve a respiração. Pareceu ficar sem fôlego diante do que viu.
— Meu Deus... — sussurrou.
Mione corou novamente, sentindo-se como uma adolescente des¬nuda.
— Por quê? — Draco indagou, voltando a fitá-la nos olhos.
— Bem, eu... Os homens ficam olhando... — acrescentou, em¬baraçada.
— Deus, mas claro que eles têm de olhar! Você é fantástica!
Mione nunca ouvira nada parecido de um homem. Fitou-o com mais atenção, procurando o brilho de zombaria em seu olhar, porém não o encontrou.
Draco voltara a olhá-la, e Mione descobriu um lado seu que ela ainda não conhecia gostou da maneira como ele a estava observando.
— É por isso que usa blusas tão folgadas? — ele persistiu com gentileza.
Ela suspirou.
— Os homens parecerem pensar que mulheres mais... bem¬ dotadas não têm moral. Às vezes é embaraçoso, sabe.
— Pensei que você escondesse o corpo justamente pelo con¬trário — Draco confessou, sorrindo. — Bem, pode ficar tranqüila, afastarei qualquer admirador mais atrevido que resolver se apro¬ximar — acrescentou deitando de costas.
Mione sentiu-se lisonjeada. E nervosa também. Será que Draco esperava algum privilégio pela proteção? Percorreu a vista pelo corpo dele, totalmente relaxado ao lado do seu.
— Nada de cobranças — Draco disse com os olhos fechados, como que lendo os pensamentos dela. — Quero tranqüilidade, e não uma aventura inconseqüente.
— Eu também — Mione anuiu - Acho que eu nem saberia ter uma aventura.
— Você é virgem?
— Sim.
— Incomum hoje em dia.
— Acredito em união para toda a vida.
— Sim, pude deduzir pelo tipo de literatura que aprecia — Draco comentou com um sorriso preguiçoso.
Hermione não conseguia desviar os olhos do corpo másculo. Draco abriu os olhos de repente, surpreso com a fascinação que distinguiu no rosto dela. Apostaria quanto quisessem que ela nunca havia sido tocada nem da maneira mais inocente.
Imaginou como seria vê-Ia em um momento de paixão, com os olhos castanhos enevoados e o corpo lânguido de desejo. Franziu o cenho. Nunca perdera tempo em conquistar uma mulher. Nos dias atuais tudo acontecia com muita rapidez e era logo esquecido. Entretanto, se fosse preciso, Draco tinha certeza de que saberia conquistar uma mulher.
De súbito, esse tornou-se seu maior desejo. Queria ter Hermione junto de si e ensiná-la a amar. Só a idéia de ter aqueles dedos longos tocando sua pele, fez seu corpo reagir de uma maneira indesejada.
Virou de barriga para baixo, espantado com a súbita onda de desejo. Seria ela alguma feiticeira? Pensou voltando a olhá-la. Será que sabia o que acontecera a ele? Provavelmente não, caso contrário o rostinho virginal já estaria corado. Sorriu ao notar seu olhar expectante.
— Por que está rindo? — Mione quis saber.
— Quer mesmo saber?
Ela também virou a barriga para baixo, apoiando-se nos co¬tovelos. Viu o olhar de Draco se voltar para o decote que revelava a curva de seus seios. Fez menção de mudar de posição, mas ele a deteve.
— Não vai ficar grávida só de eu olhar para você — sussurrou.
— Você é terrível — Mione censurou-o.
— Sim, mas muito mais seguro do que qualquer um desses latinos. Não vou seduzi-Ia.
— Como se muitos homens quisessem isso.
Mione sorriu, voltando a se mover. Dessa vez Draco não a segurou, mas quando Mione deitou de barriga para cima, ele se inclinou sobre ela, olhando-a bem de perto ao dizer:
— Se não estivéssemos em um lugar público, eu lhe daria uma idéia do que você é capaz de fazer a um homem. Ainda a pouco aconteceu algo que chocou até a mim, e por sua culpa.
Mione arregalou os olhos, tentando se convencer de que seus ouvidos não haviam escutado aquilo.
— Vejo que entendeu — Draco socou. — O que há de errado, bela sulista? Sempre levou uma vida isolada demais?
Mione engoliu seco.
— Sim. Muito diferente da sua.
— É verdade — ele concordou. — Eu poderia deixar seus cabelos brancos se lhe contasse a história da minha vida. Prin¬cipalmente a parte que diz respeito às mulheres.
— Você não é nem um pouco romântico — Mione contestou.
— Não — Draco balançou a cabeça. — Às vezes me interesso por alguma mulher, mas só do ponto de vista sexual. Nada de ilusões.
Mione continuou fitando-o nos olhos, à procura de algo mais.
— E há um motivo? — indagou.
Draco assentiu.
— Foi quando eu tinha vinte e quatro anos. Ela estava com vinte e oito. Era mais experiente e linda como uma deusa. Se¬duziu-me no convés de um iate. Depois fiquei tão apaixonado que seria capaz de morrer por ela. Só que eu não tinha dinheiro e ela gostava de luxo. Vendi tudo para conseguir mantê-la do meu lado. — Seus olhos escureceram diante da dolorosa lem¬brança. — Eu ajudara meus pais a comprar uma casa para pas¬sarem a velhice com dinheiro que eu havia... ganhado — acres¬centou sem mencionar maiores detalhes. — Quase hipotequei a propriedade, mas o banco impediu o negócio. Meu pai, que in¬vestira as economias de toda uma vida em sua parte da casa, morreu de ataque cardíaco pouco tempo depois. Minha mãe me culpou pela morte dele. Ela morreu seis meses depois.
Draco encheu uma mão com areia e foi deixando-a cair devagar. Hemione continuou olhando o perfil bonito, enquanto uma voz interior lhe dizia que ele nunca contara essa história para outra pessoa.
— E a mulher? — perguntou com gentileza.
Draco derramou o restante da areia e apoiou a mão sobre ela.
— Encontrou outro otário — sorriu com frieza. — Um com mais dinheiro.
— Sinto muito. Entendo o quanto isso deve tê-lo deixado ar¬rasado. Porém...
— Porém nem todas as mulheres são calculistas? — Draco ter¬minou por ela. — É isso?
— O único namorado que tive até hoje saía comigo e com outra garota ao mesmo tempo — Mione replicou.
— Que ligação ardente deve ter sido — Draco ironizou.
— Eu o amava — ela sorriu com pesar. — Só que ele estava mais interessado em satisfação física do que em um relaciona¬mento sério.
— Como a maioria dos homens.
— Suponho que sim. — Mione suspirou. — Decidi que prefiro ficar sozinha. É muito mais seguro.
Draco deitou de lado, observando-a.
— Você mexe comigo — disse depois de um instante.
— Por quê? Por que não tenho experiência?
Draco assentiu.
— Meu mundo não conhece pessoas inexperientes. Você é uma espécie de raridade para mim.
— Sim. Você também é para mim — Mione confessou, sus¬tentando o olhar.
Draco afastou os cabelos do rosto dela com a mão forte, mas gentil. Mione gostou de sentir aquele toque quase carinhoso. Ele abaixou a vista para o maiô que ela usava, observando a reação de Mione. O tecido fino revelou os mamilos túrgidos, salientados pela respiração alterada.
Mione fez menção de se cobrir com os braços, mas Draco fitou-a com olhar mais intenso, balançando a cabeça que não.
— Isso é tão natural quanto respirar — ele disse num tom quase inaudível em meio ao barulho das ondas. — É muito ex¬citante. Não precisa ficar embaraçada.
— Fui criada por uma tia solteirona — Mione confessou. — Ela nunca se casou e fui ensinada a...
Draco pousou o dedo sobre os lábios dela. Um delicioso contato que provocou um arrepio por todo o corpo de Mione.
— Posso imaginar o que ela ensinou a você. — Estudou cada detalhe dos lábios dela, encantado ao vê-los abrirem ligeiramente. — Adoro sua boca, Mione. Gostaria de tocá-la com a minha.
A idéia era excitante demais. No mesmo instante o olhar de Hermione se voltou para os lábios firmes, sensuais. Poderia jurar que ele beijara muito pouco ultimamente.
— Já foi beijada alguma vez? — Draco indagou.
— Uma ou duas vezes — ela respondeu num tom de brinca¬deira, tentando disfarçar o embaraço.
— Beijos franceses? — ele provocou-a.
Mione podia sentir o coração batendo forte contra o peito. Sua respiração alterou-se ainda mais quando Draco deslizou os dedos por seu pescoço até atingir a curva entre seus seios. Mione sobres¬saltou-se, fazendo-o sorrir.
— Chocada? — murmurou, deslizando um dedo mais para dentro do decote.
O corpo de Draco a encobria das outras pessoas e não havia ninguém diante deles.
— Ninguém está nos vendo — sussurrou ele.
Mantendo o sorriso provocante, continuou a deliciosa explo¬ração. Mione sentiu cada centímetro de seu corpo reagindo ao toque sensual e sabia que ele estava notando suas reações.
— Sua pele parece de seda... — sussurrou com os lábios a poucos centímetros dos dela, enquanto a mão habilidosa conti¬nuava a excitá-la.
Mione queria mais. Desejava sentir o toque de Draco sobre seus mamilos. A expressão em seu rosto denunciava isso. Aos poucos o sorriso de Draco foi desaparecendo.
— Se continuar me olhando desse jeito, vou tocá-la por inteiro e mandar toda essa gente para o inferno.
Mione entreabriu os lábios. Sentia-se rendida, vulnerável. Todas suas amigas estavam casadas, cada uma delas encontrara a feli¬cidade. Menos ela. Isso não era para sua vida. E agora esse homem que poderia ter qualquer mulher daquela praia resolvera brincar justo com ela, divertir-se às suas custas. E o pior é que estava deixando!
Draco parou um instante, lendo a mensagem nos olhos dela.
— Não — sussurrou ele com infinito carinho. — Não estou brincando.
Mione mordeu o lábio, contendo as lágrimas. Ele via demais para um estranho.
— Sim, está — retrucou. — Você...
Os lábios de Draco tocaram os dela com cautela, para que ela sentisse primeiro o contato, antes de beijá-la com mais intensidade.
Devagar, a mão experiente começou a se mover dentro do maiô de Mione. Ao notar que ela estremecera, Draco sussurrou:
— Daqui ninguém pode ver o que estamos fazendo...
Mione tocou os ombros fortes, sentindo a mão quente ir cada vez mais longe.
— Draco... — murmurou.
Ele hesitou um instante, levantando a cabeça. Deparou-se com um lindo par de olhos castanhos cheios de novas sensações. Susten¬tando o olhar, deslizou a palma da mão até o mamilo enrijecido.
— Essa é a primeira vez? — Draco indagou.
— Você mesmo não pode responder?
Mione moveu o corpo, desejando sentir o delicioso contato mais completamente. Para sua própria surpresa, um leve sorriso insi¬nuou-se em seus lábios.
— Obrigada — murmurou.
Draco não suportou ouvir aquilo. Não era gratidão o que desejava dela! Num impulso, levou a mão até o rosto dela e beijou-a com uma ternura que nunca demonstrara a nenhuma mulher. No fundo, nem ele mesmo sabia que era capaz de demonstrar tanto carinho.
— Fala como se considerasse um sacrifício de minha parte tocar você — disse a ela. — Se soubesse mais sobre os homens, perceberia que estou tão atraído por você quanto você por mim.
— Por mim? — Mione arregalou os olhos, incrédula.
— Sim, minha virgem sensual — Draco sorriu. — Estou ardendo de desejo por você.
Mione sorriu, atraindo a atenção de Draco para a beleza de seu rosto. E pensar que ele a considerara atraente. Quanta tolice! Sentia que Mione era uma mulher capaz de demonstrar muita sen¬sualidade e a queria para si.
Mione deixou seu olhar percorrer o corpo dele. Deteve-se por um instante nas pernas fortes, levemente bronzeadas.
— Também gosto de suas pernas — Draco asseverou.
Ela levantou a vista no mesmo instante.
— Importa-se? Sei que estou agindo feito uma adolescente.
— É sempre muito sincera, não? Mas pode olhar para mim, eu não me importo. Exceto que isso...
— Isso...? — Mione insistiu.
— Me deixa excitado.
— Só de eu olhar para você?
Draco sorriu.
— Talvez seja coisa da idade — justificou dando de ombros. — Tem olhos muito expressivos, sabia? Eles me dizem tudo que você está pensando.
— É mesmo? — Mione retribuiu o sorriso. — Então o que estou pensando agora? — indagou ela sem se concentrar em nada especial.
Draco levou a mão aos lábios, pensativo.
— Que você gostaria de jantar comigo — respondeu. — Que tal?
— Sim, eu gostaria. Se não tentar me seduzir de sobremesa — acrescentou ela.
— Eu gostaria de tê-la para mim — Draco admitiu. — Porém não conseguiria mantê-la ao meu lado. Uma virgem é raridade para mim. A maioria de minhas companhias de uma noite eram exatamente o oposto de virgens.
Mione tentou não corar, mas suas faces a traíram. Draco procurou seu olhar.
— Eu não a magoaria por nada desse mundo — disse. — Com você teria de ser amor, não sexo.
— Sinto muito — foi só o que Mione conseguiu dizer.
— Por quê?
Mione abaixou a vista.
— Por que... Acho que gostaria de tê-lo como... Amante.
— Sim, sinto o mesmo com relação a você. — Segurou o rosto dela entre o indicador e o polegar, impelindo-a a olhá-lo. — Tempo e lugar errados. Devíamos ter nos conhecido há uns dez anos.
Mione sorriu.
— Você não iria gostar de mim com dezesseis anos — disse. — Eu pesava uns quinze quilos a mais.
Draco suspirou.
— E eu estava prestes a entrar em uma enrascada. Que pena. — Beijou a palma da mão dela, satisfeito ao ver o brilho de fascinação nos belos olhos castanhos. — Quanto tempo ficará aqui?
— Quatro dias — Mione respondeu com tristeza.
— Então faça boas lembranças comigo — Draco propôs num sussurro.
— Isso só tornará as coisas piores...
— Manteremos em um nível suportável — Draco salientou. — Não vou seduzi-Ia.
— É provável que amanhã eu esteja implorando para você fazer isso — Mione confessou, sem desviar os olhos dos dele. — Fico muito vulnerável quando estou perto de você.
Draco percorreu a vista pelo corpo dela, sentindo o desejo quei¬mando dentro de si.
— Sim... também fico vulnerável ao seu lado. — Sorriu quando ela virou novamente de barriga para baixo. — Não se preocupe. Cuidarei de você, e de mim.
Mione olhou-o, sorrindo.
— Você é tão charmoso — não pôde deixar de dizer.
— E você pura dinamite!
— Obrigada.
Draco fitou-a nos olhos.
— Deus, e tão inocente ao mesmo tempo... R.J. morreria de rir se me visse agora.
— R.J.? — Mione repetiu, curiosa.
— Um velho amigo — Draco explicou. — Feche os olhos e vamos tomar um pouco de sol. Mais tarde vou levá-la para um passeio.
Mione fechou os olhos com um sorriso. Pelo visto, milagres também aconteciam a solteironas solitárias. Esses seriam os quatro dias mais incríveis de toda sua vida. E não pretendia perder nem um segundo deles, a começar de agora!
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