Consequências



Cap. X


Conseqüências


 


Dor?


 


Sabe o que é a Dor?


 


Consegue imaginar a Dor que estamos sentindo agora?


 


Consegue?


 


Sim?


 


Não! Você não pode nem imaginar!


 


Como assim?


 


*risos*


 


Pense na dor mais lacerante que você já teve.


 


Não é nada comparado a que estamos sentindo agora!


 


Pense na sensação de agulhas perfurando sua pele.


 


Agora pense em mil agulhas.


 


Mil agulhas incandescentes.


 


Multiplique por mil.


 


Ainda não chega perto da que estamos sentindo.


 


É como se não houvesse mais nada no mundo do que essa Dor.


 


Como se respirássemos Dor.


 


Falássemos Dor.


 


Não existe mais nada.


 


Não existe esperança.


 


Não existe vontade.


 


Não existe fé.


 


Só existe Dor.


 


Mas é essa Dor que está nos dando força.


 


Pra sair dessa Dor eu faço qualquer coisa.


 


Eu também, qualquer coisa pra sair daqui.


 


Onde é Aqui?


 


É mais fácil perguntar o que é Aqui.


 


Aqui não existe.


 


Aqui é nada.


 


Ao mesmo tempo em que Aqui é tudo.


 


É onde tudo termina.


 


E onde tudo acaba.


 


A nossa Dor começou Aqui.


 


Rezo para que acabe Aqui também.


 


O que é aquela luz?


 


Não faço a mínima idéia Gio.


 


Vamos lá Brenda!


 


 


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


 


Uma cena digna de um filme de terror.


Cortinas rasgadas, marcas de luta, unhas na porta, sangue pelo chão. Sangue.


Era quase impossível de se olhar.


Ela virou as costas, foi para a janela. Numa hora dessas, ela já tinha voltado ao normal.


Doía, tudo doía, ela se segurou no parapeito da janela para parar de tremer. Não conseguiu.


Ela tentou se virar pra olhar. Não conseguiu.


Ela tentou chorar. Não conseguiu.


Ela tentou gritar. Não era possível.


Sua boca. Ela não queria pensar.


Sua garganta. Ela tentou gritar de novo, mas não conseguiu.


O cheiro... O sangue...


 


SANGUE!


 


Seus olhos se arregalaram e ela virou num ímpeto.


Caídas em partes diferentes do quarto. Como corpos jogados.


Ela estivera em um transe todo esse tempo.


Ela sacudiu a cabeça e correu para o primeiro corpo.


 


- Ela ainda respira! Que bom...


 


Respirava sim, mas sua expressão era a de alguém com muita dor.


Mas seus olhos não conseguiam se concentrar no rosto. Eles migravam contra a sua vontade, para o pescoço.


Aquela sim... Era uma cena que dava nojo.


Ela se segurou para não vomitar. Depois pensou. Vomitar o que? Sangue? Que piada.


Ela se levantou e foi no outro corpo. A situação era a mesma.


Nesse momento o sangue frio já havia tomado conta.


 


- Só tem um jeito... Não acredito que eu to fazendo isso agora...


 


Gabrielle cortou o pulso esquerdo com as unhas. Gotas de sangue vermelho gotejaram do corte.


Ela se aproximou de Giovanna, a primeira que ela examinou, abriu a boca da garota delicadamente e deixou um pouco do seu sangue gotejar lá dentro.


Depois fez o mesmo com Brenda, que estava um pouco mais distante.


Não precisou esperar nem dois minutos. As feridas cicatrizaram rapidamente, sem deixar marcas. Para alívio de Gabrielle.


Carregá-las para suas camas não foi um grande problema... Não depois de tudo...


Com uma força desconhecida e escondida nos braços delicados, Gabrielle as levantou como se fossem bonecas de porcelana em pedaços.


Nesse momento veio o pensamento: o que faria a partir de agora? Ela não poderia lidar com o que viria a acontecer sozinha... Precisava de ajuda.


Mas quem? Quem nesse colégio sabia de sua existência? Jéssica? Não! De jeito nenhum poderia envolvê-la nisso. Ela já tinha problemas suficientes com ela mesma. Então quem?


Como um raio de luz a resposta veio em sua mente...


 


- É claro... Mas como não pensei nisso antes?


 


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Ela bateu na porta de carvalho antigo. Sua respiração ofegava, nunca correra tão rápido em sua vida.


 


- Entre. - Ela o fez.


 


A sala do diretor era como sempre fora, cheia de coisas velhas e empoeiradas, além dos quadros dos antigos diretores nas paredes, eram apenas alguns e eles dormiam. Gabrielle sempre os achou patéticos, mas aquele não era o momento de reparar nos quadros.


Ao olhar para a mesa do diretor, percebeu que a cadeira estava virada de costas à porta, para que o diretor não pudesse ser visto por quem entrasse. Um ruído de tecido roçando no estofamento, o diretor estava se levantando. Imediatamente veio a mente de Gabrielle a imagem conhecida do diretor. Uma barba com aparência mal cuidada, um cabelo que mal se via por debaixo do chapéu roto que sempre usa, mas que com certeza era imenso e feio.


Mal sabia Gabrielle da surpresa que estava por vir. A mandíbula desta se desprendeu como se estivesse solta. O que era aquilo, mal podia acreditar: no lugar onde deveria estar de pé o velho e conhecido diretor, estava um dos homens mais bonitos que já vira em sua vida.


Cabelos pretos e curtos, uma barba bem feita, olhos castanhos vivos. Estava também ricamente vestido para a época: um traje de linho grafite, que lhe assentava bem o rosto. Tinha também, Gabrielle não pode deixar de notar, um brinco com um longo pingente vermelho em sua orelha esquerda.


 


- Ora, vejo que se impressionou com meu novo visual. Até agora ninguém desaprovou, mas não acho muito condizente com a minha idade, sabe? – ele tinha uma aparência muito jovem, nenhuma ruga poderia ser vista em seu rosto impecavelmente bonito – Essa mudança se deve a sua querida meia-irmã Jéssica, ela disse que meu tom de pele combinava com grafite.


 


Ele disse aquilo tudo de uma vez, deixando Gabrielle ainda mais perplexa, principalmente ao ouvir as palavras idade e Jéssica. Ele falava com quase nenhuma expressão, apesar do tom cômico, ele olhava intensamente para Gabrielle e só.


 


- Mas isso é um assunto pequeno, sinto que você tem algo pra me falar. Algo sério.


Gabrielle se assustou, por um minuto quase se esquecera de suas amigas desacordadas no quarto.


- Professor Fortescue, aconteceu algo terrível!


- Não posso dizer que já não estava esperando por isso – o diretor desceu os degraus que dividiam a sala e parou bem em frente da garota – Seu pai, meu mestre, já me mandou aqui exatamente para isso.


- Seu mestre? Você é da família? – ela gaguejou – M-mas como pode? Você é o diretor!


- Eu consegui o cargo somente para manter meus olhos fixos em você. E você fez cada coisa magnífica! Mas todos nós sabíamos que não poderia se mantiver firme por muito tempo. – Gabrielle tremeu. Ele começou a falar mais firme, mais sombrio, enquanto se aproximava cada vez mais dela – Você nasceu e viveu todo esse tempo pro sangue. Nada mais que isso.


 


A cada passo dado, Gabrielle dava dois para traz. Ele lhe inspirava algo que a fazia se afastar mais e mais dele. Infelizmente existia uma grande mesa pesada de carvalho cheia de instrumentos mágicos bem atrás dela. Ao sentir a mesa tocar a pele, uma onda de desespero se apossou do corpo de Gabrielle. Ela sentiu que desmaiaria a qualquer momento. O diretor estava a um palmo de distância agora, menos que isso. Ela sentiu os seus corpos se encostarem. O professor apoiou a mão esquerda sobre a mesa, aumentou a pressão de seu corpo sobre Gabrielle, com a mão direita segurou seu queixo e o ergueu. Chegou com os lábios bem perto dos da garota. Então encostou o belo nariz naqueles lábios vermelhos e aspirou sua pele, seu hálito.


Depois se afastou, deixando uma Gabrielle quase desacordada encostada na mesa, com a respiração pesada.


 


- Você fede a sangue... – e se calou.


 


Se ela já não tivesse quase matado alguém, ela teria o feito naquele momento. Ele disse num tom de escárnio que deixaria qualquer um nervoso, isto é, se não estivesse tão tonto como Gabrielle estava no momento. Não vendo nenhuma resposta da garota ele perguntou:


 


- Elas já tomaram do seu sangue? – ela acenou – Então elas já acordaram pela primeira vez? – outra resposta positiva – Então temos que tira-las do dormitório o mais rápido possível, não sabemos o que pode acontecer durante o despertar, então é melhor prevenir.


 


Dizendo isso, ele foi até a porta e a abriu, fez um movimento de quem espera que uma dama passe, Gabrielle passou na frente e saiu da sala. Eles foram até o salão comunal da Sonserina, sob os olhares curiosos e apaixonados de algumas alunas. Ao entrarem no quarto o diretor se aproximou de cada uma delas e lhes segurou o pulso.


 


- Elas estão bem por agora, mas vamos tirá-las daqui.


- Para onde as levaremos? – quis saber Gabrielle


- Que tal para a Sala Precisa?


 


Gabrielle se perguntou como ele sabia da Sala Precisa, depois se lembrou que ele era o diretor do colégio afinal. O diretor segurou Brenda nos braços e Gabrielle levou Giovanna. O diretor soltou um feitiço de desilusão bem forte nos dois, e eles ficaram invisíveis. Passaram por todos silenciosamente e correram ao sétimo andar. Sentindo a necessidade uma porta surgiu na parede mais próxima e eles entraram por ela. A Salva havia se transformado num belíssimo quarto, com duas camas de dossel alto e um confortável sofá. Eles depositaram cuidadosamente as meninas e se sentaram no sofá.


 


- Agora só nos resta esperar. – foi só o que disse o diretor. E só o que se ouviu por um tempo foi a respiração forte das meninas desacordadas sobre as camas.


 


No entanto um barulho começou, pareciam sussurros. Gabrielle se aproximou das camas e reparou que as bocas de suas amigas se moviam rapidamente.


 


- O que está acontecendo? – ela perguntou virando para o Diretor Fortescue.


- São segredos, você escolhe se quer ouvi-los ou não, mas elas são obrigadas a contá-los. – ele disse simplesmente.


- Mas, porque estão contando seus segredos pra mim?


- Em fator do contrato que fizeram. Ao salvar suas vidas, você as forçou em um contrato eterno com você. Elas te servirão para todo o sempre, porém, em troca, elas tem que se livrar dos segredos entre vocês. – ele disse e depois deu um sorriso cativante – Simples e prático, não é?


 


Nesse momento Gabrielle que estava com várias coisas na cabeça, não pode agüentar o sarcasmo vindo do homem em sua frente. Avançou em sua direção e puxou o colarinho de seu traje, apoiou o joelho esquerdo no sofá e aproximou bem seus rostos.


 


- Você definitivamente quer morrer! – seu rosto estava pegando fogo, provavelmente da cor de seus longos cabelos cacheados – Eu estou passando por poucas e boas aqui e ainda tenho que ouvir suas ironias?! – o diretor deu um sorriso largo, e encostou-se ao sofá


- O que vai fazer comigo? – o sorriso aumentou – Me matar?


- Não me dê idéias! – disse Gabrielle furiosa.


 


Parecia que o diretor ia dizer alguma coisa, mas foi interrompido com um barulho quase ensurdecedor vindo das camas. Pesadas barras de ferro desceram do nada nas laterais da cama.


 


- O que foi agora? O que aconteceu?


 


Uma placa apareceu nas grades de cada uma das camas: “Perigo”


 


- Perigo? Mas... porque?


- O quarto sentiu um grande perigo vindo delas. – Fortescue disse se levantando e ajeitando a veste.


- Mas que perigo garotas desacordadas podem poderiam causar? – disse Gabrielle se aproximando das grades.


- Não chegaria perto daí se fosse você. – ele disse com um sorriso.


- E porque não? – disse enquanto encostava-se à grade da cama onde Giovanna estava.


 


Uma mão segurou seu pulso bem forte. A dor foi incomum. Gabrielle olha assustada para o lado e vê Giovanna. Não era a garota que ela conhecia, era quase um espectro, tinha no rosto uma expressão que mesclava raiva e ódio.


 


- Ahhh! – gritou Gabrielle – Giovanna? Me solta! Ai! – a dor no pulso aumentou, seu braço foi puxado pra dentro da grade.


- Me escute bem, - Giovanna disse com uma voz sobre-humana – me escute bem... Meu maior segredo... Escute-me.


- Eu estou ouvindo, - Gabrielle prendeu a respiração – pode dizer.


- Meu segredo... Só pra você. Meu segredo... – as palavras saiam como se houvesse muita dor em cada uma delas – Eu sou uma amaldiçoada... Aquela mulher... Matou minha vida... Eu estou marcada pra morrer... Eu tenho poderes são espirituais... eu lido com as forças do espírito... Eu... Queria morrer... Mas eu não posso mais...


 


E desmaiou. Gabrielle soltou a mão e se afastou da grade. Estava assustada, ela finalmente soube o que Giovanna sempre escondeu. Mas não se sentia bem com isso. Ao contrário, se sentia mal, tinha pena de Giovanna, principalmente depois de saber do seu último desejo: “Queria morrer...”


Mas não teve tempo para se aprofundar nesses pensamentos, um grito assustador veio da outra cama. Brenda gritava e implorava por sua vida. O grito foi tão alto que até Giovanna acordou para ver o que estava acontecendo:


 


- O que houve? Porque Brenda está gritando? Porque eu estou presa numa cela? O que está acontecendo? GABRIELLE! – Giovanna gritou, entrando em desespero.


- Acalme-se, por favor, Gio! Brenda, Brê, o que houve? – ela encostou a mão na grade. Brenda se agarrou as grades também. Com uma grande expressão de dor na face.


- Meninas... Ajudem-me! Eu... Eu vou morrer meninas!


- Não diga isso, sua idiota! – Giovanna gritou do outro lado.


- Isso mesmo, você não vai morrer, a dor vai passar logo.


- Não Gabby! Não vai passar dessa vez, eu vou realmente morrer! – as suas mãos escorregaram das grades e ela caiu de lado na cama, respirando dolorosamente. – Deixe-me dizer-lhes uma coisa antes de ir, por favor?


- Diga... Diga qualquer coisa! – suplicou Gabrielle entre lágrimas, não podia suportar a cena, era aterradora.


- Eu cai em um poço de Felix Felícius quando eu era apenas um bebê. Então eu sempre tive mais sorte do que qualquer outra pessoa. E a Daisy não é minha outra personalidade, EU sou a outra personalidade dela.


- QUER DIZER QUE EU TRANQUEI A PERSONALIDADE ERRADA? – gritou Giovanna, ela não chorava, mas sua voz estava embaraçada.


- Me desculpem me desculpem meninas... – a voz dela foi sumindo.


- Ai droga! – Giovanna xingou e juntou as mãos na direção de Brenda e começou a murmurar uma série de encantamentos.


- BRENDA! – Gabrielle gritou ao ver os olhos da amiga começarem a ficar vidrados.


- Consegui! – Giovanna exclama ofegante.


- O que? Conseguiu o que? Ela morreu!


 


Realmente, Brenda estava caída de lado na cama com os olhos vidrados no nada e já não respirava. Mas logo depois ela dá um suspiro assustado, como se estivesse afogada, e pisca os olhos. Ela levanta e sacode a cabeça e olha fixo para Gabrielle, logo depois seus olhos deslizam até Giovanna trancafiada na outra cama.


 


- Sua vadia, vagabunda! – Grita a garota e se agarra nas grades, como se quisesse alcançar algo do outro lado – Como você ousa me trancafiar dentro da minha segunda personalidade, mesmo depois eu ter passado tanto tempo tentando sair! – O tom de voz dela era raivoso. Depois ela deu um suspiro e desistiu de tentar agarrar Giovanna. Coloca a mão sobre o coração e sente as lágrimas começando a escorrer sobre a face – Por sua causa ela se foi, por sua causa ELA MORREU!


 


A verdade era cruel, mas era a verdade. Giovanna fechou a cara e olhou para o outro lado, Daisy continuou parada com a mão sobre o peito e Gabrielle apenas estava em pé entre as duas camas, olhando de uma pra outra completamente incrédula. O que tinha acontecido?


 


- Acabou o drama?


 


Gabrielle olhou para o diretor. Ele estivera observando tudo desde o início com uma expressão neutra e indiferente. Ele ignorou o olhar raivoso que Gabrielle que lançara e foi até a parede mais próxima, surgiu então um quadro de um bruxo gordinho com um jaleco médico. O quadro se abriu como uma porta e o diretor passou por ele.


 


- Quem é o gato? – quis saber Daisy


- Nosso diretor com o cabelo cortado e sem barba. – Gabrielle disse simplesmente, com indiferença. É claro que ela teve que explicar que o diretor era, na verdade, um servo de seu pai, então, provavelmente, um vampiro.


 


O quadro se abriu novamente e o professor entrou novamente na sala. Ele trazia consigo uma caixa. Ele a carregou até o meio das duas camas e a abriu:


 


- Aqui está, quatro pra você, quatro pra você e dois pra você. Devem estar com fome.


 


O que ele lhes entregara foi nada mais, nada menos, do que bolsas de sangue.


 


- O que exatamente eu tenho que fazer com isso? – perguntou Giovanna


- O que você acha? – replicou ironicamente o diretor – já esqueceu o que vocês passaram nessa ultima hora?


 


Um olhar de entendimento misturado com um de espanto passou na fronte das duas garotas. Giovanna rapidamente de recuperou do choque e rasgou a ponta da primeira bolsa. Depois começou a beber o sangue. Daisy ficou completamente chocada com a cena. Por entre as grades via Giovanna se deliciar com nada mais que sangue, via também um filete de sangue escorrer pelo canto de sua boca:


 


- O que você está fazendo?


- O que você não está fazendo? – replicou Giovanna, indiferente. Daisy mal podia abrir a boca.


- Mas... Você tá bebendo sangue!


- Você não está com sede?


 


Era verdade que estava com a garganta seca. Mas na podia acreditar que a amiga estava tomando sangue pra saciar a própria sede.


 


- Você é mais burra que a Brenda... – Giovanna disse simplesmente – Acho que até ela já teria entendido, uma hora dessas.


- Entendido o que? Não te compreendo!


- Viramos vampiras, sua idiota! Vampiras! – ela destacou a última palavra – Bebemos sangue pra sobreviver agora!


- Mas por quê? – aí sua memória da última hora passou de uma vez em sua mente, então ela entendeu.


 


Daisy acabou por fazer o mesmo que Giovanna. E Gabrielle também o fez. Até o diretor pegou uma bolsa e se sentou no sofá. Eles ficaram em silêncio até todas acabarem suas bolsas de sangue. Depois de acabado, ninguém conseguiu falar nada. Gabrielle tentou começar a falar:


 


- Meninas, me desculpem... Eu... Eu perdi o controle, foi minha culpa!


- Errado! – corrigiu Giovanna – Fui eu quem roubou seu último soro, eu estava curiosa sobre você e então eu acabei arrombando seu malão e mexendo nas suas coisas. Se eu não tivesse feito isso, nada disso teria acontecido.


 


O silêncio se instalou.


 


O que aconteceu depois, não vale apena falar aqui. O resto do sétimo ano das nossas heroínas será contado em outra oportunidade. Tudo o que nos compete saber é: elas fizeram as pazes e tentaram viver o ano o mais normalmente possível. O diretor Fortescue lhes ensinou tudo o que deveriam saber sobre a Corte (como era chamada a mansão dos De La Fere), e como controlar seus poderes, que haviam se multiplicado. Era certo de que elas deveriam se dirigir a Corte juntamente com Gabrielle, mas elas rogaram para que pudessem ir para suas terras natais, para se despedirem.


Daisy ao voltar pra casa, depois de contar (sem muitos detalhes) o que aconteceu com Brenda aos pais, foi recebida com um abraço apertado da mãe. Recolheu suas coisas e se despediu deles para sempre.


Giovanna voltou para Córsega. Mas ao procurar seu primo e descobrir que este estava para se casar por conveniência com uma dama rica, pegou as poucas coisas que ainda lhe restavam e foi embora. Nada mais lhe prendia àquela cidade.


 


Fim do Flashback




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- Nossa! Parece que foi a tanto tempo!


- E foi há muito tempo mesmo, Daisy!


- Pra mim não passou tempo algum, Giovanna! Eu continuo bem jovem tá?


- Nós sabemos Daisy... – disse uma Gabrielle sorridente, sentada no balanço


- E então? Pra que estamos aqui hoje?


- Eu sei tanto quanto você, Giovanna! Apenas fomos acordadas e nós nem quisemos conversar.


- Mas era o melhor a se fazer, não é? Se situar no tempo-espaço, usar um pouco dos músculos...


- Tem toda a razão Daisy! Mas eu estou curiosa do mesmo jeito.


- É só agente voltar lá. – disse Gabrielle simplesmente


- Então vamos de uma vez – Giovanna diz sombria e vira as costas pras duas, indo em direção a rua.


 


As duas garotas fazem caretas engraçadas e a seguem. Elas seguem até o fim da rua, as capas esvoaçando, as botas sendo molhadas pelas poças no asfalto. Até que elas desaparecem e tudo o que resta são traços de uma fumaça preta no lugar.


 


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E aê CAMBADA DOS INFERNOS!


Eu voltei, ressucitei dos mortos, emergi das cinzas, tomei vergonha na cara, o que vocês preferirem.


Eu escrevi esse capítulo umas MILHÕES de vezes, até ficar bem do jeito que eu queria.


Ai mano, que emoção! >..< Meu coração tá todo Doki-doki aqui!


Ah, eu não sei se vocês repararam, meu jeito de escrever mudou bastante desde aquela época, tenho que dizer. Digamos que eu evolui minha escrita. (?) Mas enfim...


 


Espero que tenham gostado do capítulo, foi muita felicidade voltar a postar! Comentem, né? me deixem saber o que vocês acharam desse tão esperado capítulo! :P 


Giovana Augusta

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