Prólogo.
Prólogo.
Se aquela fosse uma sexta-feira normal, Gina Weasley certamente não estaria deitada no sofá da casa de Hermione, de cara amarrada e descabelada. Realmente, aquela sexta-feira estava longe de ser considerada normal...
No ministério eles descobriram que um dos amigos não andava com boas índoles e foi pego tentando arrombar um banco trouxa; Draco Malfoy havia completado um mês de namoro hoje; E Gina se encontrava na casa de Hermione, entediada, esperando que ela tivesse a boa vontade de decidir se sairiam ou não.
Aquilo já era tradição: todas as sextas-feiras pela noite, logo depois do trabalho, eles saiam para algum lugar. Ás vezes nem precisavam sair; marcavam com os amigos, ali mesmo, para beberem e conversarem. Era como se fosse o ‘Dia da Farra’.
E naquela sexta a noite, Gina estava jogada naquele sofá, esperando que a amiga decidisse o que fazer.
Respirou fundo, frustrada, talvez pela décima vez em menos de cinco minutos. Viu Harry sair da cozinha com algo na mão que parecia uma coxa de frango; logo em seguida Hermione subiu as escadas, resmungando algo como: ‘Me deixa tomar um banho!’
Harry puxou as pernas de Gina, tirando-as de lá, e sentou no sofá. Recolocou as pernas dela por cima das dele, pegou o controle e ligou a televisão, ainda com o pedaço de frango em uma das mãos.
Não, não namorava Harry ou coisa do tipo. Na verdade, Hermione é que namorava ele. E Gina? Bem, Gina não tinha namorando algum.
Harry havia acabado o namoro com Gina no sexto ano e Rony havia morrido meses depois, quando Voldemort conseguiu invadir Hogwarts, exatamente na época que os três – Harry, Rony e Hermione – haviam decidido voltar ao colégio. Depois daqueles dois acontecimentos, tudo mudou. Gina deixou de gostar de Harry, pelo menos era o que ela dizia; Hermione se aproximou de Harry, já que ela estava bastante machucada pela perda de Ron. E não é preciso nem dizer que, pouco tempo depois, começou a rolar no colégio um boato de que Harry e Hermione estariam tendo algo a mais que uma amizade. Ela negou por um tempo, já que Harry havia terminado uma relação com Gina há uns meses. Mas, depois, eles não negaram, talvez porque Malfoy os pegou se beijando numa sala vazia e não teria como negar.
O tempo passou, Gina cresceu. Agora com 21 anos, morava na Toca com os pais. Hermione morava com Harry numa boa casa em Londres. Harry e Gina trabalhavam no Ministério; Hermione trabalhava em casa com poções e era professora em uma escola bruxa para crianças até dez anos que queriam desenvolver os poderes bruxos.
Gina apenas prestou atenção ao seu redor porque escutou Hermione descendo as escadas em pulinhos, como geralmente fazia quando estava feliz. A morena se sentou no braço do sofá, onde Harry apoiou a mão na perna dela para prestar atenção no que ela olhava.
- Profeta Diário, notícia da semana – ela começou. Gina olhou para Hermione sem emoção, queria mesmo era sair, fazer algo de interessante, talvez, mesmo, arranjar um namorado, que era o que ela precisava. – Inauguração do Teatro Bruxo de Londres. Dia 6 de Outubro, ás 20:00h, com a comédia “O Burguês Ridículo”, de Chris Raliar. Entrada franca.
Um sorriso começou a surgiu nos lábios de Gina. Nada melhor do que uma peça teatral que fizesse rir num dia como aquele. Ergueu a sobrancelha, como uma boa opção.
- Perfeito – comentou, tratando de já se levantar.
- O que acham? – Hermione abaixou o jornal, virando-se para Harry.
- Preciso mesmo ir? – ele perguntou num resmungo, fazendo uma careta.
Ele teria visto Hermione dar de ombros, como se dissesse que a escolha era dele, mas Gina o puxou pelo braço, assustando-o.
- Vamos, levanta-se daí e vá tomar um banho. Rápido! – ela bateu as mãos num nervoso e demonstrando que queria agilidade da parte dele. – Ainda temos tempo.
Harry ergueu os braços, como se desistisse de lutar, e se dirigiu às escadas. Elas ainda escutaram ele resmungar algo como “Mulheres...”.
- A senhorita já tomou um banho hoje? – Hermione perguntou, ligeiramente divertida, ainda sentada no braço do sofá.
- Encontro vocês aqui, prontos, em quinze minutos. Feito? – ignorou a pergunta da amiga e fechou a mão direita de leve, pairando-a sobre o ar.
- Feito – Hermione fez o mesmo gesto, levando sua mão de encontro à dela.
- E não deixe o Harry te enrolar! – avisou, como se já conhecesse a amiga e soubesse do que Harry era capaz de fazer para convencê-la a ficar.
- Não deixarei – ela disse num sorriso.
E ainda viu Gina revirar os olhos antes de aparatar, quase conseguindo adivinhar o pensamento dela: “A mesma lorota de sempre”.
Hermione subiu as escadas, indo para o quarto. Encontrou Harry jogado sobre a cama, sem camisa. Ele parecia cansado e com sono.
Aproximou-se devagar e engatinhou até ele. Harry resmungou, sem abrir a boca, como se desaprovasse qualquer atitude dela de tentar tirá-lo da cama. Hermione passou a mão pelas costas nuas dele, que mantinha os olhos fechados, tamanho cansaço.
- Vamos, Harry! – ela falou num tom carinhoso e suave.
- Eu estou morto, Mi – ele resmungou e se virou num esforço.
Ela continuava sentada e o encarava num sorriso satisfeito e orgulhoso. Amava aquele homem, apesar de ter descoberto isso um pouco tarde. Eram felizes, com planos para casamento e, mais tarde, para crianças, talvez.
- Vai, levanta! Gina me mata se você não for – ela assumiu o tom, ligeiramente falso, de preocupação.
- Ah, a gente pode ficar aqui e assistir um filme, eu faço aquele chocolate quente com chantilly – Hermione mordeu o lábio inferior, lembrando de noites que já passaram daquele jeito.
- Não. Vem! Gina me pediu para não cair em suas tentações – ela fez uma careta divertida ao falar a última palavra.
Harry riu, aceitando a mão dela. Hermione levantou, puxando-o.
- Você não sabe o que vai perder – ele provocou, indo em direção ao banheiro, fingindo mau humor.
- Dez minutos para estar pronto! – o lembrou quando ele fechou a porta, e foi até o guarda-roupa.
Gina apareceu, exatamente, dez minutos depois. Aparatou na sala, não achando ninguém. Revirou os olhos, já se preparando para gritar com Hermione por ter caído e cedido – novamente – às provocações baratas de Harry. Abriu a porta num baque, já irritada, sem anseio do que ia encontrar. Pegou Hermione sentada na cama, com a mão apoiada atrás do corpo, já que estava ligeiramente caída para trás; Harry deitado, a mão apoiando a cabeça para ficar mais alta. Conversavam algo tranqüilo. Ambos prontos, talvez esperando apenas por Gina.
- Vamos? – a ruiva perguntou depois de um suspiro aliviado.
- Com certeza – Hermione se levantou; Harry não a seguiu.
Ela voltou quando percebeu, e lhe puxou.
- Tudo bem, eu vou! – ele se soltou do braço de Hermione e saiu do foco irritado de Gina. – Aonde preciso aparatar? – ele se virou quando chegou lá em baixo.
- Em nenhum lugar – ele ergueu a sobrancelha, Gina se virou para ela. – Vamos de carro, e você dirige.
- Ah, vocês me chamam para ir e ainda querem que eu dirija? – ele olhou para Hermione com reprovação quando ela lhe levantou a sobrancelha e sorriu.
Num movimento de varinha, a chave do carro parou na mão de Hermione. Ela a entregou para Harry.
- Não quer aparatar no meio de Londres, quer? – ele estendeu a mão, recebendo a chave, e passou pela namorada sem falar nada em troca.
Gina fez uma careta, ligeiramente preocupada, que Hermione entendeu como: “Ele está com raiva”. A morena deu de ombros, como se aquilo fosse algo normal da parte dele, e seguiu Gina até o carro.
- Endereço – Harry apenas falou quando já estavam acomodados no carro.
Hermione mostrou a parte do jornal onde mostrava o local. Ele deu uma olhada rápida, com se já o conhecesse. Colocou a marcha em ré e pisou fundo, fazendo com que as duas mulheres fossem para frente num impulso e o pneu do carro arranhasse contra o chão, arrancando um barulho.
Fez o mesmo movimento para o carro ir para frente. Hermione apenas o encarou, como se analisasse a atitude repentina e rara dele. Voltou-se para frente, ignorando o comportamento – novamente – infantil da parte dele.
Gina se calou. Hermione podia não estar percebendo ou simplesmente ignorava, mas Harry estava com raiva. Encostou a cabeça na janela do carro e ficou o caminho todo encarando a rua e as pessoas que passavam.
Eles pararam em frente ao pub “Black ‘n’ White” poucos minutos depois. Harry estacionou lá mesmo, na rua ligeiramente movimentada. Fez um gesto com a mão ao sair do carro, como se cumprimentasse o dono do local, que sorriu empolgado, também erguendo o braço. Jogou a chave no bolso da calça e esperou as mulheres descerem do carro. Gina colocou o casaco, já que soprava um vento frio. Hermione se postou ao lado de Harry, tomando sua mão. Guiou-os a um beco logo mais adiante; viraram a esquerda e seguiram até parar de frente a um muro um pouco mais alto.
- Teatro Bruxo – ela falou para o nada. Gina se virou para a amiga, erguendo a sobrancelha.
Com um ‘Click’, o muro afastou para o lado, por dentro da escuridão. Um homem bem vestido se encontrava de frente para eles, bem atrás do muro. Ele levantou o braço esquerdo, como se mostrasse o caminho.
Os três se dirigiram a direita, obedecendo ao comando do homem. Gina abriu a porta velha que rangeu com o movimento. Era de um prédio abandonado, quase em pedaços. Eles entraram receosos, Harry se perguntando o que estaria fazendo ali se poderia muito bem estar dormindo.
Nenhum dos três havia visto, talvez, um lugar tão bonito como aquele. Adentraram o Teatro. Grande, com dezenas de fileiras de cadeiras em baixo e por cima mais algumas. Bem na frente, após as cadeiras macias, uma cortina vermelha comprida, que ia do palco ao teto. Muita gente já se encontrava ali, em pé, sentadas, conversando, observando o local, apontando. De crianças a idosos, passando por adolescentes briguentos que pareciam estar ali por obrigação. “Bem diferente de mim”, Harry ironizou consigo mesmo, soltando-se da mão de Hermione e se dirigiu a uma das primeiras fileiras de cadeiras.
- Ei! – ela o chamou, já ficando irritada com a infantilidade de Harry. O homem se virou e esperou. – Vamos ficar aqui – ela apontou para o lado, mais ou menos no meio de todas aquelas cadeiras.
Harry olhou para frente e depois se voltou para elas. Respirou pesadamente, como se pedisse para se controlar. Refez os passos, indo se sentar com as duas. Jogou-se na cadeira ao lado de Hermione, observando os outros bruxos e bruxas se sentarem ao escutarem o primeiro ‘Bip’.
- Se quiser aparatar em casa, pode ir – Hermione falou entre dentes, para que só ele escutasse, estava realmente nervosa. - Eu dirijo de volta - Harry ignorou, sem se virar, erguendo a sobrancelha como se achasse graça na última frase dela. – Seria bem melhor do que ter que agüentar essa sua cara – ela completou bufando, virando-se para o palco ao escutar o segundo ‘Bip’.
Ele virou um pouco o rosto para encará-la por um tempo. Por que simplesmente não podiam ter ficado lá? Seria bem melhor, ele tinha certeza, do que chegar em casa brigados naquela noite. Ela já havia explodido com o comportamento dele e aquilo o preocupou um pouco. Virou-se, escutando o terceiro ‘Bip’, e apoiou a mão no bolso esquerdo da calça, como se quisesse certificar-se de que o objeto ainda estava ali. Suspirou, com a confirmação materializada, ligeiramente frustrado por estar daquela maneira com Hermione, exatamente naquele dia. Apoiou a mão por cima da de Hermione, que apenas puxou, cruzando os braços. Virou-se para prestar atenção na peça, assim que as luzes se apagaram, desistindo de fazer qualquer coisa para inverter a situação.
As cortinas se abriram.
- Daremos início à apresentação “O Burguês Ridículo” de Chris Raliar, interpretado pelo mais novo grupo de Teatro Bruxo de Londres, Scenars – uma voz masculina bonita falou para todo o Teatro. – Obrigado por estarem compartilhando esse momento conosco e tenham um bom espetáculo.
Alguma criança perto do palco gritou um ‘Obrigado’ em voz alta, fazendo algumas pessoas rirem e um outro bebê chorar alto.
Harry fechou os olhos com força; sono misturado ao cansaço, resultando numa bela dor de cabeça que já começava a piorar. Levou a mão direta à cabeça, massageando-a lenta e discretamente para Hermione não perceber.
O primeiro personagem entrou no palco, um gordo barbudo; as luzes laterais se apagaram completamente e os focos recaíram sobre o personagem. Harry suspirou, a noite seria longa.
Gina soltou uma gargalhada enorme, sendo acompanhada por Hermione e todo o Teatro. Harry abriu os olhos, num susto, acordando do leve cochilo. Prestou atenção para acompanhar a cena, supostamente, engraçada.
- Será que a senhorita poderia me fazer a gentileza de dar um passo para trás? Eu preciso terminar a minha reverência – ele disse casualmente.
A mulher olhou confusa para ele, obedecendo-o.
O burguês deu mais um passo a frente, fazendo um alto barulho com o pé e movimentando as mãos hilariamente, e se inclinou de forma engraçada.
Com um movimento de cabeça, ele pediu para a mulher dar outro passo para trás, completando, assim, os três passos de reverência.
- Ele é ótimo – Harry escutou Hermione comentar para Gina, rindo.
A ruiva colocou a mão na barriga, um pouco inclinada para frente. Harry se perguntou se a cena anterior era realmente tão engraçada a ponto de fazer Gina rir tanto. Revirou os olhos, voltando a prestar atenção.
- Desculpe senhor burguês, está é a minha mulher – o Conde, atrás do burguês gordo, disse, tocando seu ombro.
- Mas foi o senhor que me ensinou a reverência – ele parecia perdido, virando-se para o Conde.
Os olhos de Harry foram pesando novamente, mas ainda teve tempo de escutar outra gargalhada percorrer o salão e Gina comentar: “Ah, ele é incrível! Se eu tivesse oportunidade de contracenar com ele, não perderia a chance”.
- Harry! – ele acordou num susto, olhando em volta rapidamente, quando escutou seu nome sendo chamado a uma altura mais alta. Achava que havia cochilado por mais cinco minutos, o que, na verdade, foi quase uma hora. – Vamos! – Hermione continuou, parecendo já estar cansada de fazer aquilo.
- Ah, desculpe – ele se levantou da confortável cadeira, passando a mão pelo rosto.
Gina puxou Hermione um pouco mais para frente, querendo que ela, talvez, visse algo.
- Vamos falar com eles, por favor! – ela pediu, indo em direção ao palco, onde um amontoado de gente falava e comentava com o elenco da peça.
A amiga se deixou levar, revirando os olhos. Gina se espremeu entre eles, parando em frente ao um homem alto e bem bonito. Ele sorria para algumas pessoas ao seu lado. E, que sorriso!
- Você não estava na peça, estava? – ela perguntou, chamando atenção do rapaz.
O homem se virou para ela, o olhar ligeiramente interessado.
- Ah, claro. O burguês, em carne e osso... E sem magia – ele sorriu novamente. Gina quase caiu.
- Então, toda aquela barba e aquela gordura extra – ela fez um movimento com as duas mãos ao lado do corpo para demonstrar a largura – era magia?
- Absolutamente – ele respondeu causal, uma leve vontade de rir devido à expressão surpresa dela.
- Incrível como parece real – Gina respondeu sonhadora, encantada com tal coisa.
- Gina, vamos? Harry está chamando – Hermione cutucou a amiga, falando baixo.
- Tudo bem – virou-se para o homem. – Foi um prazer...
- Jeff Corner – ele estendeu a mão, Gina apertou.
- Virginia Weasley.
- Apareça mais vezes – ele propôs. – E, então, podemos conversar melhor.
- Com certeza – Gina sorriu, recebendo um outro sorriso em troca.
Hermione a puxou levemente. A ruiva saiu dali quase gritando algo como: “É um encontro, é um encontro!”, o que Hermione ignorou sem pensar duas vezes. E ainda teve que segurar uma Gina que fingiu um desmaio.
- Você precisa parar com isso, qualquer dia eu deixo você cair! – ameaçou séria.
A amiga apenas deu de ombros, voltando-se para frente. Conseguiu observar Malfoy saindo do local, sorridente, com uma garota de cabelos pretos cacheados, a postura elegante, mas ligeiramente simples. Talvez fosse um pouco complicado comentar em voz alta, mas em seu pensamento vagava que ele estava realmente bonito debaixo daquela roupa social, algo diferente do que ela costumava ver no Ministério.
Era diferente agora; não eram mais Sonserinos e Grifinórios. Eram homens e mulheres que trabalhavam numa sociedade bruxa, cada um com sua renda, baixa ou alta, e seu grau de popularidade e respeito. Tudo havia mudado, talvez para melhor, talvez para pior.
- Malfoy está bonito – ela comentou quase que inconscientemente.
- Você trabalha com ele há um bom tempo e só comenta isso agora comigo? – Hermione achou graça.
- Ele não é bem vestido assim no trabalho – ela respondeu, como se fosse óbvio.
Logo em seguida se juntaram a Harry, passando pelo amontoado de gente que se encontrava na saída do Teatro.
Chegaram ao beco escuro novamente, deixando o clarão de lado. Harry estava calado, olhava apenas para frente e não parecia querer conversar. As mãos dos namorados não estavam, ao menos, entrelaçadas. Seguiram em silêncio; Gina ainda vagando em seus pensamentos, imaginando o suposto encontro com Jeff; Hermione tentando adivinhar o que se passava pela mente de Harry.
Novamente Harry acenou para o barman e entrou no carro. Hermione entrou atrás, para, talvez, conversar com Gina; ou, talvez mesmo, por não querer ficar ao lado de Harry.
O caminho de volta foi completo silêncio. Quebrado apenas por Gina que, vez ou outra, soltava uma gargalhada ao lembrar de cenas da peça, mas logo se calava novamente.
Logo que chegaram, a ruiva se despediu deles dando um ‘Boa noite’ e aparatou em casa rapidamente.
Hermione foi logo para o banheiro, e Harry trocou de roupa no quarto mesmo. Tudo em silêncio. Não trocaram palavras, nem pretendiam trocar. Harry tirou o objeto de dentro do bolso da calça, colocando-o em cima do criado-mudo ao lado da cama. Pegou o lençol e o travesseiro que pertenciam a ele e avisou que ia dormir no sofá, ao mesmo tempo em que Hermione saia de dentro do banheiro já pronta para dormir.
Dirigiu-se até o objeto e o pegou, abrindo-a. Talvez porque suas pernas não agüentaram, ela simplesmente se deixou cair sentada na cama. No pequeno objeto redondo e cor de ouro estava escrito: “Até a eternidade”, dando uma volta completa por todo ele. Virou-se para a porta fechada imediatamente, por onde Harry havia passado. Sua mão apertou a aliança, enquanto saia de dentro do quarto. Desceu as escadas rapidamente, parando de modo brusco ao terminar o último degrau e encarar Harry deitado, olhando para cima. O homem abaixou a perna para fitá-la. Hermione mostrou a aliança.
- O que pretendia com isso? – ela perguntou; a voz rouca e baixa.
- Ainda pretendo – ele a corrigiu. Empurrou as duas mãos contra o sofá e se levantou, lenta e calmamente.
- Assim, de repente? – ela não conseguia encaixar muita coisa.
- Eu tentei fazer com que você não fosse, mas foi inútil – deu de ombros e afundou as mãos nos bolsos.
- Poderia ter avisado – disse ligeiramente frustrada.
- Estragaria a surpresa – ele tinha cada resposta para qualquer tipo de pergunta, como se houvesse pensando naquilo por muito tempo.
Ela ia abrir a boca para falar novamente, mas percebeu que não tinha o que falar. Foi como se tudo tivesse desaparecido da sua cabeça, todas as palavras, todos os pensamentos, todas as necessidades. Apenas tentava encaixar aquele fato. Deu passos lentos até ele, quase como um bebê que está começando a andar.
- Poderia ter dito que tinha algo importante a fazer ou a falar – argumentou quando parou a um passo dele, a voz ainda baixa.
- Você teria ficado se eu tivesse feito isso? – ela ia responder; talvez tentar dizer que sim, apesar de saber que poderia ter ido do mesmo jeito. – Não. Você teria ido do mesmo jeito, e teria dito que nós poderíamos conversar depois – ele estava calmo, o tom sem ser alterado, e a encarava.
- Mas eu estou aqui agora – ela sentiu seus olhos arderem. Foi como se tudo tivesse voltado à sua cabeça novamente, todos os sentimentos, palavras e necessidades. Parecia que havia engolido uma maçã de vez só.
- Eu só queria que você me desse mais atenção, só isso. Que você observasse como eu me sinto em relação a você, que você não achasse que isso é apenas uma paixão de adolescente, mas que isso é sério!
- Eu não acho isso! – ela tentou se defender.
- É o que parece. Parece que você encara como uma relação qualquer, que pode acabar assim, do nada, e os dois simplesmente desistem e partem para outros e outras – Hermione simplesmente balançava a cabeça, negando, a cada palavra que ele dizia.
- Não é assim – ela gemeu, indignada por ele achar aquilo. – E você sabe que eu não acho isso.
- A questão é que eu te amo, Hermione, e não dá pra continuar desse jeito – ele disse simplesmente.
Ela arregalou os olhos, quase tombando para trás. Se tivesse observado melhor, teria visto o canto do lábio de Harry subir levemente, como se esperasse aquela atitude dela. Mas, ou estava ficando doida, ou Harry estava acabando o namoro.
- O que você quer dizer com ‘não dá pra continuar desse jeito’? Como assim? Harry, eu te amo! – ela disse quase desesperada, como se quisesse convencê-lo de algo. – Você não pode simplesmente—
Ele depositou o dedão direto sobre a boca dela.
- Você costumava ser mais inteligente – ele disse divertido, num sorriso. Ela ergueu a sobrancelha quando ele retirou o dedo. – O que eu quero dizer... – ele deslizou a mão pelo braço dela, até chegar a sua mão. Abriu-a, retirando a aliança de lá. –... é que eu não quero ser seu namorado – Hermione o encarou, como se esperasse pelo pior. – Eu quero casar com você, Hermione – ele ergueu a aliança, mostrando-a.
A mulher piscou algumas vezes, ainda sem processar aquela informação. Talvez fosse algo muito forte ou algo rápido demais para que fosse examinado mentalmente em segundos. Ela simplesmente deu um passo à frente e abraçou o rapaz, do modo mais carinhoso que conseguiu.
Harry sorriu, retribuindo o abraço e apertando-a levemente.
- E eu aceito a proposta – Hermione sussurrou em seu ouvido, sorrindo abertamente.
_
N/A - O prólogo mais frouxo que alguém poderia fazer na face da Terra.
É, eu não gostei.
Escrevi com muita pressa, tá tudo muito solto, sem descrição nenhuma. Tive até angustia quando reli pra editar e postar.
Bom, como viram, o capítulo teve mais H², sim, mas é o prólogo, onde tudo começa, onde desencadeia a história. Se Harry e Hermione começarão como noivos, Gina e Draco começarão com um olhar, talvez, entendem?
Ahn, próximo capítulo?
Depende bastante. Vocês querem algo meio corrido, os fatos principais logo?
Eu posso tanto descrever bastante, como correr bastante, indo direto ao ponto.
Depende de vocês.
Agradecer imensamente por todos os comentários, de verdade.
E agradecer a minha querida amiga Dani por ter betado o capítulo.
A última frase é pura e exclusivamente dela, todo o crédito.
Qualquer dúvida, perguntem.
Kika L. Malfoy.
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