Luzes e ação
A escuridão seria total se não fossem as luzes acesas vistas das janelas das casas e bares do vilarejo de Hogsmead, e o brilho de fogo mágico nas lamparinas penduradas em cada carruagem e erguidas sobre os pequenos botes que flutuavam num lago tão negro como a noite. Lá longe se via o castelo de Hogwarts, grande e imponente com suas torres que se erguiam para o céu.
As garotas desembarcaram do trem, depois dos alunos do primeiro ano e monitores, assim como todo o restante dos passageiros. Juntas escolheram uma carruagem para levá-las até o castelo. Anouk acariciava distraidamente sua gata siamesa que dormia em seu colo, enquanto Carol mostrava as fotos que ela tirara durante as férias com sua família na África para Lilian
_ Esse é meu tio Amoussaf. A cara dele é desse jeito porque ele resolveu que criar quimeras no quintal de casa era um negócio lucrativo_ Lilian arregalou os olhos e Carol continuou_ Realmente as garras são bem valiosas, mas não acho que valha a pena o risco, sabe...
Alguma coisa chamou a atenção de Pollyana, que olhava sonhadora as estrelas:
_Mas que luz é aquela?
_Luz? Que luz? Aonde?_ perguntaram as outras
_Ali, na carruagem da frente!_respondeu Pollyana com a metade do corpo para fora e apontando para a carruagem de frente que seguia aos trancos. As demais garotas também puseram as cabeças para fora para poderem ver. Luzes piscavam como relâmpagos dentro da carruagem, faíscas coloridas também pulavam para fora da janela. Ouviam-se urros de alegria.
_Não, não pode ser!_ disse Lilian incrédula
Anouk que dividia a mesma janela que Lilly encarou a ruiva, e como se lesse seus pensamentos, respondeu:
_Não, eles não seriam tão idiotas!_ dizia isso mais para tentar se convencer. Pollyana e Carol puseram suas cabeças de volta ao coche e olharam paras outras duas, também adivinhando_ Seriam?_acrescentou em dúvida
_Eles não se cansam nunca?_ perguntou Lilian escandalizada, mesmo já sabendo a resposta
_mas o que será que eles estão fazendo?_ perguntou Carol curiosa ponde a cabeça de volta para fora e apertando os olhos, como se pudesse ver dentro do coche.
_Ai! Eu não quero nem imaginar!_ admitiu Pollyana receosa
_ Por que você não pergunta a eles?_ disse Anouk com cara de deboche
_Beleza!_ e então gritou para a noite _ Ei! Potter!_ mas ninguém aparece
_Eu estava brincando!_ respondeu Anouk esganiçada
_Poootteeeeer!!!!!_ algumas cabeças começaram a aparecer em outras carruagens. Olhavam curiosas para as luzes que saíam da carruagem dos marotos_ POTTER EU ESTOU FALANDO COM VOCÊ!_ gritou a todos pulmões. E não deu outra! Logo em seguida a cabeça de um garoto que mantinha um sorriso de orelha a orelha apareceu na janela
_Fala Withier!_disse o rapaz_ Foi você quem me chamou?
Lilian, Anouk e Pollyana correram para a janela de Carol e puseram as cabeças para fora também. A coisa estava complicada, quatro cabeças em uma janela só
_Claro que fui eu!_respondeu girando os olhos. Em seguida perguntou muito curiosa_ O que vocês estão fazendo? Essas luzes...
Nesse momento a cabeça de Sirius apareceu na mesma janela em que Tiago estava, ele também tinha um sorrisão estampado na cara. Anouk sentiu alguma coisa apertar seu braço com força. Ela olhou para trás para ver o que era e deu de cara com Pollyana que tinha um sorriso maior ainda. Segurava o braço da amiga com tanta força que parecia estar se esforçando ao máximo para não correr até o coche dos garotos para babar em Sirius. Anouk olhou para Pollyana e disse um “Aaaiê!” significativo para a loira, que logo soltou seu braço murmurando um “Desculpe!”
_Oh ho ho! Olha só que platéia nós temos hein, Pontas?!_ observou Sirius convencido_ Isso é que dar ser tão irresistivelmente demais, não se tem sossego nunca!
Carol e Anouk se entreolharam desgostosas e Lilian fingia que vomitava para fora da carruagem. Pollyana pelo jeito concordava com Sirius.
_Ah, mas a gente agüenta né, Almofadinhas_ disse Tiago conformado
_Por Merlin! Nem eu que não espero nada de bom de você Potter, podia imaginar que chegaria a esse ponto. Eu achava que era impossível alguém ser tão metido assim, mas pelo jeito você mesmo se supera a cada ano! _respondeu Lilian não conseguindo se conter
_Ah! Evans!_ Potter tinha acabado de vê-la, e então, instintivamente, levou as mãos aos cabelos e deu uma discreta bagunçada, totalmente desnecessária._ Não sabia que você estava aí! Bom, eu já devia ter imaginado, afinal, você vive atrás de mim!_ e deu um sorriso sedutor para ela
Lilian ficou alguns segundos calada, pasma, como se tivesse levado uma bofetada. Carol a mirava como se fosse uma bomba prestes a explodir. Anouk tinha posto a mão no ombro da amiga, como se pedisse por calma, com uma cara de por- favor- não- cometa- um- homicídio. Pollyana estava ocupada demais admirando Sirius, que ria junto com Tiago.
_Como quê toda vez que você abre a boca, só bosta saí daí?_ e calmamente Lilian voltou para dentro da carruagem, pegou o livro “Feitiços auto-defensivos” de Pollyana, abriu em qualquer página e começou a ler. Fez tudo isso sendo acompanhada pelos olhares surpresos das amigas (menos Pollyana, porque toda a conversa passou despercebida por ela). Carol e Anouk se olharam muito desconfiadas. Anouk pôs a cabeça para fora de novo, deu uma olhada para trás: todos estavam prestando muita atenção na confusão. Em seguia olhou para Pollyana que segurava firmemente no parapeito e mordia os lábios, olhando para Black. Anouk revirou os olhos e decidiu que já estava na hora de acabar com aquilo. Meio se esperanças se virou para os dois marotos que acenavam para seus admiradores, e falou:
_Vocês já não aprontaram o suficiente para um dia, não? Sabe, já estão bastante encrencados... Não seria sensato...
O sorriso dos dois vacilou um pouco ao ouvir as palavras da garota, eles se olharam meio sem-graça. Meio.
_É eu acho que estou meio cansado_ disse Tiago se espreguiçando
_Eu Também_ concordou Sirius coçando a cabeça _ A gente inventa alguma coisa amanhã!
E entraram na carruagem. Pollyana deu adeusinho tímido para Black, mas ele já tinha entrado. Anouk se largou no banco com ar cansado, e Pollyana a imitou com uma carinha triste. Só Carol continuava de pé, observando Lilian virar as páginas do livro de feitiços com violência e Anouk voltar sua atenção ao seu gato. Lilian então largou o livro e olhou decidida para a janela, com as pernas e os braços cruzados. Percebendo o olhar de Carol, perguntou irritada
_Que é?
Caroline balançou a cabeça como se estivesse se forçando a acordar de um sonho, piscou várias vezes, abriu a boca, mas não saía som algum. Lilian ergueu as sobrancelhas impaciente
_O que foi menina? Olha você já está começando a me assustar! é sério!
_Vocês é que estão me assustando! O que foi aquilo?
_ Aquilo o quê?
_Aquilo!!!_ Respondeu Carol se descabelando_ Aquilo! O Potter disse aquelas coisas e você só “ah! Potter você só fala bosta” ou coisa do tipo_ disse imitando a amiga
_Olha pra começo de conversa eu não falo desse jeito_ Respondeu Lilian em tom desagradável_ E outra, o que você esperava que eu dissesse?
¬_ O que eu espe...? Eu esperava o normal, o que você sempre faz! Desse um “piti” e depois ficasse meia hora xingando o Potter e o Sirius, sabe! Era isso que eu esperava, porque é isso que você sempre faz!
_Eu não saio por aí dando ataques_ se defendeu Lilian_ E pra te dizer a verdade seria necessário bem mais que meia hora pra falar tudo o que aqueles dois são, principalmente o Potter. “Eu fico correndo atrás dele”, é o maior absurdo que eu já ouvi na minha vida!
_ Eu acho que a Lilian se comportou com muita classe_ disse Anouk sem tirar os olhos da sua gata. Lilian olhou para Carol com ar de vitoriosa
_Ah, e você! _ disse Caroline olhando para Anouk acusadoramente
_ O que tem eu? Eu não fiz nada! _ e ergueu as mãos feito vítima_ Nem vem!
_ Fez sim! Você fez o Tiago e o Sirius pararem de fazer, o que diabo eles estavam fazendo! Isso é coisa que nem a McGonagall consegue fazer!_ admirou-se Carol
Mas Anouk fingiu não entender o que a amiga queria dizer e bem nessa hora as carruagens pararam bem próximas do portão do castelo. Os estudantes desceram das carruagens e entraram no saguão já indo em direção a uma porta belamente esculpida na parede direita do grande hall. Ao se aproximarem da porta ela se abriu sozinha, já estava a espera deles.
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