Surpresa



-Você!- Rony Weasley apontou a pistola para Hermione.- Venha até aqui. Deite no chão.-Sem conseguir se mover, ela ficou olhando para ele, boquiaberta.-Agora!
Deixando sua latinha cair, Hermione arrastou-se até o lugar indicado e deitou-se com o rosto virado para o chão. Agora que o choque inicial havia passado, ela tentou ficar calada para evitar perguntar a ele porque estava somando um assalto a mão armada a um seqüestro. Talvez não devesse revelar que era uma repórter e que sabia a identidade dele e a de sua cúmplice.
-Venham até aqui e deitem.-ordenou ele ao casal de idosos.- Vocês dois.-Ele apontou a arma para os mexicanos.-Andem!
O casal obedeceu sem nada dizer. Os mexicanos permaneceram onde estavam.
-Vou atirar em vocês se não vierem para cá! –gritou Rony.
Mantendo a cabeça abaixada e falando em direção ao chão, Hermione disse:
-Eles não falam inglês.
-Cala a boca!
Rony quebrou a barreira da linguagem e se fez entender por meio de gestos da pistola. Movendo-se devagar, os homens se juntaram a Hermione e ao casal de idosos no chão.
-Coloquem as mãos atrás da cabeça.
Hermione e os outros obedeceram. Hermione havia coberto uma dúzia de historias em que espectadores inocentes foram encontrados na cena do crime, deitados de bruços, mortos, executados por nenhuma outra razão a não ser que estavam no lugar errado na hora errada.
Sua vida acabaria assim? Estranhamente, a raiva era maior que o medo. Ainda havia metas que ela teria de conquistar. Pensou nas historias que não iria cobrir se a vida terminasse naquele momento. Com sua morte, Rita Skeeter iria para o Nine Lives, o que era muito injusto. E nem todos os sonhos eram relacionados à carreira. Ela e outras amigas solteiras faziam piadas sobre o relógio biológico, mas, em segredo, Hermione ficava aflita ante seu tiquetaque incessante. Se morresse aquela noite, ter um filho seria um dos muito sonhos que não se teria tornado realidade.
Ela prendeu a respiração, esperando pela morte. Mas atenção de Rony estava em outra coisa.
-Você, aí no canto- gritou o rapaz- Agora! Ou eu mato os velhos.
Hermione levantou a cabeça só o suficiente para dar uma olhada no espelho olho-de-peixe preso no canto do teto. Sua suposição errada. O cowboy não havia deixado a loja. Ela o viu colocar calmamente o livro na estante giratória. Quando passou pelo corredor, tirou o chapéu e o deixou sobre uma prateleira. Hermione teve a sensação de que já o conhecia, mas atribui isso ao fato de tê-lo visto quando entrou na loja. Os olhos que ele mantinha fixos em Rony tinham linhas finas nos cantos. Seus lábios não sorriam. O rosto dizia “Não se meta comigo”. De um jeito nervoso, Rony ficou trocando a pistola de uma mão para outra ate o cowboy se deitar ao lado de um dos mexicanos, com as mãos juntas atrás da cabeça.
Enquanto tudo isso acontecia, a moça encarregada do caixa esvaziava a gaveta, colocando tudo em uma sacola de plástico da mercearia. Pelo que Hermione podia perceber, havia uma quantidade considerável de dinheirono saco que Luna Malfoy recebeu da atendente.
-Peguei o dinheiro, Rony.
-Certo.- ele hesitou, como se não houvesse exatamente o que fazer em seguida.-Você- disse ele, dirigindo-se à caixa apavorada.- Deite-se com os outros.
Ela emitia pequenos soluços de terror. Todos tinham sua própria forma de reagir ao medo. O casal de idosos havia desobedecido às ordens de Rony; a mão dirita do homem apertava a mão esquerda da sua esposa.
Ele vai nos matar agora, pensou Hermione. Fechou os olhos e tentou rezar. Quando um grito rasgou o silencio, Hermione que ele tinha partido da atendente do caixa. Olhou rapidamente para a mulher ao se lado, para saber que tortura terrível havia sido cometido. Mas a mulher ainda estava soluçando, e não gritando.
O grito havia partido de Luna Malfoy, e a esse primeiro som assustador seguiu-se outro:
-Ah, meu Deus!Rony!
O garoto correu em direção a ela.
-Luna? Qual o problema? O que aconteceu?
-Eu acho...Ah, meu Deus.
Hermione não pode se controlar. Ergueu a cabeça para ver o que estava acontecendo. A garota choramingava e olhava fixamente para uma poça de um líquido entre seus pés.
-A bolsa estourou.

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