CAP. ÚNICO



Fic escrita para o Challenge Slash da comunidade Fics Challenge / Harry Potter


*-*-*-*-*



Aqueles olhos extremamente azuis o olhavam, em um misto de raiva e decepção. Esses mesmos olhos, que outrora demonstraram amor e amizade, se revelavam agora intimidadores, capazes de provocar remorso até mesmo nas pessoas mais cruéis. Mas não nele.
Grindewald sustentou o olhar que Dumbledore lhe lançava com aqueles olhos hipnotizantes e disse mais uma vez:

- Eu não tenho culpa se você tem uma irmã louca e um irmão mais louco ainda. Ou melhor, tinha, porque agora aquela garota está morta. Quer coisa melhor do que isto? Agora podemos continuar nossa busca pelo restante das Relíquias! Olhe por esse lado, já temos a Varinha...

- Eu não vou olhar por lado nenhum! Eu não vou mais procurar nada, não vou me tornar cúmplice de uma pessoa fria e cruel como você, que quer a todo custo encontrar aquelas relíquias e instalar a maldita Nova Ordem. Já fui longe demais por você. Agora já chega...

Dumbledore avançou um passo em direção a Grindewald, seus olhos faiscando. Parecia quase impossível que uma pessoa tão pacífica pudesse sentir tanta raiva como Dumbledore estava sentindo naquele momento. As perdas o tornaram menos sonhador. A perda de sua irmã, a perda do seu amor...

*

Tudo tinha começado há algum tempo atrás, quando Dumbledore e Grindewald ainda eram melhores amigos e compartilhavam o sonho da Nova Ordem, quando buscavam as Relíquias da Morte... Tudo, antes da morte de Ariana.
Durante aqueles dois meses em que eles buscavam as Relíquias, tantas coisas boas haviam acontecido...

Ambos atravessavam planícies áridas em busca de alguma das três Relíquias. Grindewald ia à frente, seguido por Dumbledore. Os dois insuflados com o desejo de encontrá-las, de dominá-las...

Grindewald, de fato, aparentava ser o mais sedento de poder dos dois. Era o mais apressado.

- Vamos, Alvo! Apresse o passo! Pense nas Relíquias! – disse ele, enquanto subia em pedras, para atravessar o rio.

- Já estou indo, Gellert! – afirmou Dumbledore, subindo numa pedra.

- Nesse passo, nós vamos encontrar as Relíquias no próximo século... – Porém, Grindewald havia se distraído enquanto falava com Dumbledore e acabou escorregando, batendo a cabeça na pedra e caindo desacordado no rio.

- Gellert! – gritou Dumbledore, nervoso.

Sem pensar em mais nada para fazer, Dumbledore atirou sua camisa na grama ao lado e mergulhou no rio, em busca do seu amigo... Ele mergulhou e começou a buscar por Grindewald. Foi quando avistou o corpo do amigo, boiando, alguns centímetros abaixo da superfície. Grindewald caia lentamente. Aparentava estar morto. Ao pensar nisso, Dumbledore sentiu um aperto no peito, uma coisa inexplicável.
Reunindo todas as forças que tinha, Dumbledore estendeu os braços a frente e nadou como se estivesse fugindo de um tubarão em direção ao corpo de Grindewald. Assim que alcançou o amigo, Dumbledore segurou-o com toda a força que tinha e deu um impulso para a superfície. Nadando como nunca, logo eles tinham chegado à margem, ambos igualmente ensopados da cabeça aos pés. Grindewald ainda encontrava-se desacordado. Dumbledore pôs-se de joelhos aos pés de Grindewald e começou a pressionar com força seu abdômen.

- Gellert! Acorde! Por favor! – exclamava ele. Grindewald expelia um pouco de água para fora, mas continuava desacordado.

- Acorde Gellert! – Dumbledore começou a se desesperar.

Olhou em volta, em busca de ajuda, mas não viu nada. Estavam em uma planície totalmente deserta. Dumbledore entrou em desespero. Grindewald não acordava e ele não podia fazer nada. A não ser...
Dumbledore via aquilo como sua última esperança. Se Grindewald não reagisse... bom, ele não queria nem pensar nessa possibilidade.
Ele colou seus lábios nos de Grindewald e começou a soprar ar, rezando para que Grindewald reagisse. Como isso não acontecia, ele aproximou mais seus lábios e soprou mais forte.

Enquanto fazia isso, um turbilhão de sentimentos e emoções perpassou pela mente de Dumbledore. Ele sentiu um calor subir pelo seu corpo, uma sensação que ele nunca havia sentido antes. Um estranho formigamento, uma nova sensação, diferente de tudo. Ele teve vontade de não separar mais seus lábios dos de Grindewald. Essa nova sensação poderia até ser estranha, mas no fundo, Dumbledore não estava detestando. Pelo contrário, estava até gostando...

Foi quando Grindewald reagiu. Expeliu uma grande quantidade de água pela boca e levantou-se de um salto, assustado, desnorteado. Dumbledore reagiu instantaneamente e logo estava de pé, ao lado do amigo. Grindewald olhou-se e viu que estava todo molhado. Seu olhar voltou-se para Dumbledore, ali ao seu lado, igualmente encharcado, sem camisa, com a respiração ofegante...

Por um breve momento, o olhar de Grindewald estagnou-se ali, em Dumbledore.
Em uma fração de segundos, seus olhos se encontraram. Os olhos de Grindewald penetraram nos de Dumbledore... Um brilho anormal tomou conta dos olhos de ambos, até que Grindewald quebrou o silêncio que havia se instaurado.

- Alvo, o que aconteceu? – perguntou ele. – Por que eu estou tão molhado? Por que você está tão molhado?

- Você bateu com a cabeça na pedra, desmaiou e caiu no rio. Eu mergulhei e te tirei de lá. - disse Dumbledore, ainda com a respiração um pouco ofegante.

- E depois? – questionou Grindewald.

- Depois eu tentei fazer você reagir a todo custo, mas você só conseguiu despertar depois que eu fiz... Bom, não importa como, o que importa é que você despertou. Está aqui novamente. Que bom, Gellert. Que bom mesmo. – disse Dumbledore, em tom de quem finaliza a conversa.

- É. Isso é o que importa. – disse Grindewald, mas sua voz apontava certa inquietude, uma desconfiança...

Dumbledore e Grindewald trocaram suas roupas por outras roupas secas que estavam levando na bagagem, atravessaram o rio passando pelas pedras e chegaram à outra margem. Já eram quase seis horas da tarde e sol já se punha no céu.

- É melhor descansarmos agora. Vamos comer alguma coisa. Amanhã continuaremos nossa jornada. – disse Grindewald, parando abruptamente.

- É. A pequena aventura no rio consumiu minhas forças restantes.

Os dois comeram algumas coisas que ainda levavam nas bagagens, armaram os sacos de dormir e se deitaram um de frente para o outro. Dumbledore, porém, não conseguia dormir. Estava se questionando o que realmente tinha acontecido no riacho. Que sentimentos tinham sido aqueles? Por que ele sentira aquilo? Questionamentos esses que ele só viria a obter a resposta pouco tempo depois...

*

Agora ali, naquela torre, de varinha em punho, Dumbledore se lembrava desses fatos. Grindewald, a sua frente, também de varinha em punho, nada dizia. Ambos apenas se olhavam. Dumbledore tentara apagar os momentos bons que passara com Grindewald da sua mente, mas era impossível. Nem mesmo ali, perto de derrotar seu mais novo inimigo, ele conseguia se libertar das lembranças.

- E então, Alvo? Desistiu de me deter? Mudou de idéia? Eu sabia que você ia entender, Alvo, sabia. Você tem uma mente brilhante, eu sei. Juntos nós vamos dominar o mundo bruxo. Só precisamos encontrar as outras duas Relíquias...

- Esqueça, Gellert! Eu já lhe disse que nunca vou ser seu aliado nesta loucura! Se você realmente me conhecesse, saberia que eu nunca concordaria com isso... Você deixou com que a ganância subisse a sua cabeça... Você não era assim, Gellert. Eu sei que você não era assim...

Dumbledore fez um movimento com a boca, pronto para lançar um feitiço. Porém, as lembranças estavam cada vez mais fortes e intensas...

*

Era o dia depois do incidente do rio. Dumbledore acordou mais cedo do que Grindewald e começou a andar pelo local, chegando à beira de um rio, pensando ainda em tudo que acontecera. Coisas que, para ele, ainda não tinham explicação...

- Pensando na vida, Alvo?

Dumbledore quase caiu para trás de susto. Grindewald surgia ao seu lado, tocando o ombro do amigo e olhando para o riacho que se estendia a frente deles.

- É. Estava pensando em algumas coisas... E você? Acordou cedo hoje... – respondeu Dumbledore, perturbado com o contato mais íntimo entre eles.

- Na verdade, nem consegui dormir direito. Não sei o que houve. Mas enfim, vamos seguir em frente. As Relíquias nos esperam.

- Relíquias... Relíquias... Será que você só pensa nisso?!

- Oras! E em que mais eu vou pensar?! É o meu, aliás, o nosso objetivo no momento... – Grindewald tirou sua mão do ombro de Dumbledore e começou a andar em volta dele.

- Mas você está obcecado por essas Relíquias. Parece que nada mais existe. Está na hora de pensarmos em outras coisas. – disse Dumbledore, dando as costas a Grindewald e indo de volta ao lugar onde eles haviam dormido na noite anterior.

Enquanto andava, Dumbledore se questionava o que teria ocorrido. Ele nunca tinha falado daquela forma com Grindewald. Dumbledore deu meia-volta e encarou Grindewald, que continuava no mesmo lugar.

- Gellert... Me desculpe. Eu não sei o que aconteceu. Eu não devia ter falado com você daquela maneira. Eu realmente sinto muito. – disse Dumbledore, de costas para Grindewald, que ao ouvir sua voz, virou-se e encarou-o profundamente nos olhos.

- Não tem problema, Alvo. – disse Grindewald, aproximando-se mais ainda de Alvo, de modo que poucos centímetros separavam os dois.

- Nós sempre fomos amigos. E isso não vai mudar por causa de uma briga tola. – afirmou Grindewald, aproximando-se mais ainda de Dumbledore.

Um podia sentir a respiração do outro. Era uma sensação nova, para ambos. Desde o episódio no lago, as emoções e sentimentos deles estavam em parafuso. Dumbledore olhou mais fundo ainda nos olhos de Grindewald e se aproximou mais. E sem pensar em mais nada, o beijou. Um beijo doce, um beijo especial. Grindewald, para surpresa de Dumbledore, não o repeliu. Pelo contrário... Correspondeu ao beijo na mesma intensidade...

*

- E então? Não ia me lançar um feitiço?! – caçoou Grindewald, ao ver que Dumbledore fechara a boca, mesmo estando com a varinha em punho. – Ou o grande Alvo Dumbledore decidiu desistir? Viu que não tem chances contra Gellert Grindewald, o mais poderoso bruxo de todos os tempos!

- EXPELLIARMUS! – gritou Dumbledore de impulso, o que fez com que a varinha de Grindewald fizesse um arco pelo aposento e caísse longe deles.

- Como ousa?! Minha paciência se esgotou, Alvo! Essa é sua última chance: Junte-se a mim ou... – ameaçou Grindewald.

- Ou o que, Grindewald?!

- Ou irá sucumbir em minhas mãos.

Mas Dumbledore não estava mais prestando atenção às palavras de seu inimigo. Estava mais concentrado em outras coisas... Outras lembranças...

*

Depois de segundos, horas, ou vários dias de sol, Dumbledore e Grindewald separaram suas bocas, mas permaneceram próximos. Bastante próximos

- Desculpe... Eu não sei o que deu em mim... – começou Dumbledore, mas foi interrompido por Grindewald.

- Está arrependido, Alvo? – sussurrou Grindewald.

Dumbledore não acreditava naquilo que tinha acabado de ouvir. Mas não teve nem tempo de pensar. Rapidamente, Grindewald beijou-o e começou a tocar todo seu corpo. Dumbledore retribuía na igual proporção. O que eles mais desejavam, no fundo, era que pudessem ser um do outro, por inteiro...

*

- PETRIFICUS TOTALUS! – Dumbledore proferiu o feitiço, fazendo com que Grindewald caísse aos seus pés, totalmente imóvel.

- Agora, você vai me ouvir, Gellert Grindewald... Eu tenho umas coisas para te dizer antes de deixar preso aqui para sempre... – afirmou Dumbledore, num misto de amor e ódio.

Dumbledore abriu a boca para começar a falar, mas as lembranças o calaram novamente...

*

Dumbledore e Grindewald estavam dormindo, deitados na beira do rio, abraçados, totalmente nus. Um era do outro. Um pertencia por completo ao outro. Era uma sensação nova para ambos. O desconhecido. Algo que eles nunca tinham nem sequer pensando em experimentar.

Agora ali, naquele exato momento, a última coisa que um queria era sair dos braços do outro. Dois jovens, entregues ao desejo... Entregues a paixão... Ao amor.

Dumbledore foi o primeiro a acordar. De início, estranhou a posição que se encontrava, nos braços de Grindewald. Mas depois se lembrou do que tinha acontecido entre eles. Daquela coisa mágica. E então, ele teve vontade de adormecer novamente. Adormecer ali, nos braços de Grindewald. E não sair mais de lá. Ficar lá pelo resto do dia... Pelo resto da vida...

Com muito esforço, ele se levantou e procurou suas roupas. Quando vestia a calça, sentiu um braço o puxando para baixo. Grindewald tinha se levantando, e não tinha vestido a roupa. Com ardor, ele voltou a beijar Dumbledore. Queria matar sua sede... Saciar o seu desejo...

Dumbledore não reagiu. Apenas deixou-se beijar, sentindo novamente aquele imenso prazer. Rapidamente, Grindewald arrancou as peças de roupas que Dumbledore já havia vestido e as atirou para longe. Era uma força maior que os impulsionava... Algo mais forte do que eles... Logo, os dois estavam novamente deitados, abraçados, todas as peças de roupas jogadas a um canto...

*

Os dias seguintes foram povoados com beijos e carícias, que ambos trocavam agora, sem se importar do lugar onde estavam sem se importar com nada... Por um momento, as Relíquias tinham deixado de ser prioridade... Agora era o amor. Naquele exato momento, o amor era a prioridade da vida deles.

- Sabe, Gellert... Eu nunca imaginava que nós... Bem, você sabe... – disse Dumbledore, deitado nos braços de Grindewald, uma noite, depois de um dia árduo em busca das Relíquias. As roupas de ambos estavam atiradas ao chão, como se fossem utensílios sem importância alguma.

- Nem eu, Alvo... Nem eu. Ainda não entendo como isso pôde acontecer, sabe... Eu realmente não entendo, porém, se for para ficar tão bom assim, nem quero entender. – disse Grindewald, dando um beijo leve nos lábios de Dumbledore.

- É. Eu também não entendo como isso pôde acontecer. Mas também não quero entender. – disse Dumbledore, retribuindo o beijo de Grindewald, mas agora com mais ardor e paixão...

*

- Sabe, Gellert Grindewald, eu não sei como eu pude me enganar tanto com você. – disse Dumbledore, com a varinha apontada para Grindewald, que jazia paralisado aos seus pés. – Eu nunca me enganei tanto com uma pessoa. Eu não vejo mais em você aquele Grindewald que eu conheci. Só vejo agora um Grindewald frio e cruel, que quer a qualquer preço instalar a maldita Nova Ordem e obter as três Relíquias da Morte. Um Grindewald que passa por cima de qualquer um que possa representar uma ameaça aos seus planos gananciosos...

- Eu não entendo como eu pude... Como eu pude me envolver com uma pessoa como você. Desde cedo eu deveria saber que você era assim... Mas não, foi preciso que eu perdesse Ariana para entender a real natureza da pessoa com quem eu estava me relacionando... A pessoa que me convencia a partilhar de seus sonhos pérfidos... A pessoa que eu amava... E pensar que eu perdi minha irmã por sua causa... Por causa das malditas Relíquias...

- “Vá você, cuide de sua irmã até que eu chegue! Depois diga a seu irmão que não pode mais.”. Você lembra, Gellert?! Foi isso que você me disse quando lhe contei que estava na hora de eu voltar para cuidar de Ariana... E realmente... Você foi me encontrar... Para minha eterna infelicidade.

*

- Alvo! – Grindewald passou rápido por Abeforth, sem dar ao menos um oi, e foi logo se jogando nos braços de Dumbledore, em um abraço apertado. Abeforth os olhava torto.

- Gellert! Que bom que veio! Temos coisas a conversar... Muitas... – disse Dumbledore, conduzindo Grindewald escada acima, em direção ao seu quarto.

Assim que chegaram, Dumbledore girou a chave na fechadura e correu a beijar Grindewald com intensidade. Logo eles se livraram das roupas e estavam entregues um ao outro novamente...

Os dois mataram as saudades loucas que sentiam um do outro, as saudades que os corpos sentiam, que o coração sentia. Ao descerem novamente, naquele mesmo dia, encontraram Abeforth, sentado no sofá, como se esperasse por eles.

- Precisamos conversar. – disse ele, sério, olhando de Dumbledore para Grindewald. – É sobre esse plano maluco de vocês de caçar Relíquias não sei lá do quê...

- Relíquias da Morte! – corrigiu Grindewald, parecendo profundamente irritado com aquela conversa.

- Que seja! Alvo, meu irmão, entenda! Você não pode sair por aí caçando essas Relíquias enquanto sua irmã está aqui, nessas condições! - exclamou Abeforth, descontrolado.

- Ora, não dê palpite no que não sabe! Eu e seu irmãos vamos instaurar uma Nova Ordem de Bruxos. Vai ser melhor para todo mundo. – afirmou Grindewald. Dumbledore olhava de um para outro, como se não soubesse o que fazer.

- Que se dane essa Nova Ordem de vocês! Eu quero saber é de Ariana! O próprio Alvo quer que eu volte para Hogwarts. Que eu termine meus estudos. E a volta a Hogwarts está bem aí! Quem vai cuidar de Ariana? Alvo tem que parar com essa busca maluca e cuidar da irmã.

- Alvo sabe o que é o melhor para ele. E você não vai atrapalhar nossos planos! CRUCIO! – Grindewald estava com a varinha apontada para Abeforth, que estava no chão, se contorcendo de dor.

Dumbledore se levantou e, na tentativa de parar Grindewald, lançou um feitiço. Abeforth resistiu à maldição Cruciatus e também começou a lançar feitiços. Agora, se viam jatos de luzes por todo o lado. E logo, depois, um corpo caia, sem vida, ao chão...

- ARIANA! – Abeforth e Dumbledore correram para o corpo da irmã.
- SEU MALDITO! – Abeforth apontou a varinha para Grindewald, mas ele não estava mais lá. Tinha aproveitado a confusão e fugido.

*

- Por sua culpa, eu perdi minha irmã. POR CULPA DESSES SEUS MALDITOS SONHOS! – exclamou Dumbledore, com a varinha em punho.

- Agora, uma coisa você tem que saber, antes de ficar aqui, preso na sua própria prisão, Gellert Grindewald. Você foi a primeira pessoa, alias, a ÚNICA pessoa, que me fez ir de um extremo ao outro. Do amor ao ódio. – As palavras agora saíam secas e frias da boca de Dumbledore.

- Eu te amei, te amei muito Grindewald. Mas aquela sua reação nojenta às palavras de Abeforth me fizeram perceber o ser terrível que você tinha se tornado. A pessoa fria e calculista. Ali, naquele momento, com a morte de Ariana, você matou de uma só tacada todo o amor que eu sentia por você. A partir dali, todo o meu grande amor, o grande amor que eu sentia por você, se transformou em ódio... - Era incrível o tom que a voz de Dumbledore obtivera. Definitivamente, ele estava alterado.

- Agora, está na hora de acabar com isso. Acabar com todos esses ataques a trouxas e bruxos, com toda essa palhaçada de Nova Ordem, com todas essas atitudes sombrias. Você vai ficar aqui, preso em Nurmengard, preso na sua própria prisão.

Dumbledore fez um gesto com a varinha. Grindewald conseguiu se mexer, mas foi atirado para o fundo do aposento. Dumbledore andou até ele.

- E isso só vai parar quando toda essa palhaçada de Relíquias chegar ao fim. Eu te derrotei. A Varinha Anciã agora é minha. Não que eu faça questão de ficar com ela. Por mim, eu nem a tocaria. Porém, ela ficará melhor comigo do que com uma pessoa sem escrúpulos.

Dumbledore pegou a Varinha Anciã e guardou nas vestes.

- Eu realmente sinto muito, Gellert. – O tom de voz de Dumbledore agora se amansara – Sinto muito, mesmo. Eu não queria que tivesse chegado a esse ponto.

Dumbledore olhou uma última vez para Grindewald ali, a seus pés, derrotado. O desejo voltou com força total. Aquela incontrolável vontade de despir cada peça de roupa, de sentir cada parte daquele corpo... Tudo agora voltava com uma força indescritível. Sem pensar no que fazia, Dumbledore levantou Grindewald e beijou-o com paixão, com amor. Beijou-o como nunca havia beijado antes. Grindewald caiu, aos pés de Dumbledore. Estava sem forças. O duelo o esgotara.

- Eu amo você, Gellert Grindewald. Saiba disso. Eu amo muito você. Mas isso é necessário. Essa situação não podia continuar. Adeus, Grindewald. Adeus.

Dumbledore trancafiou a cela em Nurmengard, ainda observando Grindewald. Agora sim tinha chegado ao fim. Tudo estava acabado. Pelo menos por enquanto, o mundo bruxo estaria em paz.

Porém, lá no fundo, dentro de si, Dumbledore sabia que não estava trancafiando ali seu pior inimigo. Estava trancafiando seu amor... Seu grande amor... Seu ÚNICO amor...

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