PRÓLOGO



Oi galerinha...
Sou nova aqui no FeB, embora poste no FF há algum tempo. A simpática pessoa que me apresentou a esse aqui foi DK-Tom. Obrigado DK!
Fics são como filhos, não é? Então não pode haver predileção. Mas se pudesse, essa ia ser minha obra favorita.
Eu sou mais uma das fãs incontestáveis dos Marotos, amante incondicional do Sirius e admiradora eterna do Remo, por isso, resolvi escrever uma fic sobre ele.
Ela se passa logo após Harry Potter e o Enigma do Príncipe, sob os olhos de Remo (como diz a imagem-propaganda, que não quer aparecer de jeito nenhum... alguém pode me ajudar?). Eu só a escrevo quando estou muito inspirada para que o resultado saia melhor. Isso significa que poderá haver demora nas atualizações, porque eu estou constantemente em bloqueio criativo.
A fic está escrita até o cap.14, e deverá ter atualizações todo fim de semana até o mesmo.
Eu não tenho beta e raramente tenho tempo de revisar os capítulos, por isso peço que me perdoem e me notifiquem se houver algum erro de gramática/digitação/edição, ok?
Espero que gostem!

Para melhor compreensão desta fic, sugiro que leiam a song "Misunderstood", postada aqui também. Porém, não lê-la não vai atrapalhar a compreensão, ok?
E, galerinha... comentem, certo?
Valeu! ^^




Um Uivo na Noite

PRÓLOGO

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I walked across an empty land – Eu caminhei através de uma terra vazia
I knew the pathway like the back of my hand – Eu sabia o caminho como a palma da minha mão
I felt the earth beneath my feet – Eu senti a terra embaixo de meus pés
Sat by the river and it made me complete – Sentei na beira do rio e isso me fez completo.

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-E então, Cruelbite, quais as notícias? – perguntou o lobisomem maior, quando um sujeito irritado adentrou ao aposento mal iluminado.
-Eles exigem que tiremos Wolfland do caminho – o licantropo sentou numa poltrona velha, que espalhou poeira ao afundar. Era um homem alto, jovem e de ombros largos, porém extremamente magro e aparentando estar doente. Suas roupas eram gastas e rasgadas, e ele necessitava tomar banho urgentemente. – O desgraçado está matando muitos morcegos, e atrapalhando as capturas de aurores importantes.
-E se não o tirarmos, o que vão fazer? – tornou a perguntar o primeiro.
-Romper nossas alianças. Eu falei que precisaríamos de lábia nesse momento. O Billybones é muito desconfiado. Creio que ele já sabe que somos traidores, e está com medo de se aliar a nós. Está com medo de que nós o denunciemos a Lestat – como se pudéssemos fazer isso – então precisamos dar mostras de lealdade.
-Ele é amigo daquela fonte do Potter, e se nos aliarmos a ele, Potter vai convencer o Vicent a se juntar a nós. – resmungou um lobisomem mais velho, de grande porte. - Billybones é a ponte. Não podemos perder o apoio dele de jeito nenhum.
-Vou tirar Wolfland do caminho. – falou o primeiro, sério.
-O cara é forte e malditamente teimoso. Você vai ter que matá-lo. – comentou Cruelbite.
-Eu adoraria fazer isso, mas não vai ser preciso. Talvez o ponha para caçar morcegos mais ao norte, ou o convença a espionar para nós. Ele é bom nisso.
-Para quando consegue isso, Lupin? – perguntou o velho.
O primeiro pensou por alguns momentos.
-Para amanhã. Vou caçá-lo hoje. De qualquer forma a temporada de caça dele está terminando, e ele está mesmo desejando um serviço melhor. Bite – Lupin se virou para o lobisomem sentado na poltrona. – consegue reunir Bruce, Logan e Lyan para amanhã à noite? Faremos uma visitinha a Billybones. Depois disso você estará dispensado pelo tempo que precisar.
O lobisomem velho pareceu surpreso.
-Visitinha, Lupin? Se o Bones decidir nos trair estaremos condenados, e você vai mostrar nossos aliados a ele?
-Calma – Lupin olhou para o velho – Você deve procurar Harry amanhã. Ele estará perto da toca de Vicent. Uive três vezes, mas tome cuidado, não há lobisomens por lá, e não seja agressivo com os morcegos. Harry deve aparecer. Diga a ele que deve falar com Vicent. Ele poderá convencer, até à força, Billybones a se manter firme conosco. Se ele nos trair, estará morto também. Faça isso até o nascer-do-sol. Depois convoque Teddy, Falcon, Silver e Darkness, diga a eles para virem aqui até a meia-noite.
-Você gosta realmente de me ver correndo – resmungou o velho, irritado.
-E depois disso estará dispensado também, Olho Prateado. – sorriu Lupin, achando graça.
-E quando você vai tirar uma folga também? – Cruelbite o olhou – Não parece muito melhor do que eu.
-Preciso resolver essa história com Billybones antes de tudo. – Lupin ergueu-se, indo em direção à saída do chalé decrépito onde estavam. – Não se demorem. Vou falar com Wolfland.

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A noite negra havia começado há poucos minutos, e a floresta se encontrava silenciosa. A lua cheia banhava a terra de prateado. Remo Lupin, transformado em um grande lobo castanho, galopava pela noite veloz e silenciosamente, desviando das clareiras iluminadas pela lua e ignorando todo e qualquer ser que lhe surgisse pelo caminho. Tinha um objetivo a cumprir, e se o realizasse logo poderia descansar por algumas horas antes de voltar a correr.
Seus músculos protestavam de cansaço; seu estômago doía. Em um certo momento parou para procurar comida, e acabou devorando os ovos de um ninho de coruja vazio. A mãe voltaria da caça e não encontraria nada ali para chocar. Engolindo o remorso, continuou sua corrida rumo à zona das bases menores, onde os comensais costumavam prender suas vítimas e para onde os aurores constantemente se dirigiam. Era ali a zona de caça de Wolfland.
Depois de três horas correndo incessantemente, chegou ao lugar que procurava. Edgar Wolfland deveria estar por ali. Talvez o encontrasse logo e pudesse retornar ao chalé ainda naquela noite.
Parou e farejou o chão. Sentia o cheiro de sangue humano de longe. E também o cheiro de vampiros animais. Vários deles.
Ao encontrar a fonte de sangue humano – uma perna, separada do resto do corpo, coberta de moscas, uma visão que repugnou a Lupin – os morcegos surgiram. Três deles. Grandes, animalescos, famintos e burros, não demoraram muito tempo para serem mortos, tendo suas gargantas dilaceradas. Quando o lobisomem matou o último, e olhou ofegante à volta, outro lobo surgiu por entre o mato, um animal cinza escuro.
“Esse geralmente é meu trabalho”, rosnou Edgar.
“É, mas todos precisam de um pouco de diversão às vezes.”, grunhiu Remo, baixo. “Tenho algo a lhe dizer.”
“Diga logo, então.”
“Deixe esta tarefa. Vá para o norte, espionar Dente-de-Sabre. Seu trabalho está atrapalhando nossos planos, e lá você será mais útil.”
“Estou me lixando para seus planos, sou útil aqui”, rosnou Wolfland, raivosamente.
Remo irritou-se vagamente.
“Os aurores são grandinhos, não precisam de um cachorro para cuidar de si mesmos.”
“Vou lhe mostrar o cachorro...”
O lobo cinza mostrou-lhe os dentes, pronto para atacar. Remo estava cansado e não muito disposto a lutar. Além do mais, sabia que aquele novato adorava irritá-lo.
“Vá para o norte.” mandou, sem demonstrar a hostilidade que sentia. “Até hoje ninguém conseguiu espionar Dente-de-Sabre. Se eu tiver sorte, você conseguirá. Se eu tiver muita sorte, você não conseguirá e nós nos livraremos de você.”
“Vou conseguir.” Edgar ocultou os dentes. “Não fique contente, não se livrarão de mim tão fácil.”
“Só volte com alguma informação útil.” Lupin começou a retirar-se. “Boa sorte.”
O outro lobo não respondeu ao cumprimento.
Aquilo fora mais fácil do que esperava, pensou o lobo castanho, correndo novamente, em direção ao chalé. A última surra que dera em Wolfland servira para reafirmar seu posto como o lobisomem chefe. Agora poderia retornar ao chalé e descansar algumas horas.

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-Lupin, os sarnentos estão aqui. – resmungou Olho Prateado, da porta.
-Silver te mata se ouve isso. – sorriu, levantando. Aquele sofá carcomido não era o melhor lugar para dormir.
-Aquele filhote não tem a mínima chance.
-Certo – olhou pela janela quebrada – todos vieram?
-Todos – Cruelbite surgiu à porta também – mas precisei dar umas dentadas no Lyan.
-E ele te deu umas também, pelo jeito.
Bite bufou.
-Falou com Harry?
-Falei – disse Olho Prateado. – E já falei com Vicent também. Ele provavelmente aparecerá durante a visitinha.
A noite caíra há algumas horas, e duraria muitas outras. Havia serviço a ser feito.
Os sete lobisomens, que resmungavam entre si, comentando sobre seus últimos combates na guerra, silenciaram quando Remo saiu do chalé e se juntou a eles.
-Remo – cumprimentou Bruce, um lobisomem negro e relativamente simpático, se comparado aos demais.
-Boa noite... – respondeu, com ironia. A noite de lua cheia nunca era boa para os lobisomens, mesmo quando esta ainda era a primeira e não causava a transformação descontrolada. – Temos serviço.
-E deve ser importante para reunir a nós todos – Logan o olhou. Era um lupino grande e mau humorado, mas lutava pelas boas causas. – Se for tolice, já me despeço agora.
-Não, não é tolice. Estamos prestes a conseguir mais um aliado vampiro. Red Billybones.
-Billybones é um covarde, ele e toda a sua tropa. – Lyan cuspiu no chão – Aliarmo-nos a ele só nos trará problemas. Quando chegar a hora ele não lutará, e o mais provável é que nos traia na metade do tempo.
-Billybones é covarde, mas suas tropas não. Vicent irá também; quando Red ver nossos números ele vai aderir à traição. E suas tropas também; não há vampiro decente que não respeite Vicent.
-Ou então Billybones vai nos trair assim que virarmos as costas... – Falcon sacudiu a cabeça.
-Se isso acontecer, nós o matamos. – Remo o olhou.
-E Greyback nos mata logo em seguida. – alfinetou Teddy.
Remo riu, aborrecido.
-Aonde foi parar a coragem de vocês? Bando de vira-latas.
Teddy e Falcon fizeram caretas e ergueram os punhos.
-Desde o início convivemos com riscos – Bruce se pronunciou, tentando acalmar os ânimos dos três lobisomens. – Não conseguiremos nada sem aliados, e se for para morrermos, morreremos. Se estão com medo, retirem-se.
Teddy e Falcon não se moveram.
-Vamos então – Remo se adiantou, transformando-se e galopando para a floresta.

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Red Billybones era um vampiro baixo e gordo, de barba e cabelos vermelhos. Tinha muitos súditos e vampiros que o seguiam; alguns por dinheiro, outros por troca de serviços. Na verdade, era um mistério como Red conseguira se tornar um vampiro-chefe; ele não tinha nenhum talento para a coisa.
-Saia da frente, precisamos falar com Billybones. – Remo murmurou, ao vampiro que estava diante da entrada da mansão.
O vampiro, alto, magro e pálido, com cabelos negros e olhos vermelhos, respondeu aos guinchos, ao mesmo tempo que mais nove vampiros se juntavam a ele.
-E quem são vocês?
-Serventes de Greyback, temos algo a dizer ao seu chefe. – Bruce se adiantou.
-Saia da frente, Strix, ou entraremos a força. – Darkness, um lobisomem negro com a mesma composição corpulenta de Quim Shacklebolt, avançou a passos rápidos.
Strix recuou, mostrando os dentes.
Decididamente os vampiros tinham uma vida mais confortável que os lobisomens, pensou Remo, quando adentraram na mansão. Os licantropos dormiam em sofás apodrecidos ou no chão, amontoados; os vampiros dormiam em camas e sofás, individualmente.
-E a quem tenho a honra de receber? – na sala de estar do saguão o vampiro sedentário os recepcionou.
-Não precisa ser gentil, Red, não vamos lhe fazer nada. – Silver, talvez o lobisomem que mais impunha respeito entre os oito, tomou a palavra. – Viemos em paz.
Red apertou os olhos, desconfiado, e trocou olhares com seus súditos, que haviam cercado os visitantes. O clima estava extremamente tenso.
-Gostaríamos de um conversa particular, Bones. – falou Remo, baixo.
Red fez um aceno de cabeça para seus vampiros serventes, e estes se retiraram do aposento. Sentou-se então em uma das poltronas vermelhas e fez um gesto para que os lobisomens também se sentassem. Um pouco hesitantes, eles se sentaram, e Falcon comentou com Teddy, esfregando a mão no braço da poltrona e sentindo sua textura: “Podíamos pedir umas dessas emprestadas depois da aliança... chega de sentar no chão.”.
-O luxo sempre foi uma exclusividade dos vampiros – comentou Red, observando-os com perspicácia. Encarou Remo, que liderava o grupo. – Mas, acredito, não foi para sentar em minhas poltronas que vocês vieram aqui.
-O que você sabe sobre os grupos traidores, Bones?
-São grupos de vampiros e lobisomens que estão se aliando para derrubar Greyback e Lestat, e vocês, pelo que vejo, são um deles. A resposta é não.
Remo franziu as sobrancelhas.
-Você tem certeza?
-Absoluta. Essa idéia de derrubá-los é ridícula. Derrubar a Greyback até é aceitável; mas não a Lestat. Pelas barbas do profeta, ele derrubou Drácula!
-Temos gente capaz de derrotá-lo. Não é Lestat que nos preocupa, e sim os que estão com ele. – falou Bruce. – O importante é diminuir suas tropas; de Lestat nós cuidamos. O mesmo vale para Greyback.
-Reduzir suas tropas? – Red Billybones riu, mostrando seus dentes caninos pontiagudos. – Vocês precisariam de uma tropa equivalente ou maior à dele para ter qualquer chance de vencê-los. Repito, isso é ridículo.
Logan riu, de uma forma cruel e irritada.
-Isso só prova o quanto você está por fora, Bones. Um terço do exército de Lestat é composta de vampiros jovens, fracos e inexperientes, transformados no último ano sob a proteção do Lorde das Trevas. Quanto às tropas de Greyback, metade é igualmente inútil. Aquele pulguento velho tem mordido crianças e jovens, apenas pelo terror que isso causa à comunidade bruxa; ele não parou para pensar que essas vítimas não irão ajudá-lo em nada no futuro. É a parcela morta, neutra, inútil.
-O importante são os vampiros e lobisomens experientes. – Remo retomou a palavra. – Da metade de lobisomens que resta, metade está conosco – ele sorriu, indicando os demais – e o restante está servindo a Greyback. Os jovens neutros vão nos apoiar quando agirmos de verdade; estes não têm o espírito sanguinário e negro de Greyback; muito pelo contrário, o modo cruel como o pulguento velho os trata apenas lhes enche de mais ódio. Acredite: os lobisomens estão prontos para uma revolução.
Red os fitou longamente, pensando. Diante da falta de argumentação, Remo prosseguiu.
-Já os vampiros...
Repentinamente, todos os lobisomens da sala se levantaram, inquietos, varinhas a mão, fazendo Billy arregalar os olhos; no segundo seguinte, houve um movimento de uma capa vermelha e Vicent surgiu.
Vicent era o vampiro mais alto que Remo conhecera; tinha mais de dois metros de altura, ombros largos, porte atlético; seus cabelos, castanho escuros, desciam até abaixo da cintura. Tinha a pele pálida, marca registrada dos vampiros, olhos da mesma cor de seus cabelos e lábios vermelhos. Era belo, imponente, e transmitia uma aura de poder que causava um instinto de submissão em todos ao seu redor.
Remo sorriu e baixou a varinha; os demais lobisomens repetiram seu gesto. Vicent sorriu para o líder lupino e em seguida olhou para Red Billybones, que o olhava estupefato.
-Não vai me convidar para sentar, Red? Sua falta de hospitalidade me decepciona.
-C-claro, senhor Vicent, sente-se, fique à vontade... – Billybones se encolheu na cadeira como se estivesse encurralado. Estava, realmente...
-Prossiga, Remo Lupin.
-Sim. – acenou, em concordância. – Conforme eu dizia, quanto aos vampiros... temos apoio total de Vicent e alguns de seus aliados, tais como Vamac e Lexus.
Remo não pôde deixar de sorrir, diante da surpresa do vampiro obeso. Vicent era uma autoridade entre os vampiros; era, talvez, o vampiro europeu mais respeitado de todos, depois de Lestat. O apoio dele ao grupo dos traidores era o argumento mais forte que tinham para convencer Red a se juntar a eles; e o argumento surtira seu efeito, a julgar pela expressão do dono da mansão.
-Então vocês realmente têm um grupo capaz de derrotar as tropas de Greyback e Lestat? – ele perguntou lentamente, medindo as palavras.
-Não garanto uma vitória; todos teremos de lutar, mas, sim, temos um grupo capaz.
-E qual o plano de vocês? – Red olhou para Vicent, preocupado.
-Cessar hostilidades – respondeu o vampiro mais alto, calmamente. Suas vestes faziam as roupas dos lobisomens parecerem trapos. – Mantermo-nos em silêncio o máximo possível. Nossas fontes estão prestes a interceptar informações importantes a respeito dos planos de Lestat e Greyback. Quando as obtivermos, tomaremos a decisão final. Até lá – os olhos do locutor perscrutaram o rosto de cada um dos ali presentes – nos reuniremos, nós, todos os líderes, para planejar nossas ações. Se você aceitar, será extremamente gratificante para nós; peço-lhe este favor, velho amigo; se aliar-se a nós com suas tropas, estaremos definitivamente quites, e teremos então uma chance maior de derrotar esses exércitos maléficos que pouco se importam conosco.
Uma coisa ficou clara a Remo: Red Billybones deveria ter dívidas imensas para com Vicent.
Vários minutos se passaram até que Billybones expressasse sua opinião. Enfim, ele sorriu, tenso, e estendeu a mão para Remo.
-Vocês têm os meus serviços, e os meus súditos.
Remo e Vicent sorriram, e ambos apertaram a mão do mais novo aliado dos traidores.
-Se por acaso tiver de se esconder – Vicente o olhou, satisfeito – me procure, ou ao Lupin. Não se acanhe.
-Mas, se você nos trair – Remo adotou seu tom mais perigoso, e os demais lobisomens sorriram em concordância – nós o caçaremos até o fim do mundo, e o mataremos. Portanto, seja leal.
-Você tem minha palavra, Sr.Lupin. Todos vocês têm – ele olhou para os outros lobisomens.
-Perfeito. É hora de nos retirarmos – Bruce foi o primeiro a virar as costas, em direção a porta. – A noite é longa, meus amigos, e eu pretendo aproveitá-la.
-Até mais, Bones, Vicent. – Remo apertou a mão de Vicent e despediu-se do outro com um gesto de cabeça. – Nos veremos em breve, imagino.
-Muito em breve. Tripnato está prestes a retornar de suas espionagens. Adeus Lupin.

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Fora da mansão, os lobisomens transformaram-se novamente, e galoparam para seus esconderijos. Alguns foram deixando o grupo, à medida que se aproximavam de seus “lares”. Próximo das três da manhã, apenas Remo e Bruce ainda corriam.
Remo gostava de Bruce; era um homem jovem, próximo de seus trinta anos. Fora mordido por Greyback quando tinha quinze anos. Fugiu de casa pouco tempo depois, devido à rejeição dos parentes, e, aos vinte e dois anos, passou a auxiliar os jovens lobisomens que encontrava, levando-os para morar com ele em uma construção abandonada, na beira da mata. Este era o seu atual esconderijo, e os jovens lobisomens que auxiliava agora eram seus aliados mais fieis. Cruelbite era um destes.
“Estou realmente começando a crer em uma vitória”, resfolegou Bruce, enquanto corriam.
“Espero que sua fé seja recompensada.” grunhiu Remo “Estamos formando um bom grupo; mas não vamos falar disso agora: tem morcegos nos seguindo.”
“Morcegos” era o termo que utilizavam para denominar os vampiros animalescos: criaturas aladas feias e estúpidas, que sabiam invocar algumas magias, apesar de não usarem varinhas, e não eram realmente considerados como adversários pelos lobisomens, apesar de alguns serem fortes o bastante para matar um lobisomem grande.
Pelo menos seis desses os seguiam nesse momento, sobrevoando-os por entre as árvores.
“Que focinho, hein? Eu não os tinha notado. Vamos brincar um pouquinho”.
Ambos os lobisomens pararam, olhando para o alto. Os morcegos pousaram nas árvores, cercando-os, suas faces malfeitas sorrindo com maldade. Aparentemente eles pretendiam jantar os lobos ali embaixo.
Remo fitou o maior e rosnou alto, provocando. Os morcegos atacaram.
Ele e Bruce saltaram; dois morcegos caíram, prensados pelas feras; suas gargantas dilaceraram-se em contato com as presas dos lupinos. Os outros quatro foram apenas uma questão de tempo.
“E esse maldito ainda abriu minha cara, droga!” rosnou Bruce, esfregando desajeitadamente uma pata no rosto.
“Ele era grande, era dos bons.”
“Ah, não importa.” Bruce olhou em volta. “Vamos prosseguir. Vai a algum lugar na lua cheia, Remo?”
“Vou. Meu pessoal.”
Eles não falaram mais até o dia nascer; Bruce então tomou outro caminho e se dirigiu para seu esconderijo. Remo correu por mais alguns minutos. Ao chegar a um riacho, parou para beber água. Descansou por alguns minutos, para recuperar o fôlego; em seguida, voltou a correr.
Quando chegou ao chalé, já era dia claro. Porém, antes mesmo de chegar, sentiu que havia algo errado; havia luta.
Entrou correndo no meio da maracutaia.
“Bite! O que está havendo?” perguntou, derrubando um grande lobisomem cinza e mostrando-lhes os dentes, intimidando-o, quando ele se levantou.
“O maldito do Kalimbor! Ele acha que estamos ocultando um prisioneiro deles!”
Típico... mais um maldito desentendimento entre os lobisomens, seguido de briga. Torcia para que nenhum dos seus estivesse morto ou inválido.
Derrubou três lobos jovens até encontrar seu alvo: Kalimbor. Disparou por entre os lobisomens que brigavam até saltar contra o lobo castanho e derrubá-lo no chão, imobilizando-o.
O outro por alguns instantes tentou atacá-lo, falhando. Então reconheceu seu atacante, mostrando os dentes irritadamente.
“Lupin!”
Remo rosnou para ele. Em seguida uivou. Em questão de segundos, as brigas ao redor haviam parado. Os serventes de Kalimbor agruparam-se atrás do chefe, e os aliados de Remo, na frente do chalé. Remo saiu de cima de Kalimbor, permitindo que ele se levantasse, mas deixava as presas à mostra, indicando que não estava contente.
“Por que diabos está aqui?”
“Devolva meu prisioneiro” Kalimbor o olhou, pêlo arrepiado, focinho arreganhado.
“Prisioneiro?” Remo olhou para Cruelbite, que apresentava uma orelha sangrenta. Este sacudiu a cabeça negativamente. Remo tornou para Kalimbor. “Não temos ninguém aqui.”
“O moleque fugiu da minha base esta noite, e a sua é a mais próxima.”
“Ele não está aqui.” Rosnou. “Saia daqui, ou eu farei você sair.”
Kalimbor escondeu os dentes, e baixou as orelhas, uma atitude que poderia ser considerada como um sorriso humano.
“Você passou a noite fora, Lupin... onde esteve? Ocultando serviços de seu chefe?”
“Não oculto nada de Greyback, mas não faço o mesmo com você.”
“Estou aqui como representante de Greyback... conte-me ou ele ficará sabendo que você tem segredinhos.”
“Que ele venha pessoalmente investigar” rosnou Remo, avançando a passos lentos, fazendo o outro recuar. Kalimbor era prepotente, mas o temia: não ousava um confronto direto. “Agora saia daqui.”
“Greyback ficará sabendo.” Rosnou Kalimbor, recuando.
“Ótimo. Mande lembranças ao pulguento.”
“Se ver meu prisioneiro, recolha-o e devolva-o para mim. É um garotão mau humorado, castanho avermelhado.”
Remo não respondeu. Esperou Kalimbor sumir na floresta, com os seus lobisomens, e ficou contente ao constatar que seu grupo fizera maior estrago no dele do que ele no seu.
“Eu vivo dizendo que o chefe é louco.” Grunhiu Bite, quando Remo se voltou para seus aliados.
Remo sorriu. Admitia: desenvolvera uma vontade imensa de desafiar Greyback nas últimas semanas.
“Todos bem?” perguntou, observando-os. Phil apresentava um olho furado; ficaria cego. Fejiro ofegava e apoiava-se fracamente; uma de suas patas estava arrebentada. Os demais apresentavam feridas leves. Olho Prateado parecia muito irritado... quase havia perdido o único olho: um comprido corte marcara sua face, mas seu olho estava intacto.

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Quando o sol já estava alto, Remo reuniu um grupo de lobisomens jovens, os mais inexperientes e agitados, e correu junto com eles até o povoado mais próximo, há cerca de quatro horas de corrida de distância do chalé. A comida havia acabado, e eles precisavam saquear. Não era algo de que gostava: mas incentivava seus aliados a não atacarem os humanos, e sim a apenas roubar. Agora, sob a proteção de Voldemort, os lobisomens podiam atacar de dia também.
Invadiram a cidade a galope, rosnando, espantando os trouxas; dois dos seus saltaram sobre as mesas e o balcão de uma padaria, puxando os cestos de pão; outros três saltaram pela janela de um açougue e saíram alguns minutos depois arrastando grandes pedaços de carne. Ouvia-se gritos, pessoas corriam; um homem soltou dois cães sobre os “lobos selvagens”. Eram cães de caça, e Remo se forçou a matá-los. Outros trouxas surgiram com espingardas. Remo uivou para que os seus se afastassem: armas trouxas podiam feri-los gravemente. Mesmo assim, um dos jovens chamado Nyll foi baleado no ombro, e Cruelbite agarrou-o pelo pescoço e puxou-o, rosnando, forçando-o a se levantar; todos correram para a floresta, levando comida. Em questão de cinco minutos, haviam saqueado e fugido.
A tarde chegava ao fim quando retornaram ao chalé. Olho Prateado sempre liderava seu bando quando Remo saía. Cansado, deu ao velho amigo o cargo de líder, e, deixando algumas ordens aos lobisomens, deixou seu grupo.
Remo não via a hora de chegar à Londres: a exaustão ia rapidamente amortecendo seus músculos, e a cidade ficava longe... correu até um ponto distante de seu esconderijo, para despistar algum possível espião, e aparatou.

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Voltando à forma humana, caminhou por quase uma hora pela cidade. Passou por alguns dos bairros mais pobres e sujos da capital, até chegar a uma rua de casas com paredes descascadas. Já era noite fechada. Parando diante de um largo entre as casas de números 11 e 13, mentalizou uma frase fixamente. Uma grande casa se inflou no largo, empurrando as vizinhas, que, após a aparição da nova casa, mantinham-se como se nada tivesse acontecido. Remo sorriu, e bateu na porta.
Alguns segundos depois, um homem negro e um ruivo de óculos a abriram, deixando-o entrar.

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