Capítulo Único
Se alguém tivesse prestado atenção teria visto um vulto esguio se materializar no beco mais escuro daquele lugar. Mas isso seria impossível, pois ninguém mais olhava pelas janelas sujas daquele lugar. A madrugada já era alta.
O vento gelado e cortante deixava tudo mais frio do que realmente estava, ou talvez ele estivesse mais gelado do que costume.
Ele apertou a grossa capa rota em alguns pontos mais junto ao corpo, na esperança de combater o frio. Ainda estava tão pálido como a algumas horas atrás quando deixou o Largo Grimmauld.
Se fechasse os olhos e se concentrasse um minuto que fosse ainda podia escutar as palavras dele ecoando pela sua mente: “Eu estaria com muita vergonha dele.” Passou a mão pelos cabelos prematuramente grisalhos.
Voltou a andar tentando entender tudo o que aquele garoto, o mesmo que é filho de um dos seus melhores amigos, tinha dito. Será que é um garoto que acabou de fazer 17 anos que vai mostrar a ele o que tudo isso esta errado?
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- Como?
- Não faça essa cara. – ele disse baixo.
- E você quer que eu faça que cara?
- Nymphadora, por favor!
- Eu não vou para a casa dos meus pais! Eu não estou doente, Remus. Estou grávida, não doente. – ele fechou a cara – E não me chame assim.
- Eu sei disso. – disse entre dentes – Mas na atual circunstancia, é melhor você ficar lá com eles. – não a olhou.
- Remus! O que você pretende fazer?
- E por que eu tenho que fazer alguma coisa? – a olhou de lado.
- Para você me deixar com eles, é porque você vai fazer alguma coisa estúpida e perigosa, ou até mesmo idiota!
- Eu não vou fazer nada.
- Eu te conheço o suficiente para saber que você vai fazer alguma coisa idiota. – cruzou os braços.
- Não é idiota. – ele retrucou ligeiramente vermelho.
- Então é pior! Deve ser algo “nobre”! – parou – Foi isso que a Ginny disse para o Harry! – arregalou os olhos – NEM PENSE NISSO!
- Você não sabe no que eu estou pensando! – ele disse num tom estranhamente baixo.
- Ah, o pior é que eu sei sim! Você não vai atrás dele! – agarrou a frente da veste dele – OUVIU BEM? VOCÊ NÃO VAI!
- Vou sim, Tonks. – se soltou bruscamente dela – E é por isso que você vai para a casa dos seus pais. Você vai ficar segura lá. – disse friamente.
- Você não pode estar falando sério! – ela disse com lágrimas nos olhos.
- É o melhor para você.
- Você só pode estar louco! Isso é muito perigoso! – deixou uma lágrima escorrer.
- Eu sei disso, mas eles precisam de ajuda e eu vou me oferecer.
- Você não pode! Você tem uma família agora!
- Você vai para a casa dos seus pais. – saiu.
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Deu um sorriso triste, ao notar aonde os seus pés o levaram. Ao mesmo lugar que ele jurou não mais voltar, ao mesmo lugar que ele a deixou dias atrás. Será que ele deveria entrar? Falaria o que para ela? Falar o que para sua Dora? Para a sua Nymphadora?
Não, ela não é mais sua! Nunca deveria ter sido! Deveria ter sido mais forte e não ter sucumbido tão facilmente aos encantos dela. Se ele não tivesse sido um fraco, ela não estaria nessa situação.
Logo ele que se vangloriava por sempre pensar antes de agir, tinha se deixado levar por uma menina de cabelo rosa-chiclete. E agora eles estavam metidos nessa situação toda. Ele ali, sentado no meio fio olhando para a casa branca e ela lá dentro... o esperando... esperando o filho deles...
Filho... Quando foi que ele, Remus Lupin, pensou que um dia teria um filho? Nunca! Sua raça não costuma se reproduzir. Se ele a ama como diz nunca poderia ter deixado isso acontecer. Ele não estava no seu juízo perfeito quando se casou com ela, não podia estar.
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- Remus? – ela o chamou docemente.
- Ahã? – abaixou o “Profeta Diário” – Dora? Pensei que você tivesse ido ao Ministério. – levantou – Aconteceu alguma coisa?
- Não... – ela sorriu de forma misteriosa – Está tudo bem, não podia estar melhor.
- Então o que aconteceu para você chegar em casa essa hora? – ele olhou assustado para ela – É alguma coisa com a Ordem? É com um dos Weasley? Ou com o Harry? – falou rápido.
- Por Merlim, homem! – ela riu – Fale mais devagar.
- Por favor, pare com isso e me diga logo o que aconteceu.
- Não foi nada demais. – ele fechou a cara para ela – Está bem, está bem, eu vou falar. Eu passei mal no caminho...
- Passou mal? Como assim passou mal? – ele a olhou como se procurasse alguma ferida horrenda.
- Passando, oras! Acabei tendo que ser consultada no St. Mungus.
- Consultada? Por que exatamente?
- Bem, - ela sentou e docemente o puxou fazendo com que ele sentasse ao seu lado – lembra que eu andava me sentindo mal esses dias? E que o meu cabelo mudava de cor nas horas mais impróprias?
- Sim... – ela pegou na mão dele e sorriu.
- Então... O curandeiro me disse qual era o meu problema. – ela abriu um dos maiores sorrisos que ele já tinha visto ela dar – Remus, vamos ter um bebê!
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O que foi mesmo que a Lily disse para o James quando ele ficou sabendo que eles teriam um filho bem no meio de uma guerra? Foi algo com, filhos serem o maior presente que alguém poderia receber. Sim, foi algo assim. E o que mesmo o filho deles disse algumas horas atrás em uma cozinha escura? Foi algo envolvendo ele ser um covarde... Sim, ele o chamou de covarde. Sim, foi isso...
Mas... Será mesmo que ele era um covarde? Não, é claro que não! Ele está sendo bem corajoso largando a mulher que ama e a criança que ainda não nasceu para impedir que eles sofram o que ele vem sofrendo todos esses anos.
Então, uma outra imagem brotou na sua mente, uma cena que aconteceu poucos meses atrás, uma jovem mulher de cabelos opacos e sem vida dizendo que não se importava, que o aceitava.
Levantou de um rompante e atravessou a rua em direção a casa em frente. E decidido, murmurou algumas palavras e deu duas pancadinhas com a sua varinha na porta e entrou.
- Não se mova. – alguém disse da escuridão da sala.
- Sou eu, Dora. Remus. – completou baixo.
Viu a auror sair das sombras, ainda com a varinha em punho, o seu rosto iluminado pela luz que entrava por uma fresta da cortina. Tentou captar pela sua expressão a gravidade da sua situação e o que viu não o agradou em nada.
- Mostre-se. – disse sem abaixar a varinha um milímetro sequer.
- Sou Remus John Lupin, lobisomem, às vezes conhecido como Aluado, um dos criadores do Mapa do Maroto, - nesse ponto ele parou e respirou fundo – e sou o idiota que largou a mulher que ama e o filho por ser um completo covarde.
Ela abaixou a varinha e o olhou assustada. Algo dentro dela sempre lhe dizia que ele acabaria percebendo a grande besteira que tinha feito e certamente voltaria para ela, mas mesmo assim, ele a tinha magoado muito.
E o que aconteceu a seguir foi muito rápido. No segundo seguinte Tonks levantou a sua varinha e atingiu Remus bem no peito, o arremessando para o meio da rua. Logo a seguir o barulho alto da porta batendo ecoou pela rua escura.
Ela sentou no sofá, ainda no escuro, respirando rápido. Grossas lágrimas brotaram em seus olhos escuros, ela balançou a cabeça e esfregou os olhos. Ela não ia deixar que mais nenhuma lágrima escorresse por causa dele.
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- Espera. – olhou para ela – E se alguém entrar?
- Quem é que entraria aqui, Remus? – ela sorriu.
- Sei lá... – passou a mão pelo cabelo – Convenhamos, Dora, alguém poderia entrar.
- Você está fugindo de mim, Remus John Lupin? – ela caminhou sutilmente na direção dele.
- Mas... É claro que não. – respondeu com dificuldade.
- Então porque esse medo todo? Não estamos fazendo nada de errado, não é mesmo? – colou o seu corpo no dele.
- Não... Eu acho que não... – colocou uma mão na cintura dela.
- Então, relaxe... – ela foi em direção ao sofá, onde deitou – Você não vem?
- Vou, é claro que vou. – chegou bem perto dela – Eu te amo. – a beijou.
- Sei disso. – riu – Sempre soube. – ele levantou uma sombrancelha.
- E você não vai falar nada? – tornou beija-la.
- Não vou. – fechou os olhos - Eu não tenho nada para falar. – ele beijou o pescoço dela.
- Tem certeza disso? – começou a abrir lentamente a blusa dela.
- A... mais absoluta... Ande com isso, Remus! – ela mesma acabou de tirar a blusa.
- O que eu faço com você, Nymphadora? – perguntou rouco.
- Case-se comigo. – ele arregalou os olhos – Isso mesmo, case comigo.
- Você não quer casar comigo. – as mãos dela voaram para o peito nu dele.
- É claro que quero. – desceu lentamente a mão e parou no cós da calça – Eu te amo.
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- O que foi isso, Nymphadora? – ele acendeu a luz com um aceno de varinha.
- Nada. – ela pousou a mão na barriga – Pensei que você fosse com o Harry. – disse sem encara-lo.
- Ele não quis que eu fosse. – ele deu alguns passos na direção dela.
- Sei... – levantou o rosto e o olhou – E o que você está fazendo aqui?
- Como o que eu estou fazendo aqui?
- Pensei que você não tivesse mais intenção de me ver. – cruzou os braços irritada.
- É... – disse devagar – Eu realmente não tinha intenção.
- Então o que faz aqui? Pensei que você ia estar lá fora, combatendo as artes das trevas. – disse em um tom um pouco mais alto – Pelo o que entendi da última vez que conversamos, eu e o meu filho não somos tão importantes assim.
- Dora, será que você não entende? – disse cansado.
- Não entendo o que, Remus? – se levantou – Pode ter certeza que eu entendi tudo direitinho. Você, mais uma vez, vai agir como um nobre, e me largar. Não, não precisa falar nada. – disse quando ele abriu a boca para retrucar – Eu sei que você está fazendo o que acha que é melhor para mim, que sabe que pode estar doendo agora, mas que com o tempo tudo isso vai passar. – ela fungou.
- Dora, eu não posso deixar que o... – ele não conseguiu dizer – que o bebê já nasça destinado a sofrer. É melhor que eu não esteja aqui. – completou baixo.
- Remus, - ela chegou perto dele – entenda, o seu lugar é aqui ao meu lado, ao lado do seu filho! Somos uma família agora.
- Dora... – tocou o rosto dela – você merece alguém mais jovem, saudável...
- Mas é você que eu quero. – uma lágrima escorreu – É você que eu amo.
- Eu não posso... – fechou os olhos e aspirou o perfume dela.
- Por que você não pode me amar? Por que você não pode amar o nosso filho? – ela colou a mão dele em seu ventre.
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Ela saiu da enfermaria de cabeça baixa, ela tinha feito mais uma vez. Quando é que ela ia aprender que ele não a queria mais? Que, talvez, nem a amasse mais?
Não! Ela não acreditaria nisso nunca! É claro que ele a amava! Estava na cara dele. Mas, então porque essa história de pobre demais, velho demais, perigoso demais?
- Por que, Remus? Por que? – ela encostou-se à parede e escorregou sentando no chão.
- Porque eu sou um burro. – resmungaram perto dela.
- O que? – ela tirou as mãos do rosto e olhou para cima.
- Eu fui um burro. – ele repetiu.
- Que bom que você sabe disso. – levantou e enxugou o rosto – Tenho que ir, quero descansar um pouco antes de ir ao Ministério. – saiu sem dar tempo dele responder nada.
Ele ainda tentou segui-la, mas antes que conseguisse chegar no jardim, ela já tinha desaparatado. E o que ele fez a seguir não foi uma atitude muito típica dele: sem pensar no que estava fazendo, desaparatou também.
Apareceu em um pequeno beco, no mesmo lugar que costumava aparatar quando ia ao pequeno apartamento dela. Seguiu os mesmos caminhos que conhecia de cor. Parou em frente à porta dela e escutou.
- Dora? – chamou incerto. Os barulhos de choro que vinha do lado de dentro cessaram por um momento.
- Remus, é você? – a voz dela chegou embargada no seu ouvido.
- Quero falar com você. – ele encostou-se à porta.
- Agora... Agora não é uma boa hora.
- Por que?
- Estou... Estou muito ocupada agora. – ele escutou algo caindo – Ai!
- Dora? Você está bem? – ele bateu.
- Tudo bem. Eu só escorreguei.
- Me deixa entrar. – a voz dele saiu suplicante.
- Por favor, Remus... Você já me fez sofrer o suficiente.
- Eu sei disso. – ele sentiu uma lágrima escorrer dos seus próprios olhos – Não quero que isso continue. – suspirou – Eu preciso de você. – completou baixo.
- Jura? – ela abriu a porta.
- Juro. – olhou no fundo dos olhos dela – Quero ficar com você.
- Eu também quero. – sorriu – Eu te amo tanto. – ele viu os cabelos dela antes opacos e sem vida se transformarem no rosa brilhante que ele tanto gostava.
- Me perdoa por ter sido um fraco. – entrou e a beijou – E a propósito, acho que roxo é uma das suas melhores cores.
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- Dora... – disse fracamente – Você sabe que tudo isso está errado, eu não devia ter desgraçado a sua vida.
- Mas você não a desgraçou. – sorriu – Você a fez valer a pena, você me deu o meu bem mais precioso. – colocou a sua mão por cima da dele que ainda estava na sua barriga.
- E se ele não me aceitar? – perguntou baixo.
- Por que ele faria uma coisa dessas? Remus, você é uma das melhores pessoas que eu já conheci.
- Mas eu sou um lobisomem... – disse baixo.
- E daí? Eu sou metamorfomaga e não estou reclamando disso. – deu de ombros.
- Você sabe que isso não tem comparação, não sabe? – ele sorriu.
- E o que importa se somos diferentes? A gente se ama isso é o que importa. – ele suspirou.
- Sim, isso que importa. – a beijou – Me desculpa por ter ido mais uma vez embora? – perguntou ainda abraçado a ela.
- Só se você me prometer que nunca mais vai pensar em me abandonar.
- Não se preocupe, nunca mais vou fazer isso. – tornou a beija-la – Afinal, eu vou ter um filho. – ela abriu um grande sorriso e o cabelo mudou de rosa para um roxo berrante.
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N/A: Dude, nem sei o que falar! Eu tinha pensado em um monte de coisas para dizer... Mas agora que eu to escrevendo, nada parece bom o bastante. Bem, acho que eu preciso agradecer algumas pessoas que me ajudaram:
Kawa Potter, por me ajudar desde não sei quando;
Gude Potter, que chegou aos 45 minutos do segundo tempo;
Kiinha, minha prima querida e madrinha dessa empreitada e
Kariny, por ter dado uma olhada, mesmo naum sendo McFLY.
Acho que é só isso!
Beijos e até a próxima!
Não esqueçam de comentar!
Muito bem, preciso agradecer a ajuda da Sheyla Snape. VALEU!
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