Relatos XVI
N/A: Dessa vez, eu realmente me superei.o.O. Peço perdões pela demora. É que eu tenho enfrentado alguns problemas aqui em casa * acho que minha mãe fez uma promessa na virada do ano: irrite a Letícia até não poder mais * e, simplesmente, nesses momentos de pura raiva, eu não consigo escrever nada * dá última vez que eu me atrevi a fazer isso, deletei quase um cap inteiro - no caso, foi o de Relatos *. Como se isso não bastasse, meu adorado pc resolveu ficar ligando e desligando sozinho a hora que bem quisesse e entendesse. Eu então, resolvei escrever à mão. Deu certo, se não fosse o fato de eu ter perdido a parte do encontro do Remo e da Ana... Y.Y. Depois de terminado o cap, tive que revisa-lo * nem sei se ficou direito, mas... * Agora, finalmente aqui estou. Pelo menos - não por hoje - eu não vou poder colocar todos os comentários. Mas estarei postando os mesmos ao longo dessa semana. E, antes que minha mãe me expulse de vez do pc... aqui vai o cap.
Relatos XVI – As Aventuras Amorosas de Remo Aluado Lupin I... ( Sirius )
“-E ainda dizem que essa é a melhor fase da vida... – resmungou Tiago enquanto virava lentamente a colher que tinha em mãos e observava uma papa meio amarronzada cair como uma “bomba” em cima do prato ( e, consequentemente, esparramando uma boa parte em cima da mesa ). – Lily, pelo amor de Merlim, você chama isso de comida?
A ruiva, que colocava um garotinho de cabelos arrepiados num cadeirão, revirou os olhos e meneou a cabeça.
-Eu me recuso a responder essa pergunta, Tiago Pontas Potter.
-Isso deve ser horrível! – ele comentou, indignado. – Olha só a cara do Harry! Ele está desesperado! – ele completou num tom urgente.
Lílian olhou de Tiago – que continuava a “duelar” com a papinha dentro do prato – para Harry, que batia o que parecia ser um mini-hipogrifo de pelúcia na mesa do cadeirão.
-Deixa de ser exagerado, Potter! – ela soltou aborrecida, puxando o prato da mão do marido. – E olha só a meleira que você fez!
-Meu filho não vai comer, isso Lily, é nojento! – ele retrucou, cruzando os braços num gesto emburrado.
-Ah, é? – a ruiva indagou com uma sobrancelha erguida. – E o que você esperava que ele comesse? Cerveja amanteigada com feijõezinhos de todos os sabores? Se você não sabe, querido, Harry Tiago Potter não possui nem dez dentes ainda. – ela fez uma careta com a boca e suspirou. – O que você esperava que ele comesse, hein? – Lílian repetiu a pergunta com olhos estreitados.
-Você já experimentou comer isso? Devem existir coisas mais gostosas do que essa gororoba, Lily. O Harry não gosta, eu sei...
-E por que você diz isso?
-Deve ser horrível! – ele insistiu.
Lily apenas balançou a cabeça e respirando profundamente, deu as costas para o marido e se dirigiu ao local em que o filho se encontrava sentado.
-Você já comeu, por um acaso? – disse Lílian, mexendo no prato com a colher lentamente e depois colocando o mesmo em cima da mesa.
-Eu? – o moreno exibiu uma nítida careta e passou a mão pelos cabelos. – Comer isso? Jamais!
-Ótimo, então. Já que você nunca provou, não reclame. – ela disse calmamente, enquanto tentava retirar o mini-hipogrifo das mãos do filho.
-Ifo. – o pequeno balbuciou, fazendo uma feição chorosa, ao ver o seu fiel amigo sendo retirado das suas mãos pequeninas. – Ifo, mama, ifo...
-Não, não, Harry. – a ruiva disse num sorriso. – Hora de comer agora, querido.
-Lily... – Tiago ainda olhava feio para a papinha em cima da mesa.
-Se você falar mais uma vez da comida do Harry, eu faço você engoli-la com prato e tudo. – ela sibilou, interrompendo o marido. – Tiago. Todas as crianças normais comem papinha nessa idade. Eu comi. Você comeu. Por que com o Harry seria diferente?
-Porque ele é meu filho! Tenho que zelar por ele.
-Merlim, por favor, daí paciência a essa pobre alma que vos fala... – a ruiva rolou os olhos para cima, murmurando num tom solene.
-Amor, entenda. O Harry não sabe falar direito... Como você pode ter tanta certeza de que ele gosta mesmo disso?
-E como você pode ter tanta certeza de que ele não gosta? – Lily retrucou ameaçadoramente.
-Por ele ser um Potter?
-Falando assim, eu chego a pensar que você, às vezes, nem se lembra de que ele também é meu filho.
-Mas você é uma Potter também, Lily.
Ela suspirou.
-E o que isso tem a ver? – ela questionou num resmungo.
-Então... – ele começou aproximando-se dela calmamente. – Você agora, sendo uma Potter, tem que honrar com as tradições da família... – ele a enlaçou pela cintura e sorriu marotamente.
-E quais seriam essas “tradições”? – ela indagou, erguendo uma sobrancelha.
-Não seguir regras. – ele inclinou a cabeça e se preparou para beija-la mas, antes mesmo que fizesse qualquer coisa, o prato de papinha do filho ficou entre eles.
O rapaz, que não havia reparado nisso, acabou por bater com o queixo no prato, no que Lílian deu um passo para trás, tentando equilibrar o prato com suas mãos.
-Lily! – ele a repreendeu, massageando o queixo. – Está vendo? Até nisso essa porcaria me impede.
-Creio que o Harry seja muito pequeno para ver esse tipo de perversões. – ela disse num tom meio formal, meio brincalhão. – Mas... já que você se referiu a quebra de tradições... – ela estendeu o prato para Tiago. – Tome.
-O quê? – Tiago indagou, contorcendo o rosto numa careta. – Nem forçado eu como isso, Lily.
A ruiva revirou os olhos.
-Não é para você, é para dar para o Harry, seu idiota.
-Mas... – Tiago exibia uma feição confusa. – Lily, querida... E o que eu tenho a ver com isso?
-Você vai dar.
-Mas... Por que eu? – ele retrucou, indignado.
-Você mesmo não disse que ele é um Potter? – Lily disse, exibindo uma face risonha.
-Mas, você também é.
-Correção: sou meia Potter. – ela suspirou profundamente e inclinou a cabeça para o lado. – Mas, você disse que sua família adora quebrar regras... Por que não começar agora? Afinal, você nunca chegou a dar papinha para o Harry.
Tiago sorriu amarelo. De repente, um flash de uma cara toda melada, além de toda a cozinha apareceu em sua mente.
-Mas, Lily... Ele também é meio Evans. – ele explicou num tom natural. – E, bem, devo dizer que o Harry obedece mais a você do que a mim.
Lily sorriu quase que marotamente, colocando a mão no ombro de Tiago.
-Ele está com fome, Ti. Duvido que ele vá fazer algum mal a você. – ela disse e virou-se para Harry com um sorriso. – Não é mesmo, querido?
O pequeno balbuciou algo ininteligível e soltou um leve grito risonho.
-Então... – Lily voltou-se para Tiago com um ar meio pomposo e tornou a sorrir.
-Lily, eu não acho que seja uma boa idéia. – disse Tiago encarando Harry. Foi a impressão dele ou a feição do filho se tornou um pouco marota?
-Por que não, Ti? – ela disse, tentando controlar o riso. – Garanto que você vai se divertir...
-Mas, Lily... a comida está fria e...
-Não tem problema. – ela disse puxando o prato das mãos dele. – Eu faço outra.
-Mas, Lily...
-Ti. Eu sei que você está louco para fazer isso, não é mesmo?
-Mas...
-Você vai fazer e pronto. – ela o encarou com um olhar penetrante.
Tiago suspirou resignadamente e resmungou baixinho. Não que ele não quisesse dar comida para o filho. Mas, a idéia de dar uma comida que ele acha que deva ser a pior do planeta, além de acabar com a cara toda melada da mesma, não lhe parecia um bom programa para o fim de semana. Lily saia sempre limpa. Ele já a vira várias vezes dar comida para o filho e ele ficava anormalmente quieto, mas Tiago duvidava seriamente que isso ocorresse também com ele...
-... coloque na cadeirinha. – Lily terminou de falar, colocando o prato em cima da mesa e empurrando para perto dele.
-Mas, Lily! – ele insistiu, quando percebeu que ela já estava perto dele novamente.
-Ouviu? – ela indagou, ignorando o protesto dele.
-Lily...
-Tiago Potter!
-Tá, tá, eu ouvi. – ele retrucou num resmungo.
-Ótimo. – ela espreguiçou-se levemente e deu um beijo de leve nos lábios dele. – Vou tomar um banho.
-Tomar um banho? Mas... você não vai ficar aqui?
-Bom... – ela sorriu marotamente. – Vocês que são Potter’s que se entendam, não?
-Lily!
A ruiva deu um leve tchauzinho para Tiago e saiu da cozinha com um ar de riso. Com uma feição confusa e desesperada, ele voltou-se para o filho.
-O que ela disse mesmo?
O pequeno apenas o encarou de forma intrigada, no que Tiago suspirou resignadamente. Aquilo ia ser longo... ”.
Sirius – Os dias estão passando mais depressa ou fomos nós que narramos demais ontem?
Remo – Acho que ele esqueceu o fato de que fomos para a Ordem da Fênix ontem e...
Sirius – Ah, foi mesmo...
( risos )
Sirius – E quanto ao Pontas e seu “pomo”? Não deram o ar de suas graças aqui hoje?
Remo – Sirius, eles estão em outro quarto, esqueceu?
Sirius – ( resmungo ) E por que eu tive que ficar logo com você?
Remo – Por que você me ama?
Sirius – Vou ignorar o seu comentário, Remus Lupin.
Remo – Como quiser, Sirius Black,
Sirius – E a Liz, onde ela está?
Remo – Não faço a mínima idéia.
Sirius – Como assim? Ela nem se deu ao trabalho de visitar o cachorrinho dela? Ela não disse que viria? Fui abandonado? Estou profundamente magoado...
Remo – Eu sabia que quando ele acordasse seria assim... Quer calar essa matraca? Eu quero dormir. E quer fazer o favor de desligar isso?
Sirius – Poxa, Remo, entenda o meu lado: a Liz não está aqui, eu fiquei o tempo todo dormindo, hospital é tediante, você vai abandonar o seu amigo justo agora?
Remo – ( suspira ) O que raios você quer, Sirius?
Sirius – Que você me ouça narrar os fatos?
Remo – Tenho opção?
Sirius – O que você acha?
Remo –Eu durmo, você narra e fica todo mundo feliz... Isso não é maravilhoso?
Sirius – Não tem graça eu narrar sem ter ninguém para me ouvir. Quem vai interromper os meus relatos?
Remo – Seria uma batalha magnífica, Sirius. Seu grandioso ego X sua grandiosa “inteligência”.
Sirius – Ah, cala essa boca.
( risos )
Remo – Sirius, o que raios você vai fazer s...
Sirius – O Pontas e a Lily estão no quarto ao lado?
Remo – Estã...
Sirius – Ótimo.
Remo – O que raios você vai fazer abrindo a porta, Sirius?
Sirius – Procurar amigos que não sejam tão desnaturados quanto você!
Remo - ...
Sirius – Pode ficar aí com o seu sono. Faça bom proveito, Aluado.
Remo – O que raios você vai fazer com o ouvido na porta?
Sirius – Estou querendo saber se dá para ouvir algo meio “suspeito”... E você não disse que ia dormir? Por que agora está me seguindo?
Remo – Estou protegendo os outros de você. E estamos em um hospital, Sirius. Você não acha que eles...
Sirius – Certamente se não estivéssemos dividindo o mesmo quarto e a Liz resolvesse dar as caras, eu faria, ainda mais se pensasse que poderia morrer a qualquer minuto...
Remo – Que mal me pergunte, as Cruciatus afetaram irreversivelmente o seu cérebro, o deixando mais maluco do que você já é?
Sirius - Aluado, Aluado, vai dizer que também nunca te passou pela cabeça agarrar a sua Aninha se eu não estivesse atrapalhando?
Remo – Ah, cala essa boca.
( ranger de uma porta seguido de um pigarreio )
Sirius – Não falei?
Remo – Sirius, não exagera, eles só estão sentados, um do lado do outro.
Sirius – Mas, olha a cara ameaçadora do Pontas quando percebeu a nossa presença!
( risos )
Tiago – Eu só gostaria de saber o que vocês dois estão fazendo aqui.
Sirius – Bom, Pontas, o caso é o seguinte. Perdemos um dia de narração e ainda nem chegamos ao seu primeiro encontro “não-oficial” com a Lílian. Sinceramente, vocês narram demais.
( risos )
Tiago – Olha só quem fala... E o que você quer que eu diga?
Sirius – Você é peça fundamental para uma parte da narração, não é mesmo?
Remo – Merlim, agora tenho plena certeza que as Cruciatus afetaram o cérebro dele.
( risos )
Sirius - ... Apesar de não ser mais do que eu.
Lílian – Os outros curandeiros não vão gostar nada dessa história, Sirius.
Sirius – Não estamos fazendo nada demais, estamos Pontas?
Tiago – Claro que não. Pense no lado bom, Lily. Em vez de estarmos aqui gravando, poderíamos estar destruindo os corredores... o que seria bem pior.
Lílian – É, eles arrumam desculpas para tudo... Eu mereço. E o que vocês pretendem narrar agora? Eu estou com dor de cabeça, então, o mínimo de risos possíveis, por favor... ou alguém sai morto desse quarto ainda hoje.
Sirius – Hum, ela está de TPM?
Tiago – Não. É que eu quase ganhava a aposta... Infelizmente, vocês chegaram bem no momento e ela percebeu o que estava prestes a fazer.
Lílian – Eles conversam como se eu não estivesse aqui...
( risos )
Era tarde... Muito tarde. Podia sentir cada parte do meu corpo tremer de frio e o vento uivando me fazia crer que uma tempestade estava próxima. E não é só desse tipo de tempestade que eu estou falando...
Eu saí o mais silenciosamente que pude da Ala Hospitalar, àquela noite, mesmo que não houvesse tanto perigo assim de ser descoberto. E não é de Filch que eu estou falando. É dela.
Tiago – Espera só a Aninha descobrir... Remo, você até parece um narrador de filmes trouxas de terror!
Remo – Ela realmente era de dar medo. E, hum... ainda é.
( risos )
Eu, é claro, na minha mais pura inocência, esperava fielmente que ela estivesse na segurança e conforto do seu adorável dormitório. Mas, esqueci que eu estou lidando com Ana Colt. E, definitivamente, dormir era a última coisa que ela faria se soubesse que eu iria voltar da minha “viagem” àquela noite.
E, é claro, que Ana Colt me esperava na sala comunal, sentada displicentemente numa das poltronas próximas a lareira, com um roupão negro por cima da roupa de dormir.
E, é por essas e outras, que eu tenho plena certeza de que o vento não costuma soprar ao meu favor...
E, é por esse motivo, que eu me senti ligeiramente desesperado quando aqueles olhos azuis e brilhantes me encararam aquela noite – eu corei também, mas isso já era esperado, não é mesmo?
Bom, eu tinha duas opções antes que ela começasse a falar. Dar meia volta e sair correndo dali. Ou fingir não ter notado a presença dela e correr para o meu doce e adorado dormitório. E. sinceramente, nenhuma das duas opções me pareceu favorável, visto que eu teria um encontro – meu estômago revirou de imediato e eu senti o rosto esquentar – com ela dali a dois dias.
Então, criou-se, do nada, uma terceira opção. Ficar parado, com uma cara de idiota, esperando ela começar o interrogatório e rezando para não dar com a língua nos dentes sem querer... E pensar numa mentira plausível para omitir o meu “pequeno problema cabeludo”.
-Remo...? – ela indagou calmamente.
Certo, Remo, não vai estar escrito na sua testa “Você é um lobisomem” se você responder a ela, não é? É só você abrir a boca e falar... Isso se você se lembrar como se usa as cordas vocais primeiro.
-Er... Oi, Ana. – eu exibi um sorriso estranho em resposta. Já que eu não sei se foi, amarelo, alegre ou envergonhado.
Sirius – Você já pensou na possibilidade de terem sido os três juntos?
Remo – Vou ignorar seu comentário, Almofadinhas. Você não queria que narrássemos?
Sirius – OUVISSEM. O que é completamente diferente do que o senhor está fazendo agora. Visto que, você se “apossou” do gravador, eu não posso narrar, não é mesmo? Você não tinha coisas melhores para fazer não? Como dormir, por exemplo?
O silêncio reinou entre nós. E eu, honestamente, preferia que ela falasse qualquer coisa a ter que ficar me encarando com aqueles olhos azuis, como se pudesse ver através de mim... Sabe, isso é realmente incomodativo.
-Fez boa viagem? – ela falou com um leve sorriso.
-Hum, chave de portal... – falei calmamente, tentando não encara-la. – No escritório de Dumbledore.
-E sua mãe se encontra melhor? – ela indagou calmamente.
-Ah... Sim, sim. Se encontra melhor, sim. – eu respondi num sussurro rouco, tentando lançar um olhar meio de soslaio para ela. – Hum, obrigado por se preocupar.
-Eu sempre me preocupo, Remo. – ela disse num fio de voz, consequentemente, me deixando completamente vermelho.
Um silêncio mais do que constrangedor reinou entre nós. Eu me limitei a olhar para os meus próprios pés, mas ainda sentia o olhar de Ana sobre mim... e isso me incomodava... muito.
Sirius – Em que sentido?
Remo – Se você não sabe, não sou eu quem vou me dar ao trabalho de responder.
( risos )
Remo – Quer calar essa boca?
Sirius – Não está mais aqui quem falou...
Tiago – Até que seria uma boa não estar mesmo...
Sirius – Eu sei que você me ama, Pontas. Para quê ficar negando isso a si mesmo?
Tiago – ...
-Fico feliz que você se preocupe, Ana. – eu disse num sussurro rouco, ainda olhando para os meus próprios pés, meio que a admirar o brilho avermelhado que os meus sapatos exibiam em contato com as luzes provenientes do fogo aceso na lareira e que tremeluziam levemente. Soltei um longo suspiro e forcei-me a encara-la.
-Então... – corei ao perceber que ela estava corada. – Acho que nós temos um encontro, não?
Mordi o lábio inferior quando um arrepio de leve me acometeu. Sim, um encontro... aquela palavra ecoou na minha mente... Encontro...
-...Mas, se você não quiser, é claro... – a voz dela me despertou dos meus devaneios e eu a encarei, confuso.
-Não querer o quê?
-Hum... – Ana pareceu constrangida e eu tentei negar a mim mesmo como ela ficava linda daquela maneira, afinal, chega de situações constrangedoras para um dia só. – O encontro, Lupin.
-Ah... – disse com uma voz extremamente rouca. – Claro... – pigarreei. – Er, claro que eu quero. Desculpe, eu estava meio distraído e...
-Tudo bem. – ela esboçou um terno sorriso e, levantando-se de forma graciosa, se dirigiu até minha direção. Inconscientemente, senti um dos meus pés querer dar um passo para trás, enquanto eu sentia que meu coração a qualquer minuto pularia da minha boca e sairia dançando tango por aí.
Ela parou de frente para mim e, devo acrescentar, próxima demais. Suas orbes azuladas brilhavam intensamente enquanto as bochechas adquiriam um tênue tom róseo. Ela me encarou por longos minutos e, num sorriso meio tímido, ergueu a mão e passou pelo meu rosto.
Senti meu corpo se enrijecer levemente àquele contato, ao mesmo tempo em que eu sentia que minha face estava em chamas. Ainda corada, Ana ergueu-se na ponta dos pés e depositou um leve beijo em meus lábios.
Eu ainda estava absorvendo aquela informação quando ela separou-se de mim gentilmente e, exibindo um largo sorriso, sussurrou um “Até mais” e correu em direção ao seu dormitório. Eu levei a mão aos lábios e sorri. Mesmo que ele não fosse igual ao último que tivemos, ainda assim era um beijo...
Foi ainda sorrindo bobamente que eu entrei no meu dormitório e, como já era de se esperar, Sirius, Tiago e Pedro me esperavam, jogando uma partida de Snap Explosivo.
No exato momento em que eu adentrara o dormitório, uma nova explosão ecoou em meus ouvidos, me fazendo dar um leve sobressalto. As gargalhadas de Sirius e Pedro se sobrepuseram aos resmungos de Tiago, que abanava lentamente a fumaça do seu rosto, exibindo um ar emburrado.
-E aí, Aluado, beleza? – Sirius disse entre risos, no que eu revirei os olhos e fechei a porta do quarto calmamente.
-Sinto decepcionar-lhes crianças, mas... sendo uma hora dessas, as beldades não já deveriam estar na cama? Se eu não me engano temos aula amanhã bem cedo.
Tiago – Oh, ele não é uma pessoa extremamente agradável?
( risos )
A feição risonha de Sirius se transformou numa indignada, ao passo que Tiago tentava, disfarçadamente, limpar o rosto sujo nos lençóis de cama do Sirius.
-Já vi que não mais teremos paz nesse dormitório até o próximo mês... – Almofadinhas disse desanimado, no que eu prendi o riso. – Mas, diga-me Remo, a que deve o motivo da sua demora?
-É. – Pedro fixou seus olhos escuros em mim, exibindo um ar curioso. – Você já deveria estar aqui há algumas horas, não Remo?
Meu rosto ficou levemente vermelho.
-Ah, não precisa nos dizer. – Tiago disse, com o rosto estranhamente limpo. – Você estava aos agarros com uma certa moreninha, não é mesmo? – ele sorriu marotamente ao passo que eu corei furiosamente. – Matando as saudades, Aluado?
-Claro que não, Pontas. – disse num murmúrio rouco. – Nós só estávamos...
-Quer dizer que você estava com ela? – Pedro me interrompeu, adquirindo um olhar curioso, ao passo que Sirius e Tiago se entreolhavam, seus olhos brilhando maliciosamente.
-Estava, quer dizer, não, eu... – bufei de raiva irritado. – Eu a encontrei lá embaixo, na sala comunal. Ela só perguntou como eu estava e... e... e...
-E... – Sirius e Tiago indagaram, curiosos.
-Nos despedimos, confirmamos o... o encontro e pronto.
Sirius – Tsc, tsc, que coisa feia, Remo, mentindo para os amigos?
Remo – Eu apenas omiti o fato. É diferente.
Lílian – Como se eles também contassem tudo o que acontece, não é mesmo, Ti?
Tiago – Por que ela olha logo para mim?
( risos )
Lílian – Não fui eu quem escondeu dos próprios amigos, por anos,que me amava.
Tiago – Devo dizer que essa frase também se refere a você, não, Sra Potter?
Lílian – Eu não mentia, eu omitia, é diferente.
Tiago – ...
( risos )
-Sei... – murmuraram Sirius e Tiago ao mesmo tempo.
Eu apenas revirei os olhos e, respirando profundamente, decidir tomar um banho e ir dormir.
Tiago – Ele geralmente costuma fazer isso quando os argumentos lhe faltam...
Me espreguicei lentamente e fitei as horas no meu relógio de bolso. Passava das seis horas da noite. Soltei um longo suspiro e passei a mão pelos cabelos. Eu e Lily havíamos passado as ultimas horas envolvidos em estudos. Bem, nada melhor do que ajudar a minha mais nova amiga na matéria que ela mais abomina: Tranfiguração.
Mordi o lábio inferior e suspirei. Amanhã teríamos a última visita a Hogsmeade antes do recesso de Natal. Com quem Lílian iria?
Voltei a atenção para as minhas anotações. Não podia ficar pensando nisso ou então ia por tudo a perder, mas, ao mesmo tempo desejava saber se ela ia acompanhada por algum garoto ou se desejava ir comigo. Mesmo que só como amigos... Tornei a morder o lábio inferior. Merlim, o que eu faço?
-Bom... - comecei um pouco receoso. Mas sentia que aquilo não mais podia ser adiado, ou eu acabaria perdendo uma grande oportunidade.
Lílian me observou meio de soslaio, a cabeça um pouco inclinada, num gesto mudo que denotava atenção. Tentei ignorar o fato de ter sentido minha face esquentar e com um leve pigarreio, prossegui.
-É que, eu... estive pensando... - silenciei quando vi que minha voz soara rouca demais. Lílian me fitou com um olhar penetrante, a sobrancelha levemente erguida e a pena girando levemente nas mãos.
-Bom... é que... - se eu saísse disso, eu agradeceria. - É que a Ana vai com o Remo. A Alice provavelmente já vai com o Frank. O Sirius, ele certamente vai me abandonar para correr atrás da Lisa... - uma nova pausa, com direito a uma leve desviada de olhares e um leve corar de rosto... Merlim, eu sou mesmo um idiota! - Tudo me leva a crer que... eu vou ter que te aturar no passeio.
-Passeio? - ela indagou com o cenho franzido. - Que passeio, Tiago?
-H...
-Ah, Hogsmeade! - ela exclamou de imediato, no que eu me calei rapidamente ao que ela sorriu. - Sim, Hogsmeade.
-Você pretende fazer as comprar de Natal lá, não é?
-Sim. - ela colocou uma mecha ruiva atrás da orelha e eu voltei a atenção para minha tediosa redação de transfiguração.
-Mas você também está esquecendo do Pettingrew. - ela completou calmamente.
Sirius – Lily tem resposta para tudo!
Tiago – Infelizmente...
( risos )
Eu, que a esse ponto, estava me preparando para escrever novamente, voltei o olhar para ela, mordendo o lábio inferior levemente.
-Hum... e o que é que tem o Rabicho?
-Ele também não vai para Hogsmeade? - ela apoiou um dos cotovelos na mesa e sustentou o queixo na mão, me encarando com um sorrir de canto de lábios.
-Hum, vai. - falei seriamente, escondendo o meu desgosto. Estava pensando nas mil e uma formas de me livrar daquele encosto, quando Lílian tornou a falar.
-Então, você não estará sozinho.
-É... Mas eu não me referia a mim. Eu falava de você. - retruquei voltando a atenção para o pergaminho. - Deve ser um saco para garotas fazerem compras à sós.
Sirius – Realmente, Pontas, você já estava tomando medidas drásticas. Fazer compras com a Lily?
Tiago – Quer calar essa boca?
-Não é tão frustrante assim. Às vezes é até mais divertido.
Apenas dei de ombros em resposta.
-Mas... como seria esse encontro? - ela ergueu uma sobrancelha e me observava com um olhar atento.
É claro que não preciso dizer que corei furiosamente ante aquela indagação e, como o desastrado e idiota que costumo quase sempre me postar na frente dela, fiz um grande risco na minha redação, além de ter derramado o tinteiro em cima da mesa - sorte que ele já estava quase vazio.
-C-como a-assim? - eu apenas me preocupei em ajeitar o estrago que eu fiz, mas podia sentir o olhar de Lílian sobre mim.
-Você entendeu.
-Como seria... - eu me voltei para ela calmamente. Tentando ignorar que ela estava um tanto quanto perto demais e sorria fracamente. Fechei o tinteiro, esquecendo-se completamente de agora não mais adiantava... já o tinha derrubado mesmo. - Seria como amigos. É o que somos, não?
-Quer dizer que finalmente você desistiu de mim? - ela ainda me encarava firmemente. Sinceramente, eu estou achando esses olhares um tanto quanto esquisitos... e até estão me dando um certo medo. Essa é mesmo a Lílian que eu conheço?
Soltei um longo suspiro e dei de ombros.
-Nessa vida temos que nos contentar com o que temos e aceitarmos as nossas derrotas. - falei num murmúrio.
-Mas... - ela finalmente resolvera tirar a mão do queixo e me encarou com um ar intrigado. - Se você desistiu de mim, não era melhor ir a Hogsmeade com uma companhia mais agradável? - ela silenciou. - Sabe... novas "namoradas".
Exibi um fraco - ou até mesmo triste sorriso - e mordi o lábio inferior. Rodei a pena entre os dedos, enquanto apenas observava ela me observando.
-Ela já tem companhia. - falei depois de algum tempo. Se eu não ataco diretamente, por que não o fazer de uma forma mais sutil? - Por isso não pude chama-la.
-Você está interessado em outra garota?
Não. Pára tudo. Calma, calma Tiago Potter. Você está começando a imaginar coisas. Os olhos de Lílian não se enevoaram e ela tão pouco falou de forma apressada, como se desejasse soltar a frase de uma vez antes que impedisse a si própria de faze-la. Ela só está... curiosa? Talvez uma reação de "Sabia que ele nunca mudaria". Olhei para pena em minhas mãos. Doeria muito enfia-la garganta abaixo para me impedir de falar besteiras? Burro. Burro. Burro. E novamente sua imagem cai frente à Lílian Evans.
Lílian – Posso fazer isso para você, querido? Se você estiver muito nervoso...
( risos )
Em um momento de lucidez, soltei um longo suspiro e respondi.
-Por que tanto interesse em minha vida amorosa, ruivinha? - sorri marotamente ao perceber que ela corou quase que de forma instantânea.
Os olhos dela se arregalaram e ela abriu a boca, mas a fechou de imediato. Sem consegui me conter gargalhei gostosamente ao perceber que ela estava sem saber o que falar.
-TIAGO POTTER! - ela cruzou os braços emburrada.
-Não é verdade? Lily, me sinto como um condenado a Azkaban interrogado pelo Ministério.
-Potter! – Potter? Hum, isso não é bom. - Somo amigos. Eu pensei que você me dizendo quem era, eu poderia ajudar.
Eu cruzei os braços e exibi um ar pomposo.
-Lily. Olhe bem para minha cara e diga se eu necessito de alguma ajuda quando o assunto diz respeito ao sexo oposto.
-Bom... Quando diz respeito a mim você nunca teve avanços muito grandes. - ela falou risonha.
Sirius – Por isso que eu gosto dessa ruiva. Ela não esconde nada. Diz o que pensa... não se importa com as conseqüências.
Tiago – Obrigado pela parte que me toca, Sirius... Mas, quando diz respeito a mim, ela costumava esconder várias coisas, não é mesmo Lily?
Lílian – Se você está dizendo...
-Ah... obrigado por me lembrar.
-Disponha. - ela disse antes de gargalhar gostosamente.
-LILY! - exclamei indignado.
-Vai me contar?
-Hum... não precisa. - Certo, Lily. Você realmente queria que eu dissesse que era você? Seria até engraçado. Ela me ajudando a conquistar ela mesma. - Nunca daria certo. - Tiago, você é um péssimo mentiroso.
-Por que não?
Não disse? Curiosa como a Lílian é, ela jamais deixaria uma informação daquelas parar por aí. E eu me enrolo ainda mais em desculpas esfarrapadas...
-Hum... bem... é que... ela já ama outro. - falei num sussurro rouco, desejando ardentemente que esse "outro" fosse EU.
Sirius – Merlim, minha cabeça esta dando giros. Lily ajudar o Tiago a conquistar ela mesma, sendo que ela ama outro, quando, na verdade, ama a ele mesmo... Realmente, Pontas, você consegue ser mais maluco do que eu...
( risos )
-Você vai desistir dela assim? - ela indagou surpresa.
Apenas dei de ombros em resposta. Apesar de que, sabia perfeitamente, jamais desistiria dela. Acho que se não fosse a Lílian, não seria mais ninguém.
-Se ela estiver feliz...
Lílian sorriu fracamente e...
-Ah, não, não. Pelo amor de Merlim, Lily. Você está querendo chorar? Lily... - e o tapado aqui não percebeu o que acabara de ocorrer, mas tudo bem... De apaixonado e tolo todo mundo tem um pouco... quanto a mim, tenho muito e mais um pouco.
Lílian – Isso, literalmente, define o que você é.
Tiago – Até tu, Lily?
Sirius – Eu disse que ela era realista...
Tiago – Cala a boca, Almofadinhas!
Merlim, como eu não pude enxergar algo tão óbvio?
-Não... - ela fungou e enxugou as lágrimas rapidamente. - É que... a cada dia eu me surpreendo mais com você.
Sorri fracamente.
-E quanto a você?
-Como assim?
-Não tem nenhum garoto em especial?
-Tive. - ela deu de ombros. - Mas acabei descobrindo que ele gosta de outra.
Lílian simplesmente se levantou, me deixando completamente sem reação.
Eu apenas abri a boca surpreso, enquanto uma vozinha começava a se apossar da minha mente.
"É você. Corre atrás dela seu idiota"
Ela me odiou por sete anos, não pode ter ocorrido assim tão rápido.
"As pessoas mudam, ela mudou"
Mas não dá água para o vinho. Ela certamente gosta de outro. Eu... não sou para ela.
"Não viu os olhares dela?"
Delírios de um idiota apaixonado, no caso, eu.
"Mas ainda sendo apaixonado e idiota, desconfiou dos olhares dela.”
Ela apenas estava curiosa, só isso. Ou decepcionada por ter escondido isso dela. Afinal, ela é minha amiga.
"Amiga, sei..."
Quer parar de ser irônica? E quer fazer o favor de sumir? Eu estou tentando pensar, está bem?
"Eu não estou sendo irônica. Apenas confirmei o que você disse. Você? Tentando pensar? Não me faça rir. Aliás, você está bem perto agora..."
Mas não vou falar com ela.
"Acho que ouvi um soluço..."
Para de enfiar coisas na minha cabeça, sim?
"Ela dobrou o corredor... Daqui a pouco ela chega na sala comunal e se tranca no dormitório..."
Ah, cala essa boca!
Sirius – Eu adoro esses diálogos de consciência. Tenho tantos desse...
Tiago – Eu te dou a minha voz interior de presente. Quer? Ela é ótima para torrar a sua paciência. Podemos negociar, o que acha?
Lílian – Loucos...
( risos )
Para meu intenso agrado, a voz insuportável se calara e eu me vi no meio do corredor, com Lílian caminhando um pouco mais a frente. Decidi parar e reprimi um suspiro. Era melhor assim.
"Covarde"
Ah, não, você de novo!
"Você não acha que já está enrolando tempo demais não?"
Quem decide as coisas sou eu, está bem?
"Covaaarde"
Ai, cala essa boca.
"Você prefere idiota?"
Não, você não vai se calar.
"Onde está o seu espírito maroto?"
Decidi não responder... Podia até ouvir a vozinha rindo de forma irritante.
"E sua coragem Grifinória. Demore mais e pode acabar perdendo lugar para um novo Gideão..."
Certo, me rendo. Eu falo!
-Hey... Lily... LILY!
Lílian parou de imediato, mas não ousou se virar. Eu apenas corri para alcança-la e toquei de leve seu ombro.
-Que foi? - ela se virou para mim e sorriu, completamente vermelha.
-Hum... - Bem, era mais fácil dizer algo com ela distante. - Por que você não me esperou?
-Me lembrei de algo importante que eu tenho que fazer.
-O quê?
-Falar com o Sirius.
Eu praticamente engasguei. O que raios ela queria com o Almofadinhas?
-Não é o Sirius, é? - indaguei a primeira coisa que me veio em mente.
Ela riu fracamente.
-Porque tanto interesse na minha vida amorosa, Pontas?
Ótimo. Agora ela deu para usar as MINHAS frases CONTRA mim. Odeio quando fazem isso...
-Hum, é que... se fosse o Sirius... bem... eu sou amigo dele e... eu podia tentar fazer algo por você. - Oh, grande idéia Tiago: dar uma de cupido para juntar a mulher que ama e seu melhor amigo. Sinceramente, tenho tendências masoquistas.
-Ele ama a Lisa, Tiago.
-É ele? - insisti.
-Não! - ela disse entre risos.
-E quem seria?
Lílian apenas sorriu misteriosamente.
-Conte a sua garota e eu conto o meu garoto.
Corei furiosamente, no que ela tirou a minha mão delicadamente do seu ombro e recomeçou a andar.
Corri atrás dela novamente - ela já tinha tomado uma boa distância quando eu percebi que ela havia sumido da minha frente - e parei em frente a ela.
Lílian deu um pulo de susto e me encarou com o cenho franzido.
-Quer parar de fugir de mim dessa maneira? - indaguei emburrado.
-Achei que tivesse encerrado a conversa.
-Não encerrei.
-Vai me contar?
-Hum...
-Então, não temos nada para falar um com o outro. - ela recomeçou a andar... novamente.
-Lily... ESPERA!
-Eu só queria perguntar uma coisa... Quando estávamos lá na sala, agora há pouco, você disse "Acabei descobrindo que ele gosta de outra". É no sentido de... naquele exato momento?
-Onde você está querendo chegar com isso, Tiago?
-Era... Sesoueuogaroto.
-Hã?
-Hum... Se era... sabe... eu.
-Qual seria sua reação se minha resposta fosse... positiva?
-É positiva?
-Você perguntaria isso? - ela disse entre risos.
-Lily!
-E se fosse negativa? - ela disse como se não tivesse sido interrompida.
-Você não respondeu a minha pergunta. - resmunguei aborrecido.
-Nem você a minha.
-E o que você queria que eu respondesse?
Ela revirou os olhos.
-Interprete a minha resposta como quiser.
E novamente ela tornou a fugir de mim. Eu tornei a correr... mais uma vez... e num gesto rápido e a joguei contra a parede.
-Olha... - falei um tanto ofegante. Não me pergunte se foi pela corrida ou o fato de te-la presa entre os meus braços. - Vamos esclarecer isso, sim? Por que você insiste em falar por enigmas?
-Talvez... - ela falou num sussurro rouco. - se você confiasse mais em mim eu confiaria mais em você e poderia dar a resposta que você tanto está se empenhando para saber. - ela suspirou. - Gostaria de saber seu verdadeiro interesse nisso.
-Também gostaria de saber...
Talvez eu respondesse a ela corretamente se não sentisse o perfume inebriante que exalava dela.
Talvez ela tenha percebido a minha intenção antes mesmo de eu pensar em faze-la.
Talvez fosse ela quem tivesse me puxado pela gravata ou eu que simplesmente a puxei para mim pela cintura e iniciei o beijo primeiro.
Talvez ela gostasse de ser pressionada contra a parede por mim ou simplesmente estava incapacitada de sair dali, por mim, ou pelos meus beijos.
Talvez ela não tivesse consciente dos seus atos quando procurou uma brecha para me abraçar por baixo da capa e tentar puxar a minha blusa para fora da calça.
Talvez eu não quisesse aprofundar o beijo, mas o fiz.
Talvez, ela não quisesse corresponder o meu beijo, mas correspondeu.
E, talvez, eu pudesse ter esclarecido tudo de uma vez, mas não esclareci...
Lílian – Só esclarecendo uma coisa, Sr Potter. Eu não puxei a sua blusa para fora da calça e, muito menos, puxei você pela gravata.
Tiago – Não? E porque isso está tão nítido da minha mente?
Sirius – ( tom maroto )E o que vinha depois disso, Pontas?
Tiago – Nada que interesse a cachorros enxeridos. Mas, então, Lily, o que aconteceu realmente?
Lílian – Você me agarrou. Eu correspondi. Ponto final.
Tiago – Ela não é romântica?
( risos )
Lílian – Mas não nego que te puxei mais para perto pela capa...
Tiago separou-se de mim lentamente, no que eu, ainda absorvendo a informação, mantinha os olhos fechados e a respiração ofegante. Ouvi um longo suspiro escapar dos lábios dele e suas mãos deslizarem pela minha cintura, enquanto se afastava de mim calmamente.
Quando eu abri os olhos, percebi que os dele ainda se mantinham fechados.
-Tiago...? – eu o chamei, baixinho.
Ele abriu os olhos ao meu chamado e sorriu ternamente.
-Essa seria a minha reação se a resposta fosse positiva. – ele disse meio rouco.
Cruzei os braços e levantei uma sobrancelha, encarando-o de forma repreendedora. Posso não ralhar com ele por causa disso. Afinal, há muito tempo desistira de ralhar com ele. Mas, dizer que eu gostei? Jamais!
Tiago – Sempre orgulhosa...
Lílian – Olha só quem fala.
-Eu não disse para você fazer, pedi apenas que respondesse.
-Hum... desculpa, Lily. – ele exibiu um ar meio constrangido. – Mas é que eu prefiro agir a falar, sabe... E... – ele mordeu o lábio inferior, como se estivesse nervoso. – Ainda estou tentando me acostumar com o fato de que somos amigos.
-Quer dizer então que nada mudou? – eu disse num suspiro.
-Bom... Para alguém que é um maroto e vive te chamando para sair, é difícil mudar o hábito...
Eu revirei os olhos.
-Hum, você me desculpa? – ele perguntou com os olhos extremamente brilhantes. Apenas dei de ombros em resposta.
-E quanto a sua reação se a resposta fosse negativa? Se... – senti meu rosto esquentar. – Você não fosse o garoto?
Ele deu um passo para trás e me fitou com os olhos meio enevoados, que fez meu peito contrair-se levemente. Apesar de tudo, ele sorriu.
-Eu descobriria quem é e o socaria até a morte se ele fosse capaz de fazer com que uma lágrima caísse dos seus olhos...
Eu ri fracamente.
-Afinal, eu sou ou não sou seu amigo?
“Mas podia ser algo mais...” uma vozinha completou a frase em minha mente, o que me fez corar furiosamente.
-Claro que é. – desencostei da parede calmamente e passei a mão em volta de um dos braços de Tiago sorrindo fracamente. – Pronto para ser torturado amanhã?
Ele me fitou de forma surpresa.
-Quer dizer que...
-Bem, eu preciso de alguém para carregar as compras.
Sirius – Mais uma coisa que o Sr Pontas Potter escondeu de nós...
Tiago – Vocês souberam um dia depois, Sirius...
Sirius – Por que eu perguntei.
Tiago – Er...
Aqueles dois dias transcorreram num piscar de olhos e, quando dei por mim, a manhã do passeio a Hogsmeade finalmente chegara.
Eu, é claro, não preguei o olho por quase a noite inteira, só conseguindo dormir quando o sol já estava começando a despontar por entre as montanhas. Quando fui sacudido por Tiago, para mim, foi como se tivesse passado meros minutos desde que eu finalmente havia conseguido adormecer.
-Hum...? – foi a única coisa que eu consegui dizer enquanto sentia a claridade cegar-me a visão.
-Pelo amor de Merlim, Remo! O que você ainda faz deitado nessa cama? – a voz de Tiago soara emburrada.
-Talvez ele tenha desistido do encontro na última hora... – Sirius comentou risonho, em algum lugar próximo a mim. Fechei os olhos desejando que o Pontas não tivesse me acordado e resmunguei qualquer coisa.
Tiago – Se não fosse por mim, a Aninha ainda estaria esperando por ele na sala comunal...
Remo – Agradeço a sua ajuda, Pontas. Principalmente o que veio depois.
( risos )
-Remo! – eu o ouvi exclamar irritadamente e resmunguei novamente, colocando o travesseiro em cima da minha cabeça.
Eu mal vi o que acontecera depois. Num segundo eu estava refugiado na minha adorada caminha e no outro, caindo da cama e dando de cara com o chão. As gargalhadas de Pedro e Sirius ecoaram em meus ouvidos e, exibindo um ar emburrado, eu me virei a fim de encarar o autor do fato. Em pé na minha cama e me encarando firmemente, Tiago exibia um sorriso triunfante.
-Espero que você esteja definitivamente acordado agora. – disse ele pondo a varinha no bolso. – Você tem um encontro daqui a uma hora.
Foi então que aquelas palavras tiveram um significado na minha mente. O meu encontro com Ana Colt.
Levantei do chão com um pulo, no que Sirius e Pedro prenderam o riso. Talvez, pode ter sido o fato de meu rosto ter perdido toda a cor enquanto passava por eles e me dirigia ao banheiro de forma quase mecânica.
Alguns minutos depois eu já estava devidamente arrumado e com um ar surpreso por Tiago ter tirado a blusa que estava usando e agora estar procurando por outra.
-É minha impressão ou ele vai ter um encontro também? – indaguei para Sirius.
-Isso é algo que eu também gostaria de saber. Já é a terceira que ele veste algo e tira alguns minutos depois... – Almofadinhas soltou um longo suspiro. – Pontas, você está indo para algum lugar?
-Hum... – ele pareceu ficar levemente envergonhado. – Eu vou para Hogsmeade...
-Isso eu sei. – Sirius retrucou com um revirar de olhos. – Mas, você vai com alguém?
-Ele vai com a Evans. – respondeu Pedro calmamente. – Eu vi os dois conversando sobre isso ontem.
-Rabicho! – Tiago o repreendeu, completamente vermelho.
-Ah, ele vai... – Sirius começou num tom falsamente entediado. – com a Evans? Lílian? Lílian Evans?
Tiago revirou os olhos.
-Quantas Evans você conhece em Hogwarts, Sirius?
O que veio a seguir eu nem percebi direito. Afinal, estava muito mais preocupado com meu encontro do que qualquer outra coisa. Só sei que, no minuto seguinte, Sirius não mais estava ao meu lado e sim pendurado no pescoço de Tiago, enquanto bagunçava os cabelos dele alegremente.
-Diga-nos Pontas, seu amigo traíra, como você conseguiu esse grande feito e não nos contou nada?
Tiago revirou os olhos e tentou se desvencilhar do “burro de carga”.
Sirius – Hey, não ofende!
( risos )
-Eu simplesmente não disse nada porque não houve nenhum avanço, Sirius.
-Como não? – Sirius largou Tiago e exibiu um ar confuso. – Não me diga que não vai ter nenhum... – ele fingiu estar abraçado a uma mulher invisível e se inclinou levemente para o lado, como se a estivesse beijando. – Nada? – disse ele voltando ao normal.
-Lily só concordou porque vamos como amigos. – ele corou um pouco. – Além do mais... – ele abaixou o tom de voz. – Ela quer fazer compras.
-Compras...? – Sirius gargalhou gostosamente. – Pontas, você está ferrado. Mas, você não planejou fazer nada?
Ele deu de ombros.
-Talvez eu a chame para tomar algo no Três Vassouras. – ele suspirou. – Mas duvido seriamente que a Lily queira ir. – completou mordendo o lábio inferior. – Tanto que ela gostaria de ir o mais tarde possível e voltar o mais cedo possível.
-Você contou para ela algumas das passagens que nós conhecemos? – eu indaguei curiosamente.
-Eu não sei se devo... – Tiago pareceu indeciso. – O que vocês acham?
-Acho que não faria mal nenhum, Pontas. – Rabicho comentou calmamente. – Digo, mais cedo ou mais tarde ela vai saber, não?
-É, Pontas, amigos dividem segredos. – Sirius complementou, olhando de Rabicho para Pontas. – Ela, de certa forma, vai achar que você tem confiança nela.
-Ou então achar que o Tiago quer transforma-la em uma marota... – disse rindo fracamente. – Mas, acho que não faria mal. A Lily gosta muito de Hogsmeade, mesmo muitas vezes não demonstrando isso. Você vai ver Pontas, ela parece que está indo a primeira vez.
Tiago me olhou com um ar intrigado.
-Você e Lily já foram sozinhos para Hogsmeade? – os olhos dele faiscaram perigosamente.
-Eu, ela e Sirius. – eu disse rindo fracamente. – Quando você e o Almofadinhas estavam brigados, lembra-se? Ano passado...
-Parece que foi há mais tempo. – Tiago comentou pensativo. – Merlim, me sinto tão velho... – ele voltou o olhar para as roupas, enquanto nós prendíamos o riso. – Essa daqui está boa?
-Se eu disser que está melhor do que as últimas três que você já vestiu, você para de trocar e me perguntar? – Sirius comentou entediado.
-Vou com essa mesmo. – disse num resmungo, olhando feio para Sirius. – E então, Remo. – ele disse sorrindo fracamente e voltando-se para mim. – Preparado para o encontro?
Eu sorri amarelo. Mais uma vez é demais para mim... Desde quando eu cheguei da Ala Hospitalar que ele e o Sirius começam a falar as suas “dicas”.
-Pontas, eu acho que... – comecei num tom entediado.
-Ora, Remo, dicas nunca são demais, não é mesmo Almofadinhas?
-Eu sinceramente não acho que isso seja uma boa idéia... – disse baixinho, esperançoso de que ele não começasse a repetir isso novamente.
-Você sempre deve chegar primeiro. – ele começou, exibindo um ar pomposo. – As garotas nunca gostam de homens que se atrasam. Elas quem têm o direito de se atrasar. Os homens, jamais!
-Muitas vezes elas se atrasam de propósito. – continuou Sirius, rindo fracamente. – O atraso dar aquele ar de expectativa e ansiedade... Acho que é por isso que as noivas sempre se atrasam.
-Então, você deve espera-la ao pé da escada do dormitório feminimo desde dez minutos antes do combinado, no mínimo. Há aquelas exceções de garotas estritamente pontuais.
-Er, se eu quiser fazer isso, tenho que ir agora. – disse me levantando calmamente, se desse sorte, eles não me seguiriam. Mas, eu já disse que devo ser a pessoa mais azarada desse planeta?
-Já sabe... – eu suspirei profundamente, quando ouvi a voz de Tiago novamente. Senti ganas de confiscar sua varinha, empurra-lo para dentro dele e tranca-lo, jogando a chave fora... de preferência o mais longe possível. Merlim, será que ele não se cansa...?
Encarei-o com uma feição entediada e constatei que o mesmo estava fechando a porta do dormitório, com a camisa enfiada de qualquer maneira pela cabeça.
-Será que você não podia trocar de roupa, lá dentro? – grunhi levemente.
-Nunca diga que uma garota está bonitinha... – ele continuou, aparentemente, ignorando a minha feição mortífera por ele está repetindo isso pela milionésima vez. Eu mereço... – As garotas odeiam se produzir por horas a fio para depois o acompanhante dizer “Nossa, você está bonitinha!”. Fale que ela está linda, maravilhosa, divina, perfeita... Quanto mais elogios, melhor.
-Mas, não pode ser toda hora... – Sirius, como eu já estava esperando, interrompeu Tiago, alcançando-nos no corredor. – Muitas vezes cansa.
Tiago, como todas as vezes que me estávamos tendo essa conversa, olhou feio para Sirius e continuou a falar. Eu apenas suspirei. Devo ter jogado pedra na cruz para merecer tamanho martírio...
-Sugiro então que você faça elogios a intervalos regulares...
-Mas, não fale só do corpo. – Sirius disse pomposamente. – Apesar de quê, com um corpo como aquele... se fosse eu no seu lugar, Remo, não repararia muita coisa além disso...– ele completou marotamente, no que eu corei e me limitei a resmungar irritadamente.
Tente se acalmar, Remo Lupin. Respire fundo e não pense em mais nada...É só você continuar calado e ele param. Funcionou sempre, por que não funcionaria agora? Daqui a pouco Tiago vai reclamar das interrupções de Sirius e eles acabam desistindo de atormentar essa pobre alma que se encontra tão nervosa...
-Fale também da roupa, do penteado, do perfume... – Tiago disse meio emburrado, por ser interrompido mais uma vez. – Demonstre toda a sua admiração.
-Babe de verdade por ela...
-Tente se aproximar aos poucos, como ela é muito tímida, vá devagar... ou vai acabar fazendo burrada.
-Ou então, agarre-a logo de uma vez. – Sirius sorriu pelo canto dos lábios. – Pelo que você nos contou... ela não deve estar esperando algo diferente disso entre vocês...
-Tente corar menos...
-Eu sei que é quase impossível, mas você consegue, lobinho... – Sirius deu um tapinha amigável nas minhas costas.
-Solte a fera que existe dentro de você. – corei furiosamente perante o comentário de Tiago.
-Mas não assuste a garota... ela pode ficar traumatizada...
-A Ana aparenta ser uma garota romântica... compre flores para ela...
-Dê um roseiral inteiro de presente...
-Segure a mão dela e beije-a amavelmente.
-Depois suba os beijos pelo braço e alcance os lábios... – Sirius sorriu marotamente, no que Tiago olhou feio para ele. Já vi que eles não vão parar...
-Depois... ofereça o braço... seja cavalheiro.
-Pergunte para ela se deseja outras coisas também.
-Sirius Black! – Tiago o repreendeu num resmungo. – Quer calar essa matraca?
-Eu só quero ajudar o Aluado, Pontas...
Tiago revirou os olhos.
-Você está mais para atrapalhar, isso sim!
A essa altura, já nos encontrávamos na sala comunal, parados em frente a escada que dá para o dormitório feminino. Um arrepio incontrolável percorreu meu corpo e uma vontade mais incontrolável ainda de sair correndo e me trancar no dormitório pelo resto dos meus dias tomou conta do meu ser, enquanto eu encarava aquelas escadas que, para mim, foram motivo de risos há algum tempo.
Para o meu alívio – ou desespero – ela não havia chegado. Tiago resolveu se calar – para meu profundo agradecimento – e Sirius resolveu segui-lo. Poucos minutos depois Pedro se juntou a nós, enquanto Tiago tentava ajeitar os seus cabelos, tentando se olhar no tênue reflexo de uma das janelas da sala comunal. Sirius fitou Tiago e meneou a cabeça calmamente.
-Esse aí não tem jeito... Pontas, por mais que você tente, não vai adiantar muita coisa...
Tiago automaticamente parou de se arrumar e olhou feio para Sirius.
-Pronto, parei. – ele bufou de raiva. – E então, Remo, quando você acha que a Aninha vai chegar.
-Acho que ela está chegando... – disse Sirius exibindo um ar atento. – Ouço passos.
Sirius me lembrou ligeiramente um cachorro naquela hora, mas, parece que os instintos caninos do meu amigo não estavam enganados, pois, alguns minutos depois, a voz animada de Lily começava a se tornar cada vez mais próxima.
Eu senti um arrepio percorrer todo o meu corpo e meus músculos ficarem ligeiramente tensos. Meu rosto esquentou gradativamente. Ela estava vindo...
Para aumentar mais a minha já imensa ansiedade, Lily e Alice vieram à frente, descendo a escada calmamente, enquanto seus risos ecoavam em meus ouvidos. Eu não podia estar olhando para Tiago ou Sirius, mas sabia perfeitamente que eles deveriam estar olhando para suas respectivas garotas. O primeiro tão ou mais ansioso do que eu e o segundo, certamente com um brilho soturno no olhar, que se encontrava escondido pelo seu próprio orgulho.
As garotas terminaram de descer as escadas, no que eu encarei Lily confusamente. Onde estava a Ana?
-Já foi para o Salão Principal tomar café da manhã, Remo. – disse Lily, como se lesse os meus pensamentos. Se bem que minha feição não deveria ser muito inexpressiva quanto a esse fato... – Vocês só combinaram de se encontrar na hora de partirem para Hogsmeade, esqueceu?
Senti meu rosto esquentar. Sim, me esqueci completamente...
-Bom, vocês vão continuar aí? – ela me encarou e depois fitou Tiago com um meio sorriso. – Nós já vamos descer. – a ruiva completou, fitando Sirius, que retribuiu o olhar dela com um sorriso sincero, apesar de eu ter percebido, um pouco triste. Tiago estava muito preocupado com o fato de admirar a ruivinha pela milésima vez. Ou talvez, pensando no que proveitoso poderia sair daquele encontro não-oficial.
-Mas e... – eu olhei significativamente para Sirius, que apenas se limitou a suspirar profundamente.
Como se respondesse à minha pergunta muda, um vulto apareceu no alto da escada e eu desviei o olhar de Lily, ao mesmo tempo em que Sirius lançava um olhar para a escada e, num novo suspiro, tomou o caminho de volta para o dormitório sem nenhum disfarce. Tiago, que percebeu a repentina ação de Almofadinhas, trocou um olhar intrigado comigo. Pedro também nos lançou um olhar meio desconfiado, meio confuso e ergueu uma sobrancelha.
Eu dei de ombros e, com um longo suspiro, Tiago murmurou qualquer desculpa e sorriu ternamente para Lily, antes de tomar o mesmo rumo que Sirius havia tomado. Lisa, que àquela altura já estava quase nos alcançando, lançou um olhar de esguelha para Tiago e o seguiu mirando-o firmemente. Logo depois, ela voltou-se para nós com o cenho franzido.
-Foi a minha impressão, ou o Tiago acabou de subir as escadas correndo? – ela encarou a todos com uma feição intrigada. – Vocês discutiram novamente, Lily?
-Talvez ele tenha alguns assuntos pendentes, como uma certa pessoa, não é mesmo, Lisa? – ela encarou a amiga com os olhos estreitados, no que eu percebi que a face da Lisa havia corado um pouco.
-Bem... Eu ainda não sei se... – ela deixou a frase no ar e olhou significativamente para mim e depois para Pedro. Automaticamente percebi que ela estava falando de Sirius.– Hum, vamos descer?
Eu lancei um último olhar a escada do dormitório masculino, indeciso entre ir com as garotas ou subir para falar com o Sirius. Suspirei profundamente. O que eu poderia dizer?
-Acho que o Sirius não gostaria que você se atrasasse por causa disso, Remo. – Pedro comentou num sussurro.
Encarei Rabicho com um meio sorriso. Bem, talvez, ele tivesse toda a razão. O Tiago cuidaria bem dele...
Sirius – Falando assim, Remo, eu me sinto de volta aos meus três anos de idade...
( risos )
Alcancei Sirius quando ele já adentrava o dormitório e se preparava para fechar a porta de forma irritada. Com um leve bufo de raiva, empurrei a porta para a frente, fazendo com que ela se escancarasse com um rangido indignado e Sirius voltasse levemente o corpo para me fitar com os olhos estreitados.
-Você não deveria estar com a Lily? – senti um tom meio trêmulo na voz dele. Não era um bom sinal.
-Você não deveria estar lá embaixo para ir tomar café conosco? – rebati com uma sobrancelha erguida.
A feição de Sirius se abrandou e ele soltou um longo suspiro.
-Perdi a fome. – ele respondeu num tom que lembrava muito displicência.
-Perdeu a fome por si só, ou por causa da chegada de uma certa pessoa?
Sirius me encarou com uma feição que eu não consegui identificar qual seria e suspirou profundamente.
-Na realidade, eu nem estava pensando em ir tomar café da manhã hoje. – ele disse num dar de ombros e recostou-se no parapeito da janela, disposto a não me encarar.
Uma coisa que mais me enerva quando diz respeito a Sirius Black, é o fato dele sempre ter mania de ocultar o que está sentindo no momento. São poucas as vezes que ele exterioriza realmente seus verdadeiros sentimentos, mesmo que ele deixe evidências que não está em condições emocionais normais. E, sinceramente, arrancar alguma confissão dele chega a ser aborrecedora.
-Sei... – disse num ar desconfiado, não tendo a mínima idéia do que falar agora. Limitei-me então a me sentar na minha cama e encara-lo firmemente.
-Você vai para Hogsmeade? – questionei num murmúrio.
Sirius demorou um tempo fitando a janela por alguns minutos antes de voltar-se para mim e esboçar um tênue sorriso.
-Ainda estou pensando... – ele deu de ombros. – Não vejo o que posso fazer lá, a não ser servir de limpadores de baba de dois certos casais. - ele completou com seus olhos brilhando maliciosamente.
-Nós só vamos como amigo, Sirius. – disse num murmúrio rouco.
-Se bem conheço a Lily, eu duvido que ela deseja somente isso.
Foi a minha vez de dar de ombros.
-Acho que ela até se sentiria melhor se você fosse conosco e...
Sirius gargalhou fracamente.
-Para você querer me matar depois? Não mesmo, Pontas. – ele me olhou num tom sério, perante a minha breve careta. – Não precisa fazer essa careta. Eu estou legal. – e suspirou.
Sirius Black suspirando. Vai por mim, ele pode estar tudo, menos legal.
-Mas, ainda tem o Rabicho... – eu insisti.
Ele riu gostosamente e me encarou com os braços cruzados.
-Tiago, eu não vou morrer de tédio por deixar de ir uma vez na vida para Hogsmeade. – ele mordeu o lábio inferior. – Aliás, eu nem tomei uma decisão concreta ainda. Talvez eu vá... Talvez não... – ele voltou o olhar para a janela. – O Rabicho disse que não vai também. Diz que precisa terminar algumas redações atrasadas. Ele até pediu uns apontamentos do Remo emprestado para isso. Talvez, eu estude um pouco... – ele deu de ombros. – Hora de pensar no futuro, não?
Eu encarei Sirius como se ele fosse um ser de outro planeta.
-Você está gostando dela, não é? – disse, por fim.
Mesmo que Sirius tentasse disfarçar, percebi que ele ficou ligeiramente desconcertado com a minha pergunta. Ele demorou um tempo para voltar-se para mim e responder a minha indagação com um simples e rouco...
-Ela quem?
Revirei os olhos.
-Você sabe. – disse num tom sério. – Não se faça de desentendido.
Ele arqueou uma sobrancelha, como se não estivesse entendendo absolutamente nada. Como se ele me enganasse...
Sirius – Bem, eu bem que pretendia...
( risos )
Sirius permaneceu em silêncio, no que eu suspirei profundamente.
-Lisa Delacourt, Sirius. – disse o encarando de forma desafiadora. – Eu estou falando dela.
À menção daquele nome, eu percebi um leve tom rubro transparecer brevemente na face de Sirius. Prendi o riso e meneei a cabeça.
-É ela, não é Sirius? – repeti, exibindo um ar triunfante.
-Eu não sei do que você está falando, Pontas. – ele retrucou num sussurro rouco.
-Não me engana, Sirius. Você não acha que já está negando isso por tempo demais, não? – disse num ar irritado.
Em resposta, Sirius passou a mão pelos cabelos e mordeu o lábio inferior.
-É... talvez você tenha razão. – ele sorriu fracamente. – Talvez não esteja mais aceitando levar tantas negações da parte dela.
-Finalmente alguém te fisgou, não, Sirius? – disse num tom de deboche. – Justo você, que se dizia, assim, tão inconquistável...
Ele corou mais um pouco.
-Eu não disse que eu estou apaixonado por ela, Tiago. – ele retrucou, emburrado.
-Sei...
-Sabe que eu odeio quando você faz isso? – ele disse, muito vermelho.
-Deixa eu ver se eu entendi... - eu falei calmamente, ignorando a indagação dele. - Você ama a Lisa...
-Correção: Acho que amo. - Sirius disse revirando os olhos, enquanto se deitava na cama calmamente.
-Não vai para Hogsmeade...
-Correção: Estou pensando em não ir.
-E vai fazer o quê, aqui?
Sirius suspirou.
-Pensar um pouco...
Revirei os olhos e olhei para Sirius como se ele fosse um ser de outro planeta.
-Sinceramente, você é mesmo o Sirius Black que eu conheço?
-Não consigo ser tão insistente quanto você, Pontas... - Almofadinhas comentou num tom meio soturno, esboçando um sorriso meio enviesado que poderia ser tudo, menos cínico ou maroto.
-Eu ainda acho que você deveria conversar com ela...
-Para quê, Pontas? – ele ergueu-se levemente pelos cotovelos, me encarando com mais firmeza. – Receber mais um não em troca? – completou suspirando resignadamente. – Obrigado, mas meu orgulho já foi pisoteado demais. Hum, acho melhor você descer, você tem um encontro para ir, não é mesmo?
Sirius permaneceu em profundo silêncio nos minutos que decorreram desde então. Reprimi uma careta. Por que eu tenho que ser cercado de um bando de teimosos?
Lílian – Você é o pior deles, Tiago.
( risos )
Quando eu adentrei o salão principal, encontrei Ana já posta na mesa da Grifinória, tomando seu café calmamente, enquanto conversava algo com uma garota que eu não me recordava quem era. Corei furiosamente à mera lembrança do futuro encontro que teríamos. A hora se aproximava cada vez mais...
Sentei-me próximo a ela, mas não me atrevi a dizer uma palavra. Sentia algo estranho habitando meu estômago e temia que ele resolvesse sair para fora se eu me atravesse a abrir a boca. Mas, como eu já tenho plena certeza, o destino não costuma cooperar comigo e, mal eu havia me sentado, Ana parou de conversar com a garota e virou-se para mim.
-Bom dia, Remo. – ela disse num tom de voz doce e rouco. Senti minha nuca se arrepiar. Sorri ternamente em resposta, enquanto sentia a minha nuca arrepiar-se involuntariamente.
Os olhos azuis dela brilharam intensamente e ela retribuiu meu sorriso, e depois voltou a falar com a amiga. Não que eu considere isso como uma certa indiferença da parte dela diante daquele gesto, eu a entendi perfeitamente; afinal, eu também me encontrava tão ou mais nervoso do que ela e, a ultima coisa que eu queria naquele momento, era dirigir alguma palavra a ela. Precisava me preparar emocionalmente para isso... E meu coração batendo forte contra o peito não cooperava nem um pouco com isso.
Lílian – Tadinho do Remie...
Tiago – Remie...? Desde quando?
Lílian – Tão ciumento...
( risos )
Os minutos se passaram sem que eu percebesse. Num tempo eu estava fitando o meu prato vazio como se esse simples gesto dependesse a minha vida e, no outro, eu continuava a espiar o mesmo prato vazio, com a diferença em que havia percebido as pessoas se levantando dos seus lugares, entre elas, Ana, que veio até a mim.
-E então, vamos? – ela sussurrou rente ao meu ouvido, no que eu, automaticamente, me senti como um vulcão prestes a entrar em erupção.
Foi de um modo meio mecânico que eu me virei lentamente para encara-la, engolindo em seco num sinal mudo de profundo nervosismo. Assenti com a cabeça de forma meio exagerada e me levantei – completamente desajeitado – do banco, quase derrubando a mesa ao passar.
Ana apenas me encarou com um sorriso tímido e estendeu a mão, no que eu rapidamente passei-a em volta do meu braço e retribuí o sorriso, completamente envergonhado. É... o dia estava somente começando...
Remo –...
Tiago – Remo?
Remo – Hum...?
Tiago – Só isso? Você só vai contar isso do encontro?
Remo – Você não tem que contar o seu agora?
Tiago – Er...
Como combinado, encontrei-me com Lílian na sala comunal, pouco antes do horário das últimas carruagens saírem. Passei a mão pelos cabelos nervosamente e lancei um último olhar para as escadas do dormitório, onde havia deixado Sirius há alguns minutos atrás.
Com um longo suspiro e voltei o olhar para a frente e corei furiosamente ao perceber que Lily se encontrava na minha frente, me esperando com um terno sorriso no rosto.
-De onde você saiu? – eu recuei um passo, temeroso. Quanto mais distante eu estiver dessa ruiva, melhor para meus instintos marotos.
-Atrasado, Potter. – ela disse seriamente, no que eu tentei esconder meu desagrado.
Remo – Ele fez tanta questão de me encher com dicas, sendo que ele próprio não as cumpre...
Tiago – Aquele não era um encontro oficial, Remo. Portanto, o atraso está perfeitamente válido.
Lílian – Mas, os outros que se seguiram, não. Como um certo dia, em um certo caldeirão furado...
Tiago – Por que ela sempre tem que me lembrar disso?
Sirius – Porque, durante “breves” segundos, você esqueceu de que você tem uma noiva, Pontas.
Lílian – É por isso que eu gosto do Sirius, ele sempre me entendeu...
Tiago – Hunft.
( risos )
-Lily, isso me soou como uma detenção... – reprimi uma careta no que ela prendeu o riso, escondendo os lábios com uma das mãos. Eu sorri bobamente de volta. Linda... de todas as maneiras...
-Era para soar assim mesmo. – ela disse, ainda risonha. – Sabe, às vezes eu sinto saudades do tempo em que eu vivia ralhando com você. Talvez, assim como você, eu não esteja acostumada com a nossa amizade.
-E estaria acostumada com o quê, então? – indaguei, estendendo o meu braço para ela, exibindo um sorriso divertido na face.
-Não sei... – ela adquiriu um ar misterioso, passando o seu braço em volta do meu e exibindo um ar meio empinado. – Sabe, eu ainda não acredito que vamos sair juntos... – ela disse num tom doce. – Não que isso seja um encontro, mas... ainda assim, é estranho.
Exibi uma breve careta.
-Pode confessar, ruivinha. Você está dando pulinhos de felicidade por dentro. Afinal, não vê a hora de me torturar com suas compras.
-Bem... – ela sorriu para mim. – Você quem se ofereceu para ir primeiro... O que eu podia fazer?
Meneei a cabeça e a encarei com um ar risonho. Apesar de tudo, senti que aquele seria um dia perfeito... Não nego que eu estivesse completamente certo.
Àquela altura, a sala comunal já estava relativamente vazia, a não ser pela presença de poucos primeiranistas e segundanistas, que conversavam animadamente, creio eu, não dando muito importância ao fato de eu e Lily termos saído de braços dados da torre de Grifinória.
Caminhamos juntos em profundo silêncio. Creio que não havia muito o que falar. Pelo menos, não quando dizia respeito à minha parte, afinal, eu ainda assimilava o que estava acontecendo. Eu estava saindo com a Lily. Não que fosse um encontro – como há anos, eu gostaria que fosse – mas, ainda assim... Vamos a sós... mesmo sendo como amigos... mas, ainda assim a sós. Eu podia aparentar estar calmo por fora mas, por dentro, eu tremia de nervosismo... temendo que fizesse besteira... temendo que desse tudo errado... temendo que, talvez, eu a perdesse para sempre. Eu sei que era exagero da minha parte, mas... e se eu fizesse algo que chegasse a fazer com que ela me odiasse pelo resto dos meus dias? Eu não ia agüentar voltar à estaca “zero absoluto” com a Lily novamente...
Mordi o lábio inferior em sinal de nervosismo e voltei-me lentamente para fita-la. Lily percebeu que era observada e me encarou com a sobrancelha arqueada.
-Algum problema, Tiago?
-Hum... Talvez você não queira pegar as carruagens. – eu dei de ombros. – Pelo horário que estamos saindo... creio que você quer sigilo quanto a isso, não é Lily?
Ela me encarou com os olhos estreitados e deu de ombros. Odeio quando ela deixa minhas indagações no ar. Afinal, nunca sei o que se passa na cabeça dessa ruiva. Acho que jamais saberei...
-O que você pretende sugerir a mim, Tiago? – ela indagou calmamente.
-Bem... – cocei a cabeça meio constrangido. – É que... eu conheço algumas passagens que dão para o povoado e...
Lily revirou os olhos.
-Eu bem que desconfiava. O que mais vocês escondem? Só falta me dizer que vocês têm uma planta de Hogwarts...
Sorri, em parte, constrangido. Lily me encarou, incrédula.
-Vocês não têm, tem?
Alarguei o sorriso no que ela suspirou derrotada.
-Animagia... Licantropia... Mapas... – ela disse num fio de voz. – Passagens secretas... O que mais vocês escondem?
Bom, já entreguei praticamente todos os segredos, não é mesmo? Por que não mais alguns?
-Hum... Uma sala que se transforma em tudo o que queiramos que ela se transforme, uma capa de invisibilidade e uma inimizade que data de anos com os centauros por causa de um comentário indiscreto do Sirius.
Lily me encarou com um ar desconfiado.
-Comentário indiscreto?
Eu fique surpreso por ela não ter se surpreendido com a sala precisa ou uma capa de invisibilidade, mas...
-Ele chamou um deles de cavalinho...
Lílian prendeu o riso.
-Esse Sirius... Bom, depois de descobrir um certo cervo. – ela olhou significativamente para mim, no que eu senti meu rosto esquentar. – Eu não me surpreendo com mais nada. – ela suspirou. – Mas, e então, você conhece passagens, é isso? Se eu não me engano, há uma que dá para a Casa dos Gritos... é essa?
Eu neguei com a cabeça.
-Existem outras. A que eu mais gosto de utilizar é a da Bruxa de um Olho Só. Apesar de que, a do espelho não é assim tão descartável. – ela é mais curta também... completei em pensamento. Mas, a possibilidade de estar num canto escuro com a Lily por um período mais longo me chamava...
Lílian – Realmente, você não presta, Tiago...
( risos )
Lily exibiu um ar de entendimento.
-Ah, por isso que eu os via constantemente perto dessa estátua... – ela sorriu. – Interessante isso.
-E, então, topa?
A ruiva retribuiu a minha indagação com um sorriso. Rapidamente, entendi o que ela quis dizer com aquilo...
Sirius – Vocês se agarraram e viveram felizes para sempre?
Lílian – Claro que não, Sirius. Não nos agarramos lá. Que pergunta!
Sirius – Sei... E por que o Pontas decidiu parar logo aí?
Tiago – Se você não percebeu Sirius, você me interrompeu...
Sirius – Ah... foi?
( risos )
Tiago – Mas, como essa parte não teve nada demais, eu cedo meu lugar gentilmente para o Remo.
Remo – Certo.
Não vou me reter aqui ao trajeto que fizemos com as carruagens. Afinal, não houve nada de muito interessante a não ser o fato de eu simplesmente ter me esquecido de como era falar e, muito menos, como era sentir as mãos completamente secas. Meu coração, a qualquer ponto, poderia saltar pela boca e sair por aí saltitando alegremente.
Então...
Àquela altura, já estávamos caminhando calmamente pelo povoado. Eu sentia o vento frio cortar levemente a minha face, acentuando um pouco o meu corpo extremamente quente de constrangimento e anunciando que aquele Natal seria de muita neve. Mordi o lábio inferior e funguei levemente. O que eu poderia fazer para quebrar o silêncio que sempre costuma se instalar entre nós quando estamos à sós?
-Você não é de falar muito, não é, Remo? - eu ouvi Ana indagar do meu lado.
Não que eu seja daqueles garotos que tem alguma espécie de bloqueio físico-mental e que tenha medo de conviver em sociedade, preferindo então, viver trancafiado em um quarto escuro, cheirando a mofo e poeira pelo resto dos meus dias...Mas que, por uma ironia do destino, teve que sair da "toca" e conviver com seus iguais. O problema é que eu tenho uma espécie de bloqueio físico-mental quando diz respeito a ela.
E minha mente não colabora nem um pouco comigo, pois a mesma acha que, tirando o cheiro de mofo e poeira, até que um quarto escuro seria um bom lugar para mim... com ela em minha companhia, é claro.
Sirius - Eu não ouvi isso... Remo Lupin soltando suas garras?
Remo - Cala essa boca, Sirius...
Lílian - Tadinho do Rê, ele ficou todo vermelho...
( risos )
Mas... deixando de lado os meus distúrbios mentais que tendem a perversão... Eu não fazia a mínima idéia do que conversar com ela. Temia falar sobre o que eu mais conheço - no caso, livros - e ela achar um assunto meio maçante para um encontro... O fato é que, pelo que eu conheço da Ana, ela não se sentiria incomodada com isso... Ou se sentiria?
Então, eu entro na opção dois: a conversa silenciosa. Mas... como se começa a beijar uma garota num encontro mesmo?
-Eu não sou muito acostumado a ter encontros, sabe... – eu disse num murmúrio rouco.
-Ah... Eu percebi. – disse Ana num doce sorriso. Ela segurou a minha mão de forma carinhosa no que eu, sentindo o sangue subir para o meu rosto, ao mesmo tempo em que um arrepio descia calmamente pela minha espinha, esbocei um sorriso nervoso. – Acho que esse é o primeiro passo. – ela completou num sussurro.
-Hum... Bem... para onde você quer ir primeiro? – disse num murmúrio rouco.
-Não sei... – ela comentou, meio constrangida. – Eu nunca fui muito chegada a encontros.
-Hum... É o seu primeiro? – soltei a frase rapidamente, antes que impedisse a mim próprio de indaga-la. Ana balançou a cabeça negativamente.
-Mas, devo confessar que eu não sou muito de encontros. Assim como você não é muito de falar, não é mesmo? – ela me encarou com aquelas orbes azuis e penetrantes, que fizeram o meu corpo se arrepiar inteiramente. Esbocei um sorriso sincero e segurei a mão dela com mais firmeza entre meus dedos.
-Eu não estou muito acostumado a ter... – pigarreei envergonhado. – Encontros. Então, eu... eu... – a voz morreu em minha garganta e eu engoli em seco.
Ana deu de ombros e, ainda exibindo aquele doce sorriso que dava aquele ar infantil e maduro àquele rosto alvo que eu tanto amo, recostou sua cabeça em meu peito e suspirou profundamente, ao passo que eu senti uma onda de calor assolar todo o meu corpo, devido a proximidade entre mim e ela.
-Você não sabe como agir, não é? – ela questionou, depois de alguns minutos em que nos limitamos somente a caminhar lado a lado.
Parei quase de modo estático e a fitei, completamente surpreso.
-Hum, bem... não muito. – disse completamente rouco. – Não se ensina em livros como agir nessas ocasiões, não é mesmo?
Ela riu fracamente.
-É o seu primeiro encontro? – ela me perguntou a mesma frase que eu perguntara há pouco a ela.
-Não, mas... – pigarreei alto. – Elas sempre costumavam agir no meu lugar...
-E você prefere que eu haja como elas então?
Silêncio. Eu apenas encarei Ana com um olhar ligeiramente surpreso e prendi a respiração ao sustentar o ar penetrante que provinha daquelas orbes azuladas. Apertei a mão dela com intensidade e mordi o lábio inferior. Ana sorriu, ainda tímida e desviou o olhar do meu.
-Talvez eu queira... – disse num sussurro.
Tiago – Você nos conta só isso?
Remo – E o que você queria, Pontas? Eu ainda achei que contei até demais.
Tiago – Mas, Remo. Isso não foi nem metade do dia.
Remo – Você mesmo não disse para seguirmos a ordem cronológica dos fatos?
( risos )
Sirius – Ele é realmente cruel.
Remo – Você não queria que eu descrevesse cada beijo que eu dei nela, não é mesmo?
Tiago – Só por curiosidade... Foram quantos?
Remo – ...
( risos )
Tiago – Mas, você terá que nos contar o que fizeram depois...
Remo – ...
( risos )
-E, então, para onde vamos? – eu indaguei calmamente para Lily, no que ela sorriu fracamente, desviando o olhar das casas do povoado. Esbocei um meio sorriso em resposta. A reação dela era como Remo realmente descrevera. De longe, percebia-se que Lily adorava aquele lugar. Coloquei as mãos sobre a cabeça e suspirei. Ela ficava linda daquela maneira. Os olhos extremamente brilhantes, um sorriso sempre no rosto. As bochechas rosadas pelo frio, contrastando com os rubros cabelos que ela possuía.
-Viemos aqui fazer compras, Tiago. – ela me encarou com um olhar penetrante que fez meu corpo inteiro se arrepiar. – Para onde você acha que nós vamos?
Dei de ombros e a encarei confusamente.
-Bom... Eu não faço a mínima idéia. Mas duvido que seja Três Vassouras ou Madame... Como é mesmo o nome daquela loja cheia de babadinhos, Lily?
Vi Lily revirar os olhos e prendi o riso.
-Não acredito que você vem aqui há quase quatro anos e não sabe, Tiago. – ela falou num tom indignado.
-Bem, Lily, eu não costumava sair por aí decorando o nome dos lugares em que eu ia... – pigarreei levemente. – com garotas. E, do mesmo modo, eu não me retinha a lugares cheios. Eles nunca me agradaram. – sorri marotamente, no que ela revirou os olhos.
-Realmente, você é um pervertido, Potter. – ela disse entre risos. – Mas, esclarecendo a sua curiosidade, é Madame Puddifoot.
Eu gargalhei gostosamente.
-Eu sei Lily, só estava brincando.
-Você me voltou a atenção para o M. Puddifoot para algum propósito em especial, Tiago?
Curvei meus lábios num breve sorriso e passei a mão pelos cabelos, encarando-a mesmo de soslaio.
-O que você acha, ruivinha?
-Não sei... O que você acha que eu acho? – ela retrucou de volta. Odeio quando ela faz isso.
Eu apenas a encarei com um ar levemente contrariado. Lílian prendeu o riso, colocando as mãos nos lábios.
-Vamos para a Trapobelo.
Suspirei profundamente e, dando de ombros, limitei a atender ao pedido dela. Apressando o passo a fim de alcança-la.
Sirius – Apesar de ter aceitado o “encontro”, Lily ainda custava a deixar que os dois sejam vistos juntos... Orgulhosa você, não Lily?
Tiago – Eu que o diga.
A porta da loja se abriu com um leve sino. A loja era um tanto quanto apertada, devido a quantidade exorbitante de roupas que se encontravam espalhadas pelos quatro cantos do recinto. Senti o meu nariz formigar um pouco devido ao cheiro doce que invadiu as minhas narinas. Provavelmente, aquele cheiro era proveniente de algumas das muitas garotas que se encontravam no recinto. Meu nariz nunca tivera um forte para perfumes adocicados demais... Respirei profundamente.
Alguns segundos depois, uma senhora baixa e com um sorriso contagiante se dirigiu até nós. Lily me entreolhou com um leve – talvez até divertido – sorriso e voltou o olhar para a mulher.
-Bom dia queridos, em que posso ajuda-los? – o tom da voz da mulher era tão doce quanto o perfume que entrava pelas minhas narinas. Funguei levemente e cocei o nariz de leve. Espero que eu não passe o resto do dia espirrando...
-Hum, eu gostaria de ver algumas vestes para festas e que não sejam necessariamente a rigor. – Lily disse com um meio sorriso.
A mulher olhou para mim e depois para a Lily com um sorriso meio suspeito. Senti meu rosto corar furiosamente, prevendo a frase que viria a seguir.
-Temos um pacote especial para casais, estariam interessados?
Lily sentiu o rosto esquentar e olhou significativamente para mim. Eu, tão ou mais corado do que ela, retribui o olhar e suspirei.
-Nós não somos um casal. – disse coçando o nariz de leve com os dedos. “Não ainda...” completei em pensamento.
-Ah, não são? – ela indagou, surpresa, mas aquele sorriso que ela insistia em esconder me fez crer de que ela não havia sequer acreditado na frase em que eu acabara de dizer.
-Hum, somos apenas amigos... – Lily completou, ligeiramente rouca.
Sirius – Aquela velha história dos amigos... É assim que se começa.
( risos )
A mulher ainda nos olhou desconfiada, mas nada disse quanto a isso.
-Mas, o senhor não vai querer nada? – ela indagou, olhando significativamente para mim.
-Ah... não, não. Eu só a estou acompanhando mesmo.
O olhar desconfiado da mulher se tornou mais nítido.
-Bom. – ela disse voltando-se para Lily, quanto a mim, me limitei em observar a loja e tentar entender o que as mulheres viam em um bando de roupas para perderem tanto tempo enfurnadas em lugares como aquele. – Tenho alguns modelos aqui que acho que poderá ser de seu interesse. Me acompanhe, por favor.
Ainda estava fitando toda a loja, quando senti alguém me puxar fortemente pelo braço. Voltei o olhar para Lily e sorri fracamente.
-Vamos. – ela murmurou com os olhos estreitados. – O que você tanto olhar, hein?
-Estava vendo se tinha algo do meu interesse, Lily. – disse num meio sorriso.
-Tem uma área só para uniformes de quadribol aqui.
-Tem? – indaguei, surpreso.
Lily revirou os olhos.
-Tem, mas depois você olha, sim? Preciso da sua ajuda. – disse ela, continuando a me puxar pelo braço.
-Ajuda? – indaguei, confuso. – Para quê? Posso saber?
-O que os homens fazem numa loja de roupa além de apressar as mulheres, Tiago Potter? – ela disse num revirar de olhos.
-Hum... Comprar roupas? – disse meio receoso. – Isso é óbvio, não?
Lily corou furiosamente.
-Isso também, mas... – ela mordeu o lábio inferior. – Eu queria a sua opinião a respeito das roupas que eu pretendo comprar.
-Mas... Lily... A opinião de uma mulher não poderia ser melhor do que a minha?
-Lisa, eu e Ana nunca entramos em um consenso quando diz respeito a roupas. O que poderia ser um dia proveitoso para compras, acaba sendo completamente estressante. O Gideão... – reprimi uma careta a menção daquele nome. – sempre me acompanhava e, eu devo comentar aqui que ele tinha um bom gosto. – ela me encarou, meio receosa. – Espero que eu não esteja enganada a respeito de você.
-E o que você pensa de mim, Lily? – indaguei num sussurro rouco.
Lily abriu a boca para falar, mas acabou se calando, já que, a mulher que seguíamos parou bruscamente em frente a uma fileira de vestidos de todos os tipos imagináveis e virou-se calmamente para nós.
-Esses são os melhores da loja. Deseja um vestido para uma ocasião em especial?
-Natal, talvez. – ela disse num meio sorriso, desviando o olhar de mim e encarando a mulher. – Mas, é preferível festas em geral.
Inspirei profundamente e passei a mão pelos cabelos.
-E então, Lily, você pode responder a minha pergunta? – eu indaguei num murmúrio.
-Você é um tarado pervertido, não é? – ela disse no mesmo tom, no que eu reprimi uma careta. – É bem provável que acabe aprovando algum que lhe agrade. – ela completou, completamente vermelha. – A não se que você tenha o bom senso e saiba que eu não gosto de ser vista como um objeto de exposição. – ela ergueu uma sobrancelha e esboçou um sorriso que eu não consegui interpretar o que poderia significar. – Mas, de vez em quando, eu posso até pensar em abrir uma exceção a esse fato.
Eu apenas a encarei, confuso.
-Você é mesmo a Lily que eu conheço?
Sirius – Levando-se em consideração que na noite anterior um objeto voador não-identificado pairava sobre os telhados da torre Grifinória...
( risos )
-O que você acha?
Nota mental. Tentar fazer menos perguntas a Lily, percebi que ela está com uma estranha mania de não responde-las, limitando-se apenas a retruca-las com outras. Suspirei resignadamente.
Lily soltou o meu braço lentamente e se dirigiu aos vários vestidos que ali estavam. Exibindo uma feição entediada, resolvi segui-la e começar a olha-los sem muito interesse. Afinal, não tinha nada melhor para fazer mesmo...
Sirius – Lamento por você, Pontas...
Pelo que me pareceu ser cerca de vinte minutos, desisti de olhar os vestidos quando vi um com uma cor roxo berrante e mangas que me lembravam ligeiramente asas de um morcego. Passei a mão pelos cabelos e me recostei no balcão da loja que, milagrosamente, ficava perto do local dos vestidos que, por sua vez, ficava perto do provador. Agora, era só esperar a boa vontade da ruiva escolher as benditas roupas, para prova-las e enfim, podermos sair desse lugar completamente tediante... Cocei o nariz levemente. Apesar do cheiro doce ter cessado um pouco, ele ainda se encontrava presente em minhas narinas. Eu mereço...
A primeira remessa de roupas da ruiva não teve nada de interessante, para meu intenso desagrado. Em uma das últimas cheguei a comentar que estava ligeiramente bonita nela, mas a ruiva não concordara com minha opinião e, jogando as roupas para mim, pediu para eu entrega-las para a mulher, enquanto ela ia buscar mais. Suspirei profundamente e obedeci. Aquilo seria mais longo do que eu pensava...
Bocejei disfarçadamente quando eu vi a ruiva voltar com mais uma boa quantidade de vestidos, capas e afins para testar no provador. Recostei-me no balcão, apoiando os cotovelos no mesmo. É claro que um dia inteiro de comprar com uma mulher é um tanto quanto insuportável e cansativo. Afinal, como minha mãe sempre disse para mim e para meu pai: " Para vocês, homens, comprar roupa é a coisa mais fácil do mundo... Vocês vão na primeira loja que vêem pela frente, experimentam qualquer coisa e pede várias roupas do mesmo modelo e de cores diferentes e pronto. Então, se você não entende toda a essência da arte de fazer compras, fiquem calados que é o melhor que vocês têm a fazer no momento...". Sim, aquele olhar assassino da minha mãe realmente assustava.
Mas, devo dizer que, dessa sessão tortura, o melhor que você tem a fazer é tirar o máximo de proveitos que você conseguir visualizar nessa história. E, bem, eu tive os meus... Afinal, não é todo o dia que eu tenho Lílian Evans desfilando de livre e espontânea vontade para mim. Eu iria sugerir que ela desfilasse com outras coisas também, mas eu ainda tenho amor a vida.
-E esse? Você gostou?
Fui despertado dos meus devaneios e fitei a ruiva a minha frente de cima a baixo. Bem... eu quase babei. O vestido era preto e realçava bem as curvas que ela possuia. Apesar de ser longo, havia uma fenda que ia até um pouco acima da joelho...e, bem, eu amo as pernas daquela ruiva. Sorri marotamente. E aquele decote estava, no mínimo, considerável...
-E então?
-Hum... - pigarreei levemente, se eu dissesse tudo o que eu estava pensando, certamente ela me mataria e, ao invés de soltar um "Assim você me enfarta de vez..." eu disse um simples e mentiroso. - Não gostei muito...
-Não? - ela indagou, surpresa. - Ótimo, vou ficar com ele.
-Quê? - perguntei no mesmo tom que ela. - Dentre os milhares que você provou...
-Foram só oito.
-Você escolhe o que eu não gostei?
Ela sorriu quase que marotamente.
-E eu falei alguma vez que eu iria escolher o que você mais gostou, Tiago Potter?
-Não, mas, quando se pede a opinião de alguém, normalmente, é para isso, não é? – disse exibindo um ar emburrado.
-Hum, até pode ser... – ela disse displicentemente. – Mas... – ela me olhou de forma incisiva. – Senti que você não foi por completo sincero em suas palavras. – ela sorriu meio de lado, apesar de eu perceber que sua face adquirira um leve tom róseo. – Você gostou.
Sorri meio que timidamente e passei a mão pelos cabelos num gesto nervoso.
-Como você soube?
-Eu te conheço mais do que você imagina, Tiago. – ela piscou o olho para mim e, girando os calcanhares, voltou para o provador novamente. Eu sorri bobamente. Aquele dia promete...
Sirius – Peço humildemente permissão para narrar um fato de que vocês terão grande prazer em ouvir. Afinal, é narrada por mim.
Tiago – Merlim, até nisso ele tem de ser convencido.
Sirius – Não sinta ciúmes, caro, Pontas. Eu posso ceder gentilmente breves momentos da minha narrativa para você dizer as suas também. Afinal, ela tem a ver com você.
Tiago – Se você me contasse que fato é esse, eu bem que agradeceria.
Sirius – Não se preocupe, não é nada muito comprometedor...
( risos )
Com a ajuda da minha adorável, amável e teimosa ruivinha, que praticamente me empurrou – literalmente falando – para que eu falasse com Remo na sala de monitoria, eu consegui pedir desculpas ao Aluado e voltamos a nos falar.
Isso já datava em uma semana e, agora, eu tinha de conseguir algo quase impossível para mim: voltar a falar com Tiago Potter. Afinal, aquele idiota é teimoso como uma mula quando empaca. E, quando se diz respeito a Tiago Pontas Potter, o trabalho que você tem para pelo menos tentar iniciar uma conversa amigável sem que ele saia no meio dela com uma ofensa, ou te ignore, é igual ao que você teria se você tentasse roubar o ovo do ninho de um dragão sem utilizar magia.
( risos )
Tiago – Ah, não exagera.
Lílian – Sirius tem razão, Tiago. Você é difícil dar o braço a torcer, principalmente quando acha que está certo.
( risos )
Tiago estava mais uma vez acompanhado de Pedro à mesa no café da manhã. Ultimamente, essa cena era sempre freqüente. Remo e eu nos sentávamos com as garotas e Pedro ficava com Tiago para não deixa-lo sozinho.
Suspirando profundamente, me dirigi até onde ele estava, mas, antes mesmo que eu chegasse, ele pegou algumas torradas e ajeitou a mochila nas costas, sem ao menos ter falado nada. Eu apenas fitei Tiago se afastar de mim rapidamente, como se eu estivesse com uma doença contagiosa, e fui me sentar emburrado ao lado de Lílian, diante de mais uma tentativa frustrada para falar com aquele idiota.
Remo suspirou profundamente e tomou um pouco de suco. Eles eram amigos perfeitamente compreensíveis, pois não disseram nada, apenas lançaram um olhar para mim e continuaram a comer em silêncio.
Eu olhei para Lílian e sorri quando a idéia passou pela minha cabeça. Claro! No caso de Tiago Potter teimoso só há uma alternativa: recorra a Lílian Evans. Bem, mas como fazer isso se a ruiva odeia meu amigo com todas as forças do universo? E realmente, conviver com dois monitores é um saco.
Remo – Assim você nos ofende...
Sirius – Eu não digo que SEJA RUIM, eu digo que seja ruim...
Lílian – Sirius eu não entendo essa sua língua... eu sei que o Tiago entende isso já que vocês tem um tipo de ligação devido a grande imbecilidade presente em ambos...
Tiago – E ela ainda me ama...
Sirius – Bem, o caso é o seguinte... quando estou com o Pontas, eu fujo mais fácil dos deveres... mas quando você e o Remo estão juntos, eu passo mais tempo na biblioteca do que jamais havia sonhado passar...
Remo – Ah, a gente fazia isso de propósito...
( risos )
Sirius – Traidores... Conspirando contra o indefeso e sensível cachorrinho... queriam me matar de tédio, isso sim!!
Remo – Ah, era divertido ver sua cara de tédio...
Lílian – Com certeza...
Tiago – E ainda dizem que eles são santinhos...
-Eu simplesmente já estou cansado de tentar falar com o cabeça-dura do Tiago e ele fugir de mim como um vampiro que foge da luz. – eu comecei de modo sutil, mas olhava significativamente para Lílian.
Remo franziu o cenho no primeiro momento, mas com um sorriso de entendimento nos lábios, ele também encarou Lílian firmemente.
A ruiva engasgou com o suco ao perceber que era o centro da nossa atenção e olhou de mim para Remo e de Remo para mim novamente, para logo depois depositar o copo em cima da mesa.
-Hey, o que é que vocês estão olhando? – ela ergueu uma sobrancelha de modo desconfiado. Pronto, ela tocou o ponto que eu queria.
-Você podia me dar essa força, não Lily? – eu disse num tom doce, exibindo um sorriso amável no rosto.
-Eu... quê? – ela indagou, incrédula.
-Você podia falar com o Pontas, não?
-EU? – ela gritou, atraindo boa parte das atenções para nós. – Falar com o Potter? Pirou foi, Sirius? Me tire desse meio!
-Lílian, por Merlim, eu já tentei de todas as formas possíveis mais aquele idiota não quer nem olhar para a minha cara! Está na hora de tomarmos uma atitude desesperada!
-Que você peça desculpas no meio do salão principal, que interrompa a aula para isso, que prenda numa sala com você até que ele ouça tudo o que você tem para falar, ameace esgana-lo se ele o ignorar... até diga que se mata se ele não te perdoar! – ela falou relativamente vermelha. – Mas não... não me peça para interceder por você. Não quando tem Potter no meio.
-Mas, Lily... – eu insisti.
-Sirius está certo, Lily...
-Certo ou errado, Remo. – Lílian o interrompeu entre dentes. – Eu não vou falar com o Potter! – ela disse, ficando mais vermelha ainda.
Tiago – É, ela ainda fala que o teimoso sou eu...
( risos )
-Faça isso pela nossa nem tão longa amizade assim, ruivinha... – disse fazendo minha famosa cara de cachorro molhado carente de afeto abandonado no meio de um temporal e que está prestes a se jogar de um viaduto. – Você faz? Diz que sim!
Bem, essa cara convenceria até mesmo a Mcgonagall, mas eu me esqueci de que eu estou lidando com Lílian Evans e ela não se deixa convencer assim tão fácil... principalmente por mim.
-Menos, Sirius, pelo Amor de Merlim! – ela falou aborrecida, revirando os olhos denotando estar impaciente. – Eu não vou falar com o Potter! Está decidido.
-Lily... Você podia convencer o Pontas a conversar com o Sirius. – disse Remo seriamente. – Você sabe que sim.
A ruiva soltou um longo suspiro.
-Vocês não vão desistir dessa idéia insana, não é mesmo? – ela perguntou num tom entediado.
Eu e Remo sorrimos marotamente um para o outro.
-O que você acha? – indagamos ao mesmo tempo.
-Eu não devia ter juntado vocês dois. – ela disse afundando um pouco o corpo e comendo um pedaço da torrada num gesto emburrado.
-Ah, Lily, agora não é hora para arrependimentos. Você topa falar com o Tiago ou não?
-Merlim, o que eu fiz para merecer isso... – a ruiva falou num tom desesperado.
-Ah, Lily, faça isso por mim, vai? – disse enlaçando-a pela cintura, no que Remo meneou a cabeça e a ruiva mordeu a torrada irritadamente em resposta.
-Não.
Tiago – Por um momento eu achei que ela tinha concordado...
Sirius – A Lílian é osso duro de roer.
Tiago – Espero que você jamais tenha provado desse osso, Almofadinhas...
( risos )
-Por que não? – ela me olhou um ar ameaçador. – Será que você não percebe que só você é capaz de convencer Tiago Potter? – o olhar ameaçador se tornou mais penetrante.
-Você não espera que eu saia com o Potter em troca dele dar a chance de você falar com ele, não é mesmo?
-Bom... – eu sorri marotamente. – Se você quiser fazer esse sacrifício por mim... – me senti ligeiramente menor diante do olharmais penetrante ainda da ruiva. – Calma, Lílian, eu só estava brincando...
-Espero. – ela suspirou irritadamente. – Sirius Black, entenda de uma vez por todas... Conhecendo o Potter como eu conheço, eu tenho plena certeza de que ele vai utilizar isso só para falar com você... e você sabe muito bem que não vai adiantar de nada, já que eu jamais e sequer penso na possibilidade de sair com ele, principalmente se for por alguma espécie de chantagem.
Tiago – Agora tenho plena certeza que ela me conhecia menos do que eu achava que ela me conhecia...
Lílian – Pense bem... para quem me fazia chantagem quando se tratava do Snape, fazer chantagem quando se tratava do Sirius não deveria ser sacrifício algum, não é mesmo?
Remo – Realmente, Pontas, a Lílian tem toda razão.
-Mas não custa tentar, não é mesmo? – insisti exibindo uma feição suplicante. – Pense bem, Lily. Você terá a honra de reunir os marotos novamente.
Bom, aquela afirmação não teve o êxito que eu esperava. Afinal, esqueci do detalhe de que Lílian Evans é diferente de todas as garotas que eu conheço... Ah, Belatriz e Narcisa também se enquadram nessa categoria, mas estão muito abaixo dessa ruivinha.
Tiago – A Bellinha está um pouco mais acima do que a Cizinha, só por causa do primeiro beijo...
Sirius – Cala essa boca, Pontas!
( risos )
-Sirius. Reunir os marotos para mim será tudo, menos honra. – ela prendeu o riso. Merlim, esqueci de como a ruiva sabe ser sincera quando quer. Remo meneou a cabeça num gesto calmo e me encarou firmemente, como quem dizia que eu havia feito besteira. – Eu estou extremamente feliz por ter de escrever o nome do Potter e o seu nome menos vezes. Além de me poupar tempo marcando detenções.
-Ótimo. – falei num tom meio indignado. – Você fala de detenções. Mas os marotos não se resumem somente a isso. Antes de tudo, somo amigos...
-Tá, eu sei... – Lílian suspirou em resposta. – Mas, Sirius, entenda... isso não vai dar certo.
-Por que não? – eu insisti novamente. O único modo de vencer a Lily era pelo cansaço.
-Eu e o Potter jamais conseguiremos ter uma conversa civilizada e muito menos entrarmos em um consenso...
-Lily, você sabe. – disse Remo, a interrompendo. – O Sirius já tentou de diversas maneiras tentar falar com o Tiago e não obteve sucesso em nenhuma delas. É algo praticamente impossível Lílian.
-Então, o que levam você a crer que o Potter vai me ouvir? – ela indagou curiosa.
-Quantas vezes ele já não parou de azarar o Snape só porque você pediu? – eu indaguei.
-Mas isso não significa que eu deva conseguir convence-lo a falar com você.
-É mesmo...? – eu sorri marotamente em resposta.
Lílian – Minha vez, sim?
Quando dei por mim, estava me dirigindo à poltrona em que Tiago estava sentado displicentemente, folheando um livro sem dar muita importância a ele. Àquela hora a sala comunal já se encontrava praticamente vazia. Respirei profundamente e, ajeitando a capa pigarreei, para me fazer presente. Isso não vai dar certo.
-Se for para me avisar de alguma detenção ou me dar uma por estar descansando os pés em outra poltrona, pode falar... – ele disse num tom levemente irritando, passando uma página do livro e suspirou profundamente. – Agora, se o Remo ou o Black te pediram para vir falar comigo a respeito de uma certa briga, você perdeu seu tempo, Evans.
-Uma boa dose de educação seria bom para você, Potter. – falei revirando os olhos. Realmente, era praticamente impossível ter uma conversa civilizada com aquela criatura. – Você pode, ao menos, ouvir o que eu tenho para falar?
-Seu namoradinho deve estar esperando você para dar alguns amassos em algum corredor escuro, Evans. Não o decepcione. – ele sorriu pelo canto dos lábios. – Usa essa sua linda boquinha para coisas melhores.
Eu bufei de raiva e cruzei os braços irritada.
-Mas eu ainda quero falar com você, Potter. Será que, você pode ter um pingo de boa vontade e largar esse maldito livro?
Com um suspiro irritado, Tiago fechou o livro com violência e tirou os pés de cima da poltrona, me encarando firmemente.
-Ah, e o Sirius não é meu namorado. – completei, me sentando na poltrona em que os pés dele estavam “sentados”.
-Veio me falar somente isso? – ele ergueu uma sobrancelha e tornou a abrir o livro. – Pronto, já disse. Agora, você quer me fazer o favor de me deixar em paz?
-Oh, Potter, por que você tem de ser tão arrogante?
-Acho que você não entendeu o significado da palavra sozinho, Evans. – ele tornou a me encarar, estreitando os olhos. – Se o Black queria tanto falar comigo, ele que viesse pessoalmente.
-Devo lembrar, Potter, que o Sirius vem tentando fazer isso há uma semana. Mas, você, como o idiota que é, vive fugindo dele. – eu ri fracamente. – Até parece que está com medo do Sirius.
Tiago – A Lily sabe ser cruel quando quer...
( risos )
-Eu não estou com medo dele, Evans. – ele respondeu num resmungo. – Apenas acho que ele não deve ser digno de confiança. Ele entregou o segredo do Aluado para o Snape!
-Potter... – eu suspirei profundamente. – O Sirius não fez absolutamente nada para você! Qual é, Potter! O Remo que foi o mais atingido dessa história toda, já perdoou o Remo, por que você ainda insiste em continuar com essa birra? Você está me saindo um garoto muito mimado, Potter
-Olha aqui, Evans. O que eu faço ou deixo de fazer não é de sua conta, ok? E você não tem o direito de me julgar dessa maneira. Eu já estou cansado de você sempre viver implicando comigo. Será que você pode me deixar em paz?
-Não. – falei firme.
-Olha, Evans. Eu não estou com cabeças para brigas hoje, ok?
-Eu não vim aqui para brigar, Potter. Eu só estou discutindo porque você começou com essa história toda.
-Se você tivesse ido embora quando eu pedi para que você fosse, me pouparia aborrecimentos agora.
Respirei profundamente a fim de conter a raiva que fervilhava dentro de mim.
-Olha, Potter. O Sirius agiu sem pensar naquele dia. E, do mesmo modo, ele certamente deve ter chegado a conclusão de que, por medo, o Snape deixaria o Remo em paz. Ele não queria fazer mal algum ao Lupin. E eu não acho que você deva julgar o Sirius, sendo que você mesmo não julga os seus próprios atos. Você não pode falar dos outros. Não quando cometeu e comete erros piores do que o dele.
Tiago não disse nada, apenas se limitou a suspirar em resposta.
-E eu acho que você não deve jogar fora uma amizade de anos por causa de uma bobagem como essa. Afinal, até o próprio Remo perdoou o que ele fez, Potter! Pelo amor de Merlin, não se encontra por aí amigos como Sirius. Você vai perder uma amizade por causa disso? Francamente, Potter! – foi a minha vez de suspirar. – Mas, como você mesmo disse, eu não tenho direito de julgar os seus atos. E, tenho plena certeza que a decisão final é somente sua. – me levantei rapidamente a fim de não prolongar aquela agradável conversa, quando já estava no primeiro degrau da escada, olhei para trás e vi que ele voltara o olhar para o livro, contudo, não o fitava atentamente. Era como se Tiago estivesse absorvendo tudo o que eu tinha dito e agora estava a refletir sobre os fatos. Bem, eu fiz a minha parte...
Tiago – Quando ela quer deixar alguém com a consciência pesada ela deixa de verdade...
Sirius – É por essas e outras que eu adoro essa garota...
Lílian – Ah, obrigada, eu sei que eu sou demais...
Remo – Tiago, será que você passou um pouco do seu ego por osmose para a Lily quando estavam dormindo?
( risos )
Tiago – Ah, nós nos parecemos mais do que você imagina Remo...
( risos )
Pensei em tudo que a Lily me disse e cheguei a conclusão que, de certa forma, ela estava certa. Se o Remo, que foi o maior atingido dessa história, já perdoou o Sirius, por que eu não posso perdoar também?
Certo, eu bem sei que a causa principal de não estar falando com o Sirius, é puro orgulho... e raiva. Orgulho, porque eu sei que disse coisas que certamente o feriu – e para mim é difícil pedir desculpas para alguém – e raiva... bem, ele se tornou amigo da garota com quem eu quero sair e...
Certo, Tiago Potter. Você não está com ciúmes, ok? Você só está... profundamente abalado por Sirius ter conseguido em menos de uma semana o que você deseja há anos? Não que o Sirius há tenha beijado... Longe de mim pensar assim... Ai dele se chegou a fazer isso. Mas, ele conseguiu pelo menos ser amigo dela. Seria um grande avanço para mim, não é mesmo?
Sirius – E ele ainda diz que nunca escreveu ou sentiu vontade de escrever um diário...
Tiago – São meus pensamentos, seu idiota. Posso continuar?
O fato é que, esses argumentos não convencem nem a mim mesmo, como então, eu vou convencer aquele traste? Não quero que ele pense o que eu acho que eu estou pensando mais não quero pensar... Que eu estou começando a amar Lílian Evans.
Sirius – Começando? Sei...
Com um longo suspiro, ergui o meu corpo da poltrona e me dirigi ao meu dormitório com passos extremamente lentos. Abri a porta lentamente e encontrei Remo acordado, lendo um livro – para variar um pouco... Olhei ao redor e encontrei o cortinado de Sirius já fechado, enquanto os roncos de Rabicho ecoavam pelo quarto e, consequentemente, em meus ouvidos.
-Ainda acordado, Aluado? – murmurei baixinho.
Remo ergueu o olhar do livro e, com um meio sorriso, o fechou lentamente.
-Estou meio sem sono... – ele suspirou. – Vejo que o mesmo ocorreu com você, não é mesmo?
Meneei a cabeça e dei de ombros.
-Estava só pensando um pouco... – falei num tom sério. – A Lua Cheia está perto, não é?
-Hum... Está. – ele disse, empalidecendo involuntariamente.
-Hum... – cocei a cabeça nervosamente. – Você sabe se o Black já dormiu?
Os olhos de Remo se estreitaram de modo desconfiado, mas logo depois sua feição tornou a ficar serena.
-O Almofadinhas? – percebi que ele frisou bem essa palavra. – Provavelmente sim... – ele sorriu docemente. – Era urgente? – completou erguendo uma sobrancelha.
-Não. – falei de imediato. – Não era nada... Só queria saber... – falei enquanto me trocava. – Só não queria ter que discutir mais uma vez com aquele idiota. – completei, me enfiando de qualquer maneira debaixo das cobertas.
-Ainda com essa história, Tiago? – Aluado indagou num tom meio nervosa. – Pelo amor de Merlim, vocês são amigos. Por que não resolver isso logo de uma vez? Para melhor ou para pior? – ele completou num modo sério.
-Me deixa, Remo, eu sei o que eu estou fazendo.
-Oh, sei muito bem que você sabe, Pontas... – ele disse num tom que me lembrou muito uma ironia.
Remo – E foi.
( risos )
-Boa noite, Aluado. – falei num tom meio emburrado. Dando a conversa por encerrada. Já bastava minha briga com o Sirius, brigar com mais um dos marotos era demais para mim.
-Boa noite, Pontas. – ele respondeu calmamente, voltando a abrir o livro e lê-lo, franzindo o cenho levemente, demonstrando todo o seu ar emburrado quanto àquele fato.
...
Pela manhã, eu fui o último a acordar.
Quando eu escorreguei para fora da cama, ainda meio sonolento, percebi que Remo e Sirius trocaram um olhar significativo e voltaram a fazer – ou começar a fazer – o que eles estavam fazendo antes do meu despertar. Pedro lançava olhares nervosos para mim, como se a qualquer momento eu fosse explodir, no que eu revirei os olhos em resposta e bocejei entediado.
-Algum problema, Rabicho? – murmurei, ao perceber que o olhar dele ainda recaía sobre mim.
-Nada, Pontas. – ele pigarreou.
-Não se olha uma pessoa por nada.
Rabicho pareceu desconcertado.
-Ele só que saber quando você vai resolver falar com o Sirius de uma vez, Pontas. – Remo soltou seriamente e abertamente.
Olhei de esguelha para Sirius e percebi que o mesmo havia parado com a calça no meio das pernas e me fitava significativamente.
-Isso só diz respeito a mim, Remo. – disse num resmungo, ainda olhando para Sirius que, percebendo que eu o observava, se limitou a continuar a vestir a calça, me mirando de forma irritada. – Isso se eu um dia chegar a falar com ele.
Sirius apenas revirou os olhos e bufou de raiva, puxando a camisa de cima da cama e colocando-a de qualquer maneira.
-Faça como quiser, Potter. – ele disse friamente, pegando a gravata e a capa de cima da cama e segurando-as firmemente, apesar de ainda manter os botões da blusa abertos, mostrando o peitoral “magnífico...”que ele diz ter.
Sirius – Não gostei dessa última frase. Eu TENHO. E... não sabia que você andava reparando no meu peitoral, Pontas... Hum, isso não é boa coisa para a sua reputação, e...
Tiago – Você não vai mexer com a minha forma animaga novamente, vai, Sirius?
( risos )
Sirius – Imagina...
-Eu não me importo. – Almofadinhas completou, se dirigindo para a porta do dormitório e batendo-a fortemente ao passar.
Eu mordi o lábio inferior, enquanto meu orgulho urrava satisfeito e meu peito se contraía devido a essa inimizade que eu mesmo estava cativando. Eu desejava sim fazer as pazes com aquele cachorro de uma figa, mas eu não tinha as palavras certas e acabava por dizer o contrário do que eu desejava, por causa desse maldito orgulho, que me impedia de admitir o meu próprio erro.
-Então, vai continuar como está? – Remo me perguntou com uma sobrancelha erguida.
-E o que você quer que eu faça? – retruquei, exibindo um ar superior.
-Amadureça. – Remo disse num resmungo, enquanto pegava seus livros e tomava o mesmo rumo que Sirius.
Ótimo, como se não bastasse uma amizade abalada, agora tenho duas... Automaticamente olhei para Rabicho.
-Hum... – ele começou meio receoso. – Ele está certo, Pontas.
Ok. Agora deu para ficar todos contra mim. Ótimo. Ótimo. Mas, não pode ficar desse jeito, não é? Simples assim: Tiago Potter, você, definitivamente, tem de colocar um ponto final nessa história... Para melhor ou para pior. Bem, pior do que já está ela não pode ficar, não é mesmo?
Remo – Como o Tiago sonha...
Tiago – É. Foi um ledo engano meu... Eu tinha me esquecido de que estava falando de Sirius Black. Um ser tão ou mais orgulhoso do que eu.
Lílian – Ele não deixou barato.
( risos )
Como andava ocorrendo com freqüência ultimamente, eu me sentei entre Remo e Lílian durante o café da manhã, mas, tal foi a minha surpresa quando percebi que Tiago se sentou ao lado de Remo? Coisa que ele não fazia quando eu me encontrava perto dele.
Reprimi um sorriso e voltei os meus olhos para as minhas torradas, antes de trocar um olhar significativo com a ruiva, que exibiu um ar meio triunfante e piscou o olho para mim. Remo, tentando se manter sério, voltou-se para Tiago e ergueu a sobrancelha.
-Resolveu dar o ar da sua graça, por aqui, Pontas? – Aluado perguntou num tom meio pomposo, Tiago corou um pouco.
-Você não é mais um que se voltou para o lado dele, é? Já que você saiu daquela forma do dormitório... Não vou perder a sua amizade por causa dele, não é?
-Não precisa se referir a mim com esse tom de desdém, Potter. – falei calmamente, voltando o meu olhar para ele.
-Eu não estou desdenhando ninguém, Black. – ele retrucou, me encarando com os olhos estreitados. – E, que eu saiba, a conversa ainda não chegou nessa parte da mesa.
-Mas, se você se referiu a mim, por conseqüência, começo a fazer parte dela.
-Agradeceria se continuasse calado, Black. – ele se levantou calmamente e se aproximou de mim.
-Agradeceria se você não mais existisse, Potter. – eu fiz o mesmo, estreitando os olhos.
-Sirius, Tiago... – Remo nos chamou calmamente. – Eu estou aqui no meio, sabiam?
Lançamos um olhar fuzilante um para o outro e tornamos a nos sentar, voltando o olhar para os nossos pratos.
-E, Pontas, eu não estou tomando partido de ninguém. A inimizade de vocês tão pouco me influencia. – ele suspirou. – Apenas acho que vocês deveriam resolver isso logo de uma vez. – ele olhou significativamente para Tiago. – E não ficarem se tratando como completos desconhecidos. – ele estreitou os olhos para Tiago e depois voltou o olhar para mim. – Nem fingir que não se importam um com o outro.
Percebi que Tiago, assim como eu, abriu a boca para retrucar, mas fomos impedidos pelo sinal, que acabara de bater. Remo levantou-se calmamente do lugar em que estava e respirou profundamente.
-Se não se importam... As aulas já começaram e eu não quero me atrasar.
O meu olhar e o de Tiago se encontraram, no que nós rapidamente tratamos de desviar e seguimos o mesmo caminho que Remo e, apesar de estarmos andando lado a lado, tratamos de agir como se o outro não existisse.
Lílian – Realmente, dois cabeça-dura juntos não dá em boa coisa.
As aulas do dia transcorreram sem que eu ou Tiago olhasse um para a cara do outro. É claro que eu não queria ter me metido na conversa dele com Remo, afinal, mesmo sendo aquele poço infindável de orgulho, ele se sentara perto de nós. E... bem, ele estava tentando passar por cima do seu orgulho como alguém passa por cima de uma plantinha com um bando de dragões seguido por uma manada de hipogrifos... Era um começo, não? Resmunguei comigo mesmo, demonstrando toda a minha indignação com o fato. Maldito orgulho e maldita falta de jeito com as palavras.
À noite, eu subi logo para o dormitório, não querendo mais olhar para a cara do Tiago. Não iria mais pedir para que ele voltasse a falar comigo, se o idiota não desejava falar comigo. Mas, eu não posso negar que sinto falta das nossas conversas e traquinagens. Afinal, ele é como um verdadeiro irmão para mim. Tanto, que eu até mesmo me esqueço que eu tenho como irmão o Régulo... se é que ele ainda pode ser considerado assim.
Tiago – Estou emocionado, Sissi.
Sirius – Tiago, pára, você está me enforcando.
( risos )
O caso é que... bem, esquece. O melhor que eu tenho a fazer é dormir.
E eu já estava quase fazendo isso, quando a porta do dormitório rangeu levemente. Olhei para trás, enquanto dobrava a capa ao meio e a pendurava no meu braço. Lancei um olhar estreitado para o garoto de cabelos arrepiados que estava parado à minha frente, para logo depois, virar o rosto e pendurar minha capa na cabeceira da cama, não dando importância ao novo ocupante do dormitório.
Tiago pigarreou, como que para marcar a sua presença no recinto, no que eu tornei a mira-lo, antes de desviar novamente e retirar a minha blusa de modo displicente.
Troquei de roupa calmamente, sem que Tiago tenha sequer saído do lugar ou dito nada. Mas, quando eu me enfiei debaixo das cobertas, ele tornou a pigarrear de modo significativo.
-Algum problema, Potter? – eu o encarei meio de esguelha. – Está com dor na garganta?
-Ah... – ele aparentou desconcerto. – Não, nenhum problema, Black. E eu não estou com dor na garganta... – ele me encarou exibindo uma feição meio endurecida. – E o que te faz pensar que eu lhe devo explicações?
-Desde quando você começou a pigarrear numa tentativa implícita de chamar a minha humilde atenção para o ser que se acha o mais perfeito desse planeta. – disse num tom carregado de sarcasmo.
-E o que te faz pensar que eu me acho perfeito, Black? – ele indagou meio rouco e eu percebi que a insegurança e o receio pairavam no ar.
-Se você não sabe, eu não tenho a obrigação de te dizer, não é mesmo?
-Eu não me acho perfeito, Black. Você é quem sempre se achou perfeito. – ele retrucou, com a voz meio trêmula.
-Ah, não? – exibi um ar meio desconfiado. – E o que você diz de... – eu suspirei irritadamente. Era isso que ele queria, que eu iniciasse o assunto, que eu fingisse que me importava com o fato de estarmos brigados... para ele me jogar na cara depois que eu praticamente me humilhava na frente dele para que voltássemos a ser amigos... Mas, não. Se ele pensa que eu vou fazer isso, ele está muito enganado. – Como você disse, Potter, eu não lhe devo explicações.
O rosto de Tiago adquiriu um leve tom rubro, enquanto ele exibia um ar irritado. Eu bem sabia que ele odiava que usasse uma frase, que ele usara há pouco, contra ele mesmo.
-Acho que... – ele suspirou. – Precisamos conversar.
Encarei-o extremamente surpreso. Ele estava tentando propor um fim a essa desavença extremamente infantil. Minha mente dizia para aceitar essa futura conversa, mas meu orgulho falou mais alto.
-Agora você diz isso? – retruquei sarcástico. – Não acho que a essa altura adiante muita coisa. – disse fechando o cortinado com violência e deitando-me bruscamente na cama.
Tiago bufou de raiva e eu exibi um sorriso triunfante. Agora ele está sabendo o que foi, para mim, tentar falar com ele e só obter negativas como respostas...
Remo – Ele se esqueceu de que estava falando de Tiago Potter...
Não me recordo do que ocorrera a seguir. Acho que, de cansaço, adormeci por breves minutos até me ver pendurado de cabeça para baixo e a feição irritada de Tiago, ainda a segurar meu cortinado e com a varinha em punho.
-O que foi agora? Pirou, Potter? – disse irritado.
-Você também quer fazer isso, Sirius Black. E, se você se recusou a me ouvir, não tive outra alternativa a não ser tomar medidas drásticas. Se você usasse sua cabeça uma vez na vida... – ele sorriu marotamente. – A situação poderia estar inversa.
-Eu vou ouvir, mas isso não significa que eu deva me dar ao trabalho de responder.
-Sirius, pelo amor de Merlim, deixa de ser orgulhoso, pelo menos por hoje, ok?
-Ah, como se você também não fosse. – disse num grunhido. – Quer fazer o favor de me pôr no chão.
-Você vai me ouvir? – a voz dele soou ansiosa.
-Eu tenho outra escolha? – disse, derrotado.
Tiago fez um aceno de leve com a varinha e eu me vi sendo jogado de volta a minha adorada cama. Num gesto irritado, sentei lentamente nela e encarei Tiago com os olhos estreitados.
-Comece logo de uma vez que eu não tenho todo o tempo do mundo. – disse cruzando os braços calmamente. – E, se for mais um dos seus sermões, ou sessão “Sirius-Black-Traidor”, esqueça. Não perca seu tempo, e assim não perco o meu. Ok?
Tiago apenas suspirou em resposta e não disse mais nada.
-Não vai falar nada?
O moreno tornou a suspirar e abaixou o olhar levemente.
-Lílian Evans.
Franzi o cenho, extremamente confuso.
-O que é que a Lily tem a ver?
-Lílian Evans. – ele repetiu num murmúrio. – A razão de toda a minha raiva foi a Lily.
-Quê? – eu ri fracamente. – Não me faça rir, Potter. Você está brigado comigo, por causa... – o entendimento se fez presente, no que eu só fiz a única coisa que, naquele momento, era possível para mim: gargalhei gostosamente.
Tiago – Belo amigo ele, não?
Tiago não conseguiu esconder o seu ar de desagrado ao ouvir os meus risos, mas se limitou a me encarar com uma sobrancelha erguida.
-Você... você está com ciúmes! – falei entre risos. – Ciúmes! De mim e da Lily? Achou que eu estava trocando a sua amizade pela dela, Pontas? – completei, após a crise de risos. – Ou... – sorri marotamente. – a ruivinha finalmente te conquistou?
-CLARO QUE NÃO! – ele exclamou muito vermelho. – Eu só... Eu só... – ele bufou de raiva. – Ah, droga, eu nem mesmo sei.
-Ah, o Pontinhas está apaixonado! – disse num ar debochado. – O orgulho do papai!
-Sirius! – ele me repreendeu, no que eu ri descontroladamente. – Hey, não estávamos brigados?
-Estávamos? – indaguei, surpreso. – Você não propôs uma conversa?
Ele sorriu marotamente.
-Você não me pediu desculpas ainda... – ele disse de modo displicente.
-E o que te faz crer que eu vou me dar ao trabalho de fazer isso? – disse, rindo, jogando um travesseiro no rosto dele. – Mas, não corte o assunto. Você não está com ciúmes da Lily, está?
-Não é bem ciúmes... – Tiago apoiou o meu travesseiro nas pernas e descansou os cotovelos no mesmo, colocando a mão no queixo. – Não é ciúmes. Pense bem, Sirius. A Evans é a garota que eu quero sair desde...
-Sempre?
Ele revirou os olhos.
-Ah, cala essa boca. Desde quando eu a chamo para sair, eu venho recebido negações atrás de negações.
-Ou seja, belos foras...
-Quer parar de humilhar? – ele disse num resmungo, jogando o travesseiro de volta para mim.
-Certo, eu me calo. – suspirei resignado. – Mas, Pontas, entenda o meu lado... Há muito tempo que eu não te pirraço... – juntei as mãos e pisquei os olhos exageradamente e repetidas vezes. – Estava com saudades de te chamar de veado e afins...
Tiago fez uma careta com a boca.
-É cervo. – ele bufou de raiva. – Então, o caso foi esse. Eu há anos tento sair com a Evans. Já você... na primeira oportunidade conseguiu ser amigo dela! Isso é quase frustrante, sabia?
-Eu digo que isso é paixão.
-Não é paixão, muito menos amor. É apenas uma simples atração física, nada demais. Além de ser uma questão de...
-Honra, eu bem sei disso. Você fala isso sempre. – disse num revirar de olhos.
Nós ficamos em silêncio por alguns minutos, no que eu resolvi colocar o travesseiro de volta na cama e suspirar.
-Já vai dormir? – Tiago indagou, um tanto quanto curioso.
-Hum, só vou me deitar. Por quê?
-Não vamos comemorar? – Tiago exibiu um sorriso maroto.
-Ah, claro. – sorri da mesma maneira. – E o que faremos?
Tiago gargalhou gostosamente.
-O Ranhoso vai amar a volta da “dupla dinâmica”. – ele disse entre risos.
Passamos boa parte da noite bolando teorias malucas sobre o que poderíamos aprontar com o Ranhoso – que variava entre transforma-lo num morcego...
Tiago – Não que isso fosse fazer alguma diferença, afinal, ele já é praticamente um.
Lílian – TIAGO POTTER!
Tiago – Por que você sempre tem que defende-lo, Lily?
Sirius – Vocês dois não vão começar com essa história novamente, vão? Será que eu posso terminar de narrar?
...ou num flamingo, deixa-lo pendurado no lustre ou de cuecas no meio da abertura dos jogos de quadribol... –, e quando Remo e Pedro entraram no quarto, encontrou nós dois rindo de se acabar por imaginar Snape se declarando para a Mcgonnagal. Remo apenas revirou os olhos e murmurou um nítido “Mal eles fazem as pazes e já bolam novos planos”, e Pedro nos encheu de perguntas sobre o que faríamos dessa vez.
N/Sirius - Bem, aqui estou. Reduzido a notas finais... * indignado *
N/Harry - Você bem sabe o porquê, não é Sirius?
N/Autora - O Harry é o único que me entende... * suspira *
N/Harry - Mas, o que eu não entendo, é porque estamos escrevendo isso agora se, é bem provável que essas notas sejam mudadas ainda essa semana.
N/Autora - Você acha que o Sirius iria deixar passar uma chance de aparecer?
N/Harry - Hum... creio que não.
N/Sirius - * olha feio para Autora e para Harry * Eu estava nessa sozinho, primeiramente.
N/Harry - Eu não tenho culpa se você acabou me acordando...
N/Autora - Eu já estava aqui no pc e NÃO havia te dado permissão de toma-lo das minhas mãos.
N/Sirius - Er...
* risos *
N/Sirius - Mas, vamos ao que interessa, não?
Como puderam ver o resultado da votação anterior foi a que nunca saia e finalmente - bota um finalmente bem longo - saiu... O resultado da votação anterior ficou da seguinte maneira:
1 0pção – As pazes pós-incidente com o Ranhoso Snape. – 17 votos
2 Opção – Como cada um reagiu ao receber a carta de Hogwarts. – 6 votos
3 Opção – Como Remo e Pedro se juntaram à dupla dinâmica – 3 votos
N/Sirius - E agora, vamos às novas opções.
N/Harry - O nascimento da inimizade entre os marotos e o Ranhoso Snape.
N/Sirius - A reação de cada um ao receber a carta de Hogwarts.
N/Tiago - Um dia da minha amada ruivinha antes dela descobrir-se bruxa. Ou seja, o dia-a-dia na casa dos Evans.
N/Sirius - De onde ele saiu?
N/Harry - Da cama?
N/Sirius - Mas, para quê ele saiu?
N/Tiago - Você acha que eu perderia essa chance?
N/Sirius - Essa frase me é ligeiramente familiar...
* risos *
N/Autora - * suspira * Por falar em cama... a minha está me chamando... Vou me entregar aos braços de Morpheus.
N/Sirius - Por que não Sirius Black?
N/Autora - ...
N/Harry - Er, vocês já sabem do resto, não?
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