O Porta-Chaves
Naquela manhã ouviu-se um grito. Hermione despertou com o susto. Era Harry quem gritava. Parecia que sentia dor. Ela correu até ele e o sacudiu.
-Harry! Harry! Acorda!
Ela pode ver que Vítor não se encontrava na barraca, e Rony continuava dormindo como se nada tivesse acontecido. Harry começava a abrir os olhos.
-O que houve? Por que você gritou Harry?
-Eu tive uma daquelas visões com Voldemort...
-O que eu te disse sobre não deixar que isso acontecesse?
Harry lançou um olhar de desprezo a Hermione, levantou-se e lavou a cara no banheiro que tinha dentro da barraca. Depois voltou.
-Você acha que é fácil pra mim?
-Harry, você tem que entender!
Hermione não percebeu no mesmo instante, mas viu que Harry parecia se segurar para não chorar.
-O que houve Harry?
-Ele matou a Cho... respondeu Harry com uma voz trêmula.
-Ah Harry! Eu sinto muito...
-Ele a matou porque soube pelo Draco, que ela foi minha namorada... Achou que ela poderia saber de alguma coisa... E se ele for atrás de Gina? A Gina... N-não...
Harry sentou-se no chão, e abraçou os joelhos. Lágrimas grossas rolavam por sua face. Hermione não agüentou, e se aproximou dele, se ajoelhando no chão e o abraçando. Ainda com os braços em volta do pescoço dele, ela ouviu um muxoxo alto.
-O que é isso? O que está acontecendo entre vocês dois?
Era Rony, que agora estava sentado em cima do beliche e tinha uma cara muito descontente.
-Rony! – repreendeu Hermione. – Harry viu Voldemort matar Cho...
A cara de espanto e choque de Rony fez Hermione pensar que ele imaginava que podia ter sido sua irmã. Ele pulou do beliche.
-Cara... Eu sinto muito... V-você n-não acha que ele vai tentar pegar Gina? A-acha?
Harry levantou-se e se desviou das mãos de Hermione. Sua expressão era de fúria.
-SE ELE TENTAR, ELE MORRE NA MESMA HORA!
O grito dele foi tão cheio de dor, que Hermione começou a chorar. Ela sentia ódio de si mesma de ser tão fraca. Mas e a morte de Cho? Aquilo era horrível! Ah, se ela pudesse fazer alguma coisa.
Os três amigos permaneceram sentados dentro da barraca, em silêncio, por um longo tempo. Hermione notou que a claridade da tenda, causada pelo sol, ficava cada vez mais alta. Seus olhos já estavam inchados. Harry não chorou mais do que aquilo na sua frente antes de Rony acordar, agora ele estava estranhamente calmo, mas seu olhar era vago. Ela gostaria muito de saber o que ele estava planejando fazer.
Quando Vítor chegou, foi que os três notaram que ele estava ausente.
-O Almoço está pronto! Comprei carne numa cidade que fica aqui perto, e não se preocupem que eu fui com minha vassoura. Eu não aparatei. Fiz uma fogueira, e já assei a carne, lá perto da água, é onde o dragão está agora.
Foi então que Hermione olhou nos olhos de Vítor, ela queria um abraço dele. Os abraços de Krum eram bons. Seria realmente reconfortante, Rony parecia muito apavorado com a idéia de sua irmã poder ser capturada, ela achou que seria improvável que ele pudesse confortá-la, e ela não sabia como fazê-lo, como abraçá-lo.
-Mas que cara de enterro é essa? Morreu alguém? – perguntou Vítor na brincadeira.
-Lembra da Cho? Aquela que foi par do Cedrico no baile do Torneio Tribruxo?
-Sim.
-Ela foi morta por Voldemort.
Krum pareceu realmente chocado com o que Hermione disse.
-Em Hogwarts?
-Não, ela foi morta em Hogsmeade.
Era a primeira vez que Harry falava, desde que gritara.
-E o que ela estava fazendo lá, Harry? – quis saber Hermione.
-Ela parecia estar esperando alguém.
-Mas quem você acha que era Harry?
-Mione, Voldemort, em seus pensamentos, disse que ela era tola, que eu nunca marcaria um encontro com ela em Hogsmeade...
-Oh céus!
Hermione não soube mais o que dizer. Aquilo tudo era muito estranho. Cho provavelmente ainda sentia algo pelo Harry, e acreditou numa aparentemente inocente carta que dizia que Harry a queria ver.
-Quem será que mandou a carta? – perguntou ela.
-Pois eu digo pra vocês – falou Rony em alto e bom som. – Foi o canalha do Draco! Se foi ele que contou sobre Cho e Harry, ele que mandou a carta.
Rony estava certo. Draco era a única pessoa que tinha contato com Hogwarts. Devia estar estudando lá ainda. Aquilo era repugnante aos ouvidos de Hermione. Ela saiu da barraca, precisava de ar puro. Rony veio atrás.
-Eu vou ver Saki. Quer vir comigo?
-Não, eu vou ficar bem.
Ela viu Rony se afastar em direção ao riacho. Mais uma vez lágrimas escorreram por sua face, mas dessa vez era por Rony. E se Voldemort ainda vivesse por anos? Quando poderia ela ficar perto de Rony sem se preocupar com mais nada? E como se o destino parecia lhe reservar a morte? Ela deixou as lágrimas amargas rolarem. Depois que tomasse algumas decisões sobre o que fazer, se sentiria melhor. Agora era apenas deixar a dor passar.
Rony estava sentido vontade de vomitar de arrependimento. Acordou, e viu Harry e Hermione tão próximos, como se eles fossem se beijar. Sentiu uma pontada no estômago de descontentamento com os dois amigos, e vontade de pegar sua mochila, e ir embora no mesmo instante. Então o choque. Cho tinha acabado de ser morta por Voldemort, Harry acabara de ter uma de suas visões. A primeira coisa que veio à mente de Rony, depois do alívio em saber que Harry e Mione não iam se beijar, foi sua irmã. Mas cometera mais um erro quando perguntou ao melhor amigo sobre a possibilidade de Voldemort atacar Gina.
Harry estava mal com a morte da Cho, afinal de contas ela já tinha sido sua namorada, e morrera por sua culpa. Colocar nos ombros de Harry a segurança de Gina, só deixaria ele menos racional, e mais instintivo para a batalha contra Voldemort. E Rony não sabia se isso era pior ou melhor.
Hermione chorando foi como uma faca cortando o peito de Rony. E se Voldemort pegasse ela também? Ele tinha vontade de gritar o mesmo que Harry: “Se ele tentar, ele morre na mesma hora!” Só a dor do medo da perda já era insuportável.
Aproximou-se de Saki.
-Mataram uma amiga nossa – disse para o Dragão.
-Quem? Não foi a garota bonita que anda com vocês, foi?
O coração de Rony pulou, como se por um segundo ele acreditasse que tinha sido.
-Não! Graças a Merlim!
-Quem morreu então?
-Cho.
-Cho?
-Uma garota de Hogwarts, que eu não tinha muito contato. Mas Harry teve, era sua antiga namorada.
-E você está com medo pela sua irmã, não está?
-Como você sabe?
-Acho que leio seus pensamentos. Mas não sei explicar como.
-Bem... Eu estou, Harry e ela namoraram, e os dois se gostam muito. Mas ele acabou com ela para protegê-la, mas isso não me parece suficiente. E eu não quero culpar meu melhor amigo. Só queria acabar logo com essas horcruxes e me ver livre de Voldemort.
-Acho que seu amigo Harry deseja isso mais do que ninguém, e nós devemos ajudá-lo. Não tenha sentimentos ruins para com seu amigo mais querido, nem ciúmes de Hermione.
-Você está certo.
Rony, esperou Krum, Hermione e Harry chegarem, para almoçarem juntos. Pela tarde discutiriam um plano, tinha dito Hermione antes de servir-se. Após o almoço já estavam todos na barraca novamente, quando Harry começou.
-Não quero esperar nenhum segundo a mais. Há um medalhão para ser encontrado.
Krum polia sua vassoura enquanto Hermione puxava Harry para um canto.
-Precisamos destruir o espelho! – disse num som inaudível.
-Eu já tentei vários feitiços, e nenhum funcionou.
Rony que ouvia a conversa, resolveu falar o que sabia, aquilo que Saki tinha lhe dito.
-Não vai funcionar feitiço de varinha nenhum! Eu acho que é o espelho que se protege sozinho, não é nenhum feitiço que colocaram nele.
-Isso até faz sentido – disse Hermione.
Harry parecia impaciente.
-Bem isso não vem ao caso agora, temos que parecer convincentes para Krum, devemos ficar com o espelho intacto por enquanto, eu cobri ele com uma meia velha dos Durleys. Vemos isso depois. Acho que precisamos ir até Hogsmeade. Quem sabe podemos arranjar uma informação sobre Voldemort, e também alguém precisa falar com ele – Harry balançou a cabeça em direção de Krum – e descobrir algo sobre Voldemort.
-Eu infelizmente acho, que só Hermione pode fazer isso – disse Rony, mas não pode evitar ver a surpresa de Hermione se transformar em admiração.
-Ok! Eu vou falar com ele. Vou pedir ajuda para pegar peixes no riacho, e aproveito e falo com Vítor sobre Karkaroff.
Minutos mais tarde, Krum e Hermione saíram juntos.
Usava um vestido azul claro até os joelhos, pois se sentia um pouco livre naquela tarde. O lugar era deserto e sobre o feitiço Protego estavam seguros, ela e seus amigos. Vítor ficou calado o percurso inteiro até o riacho, o dragão dormia perto da barraca agora, na sombra que era projetada por ela. Apesar do inverno estar se aproximando, o sol estava um pouco forte naquela região. Quando já tinham se distanciado o suficiente da barraca, Hermione percebeu que Vítor tentava falar, mas mudava de idéia a cada nova tentativa. Ela não deu bola, ele sempre foi assim, quieto demais.
-Bem... Eu pedi sua ajuda Vítor, porque na verdade queria falar com você.
Ele a olhou com surpresa. Seu rosto bonito e rústico a fez lembrar do baile. Ele fora gentil com ela em todo tempo que esteve em Hogwarts, e enquanto eles se correspondiam também. Mas quando ela resolveu aceitar que gostava mesmo do infantil do Rony, ela achou melhor parar com a correspondência entre eles. Vítor aceitara numa boa.
-Por acaso você quer falar de nós dois Hermione? – Krum perguntou duvidoso.
-Não – Hermione riu. – Deixa-me dizer pra você, antes de qualquer coisa... Eu agora... Hum... Eu gosto do Rony, e isso já não é segredo pra ninguém, eu acho... Mas enfim, não é dele que quero falar.
Ela o encarou. A expressão dele era séria, parecia compenetrado em algum pensamento.
-Eu quero saber se alguma vez você e Karkaroff falaram sobre Você-Sabe-Quem?
-Por que você quer saber isso?
-Creio que sim não é? Se não você não me perguntaria o porque, nesse tom acuado. O que vocês conversaram?
-Apenas uma vez... Sobre a participação dele como comensal da morte, ele só me disse que se arrependia. Só isso.
Hermione achou estranho, mas resolveu não perguntar mais nada. Sabia que ele não ia falar, nem a ela, e nem a ninguém, não por enquanto. Após pegarem os peixes para o jantar, usando feitiços convocatórios, voltaram ao acampamento. Logo mais, após Vítor dormir ela chamou pelo outros.
-O quê??? Ele não disse mais nada? Não pode ser! Você não usou nem um pouquinho desse seu charme, não? – perguntou Rony em tom de zomba e incrédulo.
Hermione riu do que ele disse, e os dois se olharam. Harry mais uma vez se sentiu deslocado. Se pelo mesmo Gina estivesse ali, ele não se importaria com aquelas cenas bobas.
- Deixa o Krum pra lá! – disse Harry impaciente. – Vamos para Hogsmeade amanhã de manhã mesmo! Se Voldemort estava lá, alguma coisa estava procurando, não podia ter se arriscado tanto, enquanto a Ordem toda está alerta com os acontecimentos em Hogwarts, pelo o que eu vi, ele nem sequer levava comensais. Era ele e Cho apenas... Ela nem pode se defender... – falou com amargura na voz. Mas continuou. – O vilarejo estava deserto. Ele perguntou para ela diversas vezes sobre meu paradeiro, e a matou só porque ela não soube responder, depois seguiu para uma rua cheia de árvores, e eu não suportei a dor de ver Cho ser assassinada, por isso não vi mais nada...
Hermione se penalizou de Harry, Rony lhe deu palmadinhas nas costas.
-Harry? Você por acaso não está querendo ver Gina? Está? É perigoso que ela saia do castelo. – Hermione tentou dizer aquilo com cuidado.
-Você acha que sou maluco Mione? Eu não vou arriscar a vida dela assim! Eu disse que acho que Voldemort esconde algo em Hogsmeade. Não chegarei perto do castelo, isso é impossível agora e eu não quero – Finalizou Harry passando as mãos pelo cabelo.
Os três foram dormir no minuto seguinte. A jornada do próximo dia seria longa. O plano era basicamente sempre deixar Krum como o estrangeiro visitante, enquanto eles se escondessem sobre a capa da invisibilidade de Harry, que deixava seus pés a mostra, mas isso para Hermione era fácil. Ela sabia deixá-los invisível por algumas horas com o feitiço Ilusório, que na verdade fazia com que seus pés fossem como um camaleão, se transformando de acordo com cada ambiente pisado. Todos dormiram bem naquela noite.
Hogsmeade estava realmente deserta, como Harry tinha dito no dia anterior. Rony pisava naquele chão, com receio, estavam Hermione, Harry, e ele, sob a capa de invisibilidade. Krum seguia a frente, tranqüilo, como se fosse um mero estrangeiro procurando abrigo para ficar. Todos entraram no Três Vassouras.
-Olá! Mas vejam é Vítor Krum!
O garçom do bar fez com que as poucas pessoas lá dentro olhassem, admiradas, para o apanhador mais famoso do mundo bruxo.
Krum levou algumas palmadinhas nas costas, e uma garota da idade de Hermione pediu um autógrafo, mas não parecia tão animada como os demais. Rony fez uma cara de pouco caso, e Hermione jogou um olhar furtivo a garota e um de relance ao autógrafo.
-Mas o que faz aqui em Hogsmeade? Não ficou sabendo que os estrangeiros devem permanecer o mais longe possível dessas bandas? Dizem que Você-Sabe-Quem está de volta ao poder, e até mesmo já tomou o Ministério da Magia. Sem Dumbledore a coisa ficou difícil... – ia dizendo o garçom do bar, com uma cara que misturava pavor com ansiedade.
-Mataram uma ex-aluna de Hogwarts aqui no vilarejo, ontem de manhã. Eles não sabem, na verdade dizem que não sabem, quem foi que matou. Mas acho que foi o próprio – disse.
-Era minha amiga.
Agora Rony reconhecia aquele rosto. A garota que pedira o autógrafo a Krum era a melhor amiga de Cho Chang. Ele viu que a mesma coisa passava pela cabeça de Harry apenas com a expressão do rosto de seu amigo. Ele não queria estar na pele dele, Harry passava a mão pela garganta, como se pudesse tirar a provável queimação que devia estar sentindo.
-Preciso de um lugar para ficar – começou Krum.
-Mas seu time não tem um jogo importante daqui alguns dias, decisão de temporada, não?
Krum ficou perplexo. Os três, sob a capa, andaram até ele, e bateram em suas costas. Ao sentir as mãos, ele voltou a falar.
-Ah... Sim. Mas como você disse, com Você-Sabe-Quem de volta ao poder, fica difícil jogar como se nada tivesse acontecido.
Krum forçou um rosto de tristeza, nada convincente ao ver de Rony. Após de ele beber uma cerveja amanteigada, enquanto eles três esperavam em pé tomando cuidado para não serem atingidos com algum encontrão, os quatros saíram do bar. Dirigiram-se até o portão da Casa dos Gritos.
Hermione saiu da capa, seguida por Rony, Harry permaneceu embaixo dela, ele não podia ser visto, e além do mais, seus olhos ardiam, ele queria chorar, mas não queria que o vissem chorando.
-Então eles acreditam que Voldemort está de volta ao poder! Isso é muito bom Harry!
Hermione falou olhando para um lugar onde aparentemente não havia nada. Harry tirou o capuz e apenas sua cabeça apareceu.
-Alguma coisa boa no meio disso tudo – ele olhou para o castelo, dava para ver as torres ao longe. Gina poderia estar em uma aula de Defesa das artes das trevas naquele momento, apenas lendo a teoria, com raiva de Harry por ter deixado ela para trás. Mas era necessário. Era seguro para ela lá. Pelo menos era o que ele achava.
Rony o viu com aquela cara de preocupado e se adiantou na frente de Hermione.
-Não podemos ver a Gina, Harry, eu também queria vê-la, afinal é minha irmã... Mas não dá.
-Eu sei Rony...
Rony olhou para trás e viu Hermione com o olhar vidrado na Casa dos Gritos.
-O que foi Mione?
-Eu... Eu acho que minha pesquisa sobre o R.A.B... Eu acho... Os marotos...
-Você não tá falando coisa com coisa Hermione...
Mas ela não deu bola para Rony, e se virou para Harry.
-Harry, como você disse se chamar o irmão do Sirius, quando me disse sobre sua participação nos Comensais da Morte?
-Régulos Arcturos, por quê?
-Eu estava lembrando da história dos marotos, do que passamos aqui, quando achávamos que Sirius era o assassino... E então... Estava tudo claro desde o início Harry. Nós só não tínhamos percebido...
-Do que você está falando Hermione? – quis saber Harry.
-Régulos Arcturos Black, Harry! R.A.B.! O irmão do Sirius! Ele era um comensal, por algum motivo ele trocou os medalhões!
-Ele deve ter se arrependido quando percebeu quem realmente era Voldemort – opinou Rony.
-É a hipótese mais provável – concluiu Harry, que tirou o resto da capa, e se escondeu sobre a sombra de uma árvore, sentando-se no chão, com a capa na mão para qualquer eventualidade.
Quando Harry fez isso, ele notou que Krum os observava em silêncio, com muita curiosidade. Harry achou que a conversa não os tinha dedado, mas quase.
-Estávamos falando que o irmão de Sirius Black tentou roubar o medalhão, ele queria destruir Voldemort – explicou Harry a Krum, que assentiu.
Rony olhou para Hermione que de novo estava vidrada na casa.
-Vamos entrar!
-Pra quê? – quis saber Rony.
-Pode haver uma pista do que queremos. Sirius era um maroto, e era irmão do R.A.B. Vamos!
Harry se levantou entrou debaixo da capa, e jogou-a em cima de Hermione. Rony entrou depois. Pediram para Krum esperar ali, enquanto eles adentravam o pátio. A casa estava toda lacrada, eles tentariam achar um jeito de entrar, sem precisar ir para Hogwarts, havia muitos dementadores lá, e Harry queria evitá-los. Krum permaneceu ali, com as ordens de dizer que passeava para pegar um ar, caso alguém passasse e lhe perguntasse.
Ao chegarem perto da casa, foi como Rony imaginara, nem mesmo o feitiço Alohomorra funcionava nas portas e janelas cobertas de tábuas. Harry os puxou para andar em volta da casa.
Hermione deu um grito abafado e agudo.
-O que foi?
-Rony, Harry... Olhem!
Embaixo do pé de Harry havia uma folha dourada.
-O que tem? – perguntou Rony.
-Olhem embaixo daquelas plantas!
Havia mais uma folha dourada, e ao lado havia uma caixa branca, lacrada.
-Essas caixas acompanham duas folhas douradas... São chamadas de caixas de vento, não se pode guardar nada nelas... – disse Hermione.
-Então qual é a serventia de uma caixa que não guarda nada? – perguntou Rony com sarcasmo.
-Esconder um segredo do paradeiro de um objeto, e para abrir uma caixa como essa é preciso saber fazer uma folha normal ficar dourada – explicou Hermione.
-Estamos perdidos! – Rony bateu em sua própria testa inconformado.
-Eu posso tentar...
Hermione pegou uma folha quase seca do chão, e disse:
-Douros de Ouros! – apontou sua varinha na folha, e então para alegria dos outros dois ela ficou dourada. Abriram a caixa rapidamente e uma mensagem falada saiu dela.
-Vou falar apenas uma vez e baixinho, esse que é o meu segredinho: No tempo está a resposta.
A voz que saia da caixa parou.
-Só isso?
-Sim Rony! Precisamos achar a resposta agora.
-Acho que já sei Hermione! – disse Harry. – Enquanto nós andávamos, eu pisei em cima de um relógio velho, desses de parede. E a frase dizia... “No tempo está a resposta”...
-Muito bem Harry! – exclamou Hermione radiante.
Quando chegaram ao relógio, Harry o pegou, ele era muito velho, não tinha ponteiros, e era feito de metal.
-Alohomorra!
A parte onde deveria estar as pilhas se abriu magicamente, e de dentro caiu um molho de chaves.
-Grande coisa, um molho de chaves! O que vamos fazer com isso? Abrir uma casa cheia de madeiras pregadas nas portas e janelas? – perguntou Rony com ironia.
-Não Rony! Não viu o chaveiro?
Harry segurava o porta chaves fixamente nas mãos, Rony teve que pegar dele para poder ver. Era um medalhão...
-Espera aí! Isso não é...?
-Claro que é! – respondeu Harry na maior felicidade.
-Então a Mione estava certa sobre o R.A.B ser o irmão de Sirius?
-Sim, e parece que ele deixou aqui, porque seria o último lugar que Voldemort procuraria caso desse falta do verdadeiro medalhão...
-Exatamente Harry, porque ninguém procuraria numa casa abandona e foi uma maneira de ele dizer, não com palavras, mas com gestos que queria ser perdoado pelo irmão Sirius, porque ele provavelmente soube que esse lugar tinha virado um esconderijo do Black expulso da família. Aposto que foi morto pelo próprio Voldemort, tentando matá-lo.
-É, foi o que Sirius me disse, que Voldemort deve ter se sentindo traído, e que o matou quando Régulos não quis mais participar dos Comensais – disse Harry a Hermione.
-O que vamos fazer com o medalhão? – quis saber Rony.
-Devemos guardá-lo – respondeu Hermione. – Pelo menos até achar um jeito de destruí-lo.
Os três voltaram para onde estava Krum, e depois saíram de Hogsmeade, sem nem deixar pistas. O povo do vilarejo mal reparou na saída do estrangeiro Vítor Krum. Estavam ainda assombrados pela morte da menina Cho Chang. Não eram apenas eles, Harry também estava. O medo por Gina só crescia em seu peito. Olhou para o castelo por uma última vez, antes de Hermione montar em Saki que estava num terreno longe, mas onde ainda se podia ver as pontas das torres de Hogwarts. Novamente voaram todos, até o ultimo a desaparecer ser o nosso querido dragão.
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