Enjoy the Silence
Enjoy the Silence
Lá estava ele do meu lado. Silêncio. Só Merlin sabe o quanto eu odeio quando Remus faz isso. O silêncio, às vezes é tão vago e eu fico extremamente curiosa quanto a ele.
E quanto à Remus.
Aqui estamos nós em uma das folgas da Ordem, tentando relaxar do mundo em que vivemos. Nesse lugar bastante silencioso e distante, pouca gente passa por aqui, um campo verde e convidativo para um belo piquenique. Mas, não viemos para isso.
Remus estava lá perdido nos próprios pensamentos. E eu? Eu fico com o olhar perdido. Presa a ele. Seus cabelos castanhos esparramados no chão, a cabeça apoiada nas mãos e os olhos, também castanhos, perdidos na imensidão do céu azul daquela tarde.
Uma coisa é certa. Eu daria quantos galeões fossem precisos pra saber no que ele está pensando. Mas, como eu sei que pensamento não se compra a minha única saída é continuar o observando.
Faz algum tempo já que estamos juntos. Mas... Será que estamos?
Minha vez de olhar para o céu para pensar... Estaria eu, aderindo ao silêncio?
É, talvez. Infelizmente.
Voltando ao pensamento. Eu não saberia dizer o nome dela. Sim, da relação. Se é que ela teria um nome.
Bem, na verdade... Eu e Remus nunca falamos sobre isso. Remus nunca fala sobre isso. Será que ele foge porque não me ama?
Insegurança. É sempre assim que eu fico quando penso na gente.
É. Realmente eu não gosto do silêncio. Resultado dele: Eu penso, logo, fico insegura. Isso parece de algum filósofo que eu ouvi em algum lugar. Mas, não importa agora.
O que importa é o que eu estou pensando, e o que eu estou pensando agora é que... Isso é tão estranho.
O silêncio está me fazendo admitir que... Que...
Beleza, eu admito que já o amo. Pode parecer idiota, mas... O que eu faço se esse lobinho já me conquistou? Lobinho? É. Eu estou mesmo apaixonada pelo lobinho.
E... Remus não fala nada.
E... Os grilos reinam por aqui. Daqui a pouco eu poderei ouvir o som do “Cri, cri, cri”. Como nos desenhos animados e, bom... Deixa pra lá. Eu tenho pensamentos bem, eu digo bem malucos, às vezes. E ninguém entende. Vai entender, não é?
Remus? É claro que ele não vai me ouvir. Porque pensando bem, eu estou pensando e não falando.
E eu estou chegando à conclusão de que Remus esqueceu que eu ainda estou aqui. Mas ele poderia estar pensando em mim.
Sim, eu sou uma pessoa extremamente curiosa, e quando o assunto trata-se de “Remus Lupin e seus segredos Lupinos” eu me sinto mais curiosa ainda. Remus às vezes é tão misterioso. Isso me gera curiosidade, porque põe Lobo reservado esse.
Eu preciso dizer alguma coisa. Agora!
Mas, com o lobinho ali, tão quieto e se eu começar a falar, assim do nada, ele vai pensar que eu sou maluca ou algo assim. Se é que ele já não pensa isso. Merlin do céu! Será que eu aparento ser tão maluca assim?
Isso é tão destoante de Remus. Parece até como uma tempestade em um dia calmo. Eu = Tempestade. Remus = Dia calmo.
Completamente opostos.
Opostos que se atraem, porque “Os opostos se atraem”. Isso! Nós nos unimos. Nossa diferença nos uniu e nós nos completamos. Isso é tão lindo e eu pareço uma bobona apaixonada.
Eu estou completa e totalmente boba e apaixonada. Por ele.
Eu volto a encará-lo e lá está ele e o silêncio. O que você está pensando?
-O mundo pelos seus pensamentos, Remus.
Opa, má idéia Dona Tonks, acabou despertando ele. Bom, pelo menos o silêncio já era. Ponto pra mim!
-O que é, Nymphadora? – você diz virando o rosto lentamente para me encarar parecendo sair de seus devaneios.
Mais um pequeno detalhe: REMUS LUPIN, eu ODEIO ser chamada assim! Acho que você não entendeu ainda.
-Remus, é Tonks. – eu retruco de cara emburrada. Eu acho que você faz isso pra me irritar.
-Desculpe. O que você ia falar Nym... Tonks?
-Você realmente gosta disso, não? – eu pergunto e Remus fica sem entender. –Do silêncio. –eu completei e ele pareceu entender enquanto sentava-se. Eu faço o mesmo cruzando as pernas esticadas e me apoiando com as mãos na grama.
-Penso que sim. – ele respondeu simplesmente.
-Pois eu não. – eu falei cruzando os braços. –Faz horas que estamos aqui e você não diz nada.
-Desculpe. – ele disse.
-Tudo bem. Eu esqueço que quase virei um vegetal. – eu estou sempre fazendo piadinhas sem graça, mas o Remus sempre ri e foi o que ele fez. São nessas horas que parece que um pouco da escuridão e da barreira que ele carrega consigo, desaparece por alguns momentos.
-Sobre o que você quer falar, Tonks? – ele me pergunta um tanto receoso.
-Sobre nós? – vejo pela expressão dele que sabia que eu ia dizer isso.
-Tonks... Eu acho que... – você responde e eu sei que quer fugir disso outra vez. Mas eu não suporto mais o seu silêncio.
-Uma hora você vai ter que falar alguma coisa, Remus! – eu digo o olhando irritada. –Se você não sente por mim o mesmo que eu sinto por você, me diz agora que eu levanto e saio daqui de uma vez.
-Não complique as coisas. – ele diz como se a culpa fosse minha. –Você sabe que...
-Não. Eu não sei! – eu digo irritada já gritando. –Só você que sabe! Sabe que eu amo você!
Ó céus! Novamente minha boca falando mais alto que o meu cérebro, eu não penso no que dizer. Nunca penso. Perfeito, o estrago tá feito!
-Nymphadora, não diga isso. – Remus responde como se nunca tivesse me visto na vida. Certo, eu sou um alienígena!
-Agora é tarde e eu já disse. – eu falei sem encará-lo. –E não retiro nenhuma palavra.
-Está bem. – depois de eu me declarar pra você, é isso que eu recebo?
-Você só diz isso? – eu o olho incrédula. –Não finja que não está vendo pelo que nós estamos passando, Remus! Ou nós temos alguma coisa ou não. Nós temos?
-Acho que sim.
-Como assim? Eu não acredito que...
-Tonks? – eu NÃO estou ouvindo!
-... Você acha normal duas pessoas se beijando por aí, como nós e...
-Tonks?
-... Você acha que não temos nada, sentimento nenhum e...
-NYMPHADORA!
-O QUE? – eu pergunto irritada por ele me interromper.
-Eu acho que tenho alguma coisa. – ele disse deitando-se e encarando o céu azul.
Ótimo. Tudo de novo: Silêncio, silêncio, silêncio...
-Eu diria que você tem uma cabeça de vento ou que você é muito tapado, lobinho. – eu falo observando-o.
-Tonks, sinta isso. – ele disse indicando para que eu deitasse ali com ele.
-Ótimo, vamos ficar aqui vegetando e fingindo que nada aconteceu. – eu falo deitando ao lado dele de braços cruzados. Mas, afinal... Sentir o que?
-Remus, o que... – eu pergunto, mas antes disso eu sinto o toque quente da sua mão segurando a minha e colocando-a em seu peito em que eu pude sentir seu coração bater rápido, tanto quanto o meu quando estou com você.
Remus passa um braço em volta de meu pescoço fazendo com que eu deitasse sobre seu ombro. E ficamos ali com o silêncio nos invadindo e as batidas do seu e do meu coração cada vez mais forte.
-Sabe o que dizem sobre o silêncio? – Remus fala quebrando o silêncio. –Ele pode significar muitas coisas se você souber "ouvi-lo".
-Acho que aprendi, então. – eu respondi sorrindo o encarando nos olhos, cada vez mais perto, se é que era possível. Até que você me beijou e sinceramente Remus, eu não acho que não sinta nada. Você sempre entrega o jogo e não é preciso palavras.
E é nessa hora que descubro que talvez eu realmente goste do silêncio. Ele pode significar muito mais do que palavras. Se você souber como ouví-lo.
Assim como as batidas de seu coração que diziam:
Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Eu decifrei o seu silêncio.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!