Igreja Negra
Estava escuro, havia corpos pelas ruas e bruxos duelando. O céu estava negro como a alma de muitos dali. Estavam nos perseguindo por uma rua sem saídas. Os Comensais nos atacavam sem mira, muitas vezes atingindo os próprios colegas. O nosso grupo era composto por mim, Draco, Mione, Harry e Rony. Os três ficaram para trás, lutando pela própria vida.
Draco e eu continuamos a correr, até que chegamos a alguns passos de uma igreja e fomos obrigados a ficar cara-a-cara com os comensais. Draco atacou o primeiro, e este caiu em seguida. O outro, com olhar de ódio, queria vingar o amigo. Então ele apontou a varinha para mim e, decidindo me matar primeiro, para depois pegar Draco, gritou ‘Sexsutempra’. Draco entrou na minha frente, recebendo o feitiço por mim. O Comensal fugiu e eu caí de joelhos, chorando. Eu via Draco, com cortes profundos e não conseguindo respirar. Com esforço ele disse:
- Gina, me beije. – Draco estava sangrando, e parecia prever o fim.
- Que? Draco!
- Por favor... Sei que não vou agüentar muito tempo...
- Não... Eu não posso... O que você está dizendo?
- Eu estou morrendo, eu sinto... – Draco disse com muita dificuldade, mas olhando-a nos olhos. – Me leve... Pra algum lugar... Me tire daqui...
Eu o pequei nos braços e o levei para dentro da igreja, perto do altar.
- Você vai ficar bem, eu sei...
- Não Gina, eu sei... Sei que vou morrer. – Draco sugou o ar sedento por respirar.
- Draco! Draco, não me deixe. – eu disse segurando em sua mão.
Draco, em um último suspiro, aperta a minha mão, e diz rouco:
- Gina, eu te amo... – após dizê-lo uma lagrima escorre em seu rosto ensangüentado e ele, sem parar de olhar fundo dos meus olhos, morreu.
Eu estava lá, com seu corpo em meus braços. Já se formava uma poça de sangue ao nosso redor. Eu estava desesperada. Ele me pediu um beijo, e eu não tive coragem de beijá-lo. Eu me sentia um monstro, um ser sem coração, sem alma. Eu também o amava, mas não havia dito nada. Ele havia morrido sem saber o quanto eu o amava, o que eu faria por salva-lo. Mas agora eu estava ali, vendo-o desaparecer em meus braços. Os cortes já desfiguravam seu rosto e eu não podia fazer mais nada.
Ele havia morrido para me salvar, havia morrido por mim. E eu? O que fiz por ele? Nada. Deixei-o morrer e nem ao menos tive coragem de beijá-lo. Agora minha vida já não tinha mais sentido. Se eu não podia viver ao lado dele, não queria mais viver.
- Draco, eu te amo! Você não podia ter morrido, eu que deveria. Eu sou um monstro, uma coisa sem alma... Pela primeira vez, vou fazer algo que preste, algo certo, algo que quero, algo por você. – eu dizia palavras que me matavam por dentro.
Chorando, com as mãos e vestes ensangüentadas, peguei a varinha e murmurei ‘Sexsutempra’. Queria morrer por ele, exatamente como ele fez por mim.
Sentia que aos poucos os cortes se aprofundavam, eram como facas entrando pelo meu corpo. Queria sofrer por ele, como ele sofreu por mim.
Fazia força para continuar a segurar sua mão. Queria morrer abraçada a ele. Minha expressão não era de dor, era de tristeza e um pouco de alegria também. Estava triste por ter perdido Draco, mas feliz por que ia reencontrá-lo.
Estava morrendo, e não era uma sensação muito ruim. Era ate agradável, por assim dizer. A igreja estava fria e silenciosa, e de lá não se escutava o barulho da guerra. Nossos sangues se misturavam e escorriam escada abaixo.
Percebi que a dor não me incomodava mais, ela não existia mais. Então ouvi:
- Gina.
Virei o rosto para ver de onde vinha a voz, e para minha surpresa, eu consegui me levantar. Olhei para o chão e vi a poça de sangue, vi meu corpo e o do Draco. Olhei minhas mãos: não estavam mais ensangüentadas, estavam... transparentes. Minhas vestes haviam mudado: a roupa da guerra havia sido substituída por um vestido branco, longo.
Olhei para o lado e vi Draco, flutuando ao meu lado, acima da poça de sangue. Ele estava lindo: as roupas que estava vestindo eram brancas e havia uma capa por cima.
- Me dê as mãos. – Draco disse com a voz serena, como não falava a muito tempo. Sua mão estava estendida, como se pedindo para eu segura-la.
Segurei as mãos dele e ele me puxou para perto. Andar ali era estranho, como se estivesse andando em lugar nenhum. Por mais estranho que pareça, ele me beijou. Foi um beijo mágico, diferente dos outros... Perfeito, único. Singelo e arrasador.
Comecei a me sentir quente, mas apenas onde Draco me tocava. Ele também percebeu isso, pois me soltou. Achei que o calor passaria, que tudo ficaria frio novamente, mas não, ele só aumentou, crescendo em meu peito.
Ao olhar para a mancha de sangue, vi-a ficar negra, infestando a igreja. Aos poucos o chão e as paredes se enegreceram, ficando frias e emitindo uma sensação ruim, de perda, abandono, solidão; as flores, que ali estavam, ficaram murchas e negras, elas sentiam o ambiente, como estava ali. Estava frio. Mas nossos corações, quentes como jamais.
Era como se a igreja sentisse a dor vivida ali e quisesse abrir os olhos e testemunhar tudo aquilo. Como se quisesse ser uma prova viva disso, para que todos pudessem ver.
O silencio era pesado. Tudo ali emanava uma sensação estranha de perda. Nós observávamos tudo. De repente, olhamos para a parede do fundo da igreja, e vimos uma luz.
- Talvez seja essa a luz no fim do túnel, de que todos falam – disse Draco, segurando minha mão e indo ao encontro da luz.
Fui com ele, sem medo. Sabia que ao lado dele, eu não corria perigo. Ao atravessar a luz, olhei para trás e vi uma cena um tanto quanto estranha e sinistra.
Os vidros explodiram. Olhei para fora: a guerra continuava. A porta bateu com total força, fazendo a igreja estremecer. Entrei na luz e , daquele dia em diante, todos que entravam naquela igreja, que continuava com aquela imagem fria, sentiam uma estranha sensação de perda, de angustia. Há quem diga que se fixar o olhar, verá duas pessoas entrando na parede de mãos dadas, caminhando sobre uma mancha de sangue, que até hoje não desapareceu. Acho que somos nós andando por ali... Ou melhor, tenho certeza que somos nós. Chamam aquele lugar de Igreja Negra...
Eu agora estou aqui, de mãos dadas ao meu amor, do outro lado da vida.
~*~
N/A: Uma fic escrita graças a colaboração das minhas duas melhores Micas*, escrita em um quarto negro, com pensamentos negros... Em uma tarde fria e chuvosa...
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