Capítulo único
Era dia sete de agosto de mil novecentos e noventa e seis. Um dia normal para muitas pessoas no mundo bruxo. Mas não para Severo Snape, mestiço, trinta e oito anos e ainda se achava novo, relativamente alto, tocava o teto da sala do Prof. Flitwick, cabelos negros e ensebados à altura dos ombros, aproximadamente, fazendo-o ficar igual a seu ídolo trouxa: Michael Jackson, olhos negros e sombrios, um nariz anormalmente enorme e empinado, professor de Hogwarts, odiado por quase todos e Comensal da Morte.
Não era um dia normal para este, pois Lord Voldemort descobrira o Voto Perpétuo que ele tinha feito com Narcisa Black Malfoy – casada com Lúcio Malfoy – Um Voto que envolvia indiretamente o Lord das Trevas. Era inacreditável a rapidez da qual o Lorde havia descoberto sobre o Voto entre os dois. Snape desconfiava de Belatriz Black Lestrange. Uma outra Comensal – irmã de Narcisa – que presenciara tudo.
- Severo Prince Snape! – bradou o Lorde das Trevas – Eu pensei que pudesse confiar em seus atos... Você só se provou fraco com essa atitude besta. Pareceu-me um trouxa!
- Milorde... – Snape tentou se defender.
- É claro que foi uma atitude de trouxa – cortou Voldemort – Se não me engano, seu pai foi um trouxa! Tobias Snape, não?
- Me perdoe, Milorde, mas neste ponto você é tão trouxa quanto eu – disse Snape corajosamente – Seu pai era um trouxa, não é? Ou estou enganado? Tom Riddle... Não é esse o nome?
- BASTA! – a estas horas o Lorde das trevas já havia perdido a paciência – Como ousa, Severo? Pensei que era fiel a mim, pensei que...
- Sempre fui e sempre serei fiel, Milorde!
- Ousa mentir para mim, Severo? Acha esse ato fiel? – disse furiosamente Voldemort – Crucio!
Snape gemeu de dor. Não iria lutar. Estava perante o Lorde das Trevas do qual sempre fora fiel – ou sempre fingira ser.
- Dói em você, Snape? Pois então aprenda a nunca mais fazer isto! Um Voto Perpétuo? Sem minha permissão? Peço para que realize o que prometeu. Só para que não morra. Preciso muito de você, Severo, mais do que imagina...
E novamente lançou a Maldição Imperdoável da tortura; conseqüentemente Snape gemeu. Sentia uma dor intensa.
- Por favor, Milorde, imploro pelo seu perdão! Apenas ajudei uma mãe desesperada. O senhor, desculpe-me mais uma vez, não sabe o que é ter um filho. Nunca teve um. Nunca teve amor!
- Como ousa? Você também não teve filho. E por acaso amou?
Snape não respondeu nada.
- Amou? – repetiu a pergunta.
Novamente Snape não abriu a boca.
- Lhe fiz uma pergunta, Snape! AMOU? Será que terei que lhe torturar mais?Cruc...
- Sim! – interrompeu antes que Voldemort lançasse a Maldição.
- Amou, Snape? Ah, que bonitinho! E quem foi, hein Severo?
Snape não abriu a boca como anteriormente.
- DIGA, SEVERO! NÃO AGÜENTO MAIS LHE TORTURAR PARA QUE FALE ALGUMA COISA!
- Lílian... Lílian Evans!
- Ah, que lindo! Você amava Lílian Evans? – perguntou irônico – É por isso que sentia raiva do Potter?! E é por isso que me pediu para que não matasse Lílian. Muito interessante! Você mereceu dessa vez, Severo! Crucio!
Snape gemeu dolorosamente. Sentiu seu peito latejar. Um sentimento de rancor escorreu por suas veias. Uma raiva imensa do Lorde das Trevas. Sentiu sede de amor, uma coisa que o Lorde nunca teria em sua vida. Se é que ele chamava aquilo de vida.
- Devo lhe torturar mais? NÃO! Prepare-se Snape, neste momento eu vou lhe matar! – e ouviu-se uma risada extremamente gélida – Avada Ked...
Nesse momento, Snape e Voldemort, ouviram a porta do local ser derrubada. “Quem me perturba no meio de uma tentativa de matar?”. Era Belatriz Lestrange. Ela adentrou a câmara na qual se encontravam os dois homens.
- Milorde, posso dar uma palavrinha com o senhor, por favor?
- Estou ocupado, Bella!
- Por favor, Milorde!
- Tudo bem... Saia, Snape! E não ouse ouvir detrás da porta!
- Ok, Milorde. Não acha mais seguro lançar um feitiço à porta?
- Eu farei, Severo, eu farei.
Snape saiu imediatamente e não ousou tentar ouvir nada. Com certeza aquela mulher iria condená-lo mais ainda. Não suportara o momento do qual esteve no mesmo cômodo que ela. Odiava ela com todas as suas forças.
Ela saiu da sala. Snape entrou sem olhar em sua cara.
- Vai me matar, Milorde?
- Não hoje, Severo – e deu um risinho – Agora volte para Hogwarts! Não quero ver a sua cara até que aconteça algo muito bom a meu favor ou que você faça algo que preste!
- Obrigado, Milorde, muito obrigado! Irei sim, Milorde. Estarei às ordens.
- Espero que tenha aprendido.
- Aprendi, senhor, aprendi.
Ele retirou-se o mais rápido possível com medo de Voldemort mudar de idéia. Estava no verão, mas mesmo assim retornou para Hogwarts.
A escola estava vazia. Só vira Filch – zelador de Hogwarts, Madame Nora – a gata do zelador e Hagrid – caça-guarda e guardião das chaves de Hogwarts. Alguns outros professores também passavam às vezes por sua vista. Ele não deixou de ver Dumbledore. Este não parava um minuto em Hogwarts. Estava ocupado em assuntos da Ordem. Snape não iria fazer nada para a Ordem no verão. Contou para Dumbledore sobre o castigo do Lorde das Trevas. Snape sempre fora fiel à Dumbledore.
Num belo dia do doce verão, Snape resolveu tomar banho, pois não o fazia há alguns dias. Entrou no banheiro de sua Masmorra. Encheu a banheira de água e pôs espuma. Despiu-se e adentrou a banheira com vontade. Pensava em Lílian Evans, a ruiva da qual sempre amou. Invejou Tiago Potter. Achou-se um inútil. Depois de alguns minutos, saiu da banheira, tomou uma rápida ducha para tirar a espuma. Pegou a toalha. Não se enrolou nela, pois sua Masmorra estava trancada e não tinha ninguém em Hogwarts, muito menos pertos das Masmorras. Apenas secou-se e jogou a toalha aos cabelos que continuavam sebosos. Esfregava seus cabelos negros enquanto abriu a porta. Surpreendeu-se em ver uma pessoa o observando. A pessoa estava olhando para sua genitália. Ele permaneceu imóvel. Quando percebeu a vista da pessoa, jogou a toalha para baixo tampando-a.
- Você... – foi a única palavra que Snape conseguiu falar.
- Eu – e deu uma risadinha.
Snape não acreditou. O que este ser estava fazendo em sua Masmorra?
- Como chegou aqui? Como entrou?
- O Lorde me ajudou, Severo.
- O Lorde das Trevas? – perguntou um Snape incrédulo.
- O próprio – a pessoa olhava para seus dedos, parados à altura de sua barriga.
- Como pôde? Como entrou em minha Masmorra?
- Existe um feitiço. Um feitiço muito simples. Basta apontarmos a varinha e dizer: Alohomora! Fácil, não?
- É. Fácil – disse – Mas, afinal, o que veio fazer aqui?
- Vim conversar com você, Severo... Não quer conversar comigo?
- Não – disse depois de um pequeno mistério – Eu tenho
nojo de você!
- Ah, Severo... Se eu fosse você, eu não seria tão SEVERO, se é que me entende! – e riu melancolicamente.
- Ha ha ha! Muito engraçado. Mas eu infelizmente esqueci de rir! Agora pode dar o fora?
- Não – disse após fazer igual mistério – Não quero. Eu quero falar com você!
- Sobre que assunto?
- Sobre o assunto de sua vida. Eu a salvei! Você acredita?
- Não, certamente não. Você só destruiu minha vida. Se eu sobreviver do Lorde, não é mesmo?
- Ô, Severo... Deixa de ser orgulhoso!
- Poderia me dar licença para que eu colocasse uma roupa, Belatriz Lestrange?
- É claro, Severo – disse após pensar um pouco – Mas não demore! Tenho mais uma coisinha para esclarecer...
Belatriz se retirou da Masmorra. Snape vestiu suas vestes negras de sempre e abriu a porta novamente. Ela entrou.
- Severo, pode tirar a roupa novamente? – perguntou sem expressão.
- Por qual motivo?
- Pelo mesmo motivo que eu salvei sua vida!
- E QUAL é esse motivo?
- Eu te amo, Severo, eu te amo muito!
Snape não deixou de ficar boquiaberto. Era inacreditável. Será que era armação? Será que Belatriz, aquela pessoa da qual ele odiara teria mesmo salvado sua vida? Será que ela o amava mesmo? Ou será que ele cairia e a mulher riria dele depois?
- Não é verdade! – disse ríspido.
- É sim, Severo – disse sinceramente – Eu salvei sua vida! Estive ouvindo atrás da porta. Lembra que o Lorde desistiu de te matar? Por favor, Severo, olhe eu aqui! Olha o que eu fiz por você! Eu o amo verdadeiramente!
- MENTIRA! – guinchou Snape.
- É verdade, Severo! E estou disposta a provar...
- Como?
- Assim – correu até ele e deu um beijo em sua boca.
Ninguém sabia, mas era seu primeiro beijo! Sim, PRIMEIRO beijo, com 38 anos! Sentiu algo adentrar sua boca. “O que é isso?”, pensou. Era a língua de Belatriz. O que faria agora? Enfiou a língua que primeiramente confrontou-se com a de Belatriz. Logo passou-a para o outro lado da boca dela. Fui um beijo um pouco confuso.
- Espera – disse Snape empurrando-a.
Ele hesitou. Como pôde odiar Belatriz, com todas as suas forças, à meia hora atrás? Será que ele estava apaixonado por ela também? Será que tirara Lílian Evans de sua cabeça, finalmente? Como não conseguira responder nenhuma das perguntas, era melhor dar outro beijo e comprovar, pelo menos uma das perguntas. Beijou-a novamente, desta vez com um pouco mais de experiência. A mulher pareceu feliz. Passou as mãos envolta do pescoço de Snape.
- Eu te amo! – disse feliz.
O que ele responderia? Não sabia se a amava! Há poucos minutos, a odiava e agora... Estava muito confuso, realmente confuso. Não sabia o que falar, o que fazer. O que era mentira, o que era verdade. O que ele queria que fosse mentira ou verdade. “Caraminholas na cabeça, Snape?” – lembrou as palavras do Chapéu Seletor. Palavras ditas à Snape e a Harry, Harry Potter. Começou a sentir nós em seu cérebro – se é que ele tinha um – Seu estômago há essas horas já estava revirado. Uma sensação de dúvida e hesitação percorreu por suas veias, artérias e vasos capilares.
- Eu... Te amo! – Belatriz repetiu, calmamente.
- Agora – disse ainda confuso –, eu também!
Pouco a pouco foram aproximando-se mais. Seus lábios puderam tocar uns aos outros.
Um beijo calmo, cheio de paixão, medo, receio, intensidade, mas acima de tudo, AMOR.
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