Companhias indesejáveis

Companhias indesejáveis



Os dias no Largo Grimmauld se passaram lenta e monotonamente. Dumbledore e Snape estavam na casa quase o tempo todo. A todo momento os adultos se reuniam para uma daquelas conversas secretas e os jovens tinham que se contentar em ficar trancados em seus quartos se remoendo de curiosidade. Os únicos que não pareciam padecer deste problema eram Fred e Jorge que estavam a todo momento inventando algo novo.

As aulas de oclumencia foram definitivamente adiadas para a chegada ao castelo já que, além dos dois professores, havia na casa também Gina que não desgrudava do grupo um só minuto. Rebecca não se importava que Gina aprendesse também, pelo contrário, imaginava que essa poderia ser uma forma da garota baixar um pouco a guarda em relação a ela, mas Rony proibia terminantemente que algo fosse ensinado para a irmã.

_Gina é muito enxerida. Não quero ela participando de tudo que fazemos. – argumentava Rony de braços cruzados e emburrado.

_Por que Rony?! Seria bom que a Gina se juntasse a nós. As vezes acho que ela se sente tão sozinha...- dizia Rebecca tentando dissuadir o amigo.

_Nem pensar. E ela não é sozinha. Tem um monte de amigos em Hogwarts. – dizia irredutível.

_Quer saber? Acho que você tem ciúmes da Gina. Tem medo que ela se de muito bem conosco e tire o seu lugar no grupo! – disse Hermione olhando nervosamente para Rony.

_Isso não tem nada a ver, Hermione!- o garoto se levantou da cama admirado.

_É bom que não tenha mesmo, Rony! Não tem cabimento achar que trocaríamos você pela Gina. Podemos muito bem ser amigos dos dois, oras! – foi a vez de Harry se manifestar, indignado.

_Não é nada disso! – exclamou cruzando novamente os braços e ficando extremamente vermelho. – Acontece que eu não quero que minha irmã se meta nessa história toda! É para o bem dela!

Os outros três apenas olhavam para o rapaz totalmente incrédulos.

_Quer saber! Não tô nem ai para o que vocês acham! Façam o que quiserem! – Rony saiu pisando forte e batendo a porta atrás de si.

_Caramba! O que deu nele – perguntou Harry indignado.

_Tá com ciúmes! – disse Hermione sem levantar os olhos de um livro que achou pelo quarto.

_Ciúmes de que!

_Harry, a vida inteira Rony teve que dividir tudo com os irmãos. Digamos que para ele nós somos a única coisa “exclusivamente” dele! Ele não quer nos dividir! – explicou Rebecca.

_Mas não faz o menor sentido!

_Para nós não, mas para ele sim! Coitado... Como se a Gina quisesse fazer parte do grupo para ser nossa amiga. – Hermione levantou os olhos sorridente. Rebecca e Harry perceberam o tom do comentário. A garota compartilhou o olhar malicioso que Hermione direcionava a Harry e este, ficando extremamente sem graça, se levantou dizendo.

_Eu vou conversar com ele. Tchau pra vocês. – e saiu rapidamente do quarto, visivelmente incomodado.

Rebecca e Hermione apenas continuaram rindo. Hermione voltou a seu livro e Rebecca decidiu escrever uma carta para o namorado.



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Finalmente 31 de agosto chegou. Todos saíram animados do Largo Grimmauld para o início de mais um ano letivo. Os jovens já não agüentavam mais o clima pesado que se fazia na casa e jamais aguardaram com tanta ansiedade o início das aulas, a não ser, talvez, no primeiro ano, já que neste tudo era novidade.

Todos se despediram dos adultos e rapidamente entraram no trem. Procuravam uma cabine vazia para se instalarem e logo a encontraram. No corredor do trem havia muita agitação, como se algo diferente estivesse acontecendo naquele ano. Alguns alunos do segundo ano da Grifinoria, principalmente, pareciam muito preocupados ao cruzarem algumas cabines.

_O que está acontecendo aqui? Este trem nunca esteve tão movimentado! – dizia Rebecca enquanto entrava na cabine seguindo os amigos.

_Malfoy é o novo monitor da Sonserina... Malfoy e Parkinson... – uma voz do lado de fora dava a noticia.

_Christian! – Rebecca se levantou rapidamente e pulou no pescoço do namorado trocando com ele um beijo apaixonado, mas não muito caloroso devido a presença dos amigos.

_Como é que é! – perguntou Rony abismado com a noticia.

Quando os dois finalmente se separaram Christian pode continuar a explicação. – Pois é... Tudo bem com vocês? – ele cumprimentou Hermione com um beijo no rosto e os rapazes com um aperto de mão. – Malfoy agora é monitor e está andando pelo trem aterrorizando alguns alunos do primeiro e segundo ano. Principalmente os da Grifinória, embora nenhuma casa escape realmente. – disse sentando-se ao lado da namorada no mesmo banco de Harry.

_Essa é boa... – continuou Rony.

_Ele não pode fazer isso! – exclamou Hermione remexendo sua mochila em busca de algo. – Aqui! - ela tirou o emblema de monitora e colocou sobre as vestes. – Vamos, Rony! Precisamos pará-lo. Ele não pode ficar assustando os alunos, é abuso de autoridade.

_Não precisa nem falar duas vezes! Não vejo a hora de mostrar para aquela doninha oxigenada que eu também sou monitor! – disse abotoando seu emblema também sobre as vestes.

_Nós vamos até lá. Provavelmente só nos veremos no castelo já que temos uma cabine própria e precisamos guiar os alunos quando chegarmos. – explicou Hermione virando-se para o trio que sobraria na cabine.

_Tudo bem! Boa sorte para vocês! E parabéns! – disse Christian sorridente para os dois.

_Tchau! – disseram os dois juntos.

_Tchau! – responderam os outros três.

_Puxa vida! Rony está radiante com a idéia de ser monitor, não? – continuou Christian.

_Se está! É tudo que ele sempre quis. Desde o primeiro ano ele diz isso! – falou Harry se levantando de onde estava e sentando-se de frente para o casal.

_Pois é! O destino conspira para que aqueles dois fiquem juntos. Só eles é que não percebem. – disse Rebecca dando um selinho carinhoso no namorado e deixando Harry um pouco deslocado.

Harry estava pensando seriamente em sair da cabine e dar uma volta pelo trem para deixar o casal mais a vontade, meio a contra gosto, mas não precisou. Uma leve batida foi ouvida na porta da cabine e em seguida esta se abriu. Uma oriental acenava alegremente da porta.

_Olá!

_Cho! Como vai? – disse Christian empolgadamente levantando-se para cumprimentá-la.

_Vou bem... Oi Harry. – disse a garota abrindo um sorriso de todos os dentes para o rapaz e cumprimentando-o com um beijo no rosto.

Instantaneamente um brilho se fez nos olhos de Harry e sua face se iluminou. Isso não passou despercebido por Rebecca que fechou a cara imediatamente e sentiu como se aquela viagem fosse se tornar longa e desagradável.

_Como vai Rebecca? – cumprimentou a chinesa também com um beijo no rosto, daqueles em que os rostos quase não se tocam.

_Muito bem. – respondeu com o sorriso mais forçado do mundo.

_Por que não fica aqui conosco? – falou Christian sorridente.

_Ah não! – pensou Rebecca. Seus pensamentos não podiam ser ouvidos, mas sua expressão não negava o desgosto. Cho percebeu.

_Hum... Não sei. Só passei para cumprimentá-los. Acho que a cabine vai ficar um pouco cheia. Aqueles amigos de vocês não vem pra cá? – disse olhando de Harry para Christian, mas nunca para Rebecca.

_Não! – falou Harry com mais empolgação que o necessário. – Eles são monitores agora. Vão ficar numa cabine separada. – disse se afastando no banco para que ela pudesse se sentar.

_Não sei... Não vou atrapalhar?

_Vai! E muito! – pensou Rebecca.

_Imagine! Senta ai! – falou Christian apontando para o acento ao lado de Harry.

Cho olhou rapidamente para Rebecca que apenas sorriu forçadamente.

_Então tá! – ela se sentou sorridente ao lado de Harry.

Este estava visivelmente perdido. Não sabia o que falar ou como agir, apenas sorria para cada comentário que ela fazia e concordava com praticamente todos, comentando de vez em quando. Rebecca passou a viagem toda calada, respondia por monossílabos de vez em quando se lhe perguntavam algo e passou grande parte da viagem mirando a paisagem. Christian fingiu não perceber a alteração de humor da namorada. Sabia que ela não gostava muito de Cho, mas achou que isso pudesse ter passado. Viu que não. Mesmo assim preferiu não comentar nada, pelo menos não ali.

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