Coligações Políticas
Capitulo 1 – Coligações Políticas
- Harry Potter, sim HARRY POTTER acaba de lançar sua candidatura, senhoras e senhores... senhoras e senhores... HARRY POTTER...
Hermione abriu os olhos quando escutou um nome conhecido. Ela havia acabado de comprar uma televisão mágica, costume que os bruxos herdaram dos trouxas por influência do atual Ministro da Magia, Arthur Weasley, que tinha muito curiosidade por artefatos trouxas. E isso era bom para ela, que havia crescido numa família trouxa. Pelo menos a televisão mágica a deixava bem informada, embora o aparelho tivesse o mau hábito de querer ligar na hora que bem entendesse e desligar quando estivesse entediado. Bem, coisa da loja “Gemialidades Weasleys”, líder do mercado de eletro-mágico-domésticos.
Foi particularmente difícil acordar naquele dia. A semana toda foi de provas bimestrais que Hermione teve que elaborar, aplicar e corrigir. Nunca imaginou que a vida de professor pudesse ser tão puxada!
Mas era sábado e, fora um relatório que tinha que preparar para Severus, diretor de Hogwarts, não havia mais nada o que fazer, por isso continuou na cama enquanto escutava o noticiário, transmitido por Rita Skeeter, que tentava acompanhar Harry Potter e seus capangas-aurores por todo canto.
- SIM, SENHORAS E SENHORES, SENHORAS E SENHORES – continuava ela, naquele usual tom estridente – soubemos agora mesmo que Harry Potter, chefe do Departamento de Aurores, Líder da Ordem de Fênix, e ganhador da Estrela de Ouro do Prêmio Paz Bruxa na Terra ACABOU de lançar sua candidatura para rei dos Bruxos.
Hermione ficou um pouco pensativa com a notícia. O projeto de transformar o mundo bruxo em reinado circulou por todos os ministérios do planeta, e todos votaram positivamente. Ficou decidido, então, que além dos ministros individuais nos determinados países, escolheriam um representante que herdaria o status de Rei dos Bruxos e, portanto, imperador de todo o mundo mágico.
Hermione ainda não sabia se concordava com o projeto. Poderia ser bom se deixasse o mundo bruxo mais unido, mas não gostava do fato de haver alguém tão poderoso a ponto de mandar em todo o mundo mágico, mesmo que esse alguém fosse Harry Potter... bem... especialmente Harry Potter.
Depois de tomar um bom banho, Hermione terminou de escrever o relatório e foi até o escritório que havia pertencido a Dumbledore por toda uma vida.
- Entre, professora Granger! – disse o diretor, antes mesmo que Hermione abrisse a porta.
- Acabei o relatório, Diretor. Espero que esteja atento aos problemas que levantei e...
- PROFESSORA GRANGER! – interrompeu Snape, enquanto Hermione folheava o relatório nas mãos. Quando levantou os olhos para o diretor, viu que ele não estava só.
- OLÁ, HERMIONE!
Hermione ficou parada ao ver quem estava ali. Suas pernas tremeram, ela sentiu um calafrio perpassando a espinha e o coração disparou, mas ela disfarçou bem e sorriu.
- Harry... que surpresa... !
Harry se aproximou dela e depositou um sóbrio beijo numa das faces.
- Já faz um tempinho! – disse ele, também com um sorriso.
- Bem... acho que estou atrapalhando... volto mais tarde! – disse Hermione, mas Harry a segurou.
- Estou aqui por você, Hermione... gostaria que ficasse! – disse Harry, com um tom mandão. – Eu estava justamente tentando convencer Snape a me cedê-la por algumas semanas.
- Ceder-me... por algumas semanas? – perguntou Hermione, olhando para Snape, que lhe lançou um olhar cúmplice.
- Bem... você deve saber que eu lancei minha candidatura a Rei dos Bruxos.
- Não sabia... lançou é? – mentiu ela, enquanto olhava para Snape com um olhar do tipo “Me tira dessa!” – Bem... boa sorte!
- Ambos sabemos que não é uma questão de sorte e sim de boas coligações políticas. – disse Harry, num tom sarcástico – E escolher o logotipo “Votem em mim, pois eu matei Voldemort” já não representa muita coisa nos dias de hoje. Muitos já nem sabem quem foi Voldemort.
- E o que eu tenho a ver com essa história? – perguntou ela, já imaginando a responda.
- Bem... há muitas pessoas que têm você como uma figura política forte. Todos sabem que você me ajudou a derrotar Voldemort, e o nosso afastamento não é visto com bons olhos. Achei que se você pudesse se juntar a mim nessa campanha, me ajudaria muito. Você é muito conhecida pela sua sapiência e comedimento...
- Você não precisa de mim para isso! – respondeu Hermione, tentando controlar algumas emoções que havia julgado mortas dentro de si. – Não estou a fim de me coligar a você por nenhum motivo.
Hermione já tinha dado as costas a Harry, mas este a segurou novamente, forçando-a a se virar para ele.
- Ainda não me perdoou, hein? – perguntou Harry, com um sorriso alvo no rosto.
- Eu não preciso te perdoar... agora... me dê licença! – disse Hermione, virando-se novamente para sair.
- Se não me apoiar você está despedida, Hermione! – continuou Harry agora com um tom ameaçador.
Hermione parou no mesmo instante, mas não se virou.
- Você está me ameaçando a toa, só Severus pode me despedir. – disse Hermione, implorando para que Snape dissesse alguma coisa a seu favor.
- Ele pode te despedir, Hermione! – Snape disse, contradizendo-a – Ele ganhou carta branca de Arthur para fazer o que bem entender em Hogwarts. A autoridade dele está sobre a minha, neste caso.
Hermione se virou aborrecida. Pensava em jogar o relatório que tinha nas mãos na cara deslavada de Harry, que a observava atentamente, mas se comediu novamente.
- E se eu te despedir, Hermione. Nenhuma outra escola irá te admitir. Farei questão de me comunicar com cada uma delas advertindo-as sobre isso. No fim, você acabará cedendo. Facilite as coisas para si mesma. Você será bem recompensada!
Hermione nunca se sentiu tão humilhada. A vontade de querer sair correndo a invadia cada vez mais, mas sabia que não poderia fazer mais nada. Quando Hermione ficou contra Harry há quase 10 anos, por ocasião da derrota e morte de Voldemort, a maioria das pessoas tomaram o lado de Potter e ela foi excluída da sociedade bruxa. Foi graças a Snape que, recompensado pelo seu papel de espião duplo durante a batalha profética, como foi chamada anos mais tarde, assumiu a direção de Hogwarts quando McGonagal morreu, que Hermione voltou à sociedade bruxa como a professora de Transfiguração em Hogwarts. Durante os anos em que ficou sem emprego e sem prestígio, Hermione beirou a falência e passou fome e miséria sem que Harry lhe estendesse um braço sequer.
Pensando no tempo horrível que passou, Hermione deu o braço a torcer.
- Está bem! Eu ficarei do seu lado até ganhar essa campanha, mas depois, finja que não me conhece, Potter, pois eu nunca mais quero ver sua cara! – disse ela, bravamente, controlando-se para não chorar e parecer fraca diante dele.
Harry fez uma cara triste enquanto olhava para ela. Por um segundo apenas, Hermione viu algo de bom naqueles olhos verdes. Um segundo apenas e depois, o ceticismo e a frieza voltaram ao seu lugar.
- Vou arrumar minhas coisas! – disse Hermione, mas novamente Harry a segurou quando fez menção de deixar a sala.
- Não, Hermione! Já está tudo pronto à sua espera. Não precisará de nada. É só vir comigo agora.
- Agora? – ela perguntou, um pouco nervosa.
- Agora!
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