A ti
Chovia muito forte em Londres. Harry Potter andava impacientemente pela sala da sua casa, não estava esperando ninguém naquela noite, mas tinha a impressão de que alguém iria aparecer a qualquer momento. Essa espera o estava deixando louco.
Um clarão iluminou toda a rua e em seguida ouviu-se o barulho de um trovão. As luzes piscaram, mas não chegaram a apagar completamente. O moreno achou melhor procurar algumas velas pra o caso de acabar a energia. Foi até a cozinha e abriu várias gavetas até encontrar um pacote fechado.
Quando estava retornando a sala a campainha tocou. O coração do homem bateu acelerado, mas ele não sabia por que. Foi até porta e quando a abriu ficou alguns segundos em estado de choque olhando para a pessoa que havia acabado de chegar.
- Mione! – ele disse quando despertou do transe.
O coração de Harry bateu com mais força ao olhar para a amiga. Não a via a mais de cinco anos quando ele, após derrotar Voldemort, resolveu abandonar tudo e viver como trouxa.
A morena vestia um sobretudo preto que estava totalmente encharcado da mesma maneira que seu cabelo. O homem tinha que admitir que ela estava mais bonita do que nunca.
- Não vai me convidar para entrar? – ela perguntou, depois de ficarem alguns minutos apenas se encarando.
- É claro! – respondeu dando um espaço para que ela entrasse.
- Pensei que você não fosse me reconhecer! – disse, retirando o sobretudo e ele o segurava para a amiga – Já se passou tanto tempo.
- Pode se passar mil anos, eu nunca vou te esquecer – respondeu, sorrindo – Alias, como foi que você me encontrou?
- Isso é uma longa história! – a morena respondeu sentando-se no sofá – Quem sabe um dia eu te conto.
- Quer beber alguma coisa? – perguntou, ainda em pé.
- Um chocolate quente seria ótimo! – respondeu esfregando uma mão na outra, demonstrando que estava com bastante frio.
Harry foi até a cozinha e preparou dois chocolates quentes. Quando retornou encontrou a amiga deitada no sofá e com a perna encolhida.
- Você pode ligar a televisão se quiser – disse, entregando uma caneca para ela e colocando a outra em cima da mesa no centro da sala – Eu já volto.
A morena pegou o controle remoto assim que viu o homem subindo as escadas e colocou um filme que parecia muito interessante. Alguns minutos depois Harry voltou com vários cobertores na mão.
- É melhor que você se aqueça! – disse, se sentando no sofá e entregando alguns cobertores para a mulher – Se não pode ficar doente.
- Obrigada! – sorriu em agradecimento.
Os dois terminaram de tomar o chocolate quente e depois continuaram a assistir ao filme. Hermione deitou no colo do amigo que não disse nada, apenas sorriu, era muito bom tê-la por perto depois de tanto tempo.
De repente um clarão e um novo travão fizeram com que a luz apagasse de vez. O moreno pegou o pacote de velas e retirou uma a acendendo fazendo a sala se iluminar mais uma vez.
- Acho melhor eu ir embora! – a mulher disse se levantado do sofá e caminhando até porta.
- Eu não posso deixar você sair daqui desse jeito – Harry segurou a mão dela a impedindo de dar mais algum passo – Está chovendo e ainda está tudo escuro, pode ser perigoso.
- Harry, eu posso aparatar! – ela respondeu – Posso sair daqui direto para a sala da minha casa sã e salva.
- Eu sei disso! – respondeu, afrouxando um pouco sua mão no pulso da amiga – Mas, por favor, fica aqui comigo. Eu adoro a sua companhia.
Hermione sorriu e deitou-se novamente no sofá. O homem não sabia por que havia pedido aquilo a ela, mas não quis reclamar.
Durmiéndome en tus piernas, respirándote,
Sintiendo tu calor acariciándome,
Siguiendo ese camino de luz,
Donde termino y empiezas tú.
Harry ficou brincando com os cachos da morena enquanto olhava para as chamas da vela que aos poucos diminuía de tamanho. Não sabia quanto tempo havia de passado, mas quando olhou novamente para a amiga ela dormia. Ele sorriu ao vê-la daquele jeito, não quis se mover para não acordá-la, então continuou a acariciar o seu cabelo. Pensou ter visto Hermione sorrindo, mas achou que fosse coisa da sua imaginação.
Percebeu que a vela fazia um pequeno caminho, começando do seu ombro e indo até os pés da mulher. Encostou o dedo, delicadamente, na divisa de onde “ele terminava” e “ela começava”, começando a deslizar lentamente pela amiga: primeiro o cabelo, depois as bochechas, o pescoço, o braço, até chegar a barriga. Retirou a mão rapidamente como se tivesse levado um choque, percebeu que Hermione havia se movido, mas ela não abriu os olhos.
Harry sorriu. Aproximou o rosto do da mulher e deu um beijo rápido em sua bochecha.
- Eu te amo! – sussurrou no ouvido dela, pensou que a morena não tivesse ouvido isso, mas logo em seguida ela abriu os olhos lentamente e depois fechou novamente.
Tocándote mil veces por primera vez,
Llenando con mi vida todo lo que ves,
Siguiendo ese camino a mi casa,
Que es mi casa porque estás tú.
Cada vez que ele tocava em Hermione era como se fosse a primeira vez que fazia isso. Estava sendo muito bom ter a amiga em casa naquele dia. Com ela por perto, sentia mais ainda que aquele era o seu lar.
Ficou algum tempo se lembrando do tempo em que estava em Hogwarts e de como se divertia ao lado dos amigos. Durante os últimos anos teve dias em que se arrependia de ter ido embora, mas quando se lembrava de tudo que vai acontecido, voltava a acreditar que essa havia sido a sua melhor escolha.
- Ah Mione! – ele disse bem baixinho olhando para a morena que dormia – Eu queria tanto que você me entendesse.
- Eu penso a mesma coisa! – a mulher disse, abrindo os olhos – Eu queria muito te entender.
Y si me preguntan,
A dónde voy, de dónde soy, a dónde quiero llegar,
Si me preguntan,
A dónde me lleva amar.
- Há quanto tempo você está acordada? – perguntou assustado.
- Acordei agora mesmo! – mentiu, na verdade, ela não havia dormido de verdade, só estava de olho fechado.
Ficaram alguns minutos apenas se encarando. Harry então percebeu que não impostava quantas vezes ele tentasse fugir do seu destino, eles sempre acabariam se encontrando. Ela era o seu caminho certo, o seu sol e o seu mar.
- Mione! – ele disse, depois de algum tempo – Eu te amo.
A mulher sorriu ao ouvi-lo falar isso e em seguida o abraçou com muita força.
A ti, a ti.
A ti ya estoy de vuelta antes de regresar,
En ti, en ti
Es donde siempre quisiera estar.
A ti, a ti,
A ti mi verdadera nacionalidad,
En ti, en ti
Se acaba el río, comienza el mar.
- Mas não é dessa maneira que você está pensando – continuou a afastando de si – Eu te amo como um homem ama uma mulher. Já faz algum tempo, mas eu nunca tive coragem de te contar isso.
Esperou que Hermione falasse alguma coisa, mas ela continuou em silêncio.
- Foi por isso que eu fui embora do mundo bruxo! – falou finalmente, ela pareceu prestar mais atenção nesse momento – Quando soube que você e o Rony estavam namorando eu fiquei muito arrasado, mas pensei que pudesse superar isso – explicou – Então, no dia em que eu derrotei Voldemort, vi você correndo até o Rony por que ele estava ferido e o beijando logo depois.
Nesse momento uma lágrima escapou dos olhos do moreno e ela a enxugou rapidamente e fez um gesto de que ele continuasse a falar.
- Você não sabia, mas eu também estava ferido, só que no coração – ele não encarava a amiga naquele momento – Percebi que nunca me acostumaria a ver vocês dois juntos. Tudo que consegui pensar em fazer naquele momento foi arrumar as minhas coisas e ir embora sem que ninguém soubesse.
Hermione se aproximou dele novamente, mas em vez de abraçá-lo, dessa vez ela o beijou. Ficaram assim durante alguns minutos e quando se separaram estavam completamente sem ar.
- Foi por isso que eu te procurei! – foi tudo que ela conseguiu dizer – Não estava conseguindo viver sem você – aproximou-se dele mais uma vez. Dessa vez só aconteceu um selinho – Já que você é a minha vida.
No siempre lo que miras es como tú crees,
El mundo es una esfera que acaba a tus pies,
Si parto por el norte muy pronto
Por el sur te sorprenderé.
Y si me preguntan,
A dónde voy, de dónde soy, a dónde quiero llegar,
Si me preguntan,
A dónde me lleva amar.
- Depois que você foi embora eu fiquei muito triste! – começou a explicar – Não conseguia pensar em mais nada que não fosse você – olhou para as suas mãos atadas com as dele – Foi então que o Rony se cansou, disse que ele era o meu namorado e era para quem eu devi dar atenção. A gente acabou discutindo e terminou tudo.
- Eu sinto muito Mione! – ele falou, apertando a mão da mulher com mais força – Eu não queria ser o responsável pelo fim do seu namoro.
- Por mais que possa parecer estranho, eu não fiquei nem um pouco triste – disse, rindo – Só conseguia pensar em onde você podia estar e se estava bem – continuou – Aos poucos fui percebendo que estava apaixonada por você.
Harry sorriu, pegou as duas mãos dela, que estavam juntas com as suas e as beijou, a fazendo sorrir também.
- Desde então eu tenho te procurado em todos os lugares que consegui imaginar! – continuou – Estava quase desistindo quando soube que você estava vivendo como trouxa e consegui o seu endereço na lista telefônica - explicou – Foi praticamente um milagre.
- Quer dizer que você também está sumida do mundo bruxo esse tempo todo? – ela balançou a cabeça afirmativamente em resposta – E o que você disse para todos quando foi embora?
- Disse que estava indo procurar a minha felicidade! – respondeu, antes de abraçá-lo mais uma vê e beijá-lo em seguida.
A ti, a ti.
A ti ya estoy de vuelta antes de regresar,
En ti, en ti
Es donde siempre quisiera estar.
A ti, a ti,
A ti mi verdadera nacionalidad,
En ti, en ti
Se acaba el río, comienza el mar.
A ti, a ti.
A ti ya estoy de vuelta antes de regresar,
En ti, en ti
Es donde siempre quisiera estar.
A ti, a ti,
A ti mi verdadera nacionalidad,
En ti, en ti
Se acaba el río, comienza el mar.
Continuaram a se beijar durante algum tempo. No momento em que se separaram, a luz dentro da casa voltou.
- Parece que estava só esperando a gente se acertar! – Hermione disse, sorrindo.
- Nada como uma declaração de amor a luz de velas! – ele disse também sorrindo.
Beijaram-se mais uma vez, dessa vez, mais rápido.
- Agora poderemos viver juntos para sempre! – Harry disse se encostando melhor no sofá e a trazendo junto de si – O que você acha de vir morar aqui comigo?
- Mas vamos viver como trouxas? – ela perguntou, com um olhar divertido.
- Qual o problema? – perguntou, fingindo-se de sério – Estou aqui a anos e vivo muito bem sem magia. Aliais, a senhorita cresceu como trouxa – disse divertido – Vai me dizer que você agora virou preconceituosa?
- Não é isso! – disse, também rindo – Mas nós não vamos nem avisar para os outros que estamos bem?
- Acho que não tem necessidade – respondeu, a abraçando pela cintura – Viver escondido é muito mais emocionante.
- Vou trazer as minhas coisas para cá amanhã! – respondeu virando-se para ele – Por que hoje, temos que comemorar o nosso reencontro – completou antes de beijá-lo.
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