A Última Horcrux!



A fúria de Lord Voldemort era tão intensa que podia ser detectada a metros de distância, até mesmo pela pessoa menos observadora do mundo.

Draco Malfoy não era perceptivo, de fato. Mas notou o humor do amo antes mesmo de vê-lo. Quando se dirigiu ao vagão correto, parou, ofegante. Seus grandes olhos insones espreitaram o escuro desconhecido, e o calafrio alucinante e familiar percorreu toda a sua espinha.

– Milorde? – o garoto chamou, ansioso, ao entrar no lugar.

Não houve resposta imediatamente. E, no momento em que a voz de Voldemort ressoou, Draco reparou o quão gutural e aterrorizante foi seu tom.

– O que resta dele, na verdade.

O garoto estremeceu. Continuou em silêncio, permitindo a continuação da fala do mestre.

– Falhamos hoje, Draco. Fomos quase derrotados por aquela maldita oriental, traidora de sangue. – Voldemort urrou. – Ainda bem que já tomamos conta dela.

Draco sentiu sua cor sumir.

– Você... a matou? – perguntou, com um fio de voz.

Voldemort riu, por mais que a cena não fosse engraçada.

– Sim... Não é irônico? Uma nojentinha daquele calibre ter a honra de ser morta por mim. Foi uma pena que os pais dela escaparam... Mas não importa, logo eles estarão junto com a filha. Uma família unida. Quer final mais feliz? Aliás, o maldito do Potter terá a mesma espécie de fim. Você acredita que ele teve a coragem de vir até aqui? Uma pena. Tanta coragem
sendo desperdiçada assim...

Draco empertigou-se. Harry Potter, ali? Como se pudesse ler seus pensamentos – e ele podia –, Voldemort respondeu:

– Sim, Harry Potter e seus amiguinhos patéticos vieram até mim. Dolohov veio reportar que os viu logo na entrada. Tão jovens, tão tolos. – o bruxo ofídico entreabriu os lábios, sugerindo um sorriso dócil.

Draco ponderou um instante. “Pobre Harry”, disse ironicamente, com um suspiro.

– Posso fazer parte da equipe que vai até o Potter, Milorde! – ele sugeriu, o simples pensamento fazendo seu humor oscilar entre a excitação e o medo.
– Não, Draco, não. Tenho outro serviço para você. Algo menos convencional e mais importante, no mínimo.

As palavras proferidas por Voldemort fizeram-no desejar estar em outro lugar.

– O... o que é? – o garoto hesitou em perguntar. Não queria exatamente saber a resposta.

– Você irá transportar uma taça de ouro para mim. Simples assim. É extremamente pessoal.

Draco gemeu. Mas o muxoxo emitido foi tão baixo que Voldemort não foi
capaz de escutar. A verdade era que o menino dos cabelos louros estava cansado daquele tipo de trabalho imaturo que sempre lhe era proposto. Era óbvio que o Lorde não confiava em suas habilidades como duelista. Era sempre ele que transportava os objetos de estimação, mas nunca, nem sequer uma vez, fora recrutado para uma batalha épica. Nem no ano anterior, quando sua missão era matar Dumbledore, ele conseguira. Snape estava lá para interferir em seu momento de glória. O grande Severo Snape.

– Draco, está na hora de você aprender a honrar seu sangue.

Malfoy assustou-se. Esquecera-se daquele mania irritantemente repugnante de Voldemort de ler a mente dos outros. “Não é só porque é bom em legilimência que pode sair invadindo minha mente”, pensou ele, enfezado, enquanto se esforçava em lembrar de todas as aulas de oclumência que já tomara.

– E então, vai fazer?

Como se ele tivesse opção... Estendeu o braço, pronto para receber a taça dourada que estava na mão do maior bruxo das trevas da história da magia.
O peso do objeto era tão significativo que fez Draco tremer.

Lord Voldemort observou fascinado o efeito que sua última horcrux causara no menino. Ele poderia não ter percebido, mas, ao tocar na taça estremecera inteiramente, indicando sua subordinação. Os lábios finos de Voldemort se crisparam, revelando um sorriso cuja fragilidade era fatal. Draco Malfoy era dependente de até mesmo um mero sétimo de sua alma. O poder emanava de seu olhar, ininterruptamente.

– Ótimo. Leve-a até Bellatrix Lestrange. Ela saberá o que fazer. – Voldemort pontuou. – Isto é tudo, Draco.

Malfoy sabia a hora de se retirar. Mas foi só até sair do vagão que se lembrou que se esquecera de perguntar onde Bellatrix estava.

***

Harry deu as mãos a Hermione antes de continuar andando. Precisava do apoio palpável mais íntimo que pudesse ter, e ele sabia que a única pessoa capaz de proporciona-lhe aquilo era a amiga.

– Temos que traçar uma estratégia – comentou o líder do grupo, pensando.
– Achei que já estivesse tudo preparado! – Rony objetou. – A gente entra, procura Você-Sabe-Quem e o mata de vez.

Harry achou a ingenuidade do amigo tão engraçada quanto inocente. Todavia, não pôde deixar de reparar que Rony não chegara a citar nada sobre as horcruxes na frente dos outros, atitude que Harry apreciou profundamente.

– É, soa como uma boa. – respondeu, ironicamente. – Isto é, se conseguirmos chegar até o Voldemort antes de sermos mortos! Muito boa idéia, Rony. Quem é o próximo com planos geniais?

O ruivo riu. Por mais que a perspectiva de enfrentar o maior bruxo das trevas da história da magia mundial fosse terrivelmente medonha, ele não estava com medo, tampouco preocupado. Simplesmente queria acabar logo com aquilo.

– Ah, Harry, pelo amor de Merlin, vamos rápido com isto. O que é que aquele cara tem, afinal? Uma varinha e uma capa preta? – perguntou Rony.
Harry franziu o cenho e mordiscou o lábio.

– Este excesso de coragem deve ser efeito tardio daquelas rosquinhas rosadas do café-da-manhã.

Rony corou desta vez. Era mesmo verdade que seu lado destemido tinha acabado de aflorar. Mas não por muito tempo.

– Eu acho que devíamos permanecer juntos e alertas. Harry e Hermione vão à frente, eu e o Rony ficamos responsáveis pela parte de atrás. Dino, Simas, Neville e Gina acobertam as laterais. – Luna sugeriu, sorrindo.
“Deus, há algo estranho aqui!”, Harry mentalizou, enquanto acatava a sugestão inteligente da loira. “Rony corajoso e Luna concentrada no assunto real da conversa?”.

***

– O que é aquilo ali? – sussurrou Ekin Kober, enquanto via de longe a silhueta de um pequeno grupo de garotos.

– Nada de mais. Só o Potter e alguns amigos. – respondeu Dolohov, cobiçando com o olhar.

O outro, dono de cabelos longos e negros, sentiu uma leve tremedeira nos lábios grossos.

– E devemos ficar parados? – Ekin perguntou, perplexo.

– Ah, não. – Dolohov sinalizou, com uma abrupta vontade de rir. –
Devemos pegá-los. Mas, espere um minuto, a cena é tão engraçada... Note a concentração do Potter. Pobre coitado, pensa que pode sobreviver.

No entanto, Ekin não teve tempo para reparar em nada. Não desacatava uma ordem de Voldemort com a mesma freqüência de Dolohov. Então, sem nem pensar muito no que estava fazendo, saiu em disparada, atirando-se na frente do pequeno grupo, com a varinha em punhos.

***

Harry só teve tempo de gritar “Expelliarmos” antes de ver Simas e Dino caindo no chão, desarmados. As defesas de lado direito haviam acabado de ceder.

– Neville, assuma o lado direito, agora! – Harry ordenou. Neville fez uma troca extraordinariamente rápida de posição.

Hermione e Rony trabalharam juntos para abater um dos comensais, que caiu com estrépito, desprendendo-se da máscara. Ao observar aquele rosto, Harry sentiu um formigamento que indicava familiaridade. Aquele homem já fora parte de seus sonhos mais que uma vez.

Mas o fundamental era derrotar Dolohov, para conseguir romper a barreira das proximidades de Voldemort, que se tornava inexpugnável passo a passo.

– Sectumsempra! – gritou o garoto. O feitiço atingiu o Comensal da Morte
em cheio, fazendo um corte de tamanho e profundidade consideráveis. No entanto, o ferimento foi rapidamente se fechando.

“Que diabos...”, Harry pensou, enquanto analisava o ambiente a sua volta. Aquela maneira de fechar cortes lembrava muito...

– Snape está aqui. – ele pronunciou.

Imediatamente, os outros cinco que continuavam em pé passaram a procurar, varrendo o salão com cautela e alerta máximas. Menos de três segundos depois, um jato vermelho vindo de lugar nenhum atingiu Luna, e ela despencou. Harry começou a enfeitiçar às cegas a partir daí.

Seu sangue pareceu se esvair de suas veias quando ele constatou que estava rodeado por seguidores de Voldemort. Seus feitiços arrancaram xingamentos por onde passaram, e quando todos constataram que já haviam sido descobertos, mostraram suas caras. Harry teve tempo de reconhecer todos eles antes de desmaiar.

***

Draco sentiu a Marca Negra arder quando achou Bellatrix, finalmente. Entregou a taça com pesar, pois começara a se referir a ela como sua.

– Ótimo, Draco. Eu preciso ir até o Departamento de Mistérios. Avise o Lorde das Trevas que estarei resolvendo nosso assunto particular com esta taça, sim?

Draco assentiu, chateado. O que aquela mulher faria com o objeto no Departamento de Mistérios? Não diga que ela esconderia uma bugiganga de Lord Voldemort na sede do Ministério da Magia... “Que idiota”, ele amaldiçoava.

Sem mais pensar, foi até o vagão de Voldemort, atendendo ao chamado urgente da Marca Negra.





Fic tá bem no finalziiiiiiiiiiiiiiiinho :)

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.