A Carta
E foi naquele momento que decidiu, falaria. Nada mais a impediria. Snape nada comentou com ela sobre aquele dia. Mas Laura sabia perfeitamente que ele estava perto sempre que precisasse. Começou a pensar que ele até já sabia. E ele, cada dia mais ia demonstrando que sentia algo por ela. Mas ela não sabia distinguir. Já era dia 23 de Dezembro. Ao sinal do trem, Laura correu para dentro dele com seus amigos. Somente Harry, Rony, Hermione, Carrie e Gina ficariam. Os outros amigos iriam com ela para a Itália. Havia deixado a carta com Carrie, que se prontificou a entrega-la. Despediu-se de Snape. O trem partiu e Laura sabia que, a partir de agora, não haveria mais volta.
Snape estava sentado em seu escritório quando alguém bateu à porta. Era a menina Greywood.
-O que quer, srta. Greywood?-Perguntou ríspido.
-Ah...Senhor...É que me pediram pra lhe entregar isto.-Carrie tirou um pergaminho enrolado de dentro de suas vestes e entregou-o. Snape arqueou uma sobrancelha.-O senhor já deve saber de quem é, não?-Ele confirmou com a cabeça e pegou o pergaminho das mãos da menina. Esperou que ela fosse embora e abriu. Logo viu que a letra lhe era conhecida.
”Ao meu professor,
Não sei exatamente o que me levou a escrever esta carta, porque sei que jamais teria coragem de entregá-la ou dizer isso olhando nos seus olhos, olhos nos quais me perco no caminho para seu coração...Olhos pelos quais me encanto cada dia mais.
Tenho tanto a dizer, que não sei por onde começar... Pois bem, você tem sido muito mais que um professor, um grande amigo. Não sei ao certo quando ou como isso começou, mas também não importa. Não tenho palavras para dizer o que acontece comigo quando estou perto de você. Seu sorriso, sua voz, ah...sua voz. Só Merlin sabe o que sua voz faz comigo. Sua ironia me encanta de tal maneira, que já não consigo parar de sorrir. Diante disso, só me resta dizer-te que te amo com tamanha intensidade, que nem o sol brilha tão forte quanto meu coração bate por você. Mas, sei que não tenho chances. Sei que um homem como você jamais se apaixonaria por uma garota como eu. Mas haja o que houver, não vou deixar que se perca o brilho e o encanto de primeiro amor.
Deixe-me apenas mostrar um trecho de uma música trouxa. Ela dirá tudo por mim:
‘Nunca pensei que encontraria alguém para amar. Nunca acreditei que viveria o amor. Mas quando te vi, meu mundo mudou. E agora não deixo de sentir, sem você nem posso respirar. Não quero viver se não está aqui comigo. Eu não posso ser feliz...’
Bem, por mais que eu sofra, tudo que eu mais desejo na minha vida, é sua felicidade. Seja ela, perto ou longe de mim...
Obrigado por tudo.
Daquela que muito lhe admira,
L.B.
Sei que não deve ser difícil saber que sou eu, mas só peço uma coisa: Não me ignore. Porque isso, eu não suportaria...”
Um sorriso se fez na face de Snape. Desde o início ele sempre soube. Mas por mais que ele gostasse dela, eles não podiam. Ele a faria sofrer como fez anos atrás com uma menina da mesma idade de Laura. Por mais que quisesse, não poderiam.
Quando chegaram em Solarolo, Laura, Vic, Meg, Juliet, Eryck e Simon não foram direto pra casa. Já era noite. Resolveram ir ao teatro. O pessoal do curso devia estar lá.
Laura, Vic, Julie e Simon faziam curso de teatro com três professoras completamente loucas. Já estavam no 2° ano. Erick e Meg resolveram acompanhar os amigos.
-Então...Vamos ver se vocês adivinham o que ela vai fazer.-Dizia uma das professoras,
Diana, que parecia ser a mais calma. Eles já conheciam esse exercício. O haviam feito no ano passado. Era muito bom. Mas estava na vez dela, a professora mais louca que alguém poderia ter, Daiane. Laura olhou para Vic e sorriu:
-O que ela vai fazer agora?-Perguntou baixinho.
-Aposto o que vocês quiserem que ela vai cair...-Vic disse com sarcasmo. Os quatro se olharam e colocaram uma mão em cima da outra...Não deu outra...A professora, que estava perto do banheiro, foi abrir a torneira. E simulou uma queda. Mas, a porta do banheiro, que ela pensava estar fechada, se abriu no mesmo momento em que ela caiu e... Laura e os amigos não se seguraram e riram baixinho:
-Eu não falei?-Disse Vic com ar de superioridade e rindo.
-Será que ela está bem?-Perguntou Meg.
-Relaxa, ela sempre está.-Disse Juliet.
-Tinha que ser a Daiane.-Disse a outra professora, Mary Elise. Essa sim parecia ser brava, mas só era a mais séria. Laura a adorava. Aprontavam altas confusões juntas.
Daiane levantou meio tonta...e rindo de si mesma.
-Ela não muda nunca.-Disse Simon.
-Ah...não!-Se tivessem combinado, não sairia tão perfeito. As três disseram em coro.
-Então, cambada...Vocês sabem o que eu fiz?-Tinha uma expressão divertida no rosto. Os alunos negaram, então, chegou a hora de se pronunciarem:
-Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura!-Os quatro disseram, mal segurando as gargalhadas, levando a atenção de todos para eles. A doidinha que havia caído deu um grito de felicidade e foi logo abraçando Vic. Depois de abraços, reencontros e apresentações, a turma foi dispensada. Daiane pediu que a ajudassem com o camarim, mas só Vic e Laura foram. Os outros ficaram conversando com as professoras:
-Então, tia Daiane...-Começou Vic com um sorrisinho maroto nos lábios.
-Então o que?-Sabia muito bem o que ela queria saber. Mas preferiu se fazer de desentendida enquanto podia.
-Como vai? Tem novidades?-Laura deveria ter sarcasmo nas veias...
-Ah, não...Nenhuma...-Cínica...
-Nem teve notícias de um certo rapaz chamado Henry?-Vic sabia que ela estava fingindo.
-Pra mim, o Henry está morto e enterrado...-Fechou a cara.
-Nossa! Tia...Só porque ele não pôde vir fazer a iluminação de uma peça? Titia...Ele estava ocupado.-Laura rebateu na defesa do amigo.
-Ah, eu sei...Mas vocês estão procurando chifre na cabeça de cavalo. Eu não tenho, nunca tive e nunca vou ter nada com o Henry.-Falava como se estivesse fazendo um discurso.
-Se tem uma coisa que eu aprendi com essa daqui...-Apontou com a cabeça para Vic.-...É nunca dizer nunca...
-Sempre diga sempre!-Vic completou para a amiga.
-Vocês não prestam, sabiam?-Disse segurando um sorriso.
-A gente sabe.-As duas responderam juntas com muito orgulho.
-Mas, de verdade, vocês não deveriam insistir nisso. Ele tem idade pra ser meu filho.-Como ela achava que estava conseguindo mentir se não parava de sorrir.
-E desde quando isso impede alguma coisa?-Laura era malícia pura ao falar isso.
-Laura!-Repreendeu.-O fato é que...que...que eu não gosto de homem de cabelo cacheado.-Laura arregalou os olhos e lembrou do dia em que a viu fazendo carinho nos cabelos de Henry.
-Hum...sei...Você também não gosta de homens com tatuagens, eu suponho...-Agora tinha um ar de mulher de negócios.
-Isso mesmo. Tatuagens são horríveis.-Fez cara de asco.
-Então pra que você tem uma na mão?-Vic fez uma cara como se a professora fosse retardada.
-Erm...ah...ok, ok...Vocês ganharam...-As meninas sorriram.
-Viu só? Doeu tia Daiane?-Vic não se segurou. A mulher sorriu timidamente.
-Ah, pelo amor de Deus! Tia Daiane, só vocês dois não enxergam! Vocês ficam tão bonitinhos juntos...-fez carinha de bebê.
-Mas, vocês acham que ele ia querer?-Finalmente!
-Se você parasse de ser tão durona, é claro que ia! Ou melhor, vai! Porque se vocês não se acertarem, nós trancaremos vocês dois no camarim Violeta Silveira até sair pelo menos, um beijo. Não é não, Vic?-Fingiu-se de séria.
-É isso aí!-Vic concordou.
-Mas ele tem namorada...-Estava demorando...
-E daí?-Vic quis saber.
-Você é ciumenta?-Laura sorriu com malícia. A mulher não respondeu. Saiu do camarim, mas não deu 5 segundos e ela apareceu novamente na porta. Sorriu marotamente, mordeu o lábio inferior e levantou uma sobrancelha:
-Não, eu não sou ciumenta.-E se foi de vez. As meninas se olharam e sorriram.
-Ela quer!!!-Foram embora. Cada um foi para sua casa. Laura já chegou escutando broncas de sua mãe, seu padrasto estava vendo TV e nem a viu chegar. Jantou e foi pro quarto. No dia seguinte, iria encontrar com os amigos. Mas, quando ia dormir, um barulho conhecido a chamou. “Ah, Merlin...É ele...” Calmamente foi até sua escrivaninha, tirou o caderno de dentro da gaveta e quando o abriu, viu um imenso “OI” na primeira linha. Ela sentou-se, pegou uma pena e começou a escrever em resposta:
“Oi”
“Como você chegou?”
“Bem...”
“Que bom...”
“Rs...”
“Bonita a sua letra”-Ele sabia. Respirou fundo e foi!
“Obrigado...Rs”
“Porque você própria não me entregou a carta?”
“Ah, não sei...Acho que não queria ver a sua reação...”
“Entendo, se fosse eu, acho que faria a mesma coisa...rs”
“Sério?”
“Huhum...eu não sou tão durão quanto dizem. Olha, sua carta é linda.”
“Grazie...”
“Olha, eu não posso te prometer o paraíso, nem o inferno. Mas a minha amizade sim! Vamos deixar rolar, e ver onde isso vai dar, ok?”
“Và bene.”
“E quando isso começou?”
“Isso o que?”
“Isso que está acontecendo com você...”
“Ah, acho que desde o dia do seminário...”
“Rs...faz tempo, não?”
“Faz sim.”
“Você já teve namorado, Laura?”
“Ah, não...sério, não. Teve um garoto que eu gostei, mas foi só. Não passou de um beijo.”
“Hum...Eu vou participar de um concurso de poções na semana que vem em Londres.”
“Que legal”
“Torce por mim, ta bem?”
“Já to torcendo. Mas não tem nem o que torcer. Quem vai ganhar é você!”
“Se eu ganhar, eu te dou um beijo na boca!” -Laura corou horrores ao ler a última frase. Ficou alguns segundos sem escrever. “Ficou vermelha? Ficou vermelha, que eu vi daqui!”
“Você é louco!”
“Eu sei.”
“Rsrsrsrsrs...”
“Tenho que ir, fazer a ronda no castelo, sabe?”
“Mas é véspera de Natal... Nem no Natal você descansa?”
“Não! O trio de ouro ficou, lembra?”
“Trio de ouro?”
“É...o Potter, o Weasley e a Granger... Eles sempre arrumam confusão.”
“Ah, então...boa noite...”
“Ah, Laura...Eu te gosto muito, não esquece, está bem?”
“Ta. Eu também gosto muito de você.”
“Tchau...Boa noite...E...Obrigado por me fazer sentir um moleque de novo...”
“Rs...Não por isso...Ciao...”
Laura fechou o caderno ainda com um sorriso bobo pairando em seu rosto e foi deitar. E foi sonhando mais uma vez com ele, que adormeceu num mundo de magia e alegria. Mas mal sabia ela o que o destino lhe havia preparado...
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