Capítulo 16
Lily estava satisfeita de que ela e James estivessem em comum acordo. Isso parecia ser uma luz no fim do túnel no relacionamento deles, um alívio. Eles poderiam conversar e rir que isso não iria parecer fora do normal, ou como se fosse um acontecimento.
Mas, ainda não houvera beijo. James queria que as últimas oportunidades que ele tivesse fossem absolutamente perfeitas. O que significava esperar pelo momento perfeito.
Isso não a assustou muito; Lily estava planejando a operação Frank e Alice: Beijo e Reconciliação. E ela precisaria da assistência de James.
Foi durante as rondas, cerca de uma semana depois de ela ter admitido sua atração por ele, que Lily levantou a questão.
- Nós precisamos fazer Alice e Frank voltarem a ser amigos.
- “Nós”?
- Eu tenho um plano. Trancá-los juntos dentro de uma sala de aula vazia até que eles se desculpem.
- Isso parece fácil. Por que você precisa de mim? - ele perguntou.
- Para atrair um deles para dentro da sala. Eles não irão, se souberem que o outro estará lá - explicou Lily.
- Certo. Eu cuidarei de Frank, você apenas pega Alice.
- OK. Escute, eu estava pensando que amanhã...
- Lily, você tem certeza que nós temos que aparecer aqui? Desde quando você foge de seus deveres de Monitora Chefe para matar o tempo com James e a turma dele?
- É muito importante, esta noite. Especialmente para você.
- Por quê? Vocês estão me iniciando em um clube?
Lily congelou. Aquelas palavras reavivaram lembranças. Clubes, grupos secreto. O que era isso, no canto de sua memória?
- Há uma guerra vindo, decida de qual lado você está!
- Eu estou no seu lado!
- Prove.
- Eu me juntarei quando for mais velho.
- Lily? Olá, Terra para Lily?
Lily chacoalhou sua cabeça, sorrindo para Alice.
- Desculpe, estava apenas pensando em uma coisa.
- Em quê?
- Algo que ouvi, no Halloween, que apenas me lembrei.
- Alguma coisa importante?
- Não tenho certeza... - Lily murmurou. - Hei, aqui estamos nós. Vamos entrar.
Lily abriu a porta, empurrando Alice para dentro. Ela quase fugiu, vendo quem estava esperando, mas Lily não permitiu.
- Vocês duas estão atrasadas - James disse, relanceando as garotas. Alice parecia prestes a pular em cima de Lily.
- Alice?
Alice dirigiu seu olhar para a voz hesitante.
- Frank - ela disse rudemente, censurando-o.
- Escutem, vocês dois; eu sei que estão furiosos, mas vocês são melhores amigos, e isso está me deixando louca, então, vocês não podem fazer as pazes?
Os dois se olharam em um silêncio tenso, até que Alice falou:
- Eu não deveria ter dito aquilo para você, eu estava errada, só estava furiosa.
- E eu não deveria ter agido daquele jeito e levado você a dizer isso. Eu não fui de muita ajuda.
Os dois não estavam sendo muito persuasivos. Foi Frank quem ergueu o olhar primeiro:
- Desculpe-me.
- Eu também. Queria pedir desculpas, eu só estava muito embaraçada e sendo muito teimosa - Alice adicionou, um sorriso se formando em seu rosto.
- Eu também - Frank disse, sorrindo de volta.
Lily deu um rápido passo para o lado, pois Alice tinha se movido repentinamente para frente, atravessando a sala em direção aos braços de Frank, abraçando-o forte.
- Eu senti falta da gente. Nunca vamos brigar de novo.
Frank pareceu ficar muito atordoado pela proximidade de Alice para formular uma resposta, até que ele finalmente respondeu:
- Nunca. Eu prometo.
Lily sorriu, por sobre a cabeça dos dois amigos, para James. Ela não teria sido capaz de fazer isso sem a ajuda dele.
Não teve tempo para agradecer-lhe. Alice e Frank a arrastaram para fora, ambos prontos para voltarem a ser o mesmo trio alegre de antes. Lily pôde apenas acenar enquanto era puxada.
Lily foi acordada no dia seguinte pelo grito estridente de Alice:
- Olhe, Lily, outra carta! Ele está pedindo para se encontrar comigo. Esta noite, na torre de Astronomia. À meia-noite.
Lily sentou-se rapidamente. Meia-noite? Que tipo de cara queria se encontrar à meia-noite? Não parecia certo.
- O que eu deveria vestir? O que deveria dizer? Lily, me ajude!
Lily se levantou, pegando a carta. A caligrafia era ruim e, é claro, havia outro poema.
“Ela caminha em formosura, noite que anda
num céu sem nuvens e de estrelas palpitantes,
e o que há de bom em treva e resplendor
se encontra em seu olhar e em seu semblante”
Lord Byron, se Lily estava certa. E nem tinha o poema inteiro. Nem mesmo a primeira estrofe completa. Mas uma escolha apropriada.
- Eu não acho que você deva ir. E se esse cara for algum tipo de doido?
- Lily, você está começando a parecer o Frank.
Lily suspirou e seguiu Alice até o salão comunal, onde a viu correr para contar a Frank. Ele estava falando a mesma coisa que Lily. Alice não pareceu feliz.
Então, Lily teve uma idéia. Ela saiu do salão comunal, apressando-se para o salão principal, e viu James já sentado com seus amigos.
- Estou lhe dizendo, Slughorn e McGonagall.
- De maneira alguma. Isso é quase nojento. Onde você ouviu isso?
Lily sentou perto de James, olhando dele para Sirius. Ela não estava certa se queria saber isso.
- Hei, Lily, você ouviu o rumor sobre o Slughorn e...
- Sirius, isso é apenas um rumor que alguém começou.
- Você tem certeza? Eu consigo ver a tensão...
Lily o ignorou, voltando-se para James:
- Preciso de um favor.
- Qualquer coisa por você.
Lily olhou para ele, incrédula.
- Bem, isso foi fácil.
- Com que eu estou concordando, exatamente?
- O admirador secreto da Alice quer se encontrar com ela hoje, na torre de Astronomia, à meia-noite. Eu não confio nesse cara, então eu quero que você vá e cuide dela.
- Não seria um tanto óbvio? Quero dizer, Alice não iria muito longe.
- Ela iria, se você não fosse exatamente como um humano - Lily argumentou.
- Lily, você não acha que seria meio frustrante, sabendo em quê eu me torno?
Lily deixou sua cabeça bater na mesa.
- Droga, eu não havia pensado nisso.
- Você precisará de algo menor, mais discreto - James disse, olhando para Peter.
- Eu? Mas ela não sabe sobre nós, garotas não gostam de ratos.
Lily suspirou, e então ponderou.
- É verdade, mas Alice sempre gostou de cachorros...
- Eu acho que isso é direcionado a mim - Sirius falou.
- Quem mais?
- Eu gosto daquela garota, mais ou menos como uma irmãzinha irritante que eu nunca tive ou quis.
- Então você vai fazer isso?
- Por que não? Eu posso prevenir Frank sobre a competição.
Alice andava despreocupada pelos corredores em direção ao local do encontro. Por alguma razão, Lily não a tinha incomodado sobre isso, quando ela sabia que a amiga realmente teria preferido que ela não fosse.
De repente, ouviu algo se aproximando atrás de si. Ela olhou para baixo para ver um rato perto de seu pé. Soltando um grito esganiçado, deu um chute na direção do animal. O rato apressou-se em subir em um cachorro. Essa situação a surpreendeu, considerando que cachorros não eram animais de estimação exatamente comuns em Hogwarts.
Ela o olhou por um segundo, então o mandou ir embora. Afinal, seu admirador não gostaria de um cachorro estranho no mesmo lugar que eles. Não que isso importasse. Ela estava indo mais por curiosidade.
Continuou andando para depois parar, vendo que o cachorro ainda a seguia.
- Olha, cachorrinho, você é fofo e tudo, e em outras circunstâncias eu o levaria escondido para meu quarto e imploraria a Lily para manter segredo, mas estou tendo um encontro, então você tem que cair fora.
Voltou a andar para logo parar.
- Sabe, você realmente está me aborrecendo. Consegue me ouvir? Senta. Fica.
Ela virou e então ouviu uma voz chamar seu nome. Alice girou e quase gritou.
- Sirius, o que você está fazendo aqui? - ela sibilou. Então ficou pálida. - Oh, por favor, não me diga que você é meu admirador secreto!
- Uh, não. E eu estou profundamente ofendido por essa reação.
- Desculpe - ela disse, não soando muito sincera, Sirius notou. - E aí, o que você está fazendo aqui?
- Não sentando e ficando.
Alice olhou para ele, confusa.
- Oh, então você é um...
- A-ham.
- Você sabe que tem um rato em seu ombro?
- Ah, este é Peter.
Alice cruzou seus braços.
- Lily mandou você.
- Sem comentários.
- Ela mandou - Alice falou, batendo o pé. - Oh, bem. Já que você está aqui, venha. Você realmente é uma gracinha como cachorro, sabia?
Depois de alguns metros, ela alcançou o lugar que supostamente deveria se encontrar com seu admirador.
- Olá? - ela chamou.
- Alice? - uma voz respondeu. Soava baixa, jovem.
- Sou eu. Onde está você?
- Por que há um cachorro com você? - a voz disse de volta.
- É meu cachorro... Fluffy - ela disse rapidamente. Ignorou o barulho que Sirius fez em resposta.
- Ele não morde, não é?
- Só às vezes - Alice falou. - Venha para onde eu possa vê-lo - pediu.
- Não gosto de cães.
- Se ele incomodar você, eu sempre posso mandá-lo para a carrocinha - Alice disse perigosamente.
- Certo. Estou indo. Mas você tem que prometer que não vai fugir.
- OK. Eu prometo - ela disse impaciente.
O dono da voz começou a andar, e Alice ficou boquiaberta. Era um menino, um menino novo. Novo, do tipo doze anos.
- Você é apenas uma criança! - ela disse atordoada. Atrás dela, Sirius estava fazendo um barulho que ela supôs ser o tipo de risada que viria de um cachorro.
- O que ele está fazendo? - o garoto perguntou hesitante.
- Nada. Ele só está com problemas respiratórios - ela disse rapidamente. - Qual a sua idade?
- Doze, mas vou fazer treze em três meses.
Alice enterrou o rosto em suas mãos. Ela não conseguia acreditar que isso estava acontecendo.
- Como nós nos encontramos?
- Você me mostrou o caminho para a sala de aula, um dia, no ano passado, quando eu estava perdido. Você disse que sempre que eu precisasse de ajuda era só pedir. E nós dançamos juntos na festa de Halloween, em Hogsmeade. Eu soube que estávamos destinados no momento em que encontrei você.
Alice se esforçou com o que fosse dizer. Ela não queria magoá-lo; ele era tão novo, e ela se lembrava de seu grande amor naquela idade. Mas ela não poderia permiti-lo pensar que houvesse esperança. Nunca houve.
- Olha, você parece ser um garoto legal e tudo. Mas é contra a lei, ficarmos juntos.
- Podemos manter em segredo.
Alice suspirou.
- Você é muito novo para mim. Mande-me uma coruja daqui cinco anos, veremos como acontece. Quero dizer, você não gostaria de uma garota de sua própria idade?
- Eu sabia que você pensaria que sou muito novo. Por isso escrevi aquelas cartas. Eu só queria falar com você cara a cara.
- Olha, isso é encantador, de verdade, e você será um grande namorado, admirador, qualquer coisa, para a garota certa. Mas essa garota não sou eu.
- Você tem certeza?
- Totalmente.
Ele aceitou isso e foi embora. Sirius e Peter voltaram à forma humana e a olharam, ambos segurando uma risada.
- Se algum de vocês disser qualquer coisa, eu os mato. Entenderam?
Nos dias seguintes, Frank estava particularmente feliz devido ao que Alice dissera a ele, Lily tinha certeza. A própria Alice estava bem, sem mais preocupações. Vendo que ambos os seus amigos estavam agradavelmente felizes, e agradavelmente felizes um com o outro, ela foi procurar James.
Foi no salão principal que o encontrou, ao lado de Sirius, Remus e Peter.
- O que vocês estão fazendo?
- Amanhã é dia de Ação de Graças e no dia seguinte eles colocarão os viscos de Natal. Estamos procurando os melhores lugares em que eles ficarão, com isso, saberemos aonde ir - explicou James.
- E quem você planeja beijar? - ela perguntou.
- Você, é claro.
- Sabe, beijos por causa dos viscos não contam na aposta. Muito fáceis.
James olhou para seus amigos, que concordaram.
- Mas eu ainda posso te beijar embaixo dos viscos.
- Você pode tentar. Eu me lembro de uma vez, no quinto ano, quando você tentou me pegar em baixo de um visco; você precisou que Sirius tentasse me levar para baixo e eu o empurrei para que ele ficasse embaixo do visco com você...
- Eu me lembro disso... Foi um visco enfeitiçado, e ele não te deixava enquanto você não tivesse beijado a pessoa - James disse, parecendo irritado novamente só em se lembrar disso.
- Foi bem feito, tentando me pegar em baixo de um visco enfeitiçado. Da próxima vez que você tiver um plano engenhoso, não o diga onde Frank possa ouvir para me contar.
- Nós ficamos esperando por quatro horas para que aquele feitiço se desgastasse! - James exclamou. - Você sabe o quão difícil é ficar num único lugar por quatro horas?
- E eu realmente queria fazer xixi - Sirius falou.
Lily franziu o nariz com essa observação. Realmente era informação demais.
- Por que vocês simplesmente não se beijaram e saíram de lá?
Ambos olharam para ela como se Lily estivesse louca.
- Lily, nós não podemos nos beijar. Somos homens.
- Verdade, eu não tinha percebido - ela falou sarcasticamente, então adicionou: - Sabem, visco enfeitiçado não especifica onde você tem que beijar. Vocês nem sequer teriam que beijar na boca do outro. Eu sei, pois caí numa armadilha uma vez com um sujeito da Slytherin. Não de propósito. Ele era do sexto ano, eu, do primeiro.
- Você deveria ter nos contado. Havia um monte de gente nos observando, nos dizendo para beijar - James falou.
- Eu os odiava. Foi divertido. Além disso, não foi grande coisa, vocês são melhores amigos. Se eu caísse numa armadilha dessas com Alice, eu a beijaria para não ter de ficar parada por quatro horas.
- Verdade? - James, Sirius e Remus perguntaram juntos.
Lily desaprovou a expressão nos rostos deles.
- Não comecem a ter idéias. Pervertidos.
De repente, ela se lembrou do pedaço da conversa que tivera antes com Alice.
- Sirius, Remus, quem estava no corredor, no Halloween?
Os garotos se olharam.
- Você os ouviu? - Remus perguntou.
- Partes. Uma mulher conversando com seu irmão - ela falou gesticulando para Sirius.
- O que ela disse?
- Não me lembro de toda a conversa. Tentava fazê-lo entrar em alguma coisa - Lily respondeu. Havia sido também uma conversa sobre uma guerra próxima, mas ninguém sabia se ela aconteceria. Ela não gostou do foco da conversa. Parecia que a hora estava se aproximando quando eles conversaram.
- Qual foi a resposta dele?
Lily ficou um pouco chocada pela intensidade da pergunta dele. Ela tinha certeza que, depois da briga, os dois irmãos não se importavam tanto um com o outro.
- Ele disse que entraria quando fosse mais velho - ela disse suavemente, esperando pela reação de Sirius. Não houve nenhuma. Ele parecia não se importar. - De qualquer maneira, esse é um tópico deprimente, vamos mudar de nossas famílias alienadas para algo mais feliz - Lily disse alegremente, esperando melhorar os ânimos.
- Certo. Voltando ao rumor sobre o Slughorn e a McGonagall...
O dia de Ação de Graças foi um dia bom e Lily tinha muito que agradecer. Seus amigos eram amigos novamente, James e ela se aproximando de maneira perfeita e ela tinha certeza de que ele estava planejando algo romântico a fim de obter os últimos dois beijos.
Era apenas uma pena que as coisas não conseguiam durar.
James estava simplesmente convidando-a para ir a Hogsmeade (ele queria ter uma idéia do que comprar a ela para o Natal) e Lily estava a ponto de concordar (ela estava discutindo por simples hábito, e ele sabia disso), quando ele disse algo que a fez vacilar.
- Ah, vai, Lily, até mesmo nossos amigos acham que pertencemos um ao outro.
- Eles acham? E como você sabe disso?
- É o que Alice acha.
- O quê? Vocês sentaram por aí e deliberaram a meu respeito? - ela zombou.
James desviou seu olhar de Lily, lembrando-se que Alice dissera que Lily ficaria irritada se soubesse o que a amiga contara a ele.
- Não, foi só um palpite de sorte, você sabe.
Lily notou que ele não olhava para ela, não a encarava.
- Vocês conversaram, não foi?
- Apenas uma vez, eu estava querendo descobrir o que você realmente sentia por mim.
- O quê? Você perguntou a ela nas minhas costas? Minha melhor amiga. Isso não é justo, que decepção. Não acredito em você! - ela gritou.
- Como assim, decepção? Você fez a mesma coisa comigo! - ele se defendeu.
- Foi completamente diferente, você já havia me dito o que sentia, eu só estava confirmando.
- Então você pode perguntar a Sirius sobre mim, mas eu não posso perguntar a Alice sobre você?
- Isso! - ela gritou.
James se perguntou se Lily sabia o quão hipócrita ela soava.
- Como isso é justo?
- Porque eu sempre soube que você gostava de mim, e você apenas não pode ir perguntando a quem você vê se eu gosto de você.
- Por que você se importa que eu pergunte, quando você admitiu isso perfeitamente, de qualquer maneira? - ele falou, ficando calmo enquanto ela se irritava gradativamente.
- Porque talvez eu não esteja preparada para que você saiba - Lily esganiçou.
- Isso não é como se você estivesse negando - ele a lembrou.
Isso era verdade. Lily havia admitido que se sentia atraída por ele. Mas nunca dissera que gostava dele. Ou o amava. E não era justo que ele ouvisse isso primeiro em qualquer outro lugar. Mas e daí que ela não estava negando? Não importava. Ela estava propensa a mudar de idéia.
- Não neguei, mas isso não importa. Eu mudei de idéia, não gosto mais de você, afinal de contas.
James sentiu-se extremamente tentado em estrangulá-la. Era como se ela encontrasse o menor motivo para fugir. Ele sabia que ela estava com medo, mas ela ficar com raiva era sem sentido. Era inútil, e ela apenas queria um motivo para fugir logo.
Ele novamente se lembrou como em todas as vezes que ele dava um passo adiante, ela dava três para trás. Ele havia pensado que eles estavam prestes a acabar com isso.
- Continue dizendo isso para si mesma, Lily. Talvez um dia você acredite.
Lily ficou boquiaberta. Ela realmente não conseguia tolerá-lo em alguns momentos. E este era um deles.
- Você tem que ser tão presunçoso? Eu já nem sei o que vi em você.
Ela estava irritada, principalmente por ter iniciado uma briga em palavras, uma vez que ele não estava prestes a lhe dar a vantagem. Eles já estavam fartos de gritar em jogos que duravam a vida toda, como era o caso. A paciência de Lily não era algo que James quisesse provocar e parecia que ela já havia se provocado o bastante. E de fato, a pessoa com quem ela estava irritada era Alice por ter dito aquilo, e não com James por ter perguntado. A não ser que Lily estivesse zangada com ele por ele ter feito com que ela se zangasse com Alice, o que era muito confuso, mas era algo que ele conseguia ver Lily fazendo.
- Meu bom humor? Meu incrível charme? Minha espetacular habilidade em beijar?
O rosto de Lily ficou vermelho e ela ergueu as mãos em frustração.
- Você não consegue levar nada a sério?! Ugh, você me deixa louca!
- Ainda assim, você gosta de mim.
Lily o encarou, irritada, então virou e foi embora. James tinha certeza que ela estava indo dar uma volta e, provavelmente, depois de alguns dias ofendida, as coisas ficariam bem. Ele a conhecia bem o bastante para saber disso. Apenas esperava que não demorasse muitos dias, pois ele tinha menos de um mês para ganhar a aposta.
- Por que eu faço coisas estúpidas? Por quê? - Lily falou, jogando-se dramaticamente em sua cama. Alice a olhou com diversão.
- Eu estou tão agradecida por você não estar irritada comigo.
- Eu estava, mas superei isso. Eu estou irritada com o estúpido do James. E com minha própria estupidez.
- Por quê?
- Porque ele é um imenso idiota - ela disse. Alice quase riu da expressão no rosto dela.
- Quero dizer, por que você está brava consigo mesma?
- Eu tentei iniciar uma briga com o James. E não sei por quê. Eu vi a mim mesma sendo uma idiota e não tive controle sobre isso. O que há de errado comigo?
- Eu acho que o que há de errado é esta aposta estar quase terminada, e você quer que James vença. Mas você não quer querer que o James vença, então, você está sendo uma bundona.
Lily olhou para ela de sua cama.
- Não acredito que você me chamou de bundona.
- A verdade dói, às vezes.
- Obrigada pelas palavras sábias - Lily retorquiu sarcasticamente.
- De nada.
Lily rolou os olhos, enterrando o rosto no travesseiro.
- Eu acho que gosto de ver o quão longe eu consigo empurrá-lo. Isso é horrível?
- Sim, mas, se você está considerando ficar com ele, eu acho que é compreensível - respondeu Alice, sentando-se na beira da cama.
- Ele não ficaria zangado comigo. Ele não iria nem mesmo gritar. Ele estava tão calmo com tudo isso.
- Talvez ele também saiba que você apenas está sendo uma bundona - Alice sugeriu.
- Obrigada, Alice - Lily falou secamente.
- Você irá se desculpar?
- Como? Desculpe, James, eu perdi a razão temporariamente. Isso acontece às vezes, então, aprenda a lidar com isso.
Alice sorriu e deu um tapinha na cabeça de Lily.
- James não está zangado, ele te conhece bem bastante para esperar essas coisas de você. Ele te perdoará.
- Eu sei que ele vai, ele nunca ficou zangado. É muito embaraçoso, na verdade.
Alice deu um meio sorriso irônico.
- Bem, se você não se constrangesse de vez em quando, você não seria tão divertida.
No dia seguinte, Lily não falou com James. A principal razão foi porque ela não queria ver a expressão presunçosa no rosto dele quando lhe dissesse que não estava irritada. Então, ela esperou o longo dia para decidir falar com ele. Entretanto, ela não o encontrou. Ela supôs, então, que ele estivesse fora dos terrenos da escola.
No outro dia, ela tinha certeza de estar certa, uma vez que tinha ouvido falar sobre uma festa de Natal no salão comunal. Ela encontrou James, não mencionando a briga deles.
- Você tem alguma coisa a ver com essa festa que ouvi?
- Eu não planejei a festa. Só ajudei para que ela acontecesse.
Lily sorriu em resposta.
- Acho que o vejo lá, então.
- Isso significa que estamos conversando de novo? - ele perguntou.
- O que você acha? - Lily falou por cima do ombro.
Ele não lhe deu resposta. O sorriso no rosto dela dizia tudo.
James não viu Lily durante o início da festa, apesar de saber que ela o procurava. Quando ele a viu, foi para vê-la com os amigos, dançando. Alice tinha arrastado Peter para fora da pista de dança, Lily tentava convencer Frank, então, desistindo, virou para Sirius e Remus que estavam fazendo-a ir para frente e para trás. Ela estava rindo, e então virou o rosto na direção dele e, após ver James, sorriu e acenou para ele.
James acenou de volta, diminuindo a distância entre eles, mas sendo parado por alguns garotos do time de quadribol.
Lily caminhou para um canto isolado, esperando que James se juntasse a ela. Ela estava esperando por ele, então, quando sentiu dois braços circundando sua cintura, ela fechou os olhos, permitindo-se ser girada e beijada. Sentiu alguma coisa errada. Por um momento, ela o sentiu um pouco menor, e o beijo era um pouco... não era tão bom quanto ela havia esperado. Ela se afastou, e ao mesmo tempo ouviu alguém gritar seu nome.
Ela girou na direção da voz e viu James olhando-a com horror, a expressão dela sendo a mesma da dele. Ela apressou-se em tentar explicar.
- Não, James, isso não é o que parece, eu pensei...-
Ela não chegou a dizer tudo o que queria, pois James deu um soco no rapaz que a estava beijando. Lily tinha certeza que James havia quebrado o nariz dele, julgando pelo sangue que jorrava.
- James! Olhe o que você fez! - ela gritou. Claro, ela queria socar o rapaz por beijá-la, mas quebrar o nariz dele? Esse tipo de coisa poderia expulsar James.
Lily percebeu o erro de suas palavras tão logo elas foram ditas. Isso apenas fez parecer que ela se importava com o rapaz.
Aparentemente, também foi essa a idéia que James teve enquanto caminhava para longe dela.
- James, espere! Deixe-me explicar!
- Explicar o quê? Por que você estava beijando outro cara?
- Não, quero dizer, não é o que você acha, eu pensei...-
- Pensou que eu não encontraria você?
Lily sentiu a raiva borbulhar dentro dela. Se ele ao menos ouvisse, veria que estava errado. Ela começava a pensar que o idiota era ele. Como ele poderia pensar que ela poderia fazer esse tipo de coisa?
- Não, não é isso. James, você tem que me ouvir - ela pediu.
- Ouvir você? Depois de você me trair? Como você pode explicar isso?
Lily sentiu que estava perdendo a calma. Realmente, se ele pensasse isso dela, o que ela poderia dizer? Ela sabia que não deveria fazer isso e lamentou o que dizia mesmo enquanto as palavras saíam, mas ela não conseguia impedi-las:
- Trair você? Eu não sou sua namorada! Eu posso beijar quantos garotos eu quiser, e você não pode fazer coisa alguma sobre isso!
Ela viu a dor no rosto dele, sabia que devia parar, que queria, mas gritou as palavras de qualquer maneira:
- Eu odeio você!
Isso pareceu ser a gota d’água para ele. James girou e foi embora. Lily o viu se afastando, sua raiva se esvaindo. O que ela fizera?
- James, espere, eu não quis dizer isso! - ela o chamou, vendo-o se afastar mais.
Isso não serviu para nada. James já estava saindo, e todos no salão comunal olhavam para ela. Ela e James haviam feito uma bela cena. Sirius, Remus e Peter seguiram James para fora do salão, olhando-a gravemente, e Alice e Frank já estavam atravessando o salão até ela.
Ambos pegaram-na pelos braços, levando Lily para o quarto de Frank. Uma vez dentro dele, ela desabou na cama do amigo, chorando muito. Nada nunca esteve tão errado.
N/T: Sim, demorei um pouco, mas cá está o capítulo com tudo o que merece...e não merece! É o que eu sempre falo: James e Lily conseguem ser pior do que Ron e Mione! KKK...Mas, mesmo assim, ambos são meus casais preferidos! Desculpem pela demora. Mas, sabem como é, essa vida está corrida demais, e o semestre na faculdade não está me perdoando!
Espero que tenham gostado do capítulo.
Sally Owens, amada! Muito obrigada por betar este capítulo para mim. Para você, beijos duplos!
Pamela Black, irmã que amo tanto, embora esteja me dando os canos - e você tem motivo para tal. Saiba que ainda vou te cobrar por isso! Hehe.. Dez beijos para você.
Muito obrigada a todos que deixaram reviews!!! Elas são sempre muito bem-vindas. Vocês não fazem idéia do quão bom é saber como a história está sendo recebida, sendo uma história minha ou tradução. Não vou responder uma por uma, infelizmente, pois realmente o tempo é curto... Mas beijos especiais para todos!
Sobre o poema... Como Lily bem soube: o poema é o de Lord Byron, de número 178.
“She walks in beauty, like the night”
She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies,
And all that’s best of dark and bright
Meets in her aspect and her eyes;
Thus mellow’d to that tender light
Which Heaven to gaudy day denies.
One shade the more, one ray the less,
Had half impair’d the nameless grace
Which waves in every raven tress
Or softly lightens o’er her face,
Where thoughts serenely sweet express
How pure, how dear their dwelling-place.
And on that cheek and o’er that brow
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
but tell of days in goodness spent, —
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent.
Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos e Paulo Vizioli (não encontrei nenhuma oficial)
Ela caminha em formosura...
Ela caminha em formosura, noite que anda
num céu sem nuvens e de estrelas palpitantes,
e o que há de bom em treva ou resplendor
se encontra em seu olhar e em seu semblante;
ela amadureceu à luz tão branda
que o Céu denega ao dia em seu fulgor.
Uma sombra de mais, em raio que faltasse,
teriam diminuído a graça indefinível
que em suas tranças cor de corvo ondeia
ou meigamente lhe ilumina a face:
e nesse rosto mostra, qualquer doce idéia,
como é puro seu lar, como é aprazível.
Nessas feições tão cheias de serenidade,
nesses traços tão calmos e eloqüentes,
o sorriso que vence e a tez que se enrubesce
dizem apenas de um passado de bondade:
de uma alma cuja paz com todos transparece,
de um coração de amores inocentes
Até o próximo capítulo!
Livinha
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