Capítulo 1
O vento bagunçava seus cabelos. A lua era nova. Suspirou. Era seu aniversario, mas nem o bolo de suspiros a animou. Completar onze anos não era tão empolgante com aquela lua. Fazia quanto tempo? Dois anos. Há dois anos, Cygnus contou-lhe o significado de seu nome. Constelação. Tinha que dividir seu nome com uma. Talvez por isso a lua influenciasse tanto em seu humor.
Balançou-se mais um pouco, fechou os olhos. Lembrou-se da festa, dos risos, das irmãs... Ganhara de Bellatrix uma caixinha de musica. De madeira escura, como os olhos dela. A pequena bailarina rodopiava sempre ao som da mesma melodia. Não seria ela? Narcissa lhe dera uma de suas pulseiras. Para que não a esquecesse quando estivesse em Hogwarts. Hogwarts. Hogwarts.
Seria um novo mundo, uma nova vida. Estaria preparada? Não sabia. Estaria com Bella. Mas passar um ano longe de Narcissa... As três são uma só. Ficar distante de uma delas, pelo tempo que fosse, era o mesmo que perder uma parte de si mesma. Uma parte de si mesma...
Seus pés já se arrastavam ao chão, quando o balanço ganhou velocidade. Assustou-se. Suas mãos fecharam-se violentamente nas correntes que sustentavam o balanço, abriu os olhos. Por alguns instantes, nada viu. Mas a escuridão logo cessou. Viu um sorriso. Olhos castanhos. Cabelos negros. Rosto pálido.
Andromeda sorriu. O garoto voltou a balançá-la.
Tinha um rosto bonito... Mais velho? Talvez. Não deveria ter fugido. Se a descobrissem... Tinha que voltar. Olhou-o nos olhos por alguns instantes. Girassóis. Havia girassóis em seus olhos. Correu.
Ele a seguiu, mas uma estrela cadente lhe roubou a atenção por uns instantes. Deveria fazer um pedido! Procurou-a segundos depois, quando a estrela sumiu, pedido feito. Havia sumido. Onde estaria? Olhou de um lado para outro, mas não a encontrou.
Lembrava-se apenas de ter visto-a parar entre os números onze e treze do Largo Grimmauld.
Tempo. Não tinha mais noção de tempo. O que Hogwarts havia feito com ela? Não sabia mais no que acreditar. Que diferença era essa, que a fazia melhor que outras pessoas? Todos são diferentes, é certo, mas ela não era diferente o suficiente para ser considerada melhor. Ou pior... Talvez não devesse ter saído da Mansão Black. Era Natal? Nevava. Fazia frio ali fora, mas não se incomodava. Estava cansada, queria voltar para casa.
Sentou-se por entre os galhos secos da Floresta para descansar. Lembrou-se dos pais, das irmãs, da Mansão... Percebeu que sentia... saudade. Aquele primeiro ano em Hogwarts estava sendo um desastre! Não suportava as companheiras de quarto, mal via a irmã mais velha, não gostava dos professores.
Deixar seu pequeno mundo fora um erro. Um erro...
Foi no exato momento em que uma lágrima escapou-lhe dos olhos, que viu, alguns metros a frente, um corpo. Correu até ele, curiosa. Parou a seus pés, ajoelhou-se. Cabelos claros, olhos da cor do mel, talvez? Parecia triste. Estava machucado. Sangue! Não conteve o grito.
Andie? Garotos corriam na sua direção. Eram três? Levantou-se bruscamente.
Conhecia um deles. Sirius! Observou-os se aproximarem, atordoados. Os garotos que acompanhavam o primo correram para aquele estendido no chão. O que faz aqui, Andie? Sirius segurou suas mãos. Vá embora, Andromeda. Não a deixou responder. Não fala a ninguém o que viu, certo? Beijou-lhe a testa. Agora vá. Soltou-lhe as mãos.
Não... Não queria ir embora! Mas as pernas não a obedeciam apenas corriam, como o primo havia mandado. Não falar nada para ninguém? Porque não deveria? Não sabia.
Os galhos das árvores a machucavam, mas não se importava, nada mais importava. Bella? Onde estaria Bella? Precisava da irmã.
Porque não brilhavam? Era dia. Estrelas não brilham de dia, Andromeda Black! Elas precisam da escuridão... Como eu... Mas não gostava de escuridão. Tinha medo dela.
Sentou-se, reconheceu o quarto. Havia chegado ontem? Não lembrava. Gostou de ser acordada com um sorriso. O espelho falava com ela. É um belo dia! Como as estrelas.
Tinha cinco anos? Provavelmente. Sirius a presenteou com elas. E desde aquele dia tinha suas próprias estrelas. Gostava de admirá-las antes de dormir. Andromeda agora tem sua própria constelação no teto de seu quarto!
Onde estariam? No quarto de Bella, talvez. Foi até ele, pé ante pé, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Passou pelo Corredor Amaldiçoado de olhos fechados, pés descalços. Elas estavam no fim dele. Se corresse terminaria logo.
Andromeda! Quem a abraçava? Abriu os olhos. Bella, Narcissa! Abraçou-as também.
Risos, sorrisos, aconchego. Estava em casa...
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