Eu Sou Ginevra Molly Weasley



Capítulo 2 – Eu Sou Ginevra Molly Weasley



Cresci, como toda a criança bruxa, ouvindo a famosa história do Menino-Que-Sobreviveu. É claro, as histórias eram abertamente especuladas, uma vez que ninguém que esteve lá, a não ser pelo menino, sobrevivera para contar a história. E ninguém parecia saber onde ele estava por dez anos. Antes de irmos dormir, mamãe me deixava fantasiar sobre o que acontecera naquela determinada noite, em Godric’s Hollow.

“Eu acho que Harry Potter segurou um espelho”, eu disse quando tinha sete anos, rindo histericamente, “E Você-Sabe-Quem ficou tão assustado consigo mesmo que morreu!”

Minha mãe sorrira carinhosamente. Eu nunca soube, até começar Hogwarts, que meus pais eram amigos de Lílian e Tiago Potter. Eu gosto de pensar que, se eu soubesse, não teria falado tanto sobre isso.

Eu vivia num mundo preto e branco, onde o bem vencia o mal como deveria ser; onde as pessoas eram boas ou ruins. Nunca imaginei que existissem áreas cinzentas até descobrir sobre a lealdade de Snape muitos anos depois. Era difícil acreditar que um homem tão terrível poderia ser tão corajoso e correto. Eu estava feliz e contente sabendo que um ‘ótimo bruxo que vencera o malvadão do Você-Sabe-Quem’.

Talvez isso seja normal para a maioria das crianças da minha idade, mas eu desenvolvi um certo apego por Harry antes mesmo de conhecê-lo. E não me refiro a quando o vi pela primeira vez, mas sim desde os tempos das histórias na cama. Talvez seja o fato de que eu tinha acabado de nascer, quando Lord Voldemort tentou matá-lo e ele era apenas um ano mais velho que eu. Ele tinha a minha idade, mais ou menos, e podia fazer coisas tão extraordinárias, quando eu nem mesmo conseguia controlar minha magia quando estava brava. O que é que havia para não admirar?

Eu sabia, sem sombra de dúvida, quando ouvia as histórias, que Harry e eu desenvolveríamos um papel fundamental na vida um do outro. Na minha juventude, eu até mesmo comentei com mamãe sobre isso.

“Harry e eu seremos bons amigos algum dia”, informei. Ela nunca ralhou comigo por ter tantas fantasias ou me chamou de ‘gracinha’ por ter esses pensamentos. Não sei se ela acreditava em mim, mas certamente nunca tirou sarro de mim por isso. Ela me sorria de maneira aquecedora e dizia que esperava que eu estivesse certa.

Mamãe era sempre assim comigo. Se divertia comigo, mesmo quando o que eu dizia não fazia sentido algum. Acho que isso tem alguma coisa a ver com o fato de que eu sou sua única filha. Afinal de contas, eu sou a única garota a nascer na família Weasley em sete gerações de homens. Acho que foi bem chocante quando eu nasci. Acho que os curadores mal olharam antes de anunciar que era um menino. Posso ver mamãe batendo e berrando com eles, chamando-os de cegos por não verem que eu era uma maravilhosa garotinha.

Lá estava eu, então, uma pequena garota em um mundo de homens. Meu cabelo é da mesma cor flamejante pela qual minha família é conhecida. Minhas sardas espalhavam-se por todo o meu rosto. Meus olhos castanhos, devo dizer, estavam cerrados em determinação. Isso porque desde o momento que comecei a andar, estava sempre tentando me fazer valer para os meus irmãos mais velhos. Eu perseguia Gui durante os feriados. Tentava parecer calma quando Carlinhos encontrava algum animal perigoso. Odiava ficar de fora das piadas de mau gosto dos gêmeos. E Rony sempre foi meu melhor amigo. O único irmão que nunca tentei imitar foi Percy. Vai entender.

Com tantos irmãos, eu era uma garotinha durona. E eu nunca fui chorona, apesar do fato da primeira vez que apareci nas adaptações de JK, eu estivesse chorando. Em minha defesa, aquele não tinha sido um dia muito bom para mim. Alguém havia quebrado minha varinha de treino e não confessara, e meu último irmão estava começando Hogwarts naquele ano, deixando-me sozinha por meses.

Foi então que o vi. Ou melhor, ele nos viu. Claro que eu não tinha idéia de quem ele era. Seus cabelos da cor de corvo eram bagunçados, então escondiam a cicatriz que era sua marca registrada. Seus óculos estavam remendados no meio, tirando um pouco da sua legendária nobreza. E ele parecia completa e desesperadamente perdido. E mesmo com este misterioso garoto aparentemente apatetado, meu coração perdeu uma batida quando ele olhou para mim, pela primeira vez. Não sabia o que o sentimento significava; nenhum garoto nunca teve esse tipo de influência sobre mim.

Quando os gêmeos nos informaram de quem ele era, implorei à minha mãe que me deixasse entrar no tem para vê-lo. Ela não permitiu, e quando o trem se afastou, eu chorava e ria. Mas, principalmente, chorava.

Mamãe me pegou pela mão e me guiou para fora da plataforma 9¾. Ela olhou para mim, sorriu, e me perguntou se eu estava bem. Fungando, respondi com um aceno de cabeça insincero.

“Você o verá novamente”, ela disse, simplesmente, e sei que ela não se referia somente ao Rony. Ela piscou para mim, como se para me lembrar de tudo o que eu costumava falar quando era mais nova.

“Você realmente acha?”, perguntei.

“Eu suponho que o veremos”, ela respondeu. Seus olhos castanhos brilharam, “Posso te contar um segredo?”, perguntou, tirando um lenço e limpando minhas bochechas úmidas. Eu assenti. “Dumbledore pediu para que ficasse de olho nele hoje. Achou que ele poderia estar vindo sozinho”

“Você sabia que era ele?”

Mamãe negou com um aceno de cabeça.

“Entre a constante conversa de Fred e Jorge; e Percy lembrando-me sem parar que é monitor, não liguei uma coisa à outra. Pobre garoto, sozinho em um dia desses... Ainda bem que ele não se perdeu”

Imediatamente, me preocupei com Harry. E se ele se perdesse em Hogwarts como se perdera na estação? E se Rony o descartasse e o deixasse sem amigos? Mamãe sentiu minha preocupação e disse, “Não se preocupe com o garoto. Você acha que seus irmãos simplesmente se esqueceriam dele? E tenho certeza que Dumbledore não o perderá de vista este ano”

Senti-me melhor.

Cheguei em casa, naquele dia, como uma garota diferente. Quando sai mais cedo naquela manhã, eu era uma criança preocupada com bonecas e bichinhos de pelúcia e varinhas de brinquedo. Voltando para casa, eu tinha uma coisa em mente... ou melhor, uma pessoa... mas mesmo eu não entendia as implicações para onde os meus pensamentos guiavam.

Ansiosamente esperei pela primeira carta dos meus irmãos, mas infelizmente foi a de Percy que chegou primeiro. É claro que era! Ela veio dois dias depois deles terem chegado à escola, e a carta era tão chata quanto conversar com a Tia Muriel, apesar de ter ficado maravilhada em saber que Rony fora sorteado para a Grifinória, e berrei tão animada quanto ao saber que Harry também estava na Grifinória.

As próximas duas cartas foram de Fred e Jorge, a primeira explicando suas piadas de mau gosto sobre Filch, Snape e Percy, e também sobre seu sofrimento por não encontrarem um apanhador para o time de Quadriboll da Grifinória.

Eles sentiram muito não poderem me mandar uma tampa de vaso sanitário como prometeram, uma vez que Filch os encontrou tentando pegar um, o que deixou mamãe alvoroçada. Convenci-a de que eles estavam apenas brincando. A segunda foi enviada nada menos do que uma semana depois, informando orgulhosamente que eles tinham achado um novo apanhador... HARRY!

Eu sempre gostei de voar e considerava que tinha um dom natural, mas foi naquele momento que eu jurei que entraria no time de Quadriboll da minha casa.

O dia das Bruxas veio mais rápido do que eu esperava. Foi o primeiro Dia das Bruxas triste que eu já tive. Meus irmãos e eu sempre fazemos um concurso de escultura, e Papai escolhia o vencedor quando chegava do trabalho. O vencedor ganhava algo novo da próxima vez que fossemos ao Beco Diagonal. Em nossa casa e nossa situação financeira, aquilo era muita coisa. Fomos só eu e Rony nos últimos dois anos. Rony ganhou uma vez, e eu ganhei uma vez, e eu realmente queria provar que eu era melhor. Esse ano, estava completamente sozinha.

Mamãe falou para eu parar de me lamuriar e aproveitar a situação. Ela me entregou uma abóbora e me disse que eu ganharia. Revirei meus olhos, mas comecei a esculpir um rosto em minha abóbora. Extraordinariamente, ficou parecido com um garoto fofo de óculos que eu mal consegui reconhecer. Mamãe sorriu para mim a noite inteira.

Na manhã seguinte, recebemos uma coruja informando-nos das festividades do Dia das Bruxas de Hogwarts. Aparentemente, alguém havia deixado um trasgo montanhês entrar que quase matou Rony, Harry e Hermione. Três primeiranistas... meu irmão e seu amigo... haviam derrotado a criatura. Eu não poderia estar mais orgulhosa, mas mamãe estava lívida, “Esse garoto vai acabar se matando! Eu não acredito que ele achou que poderia encarar um trasgo!”

“Mas mamãe”, protestei, “Ele encarou o trasgo. E ganhou”

Mamãe ainda estava fumegante, mas acho que senti um pouco de orgulho em seus olhos após o que eu disse. Ela não gosta de falar, mas Rony sempre a preocupou mais do que qualquer outro dos meus irmãos. Ele sempre foi o mais inseguro dos filhos e, usualmente, o mais propenso a sofrer acidentes. Tenho visto o que meu irmão pode fazer quando não está se preocupando sobre isso, e suspeito que a ‘caça ao trasgo’ foi uma situação similar.

Fred e Jorge me mantiveram à par do primeiro jogo de Quadriboll. Eles cataram os louvores de Harry tanto quanto eu o faria, ao passar dos anos, e disseram que ele tinha um dom natural, nasceu para voar em uma vassoura, e ganhar a partida com unhas e dentes. O último pedaço me deixou confusa, até que entendi, mais tarde, que ele capturou o pomo ao quase engoli-lo!

O natal se aproximava rapidamente. No começo de dezembro, Mamãe e eu viajamos para o Beco Diagonal para comprar a lã para que ela pudesse fazer o “famoso” suéter Weasley. No Madam Malkin’s, Mamãe casualmente disse que Harry não esperava presente algum esse ano. Meus olhos se ergueram, e exclamei: “Pode fazer um suéter para ele, Mamãe? Por favor...”, Internamente, eu sabia que ela já planejava em fazer um de qualquer forma, mas eu queria que fosse “minha” idéia.

“Acho uma ótima idéia”, Mamãe respondeu, “Na verdade”, continuou, “Você não quer escolher o material?”

Corei. Que tipo de material você usa para o garoto que salvou o mundo de um homem louco? Que venceu um trasgo montanhês? Que é o melhor apanhador que o mundo já... viu? Tudo bem, nessa eu exagerei um pouquinho. Ele só é o melhor apanhador até eu aparecer. De qualquer forma, eu analisei cuidadosamente o material que Madam Malkin tinha disponível, e depois de muita batalha interna, escolhi um tecido verde esmeralda que era maravilhoso. Entreguei-o para mamãe.

Ela pegou e analisou a etiqueta de preço. Ela pareceu derrotada, “Gina, é muito caro para a gente”

“Ah, mamãe, por favor!”, implorei. Como poderia convencê-la de que não poderia ser outro material? Esse era o perfeito; como se estivesse lá, esperando por mim, “Olhe a cor, mãe! Não é o máximo?”

“Gina, escolha algo menos...”

“Combina com os olhos dele!”, disse, rapidamente, e depois me senti envergonhada por ter admitido que reparara em algo desse tipo, levantei o material para devolvê-lo, mas mamãe me impediu. Uma meiguice mostrava-se em seus olhos. Tentei afastá-lo novamente, mas ela não permitira.

“Isso significa tanto para você?”, perguntou, e eu assenti. Ela acariciou o material com as mãos e disse, “Eu ainda lhe devo algo pelo concurso de escultura”. E eu sorri.

Passamos aquele natal com Carlinhos na Romênia, mas sem o Rony e os gêmeos, não me senti tão animada quanto deveria. Carlinhos estava trabalhando a maior parte do tempo, mas conseguiu curar meu desânimo à medida que dia 25 de Dezembro se aproximava.

Mamãe e eu paramos de receber tantas cartas depois do natal. Percy estava estudando muito para os N.O.M.s. Fred e Jorge treinavam muito para o quadriboll ou preparavam uma elaborada piadinha das suas. Percy mandou uma carta, no entanto, informando que ‘Rony e seus amiguinhos’ pareciam bastante preocupados.

Ninguém sabia o que esse ‘preocupado’ significava até descobrirmos o que tinha acontecido. Próximo ao fim do ano letivo, o Trio Maravilha (como todos os livros os chamam hoje em dia) tinha, sozinho, impedido professor Quirell e Lord Voldemort de roubarem a pedra filosofal e trazer o Lord das Trevas de volta ao poder. Meus pais não poderiam estar mais orgulhosos de Rony.

E, claro, isso me deu ainda mais motivos para admirar Harry Potter. Esperando com papai e mamãe na estação, listei todas as razões porque Harry era tão extraordinário. Seus olhos... vencer um trasgo montanhês... apanhador talentoso... encarar Voldemort duas vezes e sair vitorioso... Borboletas dançaram no meu estômago enquanto eu varria a multidão com os olhos, meio que esperando que seus olhos se iluminassem e entregassem sua localização. Minha pequena mente de dez anos de idade mal conseguia conter a ansiedade. Finalmente, vi uma maré de cabelos e ruivos e bem no meio estava ele...

“Olha lá ele, mamãe, olha lá ele, olha!”, guinchei. Apontei para ele, “Harry Potter! Olhe, mamãe! Estou vendo...”

“Fique quieta, Gina, é falta de educação apontar!”, mamãe respondeu bruscamente, e me calei, embora mal conseguisse conter minha euforia. Os garotos se aproximaram de nós. “Muito trabalho este ano?”

“Muito”, Harry disse, “Obrigado pelas barrinhas de chocolate e pelo suéter, senhora Weasley”

“Oh”, ela disse, me dando um aperto de leve na mão, “De nada, querido”. Quando a atenção de Harry voltou-se para seu tio, mamãe sorriu para mim, “Ele gostou do suéter, Gina”, sussurrou, e estremeci animada, “Mas pare de tratá-lo como um palhaço de circo. Nunca ganhará o coração dele sendo desajeitada e apontando”

Abafei um gritinho. “Mas... Eu não quero...”, embaralhei-me com as palavras, tentando encontrar uma desculpa. Fiquei tão envergonhada. Como Mamãe ousara me acusar de tais coisas! Garotos eram a última coisa em minha mente. Mesmo que eu não reconhecesse minha paixão crescente, minha mãe o fez, e o brilho em seus olhos me disse que ela a aprovava. Embora eu duvide que muitas mães não aprovariam ter Harry Potter cortejando suas filhas.

Não pude me despedir de Harry. Quero dizer, tentei... mas não pude.

Mais tarde, quando Rony me contou que Harry talvez nos visitasse, quase cai da cadeira.

Aquele seria um verão interessante.


Continua...


N/T: Gente!
É um prazer traduzir esta fanfic!
Ela é tão... crível!
Eu quase consigo imaginar isso como uma verdade.
Quero dizer, provavelmente foi assim mesmo para Gina, não é?!?
De qualquer jeito: segue o segundo capítulo!
Estou terminando o capítulo três, e, pelos meus cálculos, postarei-o na segunda!
Mas eu gostaria muito de saber o que vocês estão achando!
Respondendo o comentário:

Lola Potter: Gostou do segundo capítulo também, querida?!?

Espero que sim!!!
Aguardo por comentários!!
Um beijo gigantesco...
Gii

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