Acidente.



Capítulo 55
Acidente.

- Placa não identificada - berrou um deles se aproximando e Harry só pode enxergar do joelho para baixo e parecia cheio de músculo.
- Socorro - sussurrou Harry sem voz, trêmulo quase adormecendo, sem noção alguma do que dizia ou gritava – Socorro! - sua voz falhava, estava lenta, como se estivesse morrendo; mas na verdade, estava morrendo.
Um filete magro de sangue escorria por debaixo de sua franja e contornava as sobrancelhas, deslizando ao lado do olho como se fosse uma lágrima vermelha saindo pelo lado oposto do olho, enquanto Jorge se encontrava com o peitoral colado ao volante, de olhos fechados, e parecia estar inconsciente, Fred estava cheio de sangue, com a cabeça deitada no painel todo amassado, também estava desmaiado, Harry entrou em pânico imediatamente.
- Tem alguém acordado! - murmurou um deles com ar de curiosidade e tinha a voz muito rouca - Vamos matá-lo?
- Vamos, vamos, mas antes vamos descobrir quem são eles - disse o outro calmamente.
Harry sentiu o sangue subir até sua cabeça, ou melhor, descer (já que estava de ponta cabeça), apertou os dedos no botão do cinto e finalmente destravou, caiu de quatro no teto do carro, dando uma rodopiada no ar.
- Me tirem daqui! - berrou furioso dando socos no teto.
O carro começou levitar alguns centímetros do chão e o Harry pode ver duas vassouras apoiadas no gramado verde e os joelhos de três homens, os passos se aproximaram, eles encostaram-se ao carro.
- Acho que este aqui morreu - disse um deles mexendo com a cabeça do Fred pelo canto da janela.
- NÃO! - berrou Harry com lágrimas nos olhos agarrando o cinto atirado no chão, o cara olhou entre os bancos, Harry caído no chão.
- Ei, Emerson, tem um garoto vivo! – informou um deles.
- É, vamos, precisamos tirar ele dai, talvez seja inocente.
Eles se entreolharam e um deles protestou.
- E se ele for inimigo?
- Estamos armados, em todo o caso, não estamos? - respondeu um deles com segurança, Harry não teve tempo de agradecer sentiu que ia vomitar e foi o que fez, em poucos segundos acabou se molhando todo.
- Caramba, eu não sou inimigo! - berrou Harry - Dá pra me tirar daqui?
Harry instantaneamente se lembrou que trouxera a varinha junto e que podia fazer feitiço sem ter de visitar o Ministério e olhar para Fugde (apesar dele estar morto; de qualquer forma veria o novo Ministro da Magia - que ainda não fora escolhido pela população, pois Dumbledore abandonara o cargo no ano anterior), tateou os bolsos com urgência e nada, logo avistou a varinha quase perto da janela, agarrou com força e fez um feitiço sem pensar na conseqüência de quem estivesse ao lado de fora, o carro apenas fez um enorme arrombo e foi ali que ele pensou em escapar.
- Ei, você está pensando em fugir? - disse um dos guardas barrando ele, um homem de barba rala, com aproximadamente 25 anos e era muito musculoso, tinha os olhos claros e o cabelo louro formados em trancinhas que atingiam os ombros, Harry não conseguia pensar em mais nada, por um segundo pensou que estivesse morto. A luz lá fora invadia seus olhos a ponto de deixá-lo tonto quase cego.
- Preciso sair, preciso ajudar meus amigos - implorou dolorido quase vomitando novamente, o estômago estava embrulhado. E ele pensou que talvez não quisesse ver o almoço dos Dursleys no chão.
- Quem são vocês? - perguntou ignorando o pedido de ajuda de Harry - De onde vocês são? O que fazem aqui?
- Eu sou de Hogwarts, professor Dumbledore, conhece?- perguntou choramingando ao ver a cena do carro totalmente detonado e aparentemente sem vida.
Ele se afastou abrindo caminho para o garoto que engatinhava com dor nos joelhos e pouco ligando para os cacos que vidro que cortavam suas vestes e pelo sangue que escorria das pernas, Harry saiu do carro ofegante e suado sentindo um extremo frio percorrer pelo corpo.
- O que vocês fizeram? Quem são vocês? - perguntou assustado enquanto os outros dois homens tiravam Fred e Jorge com dificuldade, Harry por um momento quis ajudá-los, mas não tinha força o suficiente nem para si mesmo.
- Garoto, você está em uma área proibida, sabia? Não devia estar por aqui... Não tem autorização - ele matinha certo ar de cuidado com a sua expressão – Temos a liberdade de acertar qualquer tipo de invasor.
Harry olhou incrédulo para o estado do carro e dos amigos, a dor de cabeça juntava com a ardência dos joelhos e juntamente com a cicatriz que queimava em brasa, como se um ferrinho pegando fogo estivesse passando por ali, mas essa dor era mínima comparada às outras.
- Vocês quase nos mataram porque achavam que nos éramos terroristas? - perguntou incrédulo apontando para o carro e assustado, enquanto Fred e Jorge levitavam para uma cabana ali em frente e os homens acompanhando-os – EU QUASE FUI MORTO POR UMA BURRICE DE VOCÊS? – ele estava aos prantos.
Harry não esperou resposta, empurrou o homem e correu atrás dos amigos que passaram pela porta da casinha de madeira, Harry entrou logo em seguida deparando com uma enorme fumaça branca e um cheiro horrível que lembrava claramente a sala de Sibila, ele adentrou algumas portas sem se importar se podia ou não entrar.
O homem que estava atrás de Harry, o mesmo que impedira sua saída no carro, protestando contra o garoto tentando agarrar suas vestes para fora. Mas Harry lutava com os braços como se estivesse em uma piscina para não sair.
- Ei, garoto você não pode entrar aqui sem autorização do Mestre Xangai! - o segurou pelos ombros e forçando o garoto para fora.
- Ei, eu preciso ver como eles estão! – dizia entre os dentes ao mesmo tempo tentando agarrar em algum objeto próximo para que não fosse arrastado para fora.
Harry se virou com violência para o guarda e grudou em seus ombros, ficando cara a cara, tentando enterrar suas unhas no pescoço dele mas era impossível pois parecia ser feito de escama, seus olhos azuis pareciam fitá-lo com interesse, mas ele não dava à mínima, a raiva o dominava a cada segundo mais.
- Será que você pode me soltar? - perguntou vendo que não tinha força suficiente para lutar contra ele.
O rapaz o encarou por mais alguns segundos, Harry notou que arranhava seus ombros e o soltou no mesmo instante.
- Mestre Xangai não lhe deu permissão - murmurou chateado ao mesmo tempo tentando não ser grosso, apenas querendo cumprir o que era mandado a fazer.
- Quem é esse Cho Changai aí? - perguntou Harry mal-humorado crispando os lábios.
O guarda encurralou Harry com violência na parede da casa, por um instante o garoto pensou que ela fosse desmoronar de tão pequena e malfeita que era, e devido a força aplicada pelo homem na parede externa.
- Não fale assim do Mestre Xangai! - parecia raivoso e suas narinas tremiam como as de um cavalo.
- Quem é ele? - disse Harry medindo a direção do órgão masculino do rapaz entre seus pés, ele ia acertar bem no meio e machucá-lo para entrar na casinha.
- Ei! - disse uma voz aparecendo, fazendo ele soltar Harry que escorregou pela parede, se sentando no gramado, uma voz arrastada e seca soou pelas florestas - Solte o garoto! Solte-o! Eu o conheço!
O guarda olhava por cima do ombro, ficou de frente ao homem que impediu o chute de Harry e abaixou a cabeça.
- Claro, senhor, me desculpe, só estava fazendo o meu trabalho - dizia se limpando enquanto Harry se levantava com dificuldade.
O velho se aproximou, aparentava ter uns 80 anos, era um homem bem velhinho não parecia muito esportista, tinha os braços magros porém suas roupas eram bem largas e vermelhas com detalhes brancos, barbas brancas e lisas apontadas em direção aos pés, faltando um palmo para chegar na cintura, ele era Chinês e sua imagem era sinônimo de respeito, era bem baixinho, talvez um pouco maior que Flitiwinck, ele abaixou a cabeça contemplando Harry por cima dos óculos, tinha a mesma atitude que Dumbledore e o lembrava logo de vista, arrastava os pés em direção aos dois, parou em frente ao Harry e fixou os olhos em sua cicatriz.
- Menino Potter!
- Você o conhece? - disse o guarda fazendo uma pergunta muda ao velho que olhava Harry com grande admiração.
- O que fazes aqui? - e distanciou alguns passos enquanto Harry o olhava assustado, será que ele era algum aliado de Voldemort?
Harry também recuou alguns passos e tirou o óculo quebrado, estava incomodando enxergar tudo multiplicado e bem colorido.
- Ah, senhor, eu realmente não estou me lembrando de você, me desculpe!
- Senhor Potter, tudo bem, você não vai se lembrar mesmo de mim, a não ser que você tenha uma boa memória para voltar 16 anos no tempo.
Harry se espantou, soltou uma exclamação e perguntou.
- O senhor conheceu os meus pais, certo? Ou não?
Ele abaixou a cabeça e concordou. Harry continuou com as sobrancelhas arqueadas, sentindo o coração bater mais levemente agora.
- Tiago e Lílian... – e sacudiu no mesmo instante em um tom lamentável - Grande perda...
Foi a vez do guarda soltar uma exclamação e olhar arrependido para Harry, ao mesmo tempo em que abaixava a cabeça tristemente, soltando alguns olhares de esguelha para Harry que o fuzilava.
- Meus amigos correm perigos - cortou rapidamente - Tudo por sua culpa - e apontou para o peito do velhote - Se acontecer...
- Nada de ruim acontecerá com eles, eu te garanto, agora me acompanhe, escreva para os pais de seus amigos, diga que você está aqui e que está tudo sobre controle – Harry soltou o ar com raiva -, depois você vá à enfermaria.
Xangai estendeu a mão e passou pelas costas de Harry (já que não alcançava o ombro) como se eles fossem grandes amigos.
- Desculpa por tudo, mas você não tinha mesmo permissão para andar por essas áreas, só passa quem tem permissão, isso aconteceu por causa da guerra, e pessoas que estão querendo invadir o mundo mágico, agora vamos você precisa escrever e descansar.
Antes que Harry o acompanhasse, ele olhou por cima do ombro, encarou o homem vistoso e bonito, não parecia tão mal-educado como minutos atrás, e sim um bom companheiro, refletiu alguma coisa sem importância e perguntou.
- Qual é o seu nome?
Ele por um instante pensou que Harry havia perguntando para alguém que estava ali por perto, atrás talvez, pois ele conferiu, procurando por cima dos ombros.
- Ah, Leonardo! Leonardo Culler! Se precisar, é só gritar - piscou para Harry que sorriu contragosto.
- Fico agradecido – acenou Harry e acompanhou Xangai em seus passos lentos.

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N/A; Estou realmente satisfeito com os comentários, obrigato a todos que comentam, muito obrigado pelo carinho.
Amo vcs... s2

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