O Inesquecível



Fechando a porta com todo cuidado, Rony Weasley pedia, a todas as entidades poderosas, sorte para aquela que seria ou, pelo menos, deveria ser, a melhor surpresa do mundo.
Desceu correndo as escadas, repetindo mentalmente: “Vai dar tudo certo... Como se isso fosse fazer alguma real diferença no plano todo, seu idiota... Para de ser pessimista...”
Conversando com seu nervoso consciente, Rony não percebeu por onde andava, tropeçando em algo e quase torcendo o pé. Virou-se mais irritado do que o aceitável, e já ia xingar a mãe de alguém quando percebeu aonde seus pés haviam se enroscado. Era um tapete de veludo vermelho, que corria por todo o Grande salão de Hogwarts. Ia dar bem no meio da mesa dos professores, se ela estivesse ali. As quatro compridas mesas das casas haviam sumido também. Em seu lugar, flores, de diferentes cores e cheiros, e árvores altas e belíssimas, encantadas, com trepadeiras floridas que se mexiam enroscando-se nos troncos, de onde fadinhas e borboletas brilhavam e refletiam a luz forte daquele sol do meio dia, a qual entrava por todos os grandes vitrais do salão. Ela dava, ao lugar todo, a sensação de estar em uma floresta encantada.
Boquiaberto com a cena, Rony não notou a presença de Gina, que passou rapidamente por ele, fechando sua boca com um empurrão em seu queixo.
- Gostou, é? – acrescentou ela, com um sorriso orgulhoso.
Prestando atenção aos detalhes da impressionante paisagem, Rony começou a notar seus criadores. Aqui e ali, figuras conhecidas como Harry Potter, sua mãe, seu pai, George e Gui surgiam de trás de arbustos e macieiras, que tinham frutos dourados, com varinhas em punho.
-Gente... – Era para ser um grito, mas, no lugar, apenas um grunhido se fez ouvir. Ninguém se virou.
- Genteee! – Dessa vez, foi mais alto, e, uma a uma, todas as pessoas que lhe eram queridas foram olhando para ele e entendendo tudo somente pelos belos olhos azuis, que agora estavam marejados – Muito obrigada...
Cada um com um sorriso mais sincero e emocionado do que o outro, voltaram a suas tarefas, completando aquele que seria o pedido de casamento mais épico que já se teve notícia.

Há quase dois anos, a Segunda Grande Guerra do mundo bruxo havia findado. Perdas irremediáveis. Lágrimas e cicatrizes que nunca iriam desaparecer. Mas a certeza de pelo menos alguns anos de paz. Ronald Weasley, Hermione Granger e Harry Potter, eram os heróis da Guerra. Famosos por todo o mundo, o trio era responsável por feitos impossíveis e aventuras perigosas. Detentores de notável coragem - e inteligência - tornaram-se ídolos de bruxos de todas as idades.
Entre a fama e uma tristeza ocasionada por todas as perdas recentes, Ron e Hermione, dia após dia, percebiam o quão forte era aquele amor, que havia nascido há tanto tempo.
Chegara a hora, no coração daquele jovem rapaz cheio de sardas, de pedir a mão da mulher de sua vida. Sabia que não podia mais esperar. E queria que fosse inesquecível para ela. Precisava disso. Dessa surpresa. De olhar nos brilhantes olhos cor de chocolate e ver ali seu próprio rosto misturado a alegria dela. Sabia ser correspondido, e, cada vez que se lembrava disso, mostrava todos os dentes, em um sorriso que, se pudesse, teria feito cosquinhas em suas orelhas.
A questão era: Como fazer este momento ser da maneira como sonhava?
O primeiro ponto crucial, com certeza, seria a aliança, e esse ele já havia resolvido. Uma delicada circunferência do mais puro ouro dos duendes, cravejada de pequenos rubis, circundando um diamante, que possuía a mais perfeita lapidação do mundo bruxo.
Tinha sido presente de seu pai para sua mãe, antes dele, de seu avô para sua avó, e assim nos Weasley desde que se tem notícia. Ron seria o segundo filho a casar. Molly Weasley desejava que aquele anel permanecesse no dedo de Hermione, a qual não poderia ser mais querida na família.
-Você está fazendo a coisa mais certa de sua vida, Ronald!- dizia sua mãe, dando-lhe dois beijos apertados na bochecha e saindo para cuidar dos repolhos.
A idéia de fazer o pedido em Hogwarts partiu do próprio Rony. Era ali que havia se apaixonado por ela, ali que havia sido o primeiro beijo trocado, aquele lugar, onde tantas coisas começaram e acabaram, ali aconteceria o pedido. Após uma fácil conversa com a diretora McGonagall, que, logicamente, aceitou de prontidão tal plano, ficou decidido que tudo aconteceria dia 15 de julho, quando a escola estivesse vazia.
Na cabeça de Rony, ele imaginou o chão coberto de pétalas de rosas, Hermione entrando, ele dando o anel, ajoelhando-se, fazendo uma declaração e o pedido.
Contou a todos, atrás de opiniões ou idéias melhores, e estas foram surgindo. Às vezes, mirabolantes demais, mas não poderia negar que era divertido imaginar ele escrevendo, com a fumaça da palha de uma vassoura em chamas no céu “Quer casar comigo”.
Entre tudo isso, ficou combinado dessa maneira. As rosas, uma música, e a caixinha de veludo negro, onde estaria o anel, levitando sobre uma rosa magicamente aumentada no meio do salão.
Mas parece que seus amigos e parentes não se contentaram com essa mixaria.

Sua decisão, no final das contas, foi realmente obedecida. As rosas existiam, vermelhas, cor de sangue, a grande rosa no centro, com a caixinha flutuando. Uma “pequena”, cheirosa, e colorida clareira, a sua volta. Uma canção doce era entoada por aquelas minúsculas fadinhas brilhantes, e Rony ficaria ali, naquele estupor, se não fossem os puxões que o diminuto professor Flitwick dava nas mangas de seu casaco.
-Ela chegou, meu filho, ela chegou!
Ron sentiu que seu coração ia sair por sua boca. Aliás, poderia jurar que ele estava batendo em seu estômago. Sentiu seu corpo ficar frio e tinha certeza de que havia empalidecido. Ela chegou.
Gritando com sua vozinha esganiçada para todos do salão, Flitwick foi removendo quaisquer imperfeições de toda aquela arrumação, enquanto todos os presentes lançavam o Feitiço da Desilusão uns nos outros.
- ‘Pera aí! – esganiçou Rony, percebendo o movimento – Vocês vão... Assistir? – Nessa, seus olhos dobraram de tamanho.
Harry correu até ele com metade das pernas invisíveis, e disse com uma expressão que misturava alegria e lágrimas contidas.
-Boa sorte, meu amigo! Nós estaremos aqui somente pra te dar um apoio moral...
- É, Rony, o máximo que pode acontecer é ela dizer não! – comentou George, com um sorriso.
Rony sentiu as pernas amolecerem, e por um momento imaginou que nunca era tarde para ir até o lago se atirar nos convidativos tentáculos da lula gigante. Harry desfez o sorriso e, com toda a confiança que alguém poderia ter, encarou fundo os olhos de seu melhor amigo e disse:
-Vai dar tudo certo.

- Venha... Quero te mostrar uma coisa...
- O que, Rony?! Por favor, você está me assustando! – Hermione já segurava o braço forte do namorado, imaginando o que mais poderia ter acontecido.
-Você vai ver, eu não tenho mais coragem de esconder isso de você...
Assim que terminou a frase, as grandes e pesadas portas de carvalho se abriram sozinhas, revelando seu interior.
Silêncio.
Hermione não piscava.
Um beija-flor púrpuro passou voando e parou bem na frente da bela garota de cabelos cheios. Observou-a por um segundo, e voltou para suas flores.
Rony sorria descontroladamente. Sabendo que ela não iria se mexer, pegou sua mão e conduziu-a por entre roseiras, entrando no corredor delimitado pelo tapete vermelho de veludo.
Assim que ela deu seu primeiro passo, as fadinhas começaram sua música, acompanhadas por passarinhos. Hermione sorria. Aquele sorriso que Rony tanto amava.
Ela só conseguiu perguntar:
- O que é isso?!
Rony nada disse, conduziu-a até a grande rosa no centro do salão. Tomou a pequena caixinha nas mãos e caiu de joelhos aos pés da mulher de sua vida. A moça parou de respirar.
Abriu e mostrou a ela o estonteante anel.
-Hermione Jane Granger, eu amo você, com todas as forças do mundo...
Ela já chorava
-Quer se casar comigo?
Grossas lágrimas rolavam do rosto sardento do homem apaixonado. Hermione não conseguiu dizer nada. Levou as mãos ao rosto dele. E com um gesto rápido colou seus lábios no dele, dando aí sua resposta.
Todos os participantes do plano de Rony não resistiram e foram se desiludindo. Hermione soltou os braços do amado, quando começou a perceber as várias presenças e, com elas, uma enorme salva de palmas.
Naquele momento, ninguém no planeta poderia estar sentindo aquela mesma sensação.

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Comentários (1)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI E RI MUITO AQUI :)KERIA SER A MIONE NESSAS HORAS kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk'

    2013-03-05
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