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ou A Parte I do Capítulo 'Único'.


Bom, se é pra contar uma história que seja pela criatura aqui, já que é tudo sobre mim, mesmo. Sobre mim e sobre os seres intraterrenos que vivem ao meu redor, mas enfim, é mais sobre a minha vida do que a de qualquer outra criatura que respire e tenha... vida.

Marlene McKinnon, esta sou eu, nome engraçado, né? Tem origem escocesa a única coisa que tem origem, me pertence, e que é importante, só isso, mais nada.

E o que você precisa saber sobre mim para entender melhor essa história é simples: sou formada em letras, aspirante a escritora de fundo-de-quintal, e que como até agora o máximo que conseguiu foi trabalhar numa lanchonete meu currículo não é nada que impressione.

Pais? Dois velhinhos legais que vieram do interior de onde Judas perdeu as botas e as achou assim que voltou para buscá-las, já que a cidade é tão pequena que tudo se resume a uma dúzia de casinhas ao redor de uma praça onde todo domingo tem ‘festança.’

Muito show. (y) É, eu sei. Eu sou a Sra. Sem-Origens-Aspirante-À-Escritora-e-Vendedora-de-Cachorros-Quentes-na-Lanchonete-da-Esquina.

E então? Muito impressionante, não?

Acho que até o currículo do velhinho que anda com a sacola pra lá e pra cá em cima do ombro aqui na rua, é mais bem-sucedido que o meu.

Na realidade, qualquer um tem um currículo melhor que o meu! Até o gato da vizinha tem um currículo melhor que o meu. Quero dizer, ele já deve ter matado mais de uns 10 ratos, ele é com certeza um serial killer e foi contratado pela máfia russa para assassinar ratos.

Nada contra os russos, mas é que nos filmes sempre botam a Rússia como a mafiosa, uma crítica ao socialismo que ali existiu. E eu acho um baita de um absurdo isso. Afinal, se nós fossemos um país socialista eu não estaria nesta situação miserável.

Ok, também não poderia expressar minha opinião.

Mas que diferença faz? Eu não tenho opinião mesmo, por isso que eu não escrevo um livro, eu sou um poço raso e sem conteúdo, digo água.

E agora eu estou escrevendo isso num pedaço de guardanapo durante o meu intervalo de trabalho - que dura 10 minutos - a coisa mais inútil de uma criatura que não tem nada o que fazer.

Bom, eu poderia ter um namorado pra passar o meu tempo livre, só que eu sou sem conteúdo e nenhum deles me quer. Pelo menos os que têm conteúdo.

O máximo que eu consegui até agora foi um músico, tipo um daqueles caras da televisão que fica falando ‘totally crazy, papito’ só que eu não me sentia muito bem ao lado dele, vai ver é porque ele também não tinha conteúdo.

Ai, Meu Deus! Eu acho que atropelei uma víbora – aquele animal que parece uma lagartixa. – Oh, não! Eu atropelei o rabo dele. Rápido! Eu devo ter um remédio na minha bolsa.

Eu vou te salvar lagartixinha.

Óh, não! Eu matei uma lagartixinha!

Mas, se eu for olhar para o lado bom, eu tenho algo a mais para o meu currículo.

Talvez a máfia para qual o gato da minha vizinha trabalha me aceite como estagiária, agora que eu matei uma víbora.

Ou talvez você tenha que ser um gato para entrar para a sociedade secreta dos gatos mafiosos.

Ultimamente ando achando que toparia virar um gato para ganhar um salário melhor.

Convenhamos, salário de garçonete é uma pechincha, comparado ao nível de vida que essa cidade leva.

Sabe a única coisa que vale a pena em trabalhar nesse lugar é ter uma certa visão todos os dias de manhã ás 7:00hs em ponto e à noite de 19:00hs pedindo ovos com bacon ou waffles com cobertura de chocolate e/ou manteiga de amendoim.

Falando no deus... digo, diabo. Não, ele é um deus mesmo.

- O que vai ser dessa vez? – eu perguntei me levantando e indo atendê-lo.

Hoje ele chegou um pouco mais tarde, são 20:00hs. Eu achei que não ia vê-lo hoje. Me enganei.

- Nada. – ele disse deprimido.

- Nem um café? – eu falei chocada.

Ele devia estar realmente mal, quero dizer, sempre o via atravessando a rua para ir a empresa onde trabalha, animado, e algumas vezes acompanhado de mulheres muito bonitas, e nessas vezes ele não vinha aqui tomar café-da-manhã, e na noite anterior não vinha jantar aqui.

O que sempre me fez insinuar... Bem, vocês sabem.

Ele continuou parado encarando o nada.

- Está precisando de alguma coisa? – eu indaguei tentando parecer gentil. – Conversar?

Só que o meu gentil sempre é meio descontrolado, ou eu fico com cara de cavalo relinchando, ou com cara de alguém que está prestes a vomitar.

Ou seja, foi inútil eu tentar fazer uma cara de garota gentil e educada.

- Qual o seu nome? – ele me fitou com aqueles enormes olhos azuis.

- Marlene. – eu respondi desconfiada. – Marlene McKinnon.

- McKinnon.. – ele sussurrou tentando provavelmente se lembrar de alguma coisa. – Significa ‘Bom Filho’ em escocês.

- Sério? – eu indaguei.

Bom, se significar mesmo ‘Bom Filho’ eu devo ser a bastarda da família, porque o máximo que eu consegui entregar de bom aos meus pais foi o meu diploma de letras na faculdade.

Talvez eu devesse ser professora.

- É. – ele assentiu ainda com o olhar lunático. – Sou Sirius Black.

Ai, Meu Deus! Eu sei quem ele é, ele é/era um dos garotos da panelinha na época do colegial.

Ele era da máfia escolar do colégio.

Não me admira ele não se lembrar de mim, acho que ninguém naquela escola me reconheceria. Quero dizer, eu mudei muito. Eu antes eu era a anã, usava óculos e me escondia atrás de moletons.

Bom, eu continuo me escondendo atrás de moletons, mas não uso óculos e agora eu tenho peito. Ah, é claro que eu também continuo sendo a anã, já que eu tenho 1,59 de altura e nem posso doar sangue que sempre foi meu sonho de criança.

Hoje, eu desejo doar sangue pra conseguir dinheiro. Só que pelo visto, eu não vou ter altura o suficiente para isso nem nos próximos 20 anos.

- Você está bem? – eu perguntei novamente.

Vai ver agora que ele já sabe meu ‘bom’ nome aceite minha ajuda.

- Já estive melhor. – ele respondeu e eu lhe empurrei uma xícara de café forte que o Sr. Hertz tinha acabado de passar. – Obrigado.

Ele levou a xícara até a boca, o que me fez dar um ‘close’ nas suas mãos fortes e macias – bom, elas aparentam ser macias. – e perceber que ele não usa aliança, o que é um bom sinal.

Acho que ele vai aceitar minha ‘ajuda’, vai se abrir comigo e contar os seus problemas.

Só que isso é ridículo já que eu não consigo ajudar nem a mim mesma com os meus problemas, imagine então, eu, ajudando outra pessoa? Loucura, Loucura, Loucura.

- Eu fui promovido. – ele disse, ainda com cara de enterro.

Uns com tanto e outros com tão pouco.

O cara ta se queixando porque foi PROMOVIDO! Eu ouvi isso direito? Sirius Black sempre teve tudo na vida, bom, pelos menos a parte da vida em que eu o vi no colegial e atravessando a esquina.

Ele sempre foi popular, sempre teve um emprego excelente, e agora, que está sendo promovido ele vem aqui, perturbar minha sanidade mental, com uma cara de enterro!

- Isso é bom. – disse.

- Se eu aceitar vou ter que mudar de país. – ele murmurou levando a xícara a boca e tomando outro gole.

Essas mãos fortes e macias – sem aliança - não merecem pertencer a este homem sentado à minha frente.

- Eu daria tudo para ser promovida e mudar de país. – eu retruquei. – Mas considerando que eu não tenho um emprego que vai me dar uma promoção boa, e nem currículo para procurar outro, eu tenho que me conformar com isso.

Sirius sorriu.

- Pense assim. Mudando de país você vai poder começar tudo do zero. – eu disse tentando animá-lo. – Mandar embora o que você não gosta em você, e aperfeiçoar o que você gosta.

- Bom, isso é verdade. – ele concordou.

É claro que é verdade. Eu daria tudo o que tenho – apesar de não ser muita coisa – para mudar de país, qualquer país, até mesmo a China!

Não, todos menos China, apesar do socialismo que é uma coisa legal, mas convenha, eu não iria entender nada do que aqueles japinhas – digo, chinesinhos – falassem.

Foi aí que o celular dele começou a tocar e eu voltei a me concentrar no trabalho, como a desocupada que sou.

- Alô? – ele disse.

Não teve como eu não ouvir, na verdade, eu nem queria ouvir mesmo, só que não teve como não ouvir!

- Meu amor. – disse Sirius sorrindo no telefone. – Que saudades.

Eu devia ter imaginado que ele tinha namorada, ou algum compromisso com alguém, ninguém ia deixar aquele pedaço de carne fresca zarpando por aí.

- Sim, diga a ela que eu também to morrendo de saudades dela. – ele disse balançando a cabeça. – Em breve eu vou visitar as três.

As três? Talvez eu tenha ouvido algo errado. Mas ele disse as três. Será que ele pratica a poligamia, ou sei lá? Tipo, ele não tem aliança, mas três? Quer dizer, e a namorada dele? Será que ele namora as três?

- Vocês podiam vir dormir na minha casa. – continuou. – Não, ela não precisa vim, vêm só vocês duas. É claro que ela vai deixar.

Óh Meu Deus! Talvez ele não seja tão perfeito assim, acho que é por isso que ele não quer se mudar, ele tem três mulheres aqui, e lá pra onde ele está indo ele não vai ter nenhuma.

Ele desligou o telefone e eu voltei a limpar o balcão, como se eu não tivesse ouvido nada e estivesse nem aí para a presença dele.

- Ah, Marlene? – ele me chamou e os meus olhinhos antes concentrados naquele balcão sujo de ketchup e maionese, se miraram nas esferas azuis que me encaravam. – Obrigado.

E então ele colocou o dinheiro em cima do balcão, e foi saindo em direção a porta, e eu fiquei lá, estática como uma mula.

- A gente se vê por aí. – ele disse antes de sair pela porta.

“A gente se vê por aí”, bom, eu continuo sem raciocinar, pensando em simplesmente que:

Por mais que eu saiba que ele é um cachorro, a única coisa que passa pela minha mente, quando aqueles olhões azuis do tipo: bola-de-gude olham pra mim, é que ele é um cachorro-quente.

Tudo bem que eu acho que o cheiro que essa lanchonete exala ajudou bastante nesse raciocínio ilógico.

Eu me debrucei no balcão vendo Sirius atravessar a rua para entrar no prédio através da janela.

- Se você quiser eu posso fechar a ‘Hottie’s Burger’ hoje, Sr. Hertz. – eu disse alucinada.

- O que você disse, Marlene? – ele indagou parando de cozinhar uma salsicha.

- Que se o senhor quiser eu fecho a lanchonete hoje. – eu repeti me sentando no banquinho do balcão.

- Na verdade, você pode ir mais cedo. – disse o Sr. Hertz, ele é tão engraçadinho com o jeito simpático e gordinho dele. – Acho que não vamos ter mais movimento hoje à noite.

O que queria dizer movimento nenhum, já que a lanchonete está às moscas, o que é realmente raro porque - pra ser sincera -nós fazemos o melhor cachorro-quente da cidade.

Então era hora de aproveitar o bom humor do Sr. Hertz e me mandar embora, afinal, não é sempre que me ele me deixa sair cedo. Peguei o meu sobretudo – que mesmo não sendo de marca foi comprado com muito esforço – e me mandei de lá sem pensar duas vezes.

Lá fora estava bem frio, o que é comum em Londres mesmo no verão, quero dizer, já era de noite e todo o calor tinha ido embora.

A cidade continua movimentada, os táxis passando de um lado para o outro, e eu daria tudo pra entrar em um daqueles, simplesmente porque tem aquecedor lá dentro, e eu fiz a burrada de não trazer minhas luvas de frio.

Pensando bem, eu poderia pegar um táxi, só que a corrida daqui pra minha casa iriam custar pelo menos umas £40 e isso não é pouco para alguém que ganha o que eu ganho trabalhando naquele lugar.

Eu daria tudo por um chocolate quente. Por que eu fiz a merda de morar longe da lanchonete? Eu sou mesmo uma imbecil.

- Hey, Marlene. – Uma imbecil azarada, pra completar.

- Ah, oi? – eu me virei pra saber quem era, só que eu já sabia quem era.

Por que diabos eu fui namorar músico? Eu já devia saber que eles nunca te esquecem e que pra completar eles ainda escrevem música sobre vocês.

- Tudo bom, amor? – não, Blaise, não está nada bem mesmo.

- ‘Tá sim, mas eu to com pressa. Tenho que ir é sério. – Mas pelo menos ele é bonito, eu devia dar mais uma chance a ele, quero dizer, ele é gostoso!

Não tanto quanto o Sirius, mas não deixa de ser gostoso.

Ai, não. Por que o frio afeta meus neurônios?

- Eu sei que você ainda ta brava comigo, mas eu não tive culpa por aquilo que aconteceu. – eu to congelando aqui, porque eu simplesmente não posso ignorá-lo e seguir em frente? – Mas isso aqui é pra você, lê com carinho.

E ele piscou com o olho direito. Não daquele jeito bonitinho que o Sirius sempre piscava no colegial, mas de um jeito grotesco, como numa tentativa frustrada de tirar o cisco do olho.

- Ok, mas eu tenho que ir. – eu puxei a folha e enfiei no bolso do meu sobretudo. Talvez eu queime ela pra fazer uma fogueirinha se a minha lareira não resolver acender.

Meu, eu to na miséria mesmo.

Minha situação está mesmo precária. Eu deveria me casar com o Sirius e viver na cobertura do prédio rico dele. Ou então me mudar pra o novo país dele com ele e as trocentas namoradas dele.

Mas eu devo olhar pelo lado bom, pelo menos não são namorados.




Casa de Marlene McKinnon, ao telefone.

- Alô? – eu deveria ter desligado o meu telefone antes de me desligar do mundo.

- Marlene? É você? Você está VIVA? – Lily Evans sempre foi muito engraçadinha, desde antes de se tornar colunista num jornal.

A coluna dela é engraçada, e nem é sobre comédia! É sobre mulheres na menopausa!

- É, eu acho que eu estou. A não ser que eu tenha esquecido meu corpo no cemitério e tenha ido pro trabalho em forma de alma. - eu disse – Pera aí, deixa eu checar. Não, eu ainda estou com meus peitos pequenos e sem nenhuma gota de ectoplasma. Confirmado, eu estou viva.

- Bom, então porque você não deu nenhum sinal de sobrevivência esses dias? Nós não nos falamos à mais de uma semana, e eu entupi sua caixa eletrônica de mensagens. Então não há desculpas. Fora que você nem veio a reunião mensal das garotas.

- É verdade. Eu andei ocupada me deprimindo, e tentando arranjar um emprego melhor. Será que isso é crime?

- Ah, qual é. Você tem talento, já disse que você pode trabalhar pro jornal. – falou a Sra. Otimista.

- Lily, lembra que eu te falei sobre um cara gostoso que sempre toma café na ‘Hottie’s Burger’?

- O que tem ele? Ele te pediu em casamento? – alguém me mate.

- Até parece. Bom, eu falei com ele. E advinha? Ele é Sirius Black.

- O Popularzão do colégio que andava com o meu James? O padrinho do meu filho? Aposto que você o achou gostoso.

- Eu acabei de dizer que ele era o ‘cara gostoso que sempre toma café na lanchonete’.

- O que você falou com ele? Conte-me tudo. – como se eu tivesse algo pra contar.

- Não tem muito pra contar, ele provavelmente pensa que eu sou uma fracassada. Mas, pera aí, eu sou uma fracassada. Grande surpresa.

- Você precisa mesmo ir a um psicólogo, que o nome de algum? Eu posso roubar a lista de psicólogos da minha vizinha.

- Não, obrigada. Eu gosto de me deprimir.

/barulho de coisas quebrando/

- Harryzinho, cuidado! Lene, tenho que desligar.

- Certo.

/TUM-TUM/

Cara, que fome! Qual é o MEU PROBLEMA? Eu poderia ser menos comilona, além de emagrecer eu poderia economizar dinheiro. Mas não, eu tinha que comer muito.

Jogaram macumba em cima de mim quando eu ainda era neném, que maldade.

Me resta agora atravessar a rua e ir no Market, como se eu não tivesse mais nada pra fazer.

Acho que vou comprar pizza. Eu gosto de pizza.

O que será que o Sirius está fazendo uma hora dessas? Por que eu não paro de pensar nele? Eu sou uma idiota mesmo? Ou só finjo?

Eu podia ser mais bonita, né? Eu odeio espelhos, e eu odeio o meu elevador por ter espelhos.

Ou menos – bem menos – tabacuda.

- Boa Noite, Srta. McKinnon. – este é o meu porteiro, ele é tão simpaticozinho.

- Boa Noite. – apesar de eu achar que de ‘boa’ minha noite nada vai ter.

Pelo menos eu estou com minhas luvas de frio, isso já é um bom começo para alguém que vai ter que andar dois quarteirões até o Market só pra comprar pizza e nuttela.

Eu vou virar uma gorda, mas não tem problema, eu sou feia mesmo, ficar gorda nem é tão ruim assim. Eu simpatizo com as gordinhas, elas são sempre tão simpáticas. Acho que eu não vou virar uma gordinha simpática, porque até onde eu saiba, eu não sou simpática.

Welcome to the Super ‘M’.
The Market of The Family.


Tudo bem que eu não tenho família, não aqui pelo menos, mas esse é o único Market que fica perto da minha casa e dá pra levar minhas ‘grandes’ compras na mão.

- Você sabe o quão perigosa Londres pode ser à noite? – Ai, Meu Deus! O que é isso um assalto?

- Eu sou especialista na nobre e antiga arte do origami! – eu disse sem olhar para trás.

- Você sabe sobrar papel? – Ah, droga. Eu achei que ia funcionar.

- Achei que você não soubesse o que era. Tudo bem, pode levar tudo, se quiser pode até tirar minha vida, acho que não vou fazer falta a ninguém. – então eu me virei pra trás para entregar todos os meus pertences...

E dei de cara com Sirius.

- Nóssa. – ele falou rindo da minha cara de surpresa que devia estar realmente estranha.

- Ah, é você. – eu me desanimei por completo, morrer uma hora dessas ia ser uma nova experiência pra minha.. vida? – Achei que eu ia morrer, já tava me animando.

Eu sacudi meus bracinhos em cima da cabeça, depois os abaixei desanimada.

- Eu sabia que estava te reconhecendo de algum lugar. – OMG! Morri. – Eu fucei o anuário e te vi lá, você andava com a Evans, não andava?

- É, ela é minha melhor amiga. – eu nunca sou reconhecida por um feito nobre, mas também, eu nunca fiz um feito, quanto mais nobre. – E você provavelmente me reconheceu porque eu era a louca que andava com um ‘All Star’ verde-limão cantando Blink-182, e usando camisolões de Busted.

- É, isso teve uma certa contribuição. – O que posso dizer, eu sabia. – Pra onde você está indo?

- Para o Market, fica a um quarteirão daqui.

- Eu te acompanho. – que gentil. *-*

- Não precisa, não quero que você tire as chances de algum maluco vim me assaltar e acabar percebendo que o bem mais valioso que tenho é uma libra guardade no bolso junto com o meu cartão de crédito, e daí ele vai me matar porque eu vou me recusar a dar algum bem meu a ele.

- Alguém já disse que você precisa ir a um psicólogo?

- A Lily, todos os dias. Só que eu ainda tenho esperança que isso só seja uma fase ruim da minha vida. – uma fase ruim que dura desde o primário.

- De qualquer modo, eu estou indo para o Market, então será que você poderia me acompanhar? – Ele poderia arranjar qualquer companhia, mas ele pediu a mim. Tem como eu recusar?

- Ah, claro. Se você for um menino bonzinho e se comportar direitinho. – eu disse apontando o dedo à ele.

- Entendido. – e ele fez aquela reverência que soldados fazem.

- Então, você fuçou o anuário? Eu queimei o meu. Não sei como me reconheceu, eu estava em outra ‘fase ruim’ da minha vida. – digo, ‘fase ruim’ não por conta de Busted e Blink-182, mas sim porque eu era invisível. – Me surpreende o fato de você ter descoberto quem eu era, eu era tipo, invisível.

- Tem seu nome do lado da foto. – Ah, Claro. 1x0 para o Sirius. – E como eu andava com o James, ele corria atrás da Lily e você era grudada nela. Agora os dois tão casados e eu sou padrinho do Harry.

- Eu ia ser a madrinha. Só que eu tive uns ‘imprevistos’.

Caminhamos mais um pouco e lá estávamos na frente do Market. E dude, incrível como todo aquele frio tinha passado naquele meio tempo em que estávamos conversando.

- Você devia ir ao encontro do pessoal do colegial. – Sirius falou, em meio a uma despenteada de cabelo enlouquecedora.

- Talvez eu vá. – o que vai ser BEM difícil de acontecer, já que eu trabalho a maior parte do tempo.

- De qualquer forma, esse é meu telefone. – e ele me entregou um daqueles cartãozinhos plastificados feitos por gráfica. – Tem o do trabalho, de casa e do celular. Me liga quando puder.

O que também vai ser BEM difícil, porque além de eu viver no trabalho, meu telefone só recebe, e eu não ia ter coragem.

- Ou me dá seu telefone pra eu poder te ligar.

Eu gosto de caras que facilitam a nossa vida.




Diário de Marlene McKinnon


Acabei de chegar do Market, e acredite, eu tinha ido só pra comprar pizza e nuttela mesmo. Só que como sempre o destino resolveu me pregar uma peça, e advinhem só quem eu encontrei no caminho? Sirius Black – o mesmo que era a minha paixão no colegial, e o cara gostoso que toma café todas as manhãs no ‘Hottie’s Burger’ que eu recentemente descobri. – ele estava tão caliente naquele palitó Armani – que deve custar o preço do meu apartamento, mais uns 100 anos de horas extras fazendo cachorro-quente na lanchonete – com um sorriso safado estampado na cara, e me falando coisas como: ‘Eu fucei o anuário. E eu te reconheci’, o que não é nada lisonjeiro, já que eu era mais feia do que sou hoje.

Que seja, eu não me importo mesmo com isso, me importo? Bom, ele me deu um cartão com o telefone dele, só que minha linha foi cortada e eu só recebo. Há-há. O pior é que ou ele imagina, ou ele percebeu que eu não ia ligar por algum motivo peculiar, então ele pediu o meu telefone e eu tive que dar, o que eu ia dizer? ‘óh, não. Obrigado. Eu ouvi você falando com as suas três mulheres pelo telefone e definitivamente, não gosto de pentagramas amorosos’? Bom, talvez eu tivesse dito isso se eu não estivesse bastante emocionada com o fato de um cara gostoso e alto, e fortão pedir o meu telefone.

Quero dizer, ele deve ter pelo menos 1,95 de altura, enquanto eu sou a anã com 1,60. Ele é muito galanteador com aqueles olhos azuis penetrantes como uma navalha e aquelas mãos bonitonas e SEM ALIANÇA dele. Eu não seria capaz de dizer aquilo que eu diria se não tivesse voando nos meus pensamentos mais devassos por conta de um número de telefone.

Será que ele vai me ligar? Se ele pediu meu número ele vai. Opa, telefone tocando.

Ai, Meu Deus! Será que é ele?




N/A: Era pra ser um capítulo único, mas como a fic foi tomando certas proporções e eu comecei a gostar cada vez mais, agora vão ser: DOIS /mostra dois dedinhos/ capítulos únicos, não é legal? Eu acho que aqui tem 10 págs. e o outro deve ter por volta disso também.

:*

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