A Proposta
O dia clareava sem pressa. O sol estava preguiçoso atrás das montanhas que o escondia da visão de todos os habitantes de Godric’s Hollow. Mas não havia jeito, teria que nascer e no exato momento que seus raios brilhantes atravessaram as casas, Albus Severus acordou. Ele colocou suas mãos em frente ao rosto imediatamente.
- Que droga! – resmungou ele
Albus deu um pulo de sua cama e vestiu uma roupa qualquer que estava jogada pelo chão. Limpou seus olhos com força e saiu do quarto, batendo a porta violentamente. Odiava acordar cedo, ainda mais com aquele sol em seu rosto.
Ele andou o corredor inteiro e deu três batidas fortes na porta do quarto de sua irmã Lilly. Ela abriu e já ia dar um berro, quando Albus fez sinal pra ela ficar quieta.
- Vamos para a sala! – disse ele em tom de ordem
Lilly fez uma cara estranha e riu.
- Olha a hora que é Albus... – começou ela com a voz sonolenta – Eu não vou ficar com você na sala uma hora dessas, tenha santa paciência...
- Vai Lilly! – implorou Albus – Eu não quero ficar sozinho lá, por favor...
Lilly olhou para trás, ficou pensativa e disse:
- Não!
- Ah! – exclamou Albus – Que saco...
- Vai me dizer que tem medo? – disse ela abafando um riso – Ou vai me dizer que você não sabe que horas são?
- Eu não tenho medo!
- Sei... – disse Lilly – Boa noite Albus!
Dizendo isso, Lilly fechou a porta com tudo e Albus pôde ouvir o barulho da cama rangendo, quando sua irmã se jogou. Albus agachou à cabeça e saiu andando pelo corredor. Desceu as escadas e se jogou em um sofá da sala. Ele ficou contemplando a lareira por alguns minutos, até que uma linda mulher de cabelos ruivos descia as escadas. Trajava um roupão rosa com detalhes em branco.
- O que faz aqui Al? – perguntou Ginny curiosa
Albus se virou rapidamente no sofá e disse:
- Acordei cedo demais!
Ginny sorriu e se sentou no braço do sofá em que seu filho estava. Ela fez um pouco de cafuné em seus cabelos e se levantou.
- Deve ser ansiedade para voltar a Hogwarts...
- Claro que não! – rebateu ele – Foi o sol mesmo!
- Sei... – disse ela desconfiada – Mas de qualquer maneira, você vai querer tomar café da manhã não vai? Vou preparar mais cedo, já que você está acordado...
- Ok! – disse Albus – Estou com fome mesmo...
- Então vem! – disse Ginny carinhosamente
Albus se levantou e seguiu a mãe até a cozinha. O lugar era amplo e repleto de instrumentos culinários. Alguns dentro dos armários, ou então em cima da pia, já preparados. Albus admirava sua mãe, pois ela nunca deixava uma louça pra lavar no dia seguinte.
Albus se sentou em uma cadeira de frente a mesa e ficou brincando debilmente com seus dedos, enquanto sua mãe começava a preparar as coisas com acenos da varinha.
- É amanhã! – disse Albus
Seus olhos brilhavam. Ginny riu.
- Eu sabia que você estava ansioso para o retorno a escola... – disse ela sorrindo – Isso não é um crime Al...
- James não fica assim! – disse Albus nervoso
- Claro que não! – disse uma voz masculina. James Weasley Potter acabara de entrar na cozinha – Eu já estou vários anos em Hogwarts...
- Bom dia pra você também! – disse Albus
- Ah bom dia pirralho! – disse James
- Olha só como você me trata, seu...
- Silencio os dois! – disse Ginny baixinho, porem, o suficiente para fazerem os dois recuarem e baixarem a guarda – Não quero vocês brigando ok?
- Ok – disse eles juntos
Ginny fez um aceno longo com a varinha e dois pratos voaram para a mesa, seguidos por torradas frescas, que pousaram lentamente em suas superfícies. Albus devorou as dele em um instante.
- Muito bom...
- Sua baleia! – disse James
Albus pegou o farelo que estava em seu prato e jogou em seu irmão, que não deixou barato, pegou uma torrada inteira e arremessou em sua cabeça.
- Foi ele! – disse os dois juntos, apontando o dedo um para o outro, quando Ginny se virou.
Ginny fez um movimento com a varinha e a sujeira que estava no chão foi instantaneamente limpa e depois ela fez outro aceno e Albus, junto com James ficou grudado na parede de braços abertos.
- Enquanto vocês não se comportarem como deve... – começou Ginny – Eu vou deixar vocês mais de quinze minutos pendurados no lustre da sala... Igual Ron fez com o Hugo!
Albus arregalou os olhos.
- Ele fez isso? – perguntou
- Ele pode fazer pior... – suspirou Gina
No instante seguinte, eles caíram no chão.
- Se meus amigos vissem isso eu iria morrer de tanto ser zoado mãe... – disse James limpando seu pijama – Vou me trocar...
- É! – disse Albus – Sai da minha frente!
Ginny ameaçou com a varinha e James saiu correndo e subiu as escadas velozmente. Albus começou a dar risada, enquanto sua mãe ficava rígida, observando-o.
- Hum... – disse Albus – Nós vamos com o tio Ron amanhã para a Estação?
- Não sei! – disse Ginny finalmente voltando a prestar atenção na pia, de costas para Albus – Mas eu acho que sim, de qualquer forma, eles virão aqui daqui a pouco...
- Pra quê? – perguntou Albus
- Para assuntos pessoais. E não é da sua conta! – disse Ginny.
- Calma mãe, ta estressada hoje!
- Que abuso! Vai, vai arrumar suas coisas!
Albus foi batendo os pés. Uma atitude bem mal criada da qual esquentou os miolos de Ginny.
Com raiva, socou todos seus objetos pessoais para dentro do malão de Hogwarts. Roupas, meias, entre outras coisas que havia ganhado de seus pais, ou amigos. Uma variedade de livros velhos foi retirada do malão para dar espaço aos novos que viriam este ano.
Albus lembrou de que seu irmão jogava quadribol. Resolveu então pedir uma vassoura à seu pai. Quem sabe entraria para o time de quadribol? Dito e feito. Correu ao encontro do pai.
- Pai, você poderia me dar uma vassoura? Eu vou tentar entrar para o time de quadribol em Hogwarts.
- Claro meu filho!
- Obrigado pai!
- De nada. Quero mais um filho jogando quadribol!
- Farei o máximo para ser tão bom quanto o senhor.
- Não, Al, fará melhor – e Harry piscou.
- Obrigado pelo apoio...
- E por que não daria?
- Sei lá... – disse Albus verdadeiramente – Ah, pai! O que Tio Ron e Tia Mione vem fazer aqui em casa? Mamãe não quis me contar... Disse que não era da minha conta!
Harry estudou Albus por um instante e disse, com um sorriso contagiante:
- Ela deve estar naqueles dias...
- Que dias? – perguntou Albus interessado
Harry olhou para a porta do quarto e constatou de que não havia ninguém ouvindo, então, voltou seu olhar para Albus.
- Aqueles dias, sabe? Onde a mulher fica... Hum... Muito mal humorada, em geral, acontece no fim do mês... – disse Harry. Sua voz soava receosa.
Albus olhou o pai por alguns instantes, pensativo.
- E isso tem nome?
Harry ficou observando Albus. Estava totalmente desconcertado. Albus se sentia em uma curiosidade que nunca sentira antes.
- Não te interessa! – disse Harry enfim
Albus não acreditou no que ouvira.
- Mamãe falou a mesma coisa! – disse ele em protesto – E o Sr também, isso é uma conspiração ou algo do tipo?
- Olha a sua idade Albus! – disse Harry pegando um par de meias brancas – E você tem idade pra ficar escutando esse tipo de coisa? Sai dessa...
- Eu não sou mais uma criança! – disse Alvo inconformado com as palavras de seu pai – Ouviu pai? – acrescentou, ao ver o pai em silencio, enquanto colocava as meias.
- Ouvi sim Al... – disse Harry – Mas olha a hora que é, não estamos em uma situação adequada pra ficar discutindo esse tipo de coisa...
Naquele momento, um barulho agudo preencheu o local. Albus deu um pulo de susto e Harry ficou de pé imediatamente, ajeitando suas vestes que estavam um tanto amarrotadas.
- Deve ser eles...
-Mas...
- Vamos Albus! – disse Harry pegando na mão do filho e o conduzindo até a porta do quarto – Não queremos os deixar esperando né?
Harry desceu as escadas, acompanhado por Albus, que não gostara nada das palavras de repreensão que ele e Ginny haviam dito. Ele não era mais criança.
Albus correu e alcançou as passadas grandes que seu pai dava. Ao chegar no térreo, encontraram Ginny e James abrindo a porta para os convidados. Harry e Albus se juntaram ao resto da família, quando Ron apareceu.
Ele tinha uma vasta barba ruiva e um sorriso muito contagiante. Ele cumprimentou todos e entrou na casa. Hermione repetiu seus atos, assim como Hugo e Rosie que pareciam muito felizes.
Ron já se acomodou em um sofá ao lado de Hermione, Hugo e Rosie sentaram em outro. Albus piscou para Rosie e subiu as escadas.
- Mãe... – Albus ouviu Rosie dizer – Posso ir lá em cima com o Albus?
- Claro! – respondeu Hermione docilmente
Rosie subiu as escadas e Albus deu um encontrão nela quando ela iniciava sua caminhada pelo longo corredor cheio de portas.
- Como vai? – perguntou ela assustada
- Bem e você? – perguntou Albus – Vamos...
Albus pegou na mão de Rosie a conduziu até seu quarto. Ela se sentou um pouco envergonhada em sua cama, Albus sentou-se ao lado dela.
- Ah... – disse ela – Aquilo que aconteceu durante nosso primeiro ano, ainda eu lembro sabe, o Brian...
- Pois é – disse Albus sem emoção – Ele não merecia ter o fim que teve, mas eu acho que agora, o Sr Draco Malfoy está pagando a pena em Azkaban...
- É – concordou a menina
- Bem, mas não é sobre Brian que eu quero falar... – disse Albus com dificuldade – É sobre nosso namoro, acho que não faz sentido continuar né?
- É – respondeu ela de olhos arregalados – Eu tenho a mesma opinião que você e afinal de contas, somos primos!
- Pois é! – disse Albus – E eu tenho uma proposta! – Rosie não disse nada, então ele continuou – Nós podíamos apagar isso tudo de nossa memória, o que acha?
Rosie arregalou os olhos e ficou repentinamente nervosa e corada. Suas mãos se juntaram umas as outras e ela começou a mexer os dedos debilmente.
- Eu acho que não Albus! – disse ela
- Porque não? – perguntou Albus sem entender – Eu acho melhor nós apagarmos da nossa memória, vai que um dia alguém da nossa família descobre?
- Sabe por que não? – disse ela nervosa – Porque foram momentos muito bonitos que eu passei ao seu lado sabe...
Albus observou a janela e suspirou.
- E você quer esquecer Albus? – perguntou ela vagarosamente – Você quer esquecer as tardes que passamos juntos no jardim de Hogwarts?
- Não – respondeu Albus sinceramente
- Então, qual o propósito de querer apagar isso da nossa memória? – perguntou ela. Seus olhos expressavam calmaria.
- Você está certa... – disse Albus envergonhado – Não devia ter feito essa proposta ridícula, vamos descer lá pra sala?
- Vamos! – disse Rosie – Melhor!
Eles se levantaram e Albus se sentiu imensamente envergonhado. Todo o caminho de volta para a sala, ele achou extremamente interessantes os riscos que dividiam as tabuas do assoalho.
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