Still Loving You



– Still Loving You –


A porta do Dormitório Feminino do Sétimo Ano bateu com tanta força ao fechar que as vidraças do dormitório sacolejaram. Mas nada importava à Hermione Granger. Nada além de sua dor.
Ela se jogou na cama que ocupava desde o primeiro ano e, finalmente, deu vazão ao que sentia na forma de lágrimas e soluços que faziam seu jovem corpo tremer.
Havia acabado.
O namoro com Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu, Destruidor do Mal, o que derrotara Voldemort com dezesseis anos... Acabara tudo.
Ela não agüentara. Tentara, é claro. Aceitara que namorar com um rapaz que tinha alguns dos piores inimigos que se pode ter era arriscado, mas ela convivera com isso. Mas parecia ter se esquecido que depois que Harry vencesse o Mal outro inimigo surgiria. E ele era pior que Voldemort, Trasgos, Snape ou aulas de Poções. O pior inimigo era a Fama do Rapaz.
Hermione tentara conviver com as fãs de Harry, com o constante assédio e a incrível falta de privacidade. Tentara conviver com os jornais falando de suas vidas e levantando todo o histórico social, estudantil e pessoal da garota apenas por ser a namorada de Harry Potter.
Mas ela não suportou a visão dele conversando com a agora Repórter do Profeta Diário Cho Chang. Quando a Morena encontrara a linda Oriental falando animadamente com SEU NAMORADO ela entrou em colapso. E terminara o namoro.
“A escolha é sua, Potter: elas ou eu” foi o que ela dissera. E ele ficara ali, parado. Sem resposta. E ela terminara com ele.
E agora chorava.

Harry Potter não estava em situação melhor. Ele sabia que sua Fama incomodava a namorada, tentava ficar longe da Mídia, das fofocas e da indiscrição de suas fãs. Mas sabia que não podia simplesmente mandar as pessoas ficarem longe dele. E agora sofria por não ter mais Hermione, simplesmente porque fora tolo. Nunca deveria ter perdido seu tempo numa conversa com Cho.
A Repórter dissera que seria apenas uma conversa amigável. Sem Penas de Repetição Rápida, sem perguntas indiscretas ou extrações de sua vida pessoal. E ela cumprira a promessa. Conversavam amigavelmente sobre como ele se sentia agora que a Guerra acabara.
Mas Hermione chegara e começou a gritar com ele e quando finalmente deu a chance dele ficar com ela ou com as fãs ele estava tão abobalhado que demorara a responder. E isso fora seu erro.
E pior: depois que ela fora, a bolsa de Chang caiu no chão e dentro havia um pergaminho registrando toda a “amigável conversa” com a Repórter.
Harry enfiara o pergaminho no bolso e correra atrás da ex-namorada como um louco, mas ela se trancara no Dormitório. Sem chances.
Ele olhou para a escada, ignorando o Salão Comunal inteiro que o encarava. Rony colocou a mão em seu ombro. O jovem Weasley era um dos poucos que já sabia do fim do namoro.
– Tudo bem, cara? Você vai consegui-la de volta!
Harry olhou para baixo, admirando seus pés. Ele se permitiu cinco longos minutos para deixar seu mundo desabar e ele se sentir a pior pessoa do mundo. E lamentar sua situação.
Então ele levantou a cabeça e olhou fixamente para a escada do Dormitório. A “Seção Fossa” havia terminado. Agora as chamas verdes de seus olhos se acenderam com a determinação que existia nele. Harry Potter teria Hermione Granger de volta.
Ele olhou para o ruivo ao seu lado e Rony sorriu ao perceber o olhar de seu amigo.
– Eu te ajudo. Pode contar comigo – disse ele antes mesmo de Harry perguntar.
Harry limpou uma lágrima e deu um sorriso triste para o amigo. Então olhou para um sofá onde Dino e Simas estavam sentados. Os colegas de quarto assentiram e Neville se postou atrás dele. Com um aceno os cinco garotos saíram do Salão, espantando todos os presentes.

Gina estava acariciando os cabelos fofos de Hermione quando percebeu uma agitação do lado de fora do Dormitório. Ela levantou e deixou a amiga entregue a um sono perturbado e triste. Abriu a porta do Dormitório e se deparou com uma Parvati e uma Lilá sorridentes.
– O que foi? – Perguntou a Ruiva.
– Harry e os outros garotos saíram do Salão – Contou Parvati.
– É, eles devem estar dando algum apoio ao pobre Harry – Suspirou Gina.
Lilá abriu um sorriso.
– Nada disso! – Empolgou-se ela. – Ele estava com aquele olhar!
Gina sorriu. Então se virou para a porta fechada atrás de si.
Se Harry estava com aquele olhar, o mesmo olhar de determinação ferrenha que fazia Lordes das Trevas desaparecerem, então algo grande esperava Hermione.
Elas desceram para o Salão.

Três dias se passaram desde o fim do Namoro. Hermione estava mais pálida e magra, além de sentar-se lá no fundo nas aulas e não responder nenhuma pergunta sequer.
Harry sentava-se perto de Rony, mas estava distraído e sua palidez deixava a Cicatriz mais visível. Ele parecia muito distraído e murmurava algo inaudível às vezes.
Harry tinha diante de si uma partitura completa, que estava dentro de seu livro de Transfiguração. Lia a canção tantas vezes que saberia recitá-la letra por letra até os oitenta anos.
Fora muito complicado arranjar, conjurar e preparar tudo, mas faltava pouco para seu plano ser posto em ação. Reprimindo um sorriso ele olhou pelo canto do olho para a tristonha Hermione lá no fundo. Ela seria dele novamente, e em breve.

Hermione se recolheu cedo, como todas as noites desde que terminara com Harry. Não sentia vontade de comer (então era Gina que a forçava a fazê-lo), não sentia vontade de estudar, ler ou até mesmo de viver. Queria apenas deitar e dormir para sempre, sonhando que ainda tinha Harry consigo.
Ela poderia simplesmente descer até o Salão e pedir a ele para reatar o namoro, mas ela era orgulhosa. Ela terminara o namoro, não podia voltar atrás. Ficaria sem ele, mesmo que isso acabasse com ela.
Uma pedra acertou com força sua janela, quase partindo o vidro. Ela levantou mas ficou longe da vidraça. Outra pedra bateu na janela, seguida de um clarão. Ela viu letras se formando no vidro.

Hermione, apareça na janela.

Ela abriu o vidro e meteu a cabeça para fora. Estava meio escuro, mas ela enxergou as formas no Jardim, lá embaixo.
Eram Simas, Dino, Neville, Rony. E Harry. Reconheceria aqueles cabelos bagunçados, óculos faiscantes e formas em qualquer situação. Ele olhava para a janela onde ela estava e sorria.
Ele agitou a varinha e um círculo ao redor do grupo se formou no chão. Então eles começaram a subir, a plataforma feita do chão do próprio Jardim subindo lentamente. Agora eles estavam mais ou menos no nível do Terceiro Andar. Hermione podia ver o sorriso de Harry mais perto e sentia uma vontade louca de sorrir de volta. Mas seu orgulho não permitia.
Então com um segundo gesto da varinha de Harry seu plano entrou em ação.
Os garotos se separaram no limitado espaço da plataforma circular e uma bateria apareceu na frente de Neville. Dino se sentou em frente de um teclado surgido do nada e Simas agarrou um grande Violão. Rony e Harry pegaram suas guitarras e sorriram um para o outro.
Hermione arregalara os olhos ao ver o que eles faziam e pessoas de todos os anos apareciam nas janelas do Castelo, desde Sonserinos irônicos até Corvinais suspirantes.
Harry apontou a varinha para a própria garganta, antes de guardá-la.
Então Neville começou uma lenta batida na Bateria, quase como um som de fundo enquanto Simas dedilhava algumas notas lentas no Violão.
Harry sorriu ainda mais e Hermione se controlava ao máximo para não fazer o mesmo. Um aceno da varinha de Rony criou algumas estrelas que flutuaram no céu noturno, brilhando e iluminando a Plataforma.
– Hermione! – Chamou Harry, a voz amplificada pelo feitiço. – Sabe, quando você terminou comigo eu fiquei realmente triste...
Ela se remexeu inquieta na janela.
– Você me perguntou naquele momento quem eu preferia, mas eu estava tão surpreso que não pude responder imediatamente, mesmo que eu não precise nem pensar para dar essa resposta.
A batida de Neville aumentou e Rony começou a acompanhar o dedilhado de Simas.
– Eu não sou bom com as palavras e ficaria tão nervoso perto de você que acho que não conseguiria dizer tudo o que quero. Então eu decidi usar um pouco de Romantismo Trouxa para fazer isso – Harry olhava fixamente para a garota enquanto falava, ignorando tudo ao seu redor e apenas pensando em como ela era perfeita. – Procurei em todas as músicas Trouxas e Bruxas algo que expressasse o tamanho do que sinto por você, mas não encontrei nada. Então eu falarei do que sinto, agora.
Ele acenou com a cabeça para Rony e se posicionou na Guitarra.
– Essa música é um pouco antiga e não sei se você a conhece. Mas ela é perfeita para mim. Assim como você.
E antes que ela pudesse assimilar tudo o que ele falara eles começaram a tocar, juntos e a música envolveu Hermione e preencheu a noite. Gritos e assovios vieram das janelas.

Time, it needs time
To win back your love again
I will be there, I will be there
Love, only love
Can bring back your love someday
I will be there, I will be there
Still loving you...


Hermione engasgou, surpresa. Harry era afinado e tocava perfeitamente, como se tivesse passado a vida inteira fazendo isso.
Sua voz era forte, bela e os outros garotos tocavam harmoniosamente a canção que começara lenta e baixa para crescer conforme ele cantava.
Hermione estava paralisada, deixando apenas a música entrar nela.

I'll fight, babe, I'll fight
To win back your love again
I will be there, I will be there
Love, only love
Can break down the wall someday
I will be there, I will be there


Ela não pode controlar. Sorriu.
O sorriso puro dela, da alegria e do amor que sentia por aquele louco que faria uma serenata usando Rock, iluminou mais do que as estrelas conjuradas por Rony que escreviam a letra da canção no ar, conforme Harry Potter cantava.
As fãs do garoto, os alunos da escola e Por Deus! Até mesmo Alguns Professores! sorriam, gritavam e assoviavam animadamente.

If we'd go again
All the way from the start
I would try to change
The things that killed our love
Your pride has built a wall, so strong
That I can't get through
Is there really no chance
To start once again
I'm still loving you...


Agora Harry não cantava a canção normalmente, mas cantava como se fosse exatamente o que queria dizer para ela, como se apenas estivesse pegando emprestado as palavras da canção para se declarar para Hermione.
Esta, continuava sorrindo, debruçada na janela do Dormitório vazio e algumas lágrimas caíam de seus olhos castanhos.
Lágrimas de alegria, misturadas com a tristeza de passar três dias longe de Harry e a raiva dela mesma de ter sido tão orgulhosa...

Try, baby try
To trust in my love again
I will be there, I will be there
Love, our love
Just shouldn't be thrown away
I will be there, I will be there

If we'd go again
All the way from the start
I would try to change
The things that killed our love
Your pride has built a wall, so strong
That I can't get through
Is there really no chance
To start once again


Sim. O Orgulho dela criara uma parede intransponível que agora Harry quebrava com toda a força. Ele destruía a mágoa, a dor e a raiva. Apenas com sua canção.

If we'd go again
All the way from the start
I would try to change
The things that killed our love
Yes, I've hurt your pride, and I know
What you've been through
You should give me a chance
This can't be the end
I'm still loving you


A Plataforma começou a baixar lentamente, levando a “Banda” para a Escuridão da noite sem Lua.
Mas a voz de Harry foi ouvida, cantando os últimos versos da canção, antes deles serem engolidos pelas sombras do terreno escuro.

I'm still loving you, I need your love
I'm still loving you


Hermione debruçava perigosamente na janela, mas não conseguia mais ver Harry.
As estrelas que escreviam a letra da música no céu pararam em uma única mensagem.

Eu escolho você, Hermione.

Hermione saiu da janela e correu até a porta, abriu-a com uma pancada e desceu as escadas correndo. O Salão inteiro olhava para ela, mas ela nem percebeu. Abriu o Buraco do Retrato e correu Sete andares, até despencar escada de mármore abaixo, abrir as portas do castelo e sair na escuridão.
Ela correu pelo jardim e encontrou ali, parados, os garotos.
E Harry.
Ele sorria para a garota, seus olhos verdes brilhando e um sorriso maior do que o rosto.
– Eu continuo te amando, Hermione – disse ele, sua voz livre do feitiço. – Me desculpe por tudo.
Ela não respondeu, mas pulou em seu pescoço e o beijou.
Um beijo que trazia todas as desculpas e perdões, que trazia a saudade do tempo em que ficaram distantes e toda a dor da separação e a alegria da reconciliação.
– Me desculpa – sussurrou Hermione quando eles se separaram.
Ele a abraçou e ela sentiu que estava perdoada.

Depois de cumprir uma semana de detenções dada pelo professor Snape por “Perturbar a ordem e a paz no castelo”, que teve seus castigos suavizados pela intervenção de Dumbledore e da Professora McGonagall, Harry pode dizer que agora estava tudo bem.
As Fãs malucas foram duramente avisadas que não eram bem-vindas e os repórteres foram sonoramente expulsos pelo rapaz. É claro que nem todos entenderam o recado.
Mas para esses casos Hermione aprendeu o truque. Quando alguma garota mais atirada entrava em “área restrita: caia fora” bastava um abraço da garota no namorado e um olhar de “MEU” e a frustrada menina tinha que ir embora. Mesmo que essa atitude fosse extremamente possessiva e incomodasse Hermione, ela sabia que era necessária.
Mas quando não havia ninguém inconveniente por perto ela relaxava e sentia que seu namoro estava seguro.
Por que ela sabia que Harry ainda estava a amando.
E ele sabia o mesmo dela. E podia dizer seguramente:

I’m still loving you


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E então? O que acharam dessa minha Fic?
Bem, tudo o que posso dizer é que sou meio "romântico incurável", meio "louco irreparável" e ao ouvir essa música a idéia veio em minha mente. Apenas peço uns comentários de vocês (mesmo que sejam para me xingar, só não coloquem a Mãe no meio... ^^).

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Comentários (1)

  • Her Granger Malfoy

    Essa é uma das músicas que mais gosto. Achei ótima sua fic e vc escreve bem. Bem romântico mesmo. Parabéns.

    2012-01-10
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