Uma visita à cozinha
Capítulo 14 – Uma visita à cozinha
Á medida que o final de outubro se aproximava, Harry se sentia cada vez melhor com o rumo que aquele ano estava tomando. Seus estudos estavam indo bem, os encontros da A.D. estavam ficando cada vez mais populares e o tempo que passava lendo na biblioteca secreta estava lhe rendendo alguns dividendos. Até mesmo as cartas começaram a diminuir à medida que as pessoas iam se esquecendo do artigo de Rita Skeeter.
Os treinos de quadribol estavam indo particularmente bem, Harry refletiu sentado em uma das mesas da sala comunal, enquanto fazia seus deveres junto com Rony e Hermione. Ter Rony como capitão do time revelou a ele um lado de seu amigo que ele nunca tinha visto antes; Rony era bastante bom como estrategista e líder. Harry supunha que isso fazia sentido, considerando as habilidades que o garoto tinha em xadrez, mas ele tinha que lhe dar crédito por inspirar os jogadores a treinar duro enquanto estivessem em campo.
Gina em particular tem jogado fantasticamente, ele pensou, sentindo-se um pouco orgulhoso dela. Já que Rony sempre chegava mais cedo aos treinos e ficava até mais tarde que os demais jogadores, ele e Gina estavam sempre indo e voltando dos treinos juntos. Ele realmente gostava dessas caminhadas com ela. Eles não tinham muito tempo para conversar nas reuniões da A.D., e como esse ano ela prestaria seus N.O.M.s, estava passando a maior parte de seu tempo estudando.
A maior parte dos problemas de Harry esses dias se resumia em tentar evitar Parvati, que estava sempre tentando encontrar momentos em que pudesse ficar sozinha com ele. Ela o esperava depois das reuniões da A.D., mas verdade seja dita, Rony nunca o deixava sozinho. A falta de atenção não parecia desencorajá-la, na verdade, isso apenas parecia fazer com que ela se esforçasse mais. Ela tinha dado um jeito de fazer com que ele estudasse com ela algumas vezes, mas ele sempre conseguia garantir que eles estudassem em meio a muitas pessoas.
Algumas vezes ele até que se sentia bastante tentado e se perguntava se seria tão mal assim passar algum tempo sozinho com a menina... mas depois ele sempre imaginava como seria o dia seguinte e não conseguia pensar no que diria para ela. Inevitavelmente, ela esperaria que ele tivesse sentimentos por ela, e ele simplesmente não tinha. Não parecia ser certo fazer com que ela passasse por isso.
“Hermione, o que você acha disso?” Rony perguntou orgulhosamente, interrompendo os pensamentos de Harry.
Ele entregou sua redação para ela, e Hermione passou alguns minutos lendo e fazia uma ou outra pequena correção. “Está muito bom, Rony!” ela finalmente disse. “Realmente, você fez um ótimo trabalho.”
Harry pôde ver as orelhas de Rony ficando vermelhas por causa do elogio enquanto o menino pegava o pergaminho de volta. Harry tentava se conter e não falar muito sobre o assunto com Rony, já que ele parecia estar um pouco sensível com isso, mas as notas do garoto tinham melhorado drasticamente desde o ano anterior. Estava claro que todo aquele estudo extra estava dando algum resultado, mas Harry ainda se perguntava que bicho tinha mordido seu amigo.
Quando Harry voltou ao trabalho percebeu que tinha se esquecido de ir à biblioteca para pegar algumas informações que precisava. Olhou para o relógio na parede. Ele tinha o tempo exato para ir, mas precisava se apressar.
“Eu preciso correr para a biblioteca”, Harry disse a Rony e Hermione.
Hermione olhou para o relógio e deu a ele um olhar de aviso, pois faltava pouco tempo para dar o horário.
“Eu sei”, disse Harry. “Vou estar de volta em alguns minutos.”
Ele se levantou da mesa e saiu correndo, passando pelos corredores iluminados por luzes fracas até chegar à porta da biblioteca. Ele entrou sem fazer barulho e viu Gina parecendo extremamente ocupada estudando em uma das mesas.
“Ei, Gina. Você está estudando bastante, ham?” disse ele enquanto se sentava ao lado dela.
A menina parecia cansada. “Tenho estado incrivelmente ocupada estudando para os N.O.M.s. Estou estudando Defesa agora. Eu não sei o que deu em Snape, mas ele tem pegado extremamente pesado com a gente, muito mais do que qualquer outro professor.”
Harry fechou um pouco a cara. “Conhecendo o Snape, ele provavelmente quer que os seus N.O.M.s sejam mais altos do que os de qualquer professor anterior, para provar que ele merece o trabalho ou qualquer coisa assim.”
“É, provavelmente”, disse Gina assentindo. “Por falar em Snape, como estão indo as coisas entre vocês dois? Eu, er, escutei algumas coisas sobre suas duas primeiras aulas com ele”, disse ela, mordendo o lábio.
Harry suspirou. “Bem, não houve mais nenhum osso quebrado até agora, apesar dos feitiços, talvez porque os feitiços que nós trabalhamos nessas últimas aulas não foram tão – violentos.”
“Bem, eu não devia dizer isso, mas estou feliz que você finalmente descontou um pouco das coisas que ele já lhe fez”, disse a menina abafando o riso.
“Sério?” perguntou o garoto. Ele estava recebendo olhares de desaprovação quase contínuos de Hermione quando o assunto era esse. Apesar de não terem tido mais nenhum confronto tão direto como nos dois primeiros dias, Snape sempre dava um jeito de desafiá-lo e Harry não fazia outra coisa a não ser devolver na mesma moeda.
“Definitivamente. Ele pode ser um professor, mas isso não significa que ele pode fazer o que bem quer e abusar dos alunos como ele faz”, disse Gina com a voz firme. “Você pode não saber disso, mas eu não sou a estudante favorita dele também. É uma tradição dele odiar todo e qualquer Weasley. Ele odiava Fred e Jorge um pouco mais que os outros, primeiramente porque apesar de serem com eram eles sempre davam um jeito de tirar boas notas. Fred e Jorge são muito mais espertos do que as pessoas pensam, iam realmente bem quando se preocupavam o suficiente para trabalhar duro. Eu acho que eles deram duro com Snape porque sabiam que isso parecia irritá-lo muito. Além do mais, sempre que Snape começava a sair demais da linha, os gêmeos aprontavam alguma com ele, mas Snape nunca conseguia pegá-los no ato. Ele até mesmo chegou a pegar um pouco mais leve. Eu acho que Fred e Jorge foram os únicos estudantes que ele já teve medo”, disse ela, rindo.
“Bom, melhor dizendo, eu deveria dizer que ele não odiava todos os Weasley. Supostamente, ele gostava do Percy”, completou ela, revirando os olhos. “Mas isso não é uma surpresa tão grande assim, já que Percy puxava tanto o saco dos professores. E eu também não acho que ele pega tanto no pé do Rony porque provavelmente você deve receber quase toda a atenção dele.”
“O que ele faz com você?” perguntou Harry, curioso em saber sobre alguma outra pessoa que era alvo de Snape.
“Ah, o de sempre,” disse ela, fez uma perfeita imitação de Snape com a boca, o que fez Harry rir audivelmente. Gina também riu.
“Teve uma vez que ele intencionalmente deixou o frasco com a minha poção cair no chão, e fez isso olhando para mim”, disse a menina, parecendo ainda estar brava por causa disso. “Felizmente eu ainda tinha poção suficiente no meu caldeirão.”
“É, ele já fez isso comigo também,” disse Harry.
“Eu acho que estou pagando um pouco por Fred e Jorge. Já que ele nunca conseguiu pegá-los, acho que ele desconta um pouco em mim. Mas vale a pena. Snape mereceu o que teve dos gêmeos. Eu provavelmente poderia tentar ignorá-lo um pouco mais durante as aulas, mas para ser honesta, eu odeio aquele cara.”
“Bem, provavelmente ser amiga minha também não te ajuda muito...”
“Hum, é, talvez”, disse Gina, parecendo estar escondendo algo.
“Sabe, falando nisso tudo, eu não me lembro de ter visto você durante o jantar? Você pelo menos comeu alguma coisa?” perguntou o menino.
“Não... Estou morrendo de fome para falar a verdade... Eu estava pensando em dar uma passada na cozinha, mas está ficando horrivelmente tarde.”
“Como é que você vai até lá sem... ser vista?”
Gina riu. “Eu tenho meus modos.”
Harry a fitou como estivesse analisando-a e disse, “pois eu aposto como você tem mesmo.” Ele fez uma pausa e decidiu contar a ela um de seus segredos. “Mas eu acho que eu tenho um jeito melhor.”
Gina olhou para ele com curiosidade. “E o que é?”
“Espere aqui. Eu volto daqui a alguns minutos.”
Harry correu de volta à Torre da Grifinória. Estava ficando cada vez mais tarde. Se eles iam mesmo fazer isso, precisavam se apressar. Ele viu Rony e Hermione ocupados estudando ainda na mesa onde suas coisas ainda estavam e decidiu subir direto para seu dormitório sem dizer nada a eles. Ele não queria um sermão de Hermione sobre perambular no castelo fora do horário permitido. Entrou em seu dormitório, abriu seu malão e pegou sua capa de invisibilidade e o mapa do maroto. Depois, deu uma olhada no relógio em cima de sua cabeça e correu para as escadas, sentindo-se travesso. Ele tinha que admitir, quebrar regras o fazia se sentir muito bem.
Passou por Rony e Hermione novamente fazendo de tudo para que eles não o vissem, abafando o riso enquanto abria o buraco do retrato. A mulher gorda olhou para ele de um jeito confuso enquanto ele gentilmente fechava a passagem.
Harry voltou à biblioteca facilmente e entrou, ainda usando a capa. Deu uma espiada em Gina, que tinha voltado a se concentrar em sua redação. Estava prestes a falar com ela, mas parou, apenas a observando. Nunca tinha tido uma oportunidade para fitá-la daquele jeito antes.
Ela estava do mesmo jeito de sempre, mas mesmo assim, de algum modo, diferente. Certamente não era mais a menininha que um dia tinha saído correndo na primeira vez que ele foi À Toca. Ele mudou de lugar ainda olhando, querendo observá-la melhor. Ela colocou um pouco de seus lindos cabelos ruivos atrás de sua orelha enquanto se concentrava no que estava fazendo. Ele pôde notar também que ela tinha algumas sardas salpicadas por cima de seu nariz.
De repente ela levantou a cabeça, o que causou a Harry um frio no estômago. Ela encarou o nada, mordendo o lábio enquanto parecia estar pensando em alguma coisa. Harry estava muito perto dela, e olhou em seus olhos marrom chocolate. Decidiu os olhos dela eram sua feição favorita. Eles sempre pareciam tão brilhantes e vivos, como se ela estivesse escondendo um segredo e quisesse que você adivinhasse qual era.
Harry sorriu, sentindo-se bem apenas de estar com ela. Sentindo-se como um menino travesso, ele chegou mais perto dela sem fazer barulho. Estendeu a mão ainda de baixo da capa e fez cócegas na orelha dela. A menina apenas inclinou um pouco a cabeça e balançou a mão no ar como se estivesse tentando espantar um mosquito, errando a mão de Harry por pouco. O garoto teve que cobrir a boca com a mão, tentando desesperadamente não rir.
Ela voltou ao que estava fazendo e Harry chegou pertinho dela de novo. Dessa vez, estendeu a mão e cutucou levemente a pontinha do nariz dela, puxando a mão de volta rápido para não correr o risco dela quase acertá-lo novamente. Mas o que ela fez foi apenas franzir e coçar seu nariz.
Só mais uma vez, ele pensou, ainda tentando segurar o riso. Caminhou na ponta dos pés para trás dela e soprou frio em sua nuca. De repente ela estremeceu e passou as mãos pelos braços, como se estivesse tentando se esquentar. Depois, olhou para madame Pince com uma cara de desagrado, como se estivesse se perguntando porque a bibliotecária estava deixando que o ambiente ficasse tão frio.
Ele teve um desejo repentino de tocar o cabelo dela, mas decidiu que estaria abusando demais de sua sorte. Ele passou mais um minuto quieto apenas a observando, e depois resolveu que era melhor eles irem logo.
“Psssst!” fez Harry com a boca.
Gina levantou a cabeça de novo e olhou ao seu redor. “Harry?” ela perguntou baixinho.
“Gina, eu estou aqui...” disse o menino, rindo.
“Onde?” ela perguntou, tentando disfarçar enquanto olhava em volta, com um pequeno sorriso no rosto.
Harry pegou uma pena com a mão ainda de baixo da capa e a balançou no ar em frente a ela. Os olhos de Gina se arregalaram enxergando apenas a pena levitando perto de si.
“Harry, como você está fazendo isso? Onde você está?” disse a menina, o procurando embaixo da mesa.
Ele chegou pertinho dela e sussurrou em seu ouvido. “Talvez a biblioteca seja assombrada”, disse ele, rindo baixinho. Ela rapidamente estendeu a mão perto de sua orelha e dessa vez conseguiu pegá-lo. E então ela parou, o sentindo bem ao seu lado através da capa. De repente seu rosto assumiu um olhar de choque.
“Não! Você tem uma capa de invisibilidade?” ela perguntou, incrédula.
Harry riu quietamente. “Isso não é tudo... Você vai ver.”
“Bem, Sr. Potter, eu tenho que dizer que isso explica muito como você é capaz de causar tantos problemas”, disse ela, olhando através dele com um olhar divertido no rosto. Ela estava o tateando enquanto tentava descobrir onde ele estava, e isso fez com que Harry corasse um pouquinho.
“Erm, vamos lago, comece a guardar seus livros como se você estivesse de saída”, disse ele. “Me encontre lá fora.”
“Está bem.” Gina começou a guardar seus deveres e livros na mochila. Depois se levantou e se espreguiçou, como se estivesse indo para a cama, e caminhou até a saída. Madame Pince não pareceu nem notar ela indo embora.
Harry a seguiu através da porta e parou ao lado dela quando ela também parou do lado de fora, esperando-o.
“Pronta?” Harry sussurrou, olhando ao seu redor para ter certeza de que ninguém estava olhando.
“Sim!” disse ela, soando empolgado.
Harry levantou uma ponta da capa. “Eu estou aqui!” disse ele, rindo. Gina também riu enquanto ele passava a capa por cima de sua cabeça.
A menina olhou em volta. “Nós estamos invisíveis agora? Isso é brilhante!”
“E vai ficar ainda melhor”, disse o garoto, sentindo-se feliz e empolgado em dividir um segredo com ela. “Vamos, eu vou te mostrar. Vamos só sair de perto da biblioteca primeiro.”
Eles se moveram silenciosamente pelo corredor, Gina o seguindo bem de perto. Eles pararam em uma parte mais escondida e quieta, e Harry pegou o mapa do maroto.
“O que é isso?” ela perguntou, curiosa.
“Observe,” foi apenas o que ele respondeu. Então pegou sua varinha, deu um toque no mapa, e disse, “eu juro solenemente não fazer nada de bom.”
O mapa de repente ganhou vida, mostrando um esboço de Hogwarts.
“Por Merlin! Eu me lembro disso, seu pai estava com esse mapa quando nós o vimos na memória do Professor Lupin!”
“É, meu pai, Sirius, Remo e Pettigrew o criaram. É bastante divertido na verdade, Fred e Jorge o roubaram do escritório do Filch e depois deram para mim. Eles nem mesmo sabiam que tinha pertencido ao meu pai.”
“Deixa eu ver!” disse a menina, pegando o mapa da mão de Harry. Ela fitou o pergaminho com os olhos arregalados, observando várias pessoas se movendo pelo castelo. “Wow... não tem nenhum jeito de sermos pegos usando a capa e o mapa juntos.” E depois, de repente, ela soltou, fingindo-se de brava e com as mãos na cintura, “Harry! Não acredito você escondeu isso de mim esse tempo todo!”
Harry riu, parecendo um pouco envergonhado. “Bem, é meio difícil falar disso em conversas normais sabe...”
Gina sorriu para ele. “Eu só estou brincando. Vamos logo para a cozinha, ou então o barulho do meu estômago vai fazer com que qualquer um nos encontre.”
Harry sorriu também e pegou o mapa das mãos dela. Enquanto eles andavam, as mãos dela tocavam levemente o ombro dele, tentando manter uma distância constante. Harry achou o toque bastante distrativo. De vez em quando ele parava e dava uma checada no mapa enquanto eles continuavam seu caminho até a cozinha.
Quando eles entraram na parte do corredor principal que era cheia de quadros de comida, Harry deu mais uma olhada no mapa e viu que estava tudo limpo.
“Nós devemos estar a salvo agora”, disse ele, retirando a capa de cima dos dois.
Harry foi até o quadro que tinha uma tigela gigante cheia de frutas e fez cócegas na pêra. Então ela se transformou em uma maçaneta verde que Harry abriu. Então entrou na cozinha, com Gina o seguindo de perto.
De repente um elfo doméstico veio correndo em sua direção e deu a ele um abraço de quebrar os ossos. “Senhor Harry Potter!”
“Olá, Dobby”, disse Harry, dando um sorriso dolorido enquanto dava alguns tapinhas nas costas do elfo. Ao olhar para Gina viu que ela estava rindo da situação.
Dobby finalmente o soltou. “Dobby está tão feliz em ver Harry Potter e Gina Weasley!” ele disse dando um sorriso de orelha a orelha para os dois.
“Oi, Dobby”, Gina o cumprimentou.
“Vocês conhecem um ao outro?” perguntou Harry.
“Sim, na verdade nós nos conhecemos muito bem, não é Dobby?” respondeu a menina.
Dobby sorriu de alegria. “Sim! É claro, qualquer amigo de Harry Potter é um amigo especial meu!” disse ele a Harry. “Eu reparei que Gina Weasley não comeu durante o jantar. Nós vamos fazer algo para vocês. Esperem aqui!”
Dobby correu até um grupo de elfos domésticos, gesticulando animadamente enquanto falava a eles sobre alguma coisa. Eles assentiram animadamente e se espalharam enquanto Dobby voltava para onde eles estavam.
“Vamos! Venham por aqui.” Dobby disse, empolgado, agarrando os dois pelo braço e os puxando pela cozinha.
Dobby os guiou através de dúzias de elfos domésticos que faziam constantes reverências até uma pequena sala com algumas mesas, onde um time de elfos estava ocupado limpando e esfregando uma delas. Depois, eles a secaram e colocaram uma toalha de mesa branca feita de linho e cheia de desenhos nas beiradas muito bem trabalhadas. Um elfo pôs um elegante vaso de porcelana com uma única rosa no meio da mesa, junto com duas longas velas em elaborados castiçais de prata. E então, outro elfo trouxe dois lindos pratos de prata que foram complementados com todo um arsenal de talheres também de prata.
Harry e Gina trocaram olhares espantados enquanto Harry olhava com orgulho para o resultado de toda aquela arrumação. Os elfos tinham preparado uma mesa bastante romântica para os dois.
“Erm, Dobby, você não precisava ter se incomodado tanto...” disse Harry.
“Não foi incômodo nenhum! Nada é bom o bastante para Harry Potter e para sua dama especial!” disse o elfo.
Harry sentiu a si mesmo corar até a raiz dos cabelos, e, olhando de relance para Gina, viu que ela estava tendo a mesma reação.
O garoto estava totalmente sem palavras quando Dobby os cutucou para que se sentassem. Olhando sem saída para Gina, Harry sentou-se com ela na mesa, os dois parecendo envergonhados.
Um elfo apareceu com uma bandeja com duas cervejas amanteigadas e duas taças de cristal. Colocou os objetos em cima da mesa em frente a Harry e Gina e, logo em seguida, serviu a bebida aos dois com um floreio.
Dobby os fitou com um olhar de aprovação. “Vocês terão seu jantar pronto logo.” E, após dizer isso, saiu de mansinho do recinto deixando os dois sozinhos.
Harry e Gina olharam novamente um para o outro e começaram a rir com o absurdo da situação.
Gina olhou travessa para ele. “Sabe, Harry, o serviço aqui embaixo é sempre bom, mas nunca foi tão bom assim. Você realmente sabe como agradar uma garota.”
Harry sentiu-se corar novamente, mas riu. “Bom, eu suponho que nós deveríamos brindar aos seus N.O.M.s?” disse ele, pegando sua taça.
Gina sorriu e pegou sua própria taça. “E talvez brindar ao seu retorno ao seu lugar de direito como apanhador do time de quadribol.”
E então eles brindaram, o fino cristal fazendo um barulho agradável, e tomaram um longo gole.
***
Harry recostou-se em sua cadeira, sentindo-se satisfeito depois de seu segundo jantar naquela noite. Estava feliz de ter comido bem de leve no Salão Principal, porque Dobby tinha trazido uma variedade imensa de comida para eles. Enquanto comiam, eles estiveram conversando sobre a escola, o quadribol e vários outros assuntos.
Dobby entrou carregando uma bandeja onde havia uma vasilha de prata, um prato com vários biscoitos finos e crocantes e um pote com morangos. Ele colocou tudo em cima da mesa e Harry deu uma espiada na vasilha, curioso.
“Sobremesa, Senhor Harry Potter! É uma das especialidades de Dobby... Fondue de chocolate”, disse ele, levantando a tampa da vasilha. Harry viu algo como um molho de chocolate dentro da vasilha e um aroma maravilhoso ficou suspenso sobre a mesa.
“Wow, Dobby, isso é demais”, Harry disse, olhando para Gina. “Você não precisava fazer tudo isso.”
Dobby fingiu não tê-lo ouvido e apenas fez uma reverência aos dois antes de sair da sala.
“Humm, está com um cheiro muito bom”, disse o garoto. “Eu nunca experimentei isso antes. Como se come isso?”
Gina sorriu para Harry e pegou um morango. Depois, mergulhou-o no chocolate e vagarosamente o colocou na boca, ainda olhando para o garoto. Por alguma razão, ele sentiu a si mesmo ficando cada vez mais aturdido enquanto a assistia comer a sobremesa.
“Mmmmm”, disse ela, fechando os olhos. “Wow, está delicioso.”
Ela abriu os olhos e olhou divertida para Harry com um sorriso de canto. Um pequeno calafrio desceu pela espinha dele enquanto ela o olhava nos olhos e pegava mais um morango. Ela o mergulhou novamente no chocolate e o ofereceu a Harry, o segurando pertinho da boca dele.
Harry sentiu sua respiração ficar pesada enquanto abria sua boca. Gina colocou o morando na boca dele, rindo um pouquinho. O chocolate misturado ao doce do morango era maravilhoso. Ele tinha que concordar com ela, aquilo estava realmente delicioso.
Gina o fitou com um pequeno sorriso. Harry, sentindo-se um pouco ousado, pegou um morango, mergulhou no chocolate e o ofereceu a ela. Ela abriu a boca como ele fez antes, e Harry o colocou cuidadosamente lá dentro, mas sem querer sujou um dos cantos da boca dela de chocolate. Ela limpou com a própria língua, enquanto dava mais uma risadinha.
Eles passaram algum tempo comendo a sobremesa, brincando de dar na boca um do outro. Finalmente, quando a sobremesa acabou toda, Harry olhou para Gina, sentindo-se satisfeito e bem aquecido por causa das cervejas amanteigadas, da comida e da sobremesa.
Ela olhou de volta para ele e sorriu. “Sabe, Harry, você deveria saber que está todo mundo muito impressionado com suas reuniões da A.D..”
Harry tentou parecer modesto, mas sentiu-se muito contente com o elogio dela. “Bem, é bom saber disso. As pessoas parecem estar indo bem, mas é difícil saber se estão ou não gostando do trabalho que eu estou fazendo.”
“Eu acho que ajuda muito praticar defesa desse jeito, todo mundo está com tanto medo dos ataques de Você-Sabe-Quem”, disse a menina.
Harry assentiu. “Eu sei. Isso me ajuda muito também. Quando eu estava sozinho durante as férias na casa dos Dursley a única coisa que me mantinha são era estudar defesa, para que eu pudesse estar pronto quando precisasse.” Seu rosto se enrijeceu por uma fração de segundo e depois relaxou novamente enquanto desviava o olhar. “Eu odeio a lembrança de ser controlado por ele.”
Gina hesitou um pouco antes de dizer. “Não estou tentando me meter em assuntos seus ou nada assim, Harry, então se você quiser não precisa responder, mas... você tem sentido ele? Em sua cicatriz?”
Harry ficou um pouco resguardado, mas fosse pela cerveja amanteigada ou pela refeição, ele estava se sentindo até um pouco à vontade para conversar sobre o assunto.
“Não,” ele respondeu verdadeiramente. “Eu não tenho sentido nenhuma dor na minha cicatriz desde a batalha no ministério. Eu acho que isso significa que ele está deixando tudo baixo, agindo escondido para que ninguém suspeite de nada, mas não tem como eu ter certeza disso. Pelo que eu sei, ele pode estar conseguindo se esconder melhor de mim também.”
“Como é... senti-lo?” Gina perguntou, com a voz baixinha.
Harry olhou para ela cuidadosamente. Ele não tinha certeza do porque, mas tinha um pressentimento de que ela deveria ter suas próprias razões para estar perguntando aquilo tudo.
“Ele da a sensação de...”, ele parou um pouco para pensar. “É difícil descrever. Raiva. Rancor. Ódio. Todas essas coisas, mas outras coisas... estranhas... também. Como se suas emoções não fossem mais totalmente humanas.” Harry estremeceu um pouco com o pensamento.
Harry olhou para Gina, que parecia estar com a mente e os pensamentos bem distantes dali. Ele teve um pensamento repentino, mas não tinha certeza se deveria perguntar.
“Hum, Gin?” ele perguntou.
“Hum?” ela respondeu.
“Posso perguntar... Quero dizer, eu sei que provavelmente é difícil falar sobre isso, mas... erm,” ele começou atrapalhado, sem saber como dizer aquilo.
Gina olhou para ele seriamente. “Você quer saber como ele era no diário?”
Harry assentiu.
A menina respirou fundo antes de começar. “Ele era... diferente, eu acho, do que ele é agora. O diário foi criado quando ele tinha dezesseis anos. Toda a... base... estava lá, mas ele ainda era... humano.”
“Eu sei que eu fui estúpida de cair na armadilha dele, mas ele era tão... bem, gentil, no começo. Você sabe como são as coisas no primeiro ano. Você está sozinho, e tentando encontrar amigos...” ela parou um pouco.
Harry assentiu. “Eu me lembro. Eu tive muita sorte de ter conhecido Rony no meu primeiro dia.”
Ela concordou. “Sim. Digo, eu tinha alguns amigos em Ottery St. Catchpole, mas mesmo assim estava tão longe de casa. De qualquer jeito, no começo tudo era bem inocente. Ele perguntava sobre as minhas aulas e sobre meus amigos, e eu contava a ele. Acho que ele já estava bastante fraco naquele ponto.”
“Quando ele começou a... mudar?” Harry perguntou.
“Eu acho que foi quando eu voltei ao dormitório uma noite, eu tinha acabado de ter uma briga com uma amiga sobre algo bem bobo, eu nem mesmo me lembro o que era... Mas eu escrevi sobre toda a raiva que estava sentindo no diário, e ele ficou anormalmente interessado. Me perguntava toda hora como eu me sentia sobre aquilo... eu acho que eram os sentimentos negativos que o alimentavam. E depois ele me fez uma pergunta muito estranha...” Gina parou e olhou para o nada.
“Você está bem?” Harry perguntou, preocupado.
Gina sorriu para ele. “Desculpe... Não, eu estou bem. Você deveria saber sobre tudo isso. Talvez dê a você alguma pista sobre ele.”
“Mas voltado, ele perguntou se eu ia me vingar da minha amiga. O jeito que ele perguntou isso foi bem horripilante, como se ele quisesse saber se eu queria machucá-la, sabe? Foi naquela hora que eu deveria ter me livrado do diário, mas ele tinha sido tão bom comigo antes daquilo. E depois, no dia seguinte ele já tinha voltado ao normal.”
“Mas aquilo foi só o começo. Relembrando isso agora, eu posso ver claramente o que ele estava fazendo, mas naquele tempo para mim foi tudo muito sutil. Ele começou fazendo muitas outras perguntas que me levavam a onde ele queria, perguntas do tipo como eu me sentia sobre algumas coisas e sobre outras pessoas.”
Gina corou um pouco. “E eu, er, mencionei você em um ponto, e como você tinha derrotado Você-Sabe-Quem ainda bebê.”
Harry sentiu-se um pouco envergonhado, mas tentou sorrir para encorajá-la. Sabendo da paixonite que ela tinha por ele naquele tempo e o que Tom tinha dito a ele na Câmara Secreta, ele suspeitava já saber algumas das coisas que ela deveria ter escrito.
“Ele ficou muito estranho, mas eu acho que ele começou a me possuir de pouquinho em pouquinho. Ele não podia me controlar, mas ele podia me influenciar. Eu disse a ele tudo que sabia sobre a primeira guerra. Eu até mesmo procurei um monte de coisas para ele na biblioteca”, ela disse, parecendo estar com nojo de si mesma.
“Mas a coisa mais estranha de todas era que... Ele perguntou um monte de coisas sobre sua família, coisas como quem eram seus pais, quem tinha criado você... Perguntas sem fim, e ele ficou extremamente frustrado de eu não conseguir responder muitas delas.”
“Ele estava sempre interessado na família das pessoas”, ela continuou, como se estivesse refletindo alto sobre tudo aquilo. “Quando você publicou aquele artigo sobre o que aconteceu no Torneio Tribruxo, e disse que ele tinha sido um órfão, de repente muita coisa começou a fazer sentido. Ele sempre fazia comentários, como quando eu reclamava de alguma coisa da minha mãe, ele dizia ‘isso é típico das mães. Elas dizem que amam você, mas se amassem não fariam isso.’”
“Para dizer a verdade, eu acho que o Tom de dezesseis anos ainda estava entre continuar sendo Tom ou se tornar Voldemort. Acho que ele estava deixando que eu visse um pouco da dor que o fez ficar daquele jeito. É muito simplista dizer que é completamente por causa de sua infância que ele se tornou o que é, mas acho que essa é uma das chaves para entendê-lo”, terminou a menina.
Houve um longo silêncio enquanto eles absorviam todos aqueles pensamentos.
Finalmente Harry disse, “Obrigado, Gin, por... me contar tudo isso. Deve ter sido difícil pra você.”
Gina sorriu cansada. “Para dizer a verdade, estou me sentindo bem de ter falado sobre isso. Erm, eu nunca tinha dito nada disso a ninguém antes...” disse ela, desviando o olhar com timidez. “Mas eu acho que se há alguém que entende como é lutar com ele, esse alguém é você.”
Harry sorriu. “Engraçado, eu tive esse mesmo pensamento sobre você nas últimas férias.”
Gina pareceu ficar chocada e envergonhada. “Por favor, Harry, não brinque assim comigo. Eu nunca fiz nada como o que você já fez.”
“Bem, talvez não como eu fiz, mas você lutou um tipo diferente de batalha. E você sabe o que mais? Você provavelmente sabe mais sobre ele do que qualquer um”, disse o menino.
“Eu queria não saber, para dizer a verdade. Eu sempre digo a mim mesma que já superei isso, mas algumas vezes eu... bem, você ouviu meu pesadelo durante as férias”, disse ela.
“É. E você ouviu o meu também”, disse Harry. Ele fez uma longa pausa e depois disse em uma voz quase não audível, “Algumas vezes eu queria não precisar fazer nada disso também.”
Gina olhou para ele, incrédula. “Por Merlin, Harry, quem iria querer ter todo esse peso sobre os ombros? Você realmente acha que tem que se sentir culpado por não querer essa responsabilidade?”
Mas ele realmente parecia estar se sentindo culpado. “Mas eu tenho essa responsabilidade, Gin. Sou eu quem tem que ser ‘aquele com o poder para derrotar o Lorde das Trevas.’ Eu não deveria estar preparado para aceitar isso? Eu não deveria querer acabar com o sofrimento de todos?”
Gina olhou para ele com compaixão. “Sabe, Harry, você também pode ter seus próprios sonhos e esperanças.”
Harry hesitou e olhou para ela. Ele nunca tinha pensado por aquele lado antes, mas Gina tinha conseguido chegar ao coração de sua frustração. “Algumas vezes eu não... me sinto... como se pudesse me dar ao luxo de tê-los. Quero dizer, eu sei que quero ser um auror... mas... será que o futuro realmente importa quando...”
Gina olhou para ele com uma expressão firme. Estendeu a mão e segurou a dele com força. “Harry, você tem um futuro. Quando – quando - tudo isso terminar, você terá sua própria vida. Você precisa saber disso... Não deve ser suficiente pra você realizar a profecia para todas as outras pessoas. Você tem que realizar isso por você mesmo... Você precisa ser um pouco egoísta com tudo isso. Você precisa ter alguma razão para querer viver. Você quase não teve chance alguma de viver depois que finalmente conseguiu sair da casa dos Dursley.”
Harry assentiu, sentindo a mão quente dela na sua. Eles ficaram em um silêncio confortável por alguns minutos, até que Harry tivesse um pensamento subto.
“Que horas são?” ele perguntou. Eles tinham ficado conversando por horas.
Gina se assustou. “Ah, droga! É melhor nós irmos logo. Estou feliz por você ter a capa e o mapa, ou nós estaríamos com um grande problema.”
Eles se levantaram da mesa e saíram da pequena sala de jantar. Harry olhou em volta e localizou Dobby esperando por eles.
“Oi, Dobby. Obrigado pelo jantar, estava ótimo!”
“Dobby faz qualquer coisa para Harry Potter! Você e Gina Weasley podem aparecer quando quiserem”, disse ele, empolgado.
“Talvez nós aceitemos seu convite e aparecemos uma outra vez”, disse Harry sorrindo enquanto olhava de relance para Gina.
Fizeram seu caminho na cozinha até o corredor, e ele jogou a capa sobre suas cabeças. Harry estava se sentindo bastante sonolento, sua cama estava soando muito convidativa enquanto eles caminhavam até a Torre da Grifinória.
Eles retiraram a capa logo antes de chegar ao buraco do retrato. A mulher gorda olhou para eles com desaprovação quando eles disseram a senha, mas fez seu trabalho e liberou a entrada.
“Hum, Harry, eu realmente me diverti esta noite. Muito obrigada por ter me levado até a cozinha”, disse Gina com um pouco de timidez.
“Eu me diverti muito também”, disse Harry, de repente se sentindo muito embaraçado. A luz da sala comunal estava bem fraca, e Harry não pôde deixar de notar que Gina estava muito bonita com seus olhos e cabelo refletindo a luz do fogo das tochas. Os dois se encararam por alguns longos segundos.
“Bem, eu acho que vou para a cama”, disse ela, caminhando vagarosamente em direção as escadas dos dormitórios femininos. Harry teve um desejo compulsivo por pará-la, mas a timidez acabou vencendo.
“Gin?” disse Harry baixinho.
“Sim, Harry?” Gina respondeu serenamente, virando apenas metade do corpo.
“Talvez nós possamos – fazer isso de novo algum dia?” Harry perguntou. Gina sorriu para ele, e o menino sentiu uma sensação de aquecimento tomar conta de si.
“Eu adoraria, Harry”, ela respondeu e voltou a caminhar para seu dormitório.
Harry caminhou lentamente até as escadas de seu próprio dormitório, repassando os acontecimentos daquela noite em sua cabeça. Quando entrou no quarto, pôde ouvir uma respiração calma vindo das outras camas. Pegou seu pijama e começou a se trocar.
A cabeça de Rony apareceu por entre as cortinas de sua cama. “Harry?” ele chamou com a voz baixa.
“Sim, eu estou aqui”, o menino respondeu.
Rony abafou o riso. “Mais uma aventura noturna, ham? Com quem?”
“Ah, cala a boca Rony”, disse ele, irritado.
“Você deveria ter visto Hermione. Já estava ficando maluca. Eu disse a ela que você provavelmente estava com a capa, mas ela estava preocupada achando que você seria pego. Bem, boa noite.”
“Boa noite”, respondeu Harry.
Quando deitou em sua cama e entrou debaixo das cobertas, Harry percebeu que tinha se esquecido de procurar pela informação que precisava na biblioteca, mas decidiu que não dava a mínima para isso.
***
Oi gente! Ta aí o cap. 14, como prometido. E como eu tinha dito antes, cheio de H/G! =] Espero que tenham gostado tanto quanto eu gostei quando li o cap...
Milton - Obrigada pelo elogio e pela sugestão! Talvez seja mesmo uma boa ideia, mas por enquanto eu vou deixar desse jeito mesmo... Mas pode deixar que eu vou manter isso em mente... =]
Prika - Eu também não aguentava mais ver a Parvati aparecendo tanto nessa fic.. O.o Quando li o cap 13 tava sentindo moh falta de H/G, mas o cap. 14 até que deu pra dar uma compensada neh? =] Espero que vc tenha gostado! Bjoo
Natália - É, já fazia um tempinho que eu não atualizava aqui... Mas como eu disse, vou tentar manter um certo ritmo agora. Que bom que vc gostou do cap, e obrigada pelos parabéns! =]
Até o próximo cap!
=**
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