Batalhas de diferentes tipos
Capítulo 12 – Batalhas de diferentes tipos
Hermione encarava sua redação, tentando prestar atenção à medida que escrevia mais uma linha. Ela estava tendo dificuldade em se concentrar depois da conversa que tinha tido com Joseph, que estava sentado ao seu lado.
Ele tinha mesmo perguntado se ela tinha namorado? Ela tinha estado se perguntando se ele estava realmente interessado nela, mas não havia muito para se interpretar errado naquela pergunta. Ela não tinha certeza se tinha algum interesse recíproco, mas tinha que admitir que era legal ter um garoto da mesma idade que ela que fosse relativamente direto nesse assunto.
Diferente de certas pessoas, ela pensou, irritada. Perguntou-se onde Rony estaria naquele momento. Provavelmente por aí fazendo alguma besteira.
“Joseph, nós vamos recomeçar com as reuniões da A.D. esse ano. Era algo como um clube secreto no ano passado para praticar defesa, mas esse ano está mais em aberto”, ela disse.
“Er, sim, eu vi o bilhete no quadro de avisos.”
“Você não quer entrar?” Hermione perguntou.
“Hum, não, eu acho que não, desculpe. Não sou muito chegado a esse tipo de coisa”, ele disse, um pouco pomposamente. “Na verdade, eu nem mesmo fiz o N.O.M. de Defesa.”
Hermione achou não ter entendido direito. “Você não gosta da matéria?”
“Bom, eu acredito em soluções pacíficas para os problemas. Digo, os primeiros anos da matéria de Defesa são úteis, como aprender como lidar com bichos-papões, mas os últimos anos são só sobre violência. Eles chamam isso de defesa, mas a grande maioria do que é ensinado é sobre atacar as pessoas”, disse ele.
Hermione pensou que aquele lado pelo qual ele estava olhando era um tanto quanto estranho, mas decidiu não insistir no assunto.
“Hum, está bem então”, disse ela, sorrindo fracamente antes de voltar ao que estava fazendo.
***
Harry estava tenso quando entrou na sala de aula de Snape junto com Rony e Hermione. Era a primeira vez que o veria desde a primeira aula do ano, e ele sentia algo como uma raiva fria borbulhando dentro de si. Mesmo tendo prometido a Hermione que iria se controlar, não estava nenhum pouquinho disposto a aturar os abusos dele.
“De volta, Potter?” disse Draco, provocando-o. “Depois daquela humilhação na última aula, estou surpreso de ver que você resolveu mostrar a cara. É interessante o quão miserável é a sua atuação agora que temos um professor de verdade.”
“Não enche, Malfoy”, disse Harry, irritado. Ele realmente não queria lidar com Malfoy antes de Snape.
“Qual o problema, Potter? Com medo que todo mundo descubra a fraude que você é?”
“E como é que você espera conseguir ser famoso Malfoy?” disse Rony. “Gastando o dinheiro do seu pai?”
Malfoy o fitou com um olhar frio. “Algum dia você vai entender pra que servem conexões familiares, Weasley.”
“E o que você quer dizer com isso? Que um dia você vai usar as conexões de seu pai em Azkaban?” disse Rony.
Snape escolheu aquele momento para entrar e a sala ficou em silêncio instantaneamente. Depois de fazer a chamada, ele começou sua aula.
“O trabalho de vocês com feitiços esmurrantes e feitiços escudo na aula passada foi inaceitável. Aparentemente nós vamos precisar trabalhar mais nisso do que eu pensava”, ele disse, olhando de relance para Harry com desprezo. Harry sentiu sua temperatura subindo enquanto os sonserinos abafavam o riso.
“Eu vou demonstrar a técnica certa para se fazer um feitiço escudo. Quem gostaria de me ajudar na demonstração?”
“Não faça isso Harry”, sussurrou Hermione.
Harry a ignorou e levantou sua mão, olhando de modo desafiante para Snape. Hermione enterrou o rosto nas mãos.
“Potter”, Snape disse com um sorriso quase imperceptível no canto dos lábios. “Vamos torcer para que seus feitiços esmurrantes sejam melhores que do que os de escudo.”
Harry se levantou sem dizer nada e caminhou até a arena de duelos. Ele podia sentir todos os olhos em si novamente, mas desta vez ele não se importava.
“Sinta-se livre para usar qualquer feitiço esmurrante que você quiser, Potter. Você se lembra de como lançar um, não lembra?”
Os sonserinos não se preocuparam em esconder o riso desta vez. Harry sentiu uma onda de raiva tomando conta de si. O feitiço esmurrante que eu quiser, não é? ele pensou. Havia um feitiço bastante avançado que ele vinha praticando. Não era tão preciso como ele gostaria que fosse, mas era muito poderoso e difícil de bloquear. O feitiço fazia uma curva no ar, enganando o receptor, fazendo-o pensar que não irá acertá-lo, mas depois fazia outra curva de volta para o alvo.
Snape estava com um leve sorriso no rosto quando Harry assumiu a posição formal de duelo em frente a ele. Toda a concentração de Harry estava focada em Snape... A sala pareceu se desmanchar e não mais existir, e tudo que ele via era seu inimigo que precisava ser derrotado...
“Battuere Arcus!” Harry gritou de repente. O feitiço pareceu explodir de sua varinha em câmera lenta, já que ele pode vê-lo fazendo um arco para longe de Snape e depois de repente curvar-se de volta para seu alvo. Os olhos de Snape estavam arregalados quando ele fez uma tentativa de bloquear o feitiço, mas o feitiço deslizou por seu escudo e atingiu-o em cheio no ombro. Snape girou no ar enquanto voava por pouco mais de três metros para trás e aterrissava de costas com uma pancada surda.
Houve um silêncio mortal na sala enquanto todos olhavam um pouco assustados de Harry para Snape, se perguntando o que aconteceria depois.
Não diga nada. Não diga isso. Não diga. “Professor, você precisa ir à Ala Hospitalar?” Harry perguntou inocentemente. Eu não devia ter dito isso. Ele podia ver Hermione pelo canto do olho passando a mão pelos cabelos, exasperada.
Snape olhou para Harry com a expressão do mais puro ódio e parecia estar lutando desesperadamente para manter o controle sobre si mesmo. Ele se levantou e limpou seus robes. “Eu não – tive nenhum ferimento, Potter. Por favor, volte para seu lugar.”
Harry caminhou de volta para seu assento. Rony parecia orgulhoso, enquanto Hermione parecia temerosa. Pôde ver também Parvati sentada atrás dele, encarando-o com um grande sorriso nos lábios. Também notou que Draco parecia furioso, o que apenas fez com que todo o incidente tivesse um gostinho melhor.
Ele se sentou, tentando desesperadamente manter uma expressão neutra no rosto enquanto Snape caminhava de volta para frente da classe.
“Bom, isso demonstra que por melhores que os feitiços escudo sejam, temos que estar preparados até mesmo para os ocasionais golpes que são pura sorte”, disse ele. “Mesmo assim, eu não posso negar que o feitiço de Potter foi eficaz. Um ponto para a Grifinória.”
“Sorte?” disse Rony com ultraje, por trás de sua respiração.
“Deixa isso pra lá, Rony”, disse Hermione baixinho, em tom de aviso.
Eles passaram o resto da aula praticando feitiços esmurrantes e feitiços escudo, mas Harry notou que o ombro de Snape parecia estranho, e que ele fazia algumas caretas quando pensava que ninguém estava prestando atenção. Harry sentiu uma satisfação fria e teve que admitir que a sensação de vingança por um pouco do que tinha sofrido nas mãos dele por todos aqueles anos era muito, muito boa.
***
“Clavícula quebrada! Foi isso que Justino Finch-Fletchley ouviu sem querer quando foi à Ala Hospitalar para consertar o dedo”, disse Rony com uma risada.
“O que aconteceu com o dedo de Justino?” perguntou Hermione por curiosidade.
“Alguma coisa a ver com um encantamento decepante que acabou pegando nele”, disse Rony encolhendo os ombros.
Eles estavam sentados no Grande Salão, almoçando depois de terminar de assistir a todas as aulas da manhã. Harry estava de bom humor e bem animado, sentindo que finalmente tinha marcado ponto contra Snape. Parte dele sabia que ainda era cedo no ano, e que ele não deveria ficar tão super confiante, mas ele queria aproveitar a sensação enquanto podia.
“Er, onde fica a clavícula?” perguntou Harry.
“Não sei, mas parece ser bem doloroso”, disse Rony.
Hermione revirou os olhos. “A clavícula é o osso que fica no seu ombro”, ela disse com seu jeito sabichão, mostrando em seu próprio ombro onde o osso ficava.
“Olha, Harry, isso acaba por aqui, certo?” disse Hermione, mudando de assunto, meio nervosa. “Digo, vocês estão quites agora.”
Harry começou a ficar com raiva. “Isso depende do Snape. Eu não vou simplesmente aceitar e engolir se ele fizer alguma coisa.”
“Você não acha que isso tem uma grande chance de, er, sair do controle?” disse Hermione, mordendo o lábio.
Harry esfaqueou seu bife com força. “Hermione, você não entende! Eu estou farto do Snape e do jeito como ele desconta o ódio que tem do meu pai em mim! Eu não vou aceitar mais nada disso!”
Hermione pareceu triste quando procurou por algum suporte da parte de Rony, mas este desviou os olhos dela. Ela suspirou.
“Está bem, Harry”, ela disse, mas sua expressão dizia que na verdade não estava nada bem. Harry teve a sensação de que aquele assunto ainda não estava encerrado, e que iria ouvir mais sobre ele mais tarde.
Eles continuaram a almoçar em silêncio. Quando estavam quase terminando um pequenino primeiro-anista caminhou até eles parecendo um pouco nervoso.
“Er, Sr. Potter? A Professora McGonagall me pediu para entregar esse bilhete a você e ao Sr. Weasley”, disse o garotinho, parecendo estar tentando manter uma distância segura de Harry.
“Obrigado”, disse Harry enquanto pegava o bilhete. O garoto saiu apressado, parecendo estar com medo. Harry suspirou, se perguntando se um dia as pessoas o veriam como uma pessoa normal.
Harry leu o bilhete. “McGonagall quer nos ver em sua sala”, disse ele, começando a se sentir inquieto.
“McGonagall? Mas eu não fiz nada. Você fez alguma coisa?” disse Rony, parecendo estar procurando em sua memória por alguma regra que tivesse quebrado nos últimos dias.
“Não...” Harry disse devagar. “Bom, melhor acabar logo com isso. Nós vemos você depois, Hermione.”
“Está bem. Não é nada, provavelmente”, Hermione disse parecendo preocupada, mas tentando dar a eles um olhar de encorajamento. “Depois me contem o que aconteceu.”
“É, provavelmente não é nada”, disse Rony, tentando convencer a si mesmo.
Harry e Rony saíram do Grande Salão e foram em direção à Torre da Grifinória, onde o escritório de McGonagall estava localizado. Eles chegaram à sala e Harry bateu levemente na porta, olhando de relance para Rony.
“Entrem”, disse McGonagall de forma rápida.
Harry abriu a porta e deu uma espiada dentro da sala.
“Potter, Weasley. Entrem, por favor”, disse a professora, gesticulando para algumas cadeiras em seu escritório.
Harry e Rony se sentaram em frente a uma mesa bastante larga. Harry olhou para Rony, que pela expressão de nervosismo devia estar se sentindo do mesmo jeito que ele.
“Pelo amor de Merlin, garotos, não há razão para estarem tão nervosos”, disse McGonagall, olhando para eles por cima de seus óculos em meia-lua. “A não ser que haja alguma coisa da qual eu devesse saber.”
“Não!” disseram Harry e Rony juntos.
“Ótimo”, disse ela, com um pequeno traço de sorriso no rosto.
Mas isso foi por pouco tempo, já que em questão de milésimos de segundos ela assumiu uma expressão de quem está tratando de negócios e então continuou. “Certo então. Há a questão da vaga de capitão do time de quadribol que está em aberto. Eu chamei vocês dois aqui porque Katie Bell não aceitou a posição. Vocês dois são as próximas escolhas lógicas já que são os jogadores mais antigos, e eu gostaria que vocês dois entendessem minha linha de raciocínio.”
Harry olhou para Rony, que tinha uma expressão ilegível no rosto. Por parte de Harry, ele não tinha realmente pensado sobre ser capitão do time de quadribol antes. Será que ele realmente queria isso? Parte dele estava excitada com a perspectiva, mas a outra parte realmente não queria isso. Como Dumbledore tinha dito no ano anterior, ele tinha responsabilidades o suficiente para lidar.
Ele também sabia que isso significaria muito mais para Rony do que para ele. E Rony não era a opção lógica, de qualquer jeito? Ele sabia mais sobre quadribol que Harry iria saber em sua vida toda. Isso sem mencionar que como goleiro ele estava em uma posição muito melhor para observar o campo e traçar estratégias eficazes.
Ele teve a sensação de que McGonagall estava prestes a dar a ele o posto de capitão, então decidiu dar sua opinião.
“Hum, Professora, eu realmente acho que Rony é quem deveria ser o capitão”, disse Harry.
Na mesma hora Rony olhou para ele em choque.
“Sério, Potter?” disse McGonagall, erguendo as sobrancelhas.
“Sim. Rony sabe tudo sobre quadribol. Ele seria um grande capitão.”
“Bem, eu estou feliz em ouvir você dizer isso, Potter, já que eu já tinha decidido fazer do Sr. Weasley capitão, se ele quiser o cargo”, disse McGonagall.
“Eu quero!” disse Rony, com os olhos arregalados. Ele parecia mal estar acreditando que toda aquela conversa estava acontecendo.
“Eu quero que você saiba que eu considerei seriamente fazer de você o capitão, Potter, mas eu não gosto de apanhadores como capitães. E francamente, apesar do pouco tempo que esteve no time, eu gostei do que vi no final do ano passado”, disse ela. “Você mostrou muita coragem, Weasley. Está pronto para manter a Taça com a Grifinória?”
“Eu estou, Professora”, disse Rony, seu peito inflando tanto que Harry pensou que talvez fosse explodir.
“Está bem, garotos, dispensados”, disse ela, voltando a olhar para os papéis que tinha em cima de sua mesa.
Harry e Rony deixaram o escritório dela e começaram a caminhar pelo corredor.
“Erm, Harry, aquilo que você disse é realmente verdade? Sobre não querer o cargo de capitão?” Rony perguntou. “Digo, você tem estado no time desde o primeiro ano. Você merecia ser capitão.”
“Nah, você sabe que apanhadores geralmente não são bons capitães. E você tem vivido e respirado quadribol sua vida toda. McGonagall fez a escolha certa, eu não devia ser capitão apenas porque tenho estado no time por mais tempo. Parabéns amigo”, disse Harry com sinceridade.
“Obrigado! Vamos achar Hermione e Gina para contar a elas!”
Harry ficou um pouco surpreso pelo quão sincero tinha sido. Uma coisa era pensar isso no escritório de McGonagall, mas a realidade era outra bem diferente. Apesar de tudo, a verdade era que estava feliz por Rony.
Eles foram até o buraco do retrato da Grifinória, deram a senha e entraram na Sala Comunal. Viram Hermione e Gina conversando em uma mesa, e Rony correu até elas cheio de excitação.
“Hermione! Gina! McGonagall me nomeou capitão do time!” Rony disse com orgulho.
“Oh Rony, eu estou tão feliz por você!” Hermione se levantou e o abraçou empolgada.
“Ah ótimo, nomeou você capitão, e quanto a mim?” Gina disse fingindo mau humor, depois sorriu para ele. “Parabéns, Rony.”
“Mal posso esperar pela temporada de quadribol”, disse Rony, esfregando as mãos. “Nossos batedores são um pouco duvidosos, mas eles começaram a demonstrar bastante aprimoramento no final do ano passado. Nós vamos ter Gina como artilheira, mas vamos ter que fazer testes para conseguir os que faltam. Bom, Gina vai ter que fazer os testes também. Não posso mostrar favoritismo, não é mesmo? Mas como ela pode não passar com aquela nova vassoura?”
“Erm, Harry, agora que eu estou pensando nisso”, Rony continuou um pouco sem jeito, “você também não está realmente no time. Provavelmente eu vou precisar que você faça o teste também.”
Harry sorriu. “Sem problema, capitão.”
“Hum... Eu gosto de como isso soa”, disse Rony, sorrindo de volta.
***
Harry olhou ao redor da Sala Precisa, que de novo estava parecendo o lugar perfeito para suas reuniões com a A.D.. Hermione olhou com ar de aprovação para as prateleiras cheias de livros, enquanto Rony estava inspecionando um artefato chamado ‘dobras mágicas’, um conjunto de quatro anéis fechados e grudados que faziam com que uma pessoa que fosse socada por eles fosse estuporada.
Eles tinham chegado meia hora antes, como Tonks tinha sugerido para a primeira reunião, para que eles pudessem conversar um pouco a respeito da A.D.
A porta se abriu e Tonks entrou, usando o que parecia ser algum uniforme especial para o treinamento da equipe de aurores. Seu cabelo estava mais curto, com um corte bem prático.
“E aí, Harry?” disse ela disse animada.
“Olá, Tonks!” disse Harry, ao mesmo tempo que Rony e Hermione também a cumprimentavam. “Obrigado por ser nossa conselheira.”
“Sem problema. Vai ser divertido! Mal podia esperar por isso. Eu não posso garantir que estarei sempre disponível por causa do meu trabalho como auror, mas eu vou tentar sempre dar notícias de quando estarei livre”, disse ela. “Se eu não puder vir, eu acho alguém que possa me substituir. Acredite em mim, o que não vai faltar serão voluntários.”
“Eu entendo. Será ótimo ter você aqui para nos dar alguns conselhos experientes”, disse Harry.
“Sim, mas o show é seu Harry”, disse Tonks. “É só você me dizer o que quer que eu faça e onde eu posso ajudar.”
“Está bem”, disse Harry. “A propósito, aquele manual de treinamento dos aurores foi realmente útil para mim quando fui elaborar os planos para as aulas.”
“Ótimo. Essa foi uma das coisas em que eu estava pensando quando o dei a você. Há muitas informações naquele manual, então eu calculei que ele seria perfeito para você.”
Tonks deu uma olhada na sala. “Wow! Esse lugar é realmente muito bom. É perfeito para o nosso propósito. Eu nem sabia que Hogwarts tinha uma sala de treinamento como essa.”
“Bem, na verdade não tem não. Essa sala se chama ‘Sala Precisa’. Ela muda dependendo do que você precisa. Um elfo-doméstico a mostrou para mim quando nós precisávamos de um lugar secreto no ano passado. Funcionou tão bem que nós decidimos mantê-la como nossa sala de reuniões.”
Tonks parecia impressionada. “Quem dera eu soubesse da existência dessa sala quando eu ainda estudava aqui. Consigo pensar em milhares de coisas que poderia fazer com ela”, disse ela, dando uma piscadela dissimulada para Harry, o que fez com que o moreno corasse um pouco.
Eles passaram o resto do tempo discutindo os objetivos de Harry para o ano. Os estudantes começaram a chegar à medida que o horário combinado para a reunião se aproximava.
“Há muito mais pessoas que no ano passado”, Harry comentou com Hermione, um pouco nervoso.
Hermione abriu um grande sorriso. “Sim, eu já tinha imaginado que talvez a A.D. aumentasse bastante agora que é aberta.”
Harry virou-se para Tonks. “Eu estou realmente feliz que você esteja aqui. Seria bem difícil dar conta de todo mundo estando sozinho.”
“Hum, Harry?” disse uma voz familiar por trás dele.
Harry se virou e ficou surpreso em ver Cho.
“Oh, uh, oi, Cho”, Harry disse sem jeito.
“Oi, Harry”, disse ela timidamente. “Er, como foi o seu verão?”
“Foi bom... E o seu?” ele respondeu. A pequena conversa pareceu bizarra para ele depois de tudo que tinha acontecido no ano anterior.
“O meu também foi bom...” disse ela, parecendo tão sem jeito quanto ele estava se sentindo.
Houve um longo silêncio, e depois, de repente, ela soltou, “Eu sinto muito pelo que aconteceu no ano passado. Me desculpe por – tudo.”
Harry assentiu, sem saber direito o que dizer.
“Eu realmente gostaria de continuar aqui, sabe, se estiver tudo bem pra você”, ela disse olhando para o chão.
“Claro, digo, eu espero que você não pense que tem que me evitar ou qualquer coisa assim.”
Ela sorriu pela primeira vez. “Fico muito feliz de ouvir você dizer isso, Harry.” Ela abaixou um pouco a voz e olhou para ele nos olhos. “Sabe – eu estou me sentindo muito melhor esses dias, sobre Cedrico.”
“Uhm, isso é bom”, Harry disse, se perguntando o por que dela estar tocando naquele assunto.
“Bom, vejo você por aí então?” disse ela.
“Claro, tudo bem”, Harry respondeu. Ela deu um pequeno aceno enquanto caminhava de volta para onde estavam seus amigos.
Apesar de Harry não sentir mais nada por Cho, não pôde deixar de notar que ela tinha um sorriso bonito. Desejou tê-lo visto mais vezes no ano anterior, ao invés de tantas lágrimas. Ele não tinha pensado muito nela durante o verão, mas foi bom ter falado com ela e tirado do caminho um pouco da tensão.
Enquanto estava esperando pelo começo da reunião, Harry notou com ansiedade que a sala estava se enchendo muito rapidamente. Olhou para o grande número de pessoas presentes, estimando que deveria haver mais de oitenta estudantes. Ele achou que não ia caber todo mundo, mas todos pareceram achar lugares confortáveis para se acomodar.
“Oi Harry”, disse uma animada Gina que tinha acabado de chegar com um grupo de alunos do quinto ano.
“Er, oi Gina”, disse Harry com uma voz meio fraca.
Gina olhou com cuidado para ele, e depois se inclinou e falou baixinho em seu ouvido para que ninguém mais pudesse ouvir. “Sentindo-se um pouco nervoso?” disse, sorrindo.
“Erm, bom, é, um pouquinho”, disse Harry, que na verdade estava se sentindo muito nervoso.
“É exatamente como no ano passado, só que com alguns estudantes a mais. Pelo menos nós não temos que nos preocupar com a Brigada Inquisitorial arrombando a porta”, disse Gina, rindo.
Harry soltou uma risada. Aquilo tudo soava ridículo agora que Dumbledore estava de volta ao controle. “É verdade, apesar de que eu gostaria de ver você atingir o Malfoy com a maldição contra bicho-papão por mim mesmo. E eu suponho que nós não temos que nos preocupar com espinhas que xingam em nossos rostos se falarmos a respeito da A.D.”
Gina soltou outra gargalhada, e Harry começou a se sentir um pouco mais relaxado. Rir parecia espantar um pouco da tensão.
Finalmente o fluxo de pessoas que surgiam pela porta começou a diminuir. Harry caminhou até a frente da sala e a multidão ficou em silêncio.
“Olá para todo mundo”, disse ele. “Estou vendo que temos um pouco mais de estudantes aqui dessa vez, então sejam bem-vindos tanto os novos quanto os que já estavam aqui no ano passado.”
“O propósito desse grupo é praticar defesa. Apenas para vocês saberem, eu não finjo saber tudo sobre defesa, mas acho que juntos nós podemos aprender muito. E esse ano nós temos um conselheiro de verdade que é uma auror do ministério. Seu nome é Tonks.” Harry fez um gesto em direção à Tonks, que acenou para a multidão.
“Alguma pergunta?”
“Eu tenho uma”, disse Zacarias Smith.
Ah não, ele não, Harry pensou irritado, mas deu um jeito de manter sua expressão neutra.
“Sim?” Harry respondeu.
“O que aconteceu no ministério? Nós todos lemos o que saiu n’O Profeta,mas qual é a história verdadeira?” Zacarias disse, de uma forma meio acusatória.
“Por que você não cala a boca?” disse Rony, parecendo querer socar o garoto.
“Está tudo bem, Rony”, disse Harry calmamente. Já tinha passado por sua cabeça que muitas pessoas provavelmente iriam querer mais informações sobre a batalha do ministério, sentindo-se temerosas por causa do retorno de Voldemort. Tomou algum tempo pensando no que exatamente deveria dizer.
“Como muitos de vocês sabem, houve um – incidente – no ministério. E como Dumbledore disse, Sirius Black foi morto durante a batalha”, disse Harry. A sala estava em um silêncio mortal.
“O que vocês provavelmente não sabem é que Sirius Black era meu padrinho. Voldemort o usou para me atrair para o ministério, para tentar me matar. Eu vou ser honesto com vocês: foi uma estupidez minha cair nos planos dele. Sirius foi para o ministério para me salvar e morreu durante a batalha.”
“Eu fui enganado porque não tomei cuidado o suficiente. Há um monte de razões pelas quais isso aconteceu que não são importantes no momento, mas se houve algo que eu aprendi, e que todos deveriam aprender, é que devemos estar sempre de guarda. Não tome nada por garantido e não subestime seu inimigo. Eu sei que isso pode parecer algo muito simplista, mas é a verdade.”
Harry fez uma pausa, deixando que seu pequeno discurso penetrasse. “Alguma outra pergunta?”
Houve apenas silêncio na sala.
“Certo então. Eu acho que para nosso primeiro encontro, praticar alguns feitiços estuporantes básicos seria um bom começo. Dividam-se em pares para praticar. Se vocês têm conhecimento de feitiços escudo, então tentem bloquear o feitiço que sua dupla lançar.”
“Colin!” Harry chamou, sorrindo maldosamente. “O que você acha de ser meu parceiro e me ajudar um pouco com uma demonstração?”
Colin pareceu nervoso enquanto olhava de relance para seu irmão.
“Er, eu, Harry? Você tem certeza?”
“Uhum, tenho sim, Colin. Venha cá”, disse Harry enquanto caminhava até o menino e o puxava pelo braço. “Eu tenho alguns feitiços especiais, só para você.”
“Oh, er, hum”, Colin balbuciou, agora parecendo completamente amedrontado, mas mesmo assim seguindo Harry obedientemente.
“Por que você não começa e eu tento bloquear o seu feitiço?”, disse Harry.
Colin mirou sua varinha em Harry com nervosismo. “Estupefaça!”
Harry desviou facilmente do feitiço usando um feitiço escudo, quase não movendo sua varinha.
“Sabe, Colin, eu vi a figurinha dos Sapos de Chocolate com a minha foto”, disse Harry, como se estivesse casualmente começando uma conversa. Colin sentiu seu estômago afundar.
“Estupefaça!” Harry soltou de repente, usando um movimento de varinha que fazia com que o feitiço ficasse ainda mais poderoso.
Colin tentou bloquear o feitiço, mas foi tarde demais, e então caiu no chão com um baque bastante alto. Harry lançou um Ennervate para acordá-lo, e Colin ficou de pé um pouco trêmulo.
“Boa tentativa, Colin. De novo.”
Colin mandou outro feitiço que Harry bloqueou com facilidade. Colin olhou para Harry com medo.
“Sabe, aquilo foi engraçado,” continuou Harry. “Eu olhei para aquela foto e me perguntei, como foi que conseguiram isso?”
“Estupefaça!” Harry gritou. Colin teve um pouco mais de sucesso ao tentar bloquear o feitiço, mas ainda assim não conseguiu desviá-lo, de modo que caiu novamente no chão. Harry franziu um pouco o rosto com a forte pancada e depois despertou novamente o menino.
“Que má sorte, camarada. Quer tentar novamente?”
Colin estava definitivamente parecendo pior pelo desgaste. “Uh, estupefaça!”ele gritou com a voz trêmula. Harry desviou o feitiço mais uma vez, e Colin mordeu o lábio enquanto olhava a seu redor, como que procurando pelo melhor jeito de escapar.
“Ah, sim, uma boa foto minha. Mas como alguém conseguiu uma foto em que eu estava com as minhas vestes e equipamentos de quadribol? Eu não me lembro de nenhum fotógrafo estranho. Imagine minha surpresa quando li a figurinha? Ah, falando nisso, deixa eu te mostrar um novo feitiço estuporante que eu tenho praticado”, disse Harry, sorrindo com o canto da boca.
“Pronto? Sopor Irrationalis!” Harry gritou, executando um feitiço muito poderoso. Colin ia precisar de dias para se recuperar completamente.
Colin conseguiu criar uma barreira, mas o feitiço furou o bloqueio e o atingiu quase com força total. O menino caiu no chão mais uma vez, aterrissando de cara no chão. Harry lançou o feitiço para acordá-lo, mas Colin estava ainda apenas semi-consciente, então Harry executou o feitiço novamente. Finalmente o garoto acordou, parecendo definitivamente hesitante enquanto balançava um pouco de um lado para o outro, parecendo meio tonto.
“Então, como eu estava dizendo, imagine a minha surpresa quando vi o seu nome como sendo o fotógrafo?”
Colin piscou os olhos parecendo não estar entendendo completamente o que Harry estava dizendo. Então levantou sua varinha já que era a sua vez.
“Estupefaça!” falou o menino, quase que apenas murmurando.
Harry bloqueou o feitiço e este ricocheteou diretamente para Colin, que caiu novamente fazendo barulho. Harry começou a se sentir um pouco culpado, mas esse sentimento se amenizou quando ele se lembrou da figurinha dos sapos de chocolate. Ele acordou o menino novamente e decidiu parar quando Colin ficou de pé novamente.
“Tudo bem aí, Colin?” Harry perguntou docemente. Colin não parecia mais capaz de conversar racionalmente.
“Então, nós não teremos mais nenhuma foto saindo de Hogwarts sem autorização, certo Colin?”
“Hum, não, não, está certo, nenhuma foto,” disse Colin, trêmulo.
“Por que você não vai praticar mais um pouco com seu irmão, eu preciso checar o progresso de todo mundo.”
Colin assentiu e oscilou enquanto caminhava em direção ao lugar onde seu irmão estava, parecendo estar bêbado.
Harry teve o cuidado de evitar olhar para Hermione já que sabia que ela estaria com um olhar muito desapontado. Depois ele viu Gina olhando para ele e dando risadinhas, então ele deu um pequeno sorriso de volta e começou a caminhar pela sala observando o progresso de todo mundo.
Harry decidiu que a ajuda de Tonks tinha um valor incalculável. Havia tantas pessoas precisando de atenção individual, e ele pôde ver que ela era uma professora muito paciente e encorajante.
Como no ano anterior, Neville estava mostrando um progresso fora do comum. Os membros que já participavam da A.D. no ano passado pareciam estar conseguindo fazer melhor do que os novos, mas Harry sentiu-se bastante satisfeito com o progresso de todo mundo.
Quando a reunião estava chegando ao fim, Tonks foi até Harry.
“Hey, Harry, que tal um pouco de diversão agora no final?”
“Diversão?” perguntou Harry.
“Isso aí. Que tal um duelo de Expelliarmus, você e eu?” perguntou Tonks.
“O que é isso?”
“É bem simples. Nós vamos duelar usando apenas o Expelliarmus como feitiço ofensivo, mas nós podemos usar qualquer feitiço escudo que quisermos. É ótimo para treinar reflexos”, disse ela.
“Está bem”, disse Harry, sorrindo.
Harry e Tonks tomaram certa distância e ficaram de frente um para o outro. Os estudantes começaram a olhar em direção aos dois com curiosidade, e Harry os viu cochichando uns com os outros.
“Nós vamos fazer alguns aquecimentos, está bem? Tente me desarmar primeiro”, disse ela.
“Expelliarmus!” disse Harry.
Tonks bloqueou facilmente o feitiço, movendo-se incrivelmente rápido. Harry ficou extremamente impressionado.
“Ok, agora você. Expelliarmus!”
Harry também bloqueou facilmente o feitiço.
“Excelente, Harry! Wow, você é rápido”, disse Tonks, fazendo com que Harry corasse um pouco.
Eles trocaram mais alguns feitiços, cada um bloqueando facilmente os ataques do outro.
“Certo, pronto para começar a atacar quando quiser? Nós continuamos os ataques até que um de nós seja desarmado”, disse ela.
“Ok, estou pronto”, disse Harry, assumindo posição de duelo. A sala quase toda tinha parado para prestar atenção neles.
“Expelliarmus!” Tonks gritou, e Harry bloqueou o feitiço. Depois ele lançou um de volta, e eles continuaram lançando feitiços um no outro. Tonks tinha um imenso sorriso no rosto enquanto eles trocavam feitiços, mais e mais rápido.
Harry lançou um feitiço e Tonks o desviou bem de volta para ele, fazendo com que Harry se jogasse para fora do caminho.
“Ha! Quase peguei você dessa vez, Harry!” disse Tonks.
Tonks mandou um feitiço, e Harry fez seu próprio escudo, desviando-o de volta para Tonks, que o desviou de volta para ele. Harry estava pronto para atirá-lo de volta, e facilmente o desviou. Ele começou a entrar em um ritmo à medida que eles iam trocando feitiços, algumas vezes os desviando de volta um para o outro três ou quatro vezes antes que eles perdessem a força ou errassem totalmente o alvo.
Harry pôde ver suor no rosto de Tonks, ele mesmo também estava ficando bastante cansado por causa da concentração constante que aquilo estava demandando. Finalmente Tonks o atingiu com um feitiço muito bem mirado que ultrapassou as defesas dele, fazendo com que sua varinha voasse de sua mão.
“Ah, droga!” Harry gritou, nervoso consigo mesmo. Os estudantes começaram a aplaudir, e isso fez com que Harry se lembrasse que os outros estavam assistindo. Depois ele corou um pouco por causa de sua explosão e soltou uma risada envergonhada. “Digo, muito bom, Tonks.”
Tonks gargalhou. “Bem, eu provavelmente teria dito o mesmo se você tivesse me pegado. Tem certeza de que nunca tinha feito isso antes, Harry? Você foi espantosamente bem, e eu não estou exagerando.”
“Não, eu nunca tinha feito um exercício com esse.” disse ele.
“Sabe, Harry, a metamorfomagia pode mudar a musculatura de nosso corpo assim como nossa aparência. É um pouco injusto contra as pessoas normais”, disse ela.
“O que você quer dizer?”
“Bem, há uma corporação especial para onde nós vamos com outros metamorfomagos, para aprender a usar nossas habilidades até o máximo de seu potencial. Claro que há muito estudo de anatomia. Uma das coisas que nós aprendemos é como mudar nossa musculatura. Veja você, há dois tipos de músculos em nosso corpo – músculos usados para força, e músculos usados para velocidade. Todos nós temos uma certa proporção de cada um. Eu posso mudar a proporção, assim como mudo minha aparência. Quando eu faço exercícios de duelo, eu mudo minha proporção para a velocidade.”
“Eu notei que você parecia muito rápida”, disse Harry.
“Mas músculos não são tudo. Você também precisa dos reflexos, o que felizmente eu já nasci possuindo. Isso não ajuda com o meu desajeitamento, claro”, disse ela, revirando os olhos.
“Mas de qualquer jeito, Harry,” ela continuou, “quase ninguém consegue resistir tanto tempo a mim em um duelo de reflexos como você conseguiu. Praticamente nunca se ouviu falar disso que você conseguiu em sua primeira vez. Sabe de uma coisa? Deixa eu tentar algo.”
Ela chegou mais perto e murmurou um longo feitiço. Sua varinha soltou uma luz de cor branca, e ela começou a passá-la pelo corpo de Harry. “Esse é um feitiço que mede a musculatura, nós o usamos quando começamos a aprender a mudar a proporção de nossos músculos.”
À medida que ela passava a luz pelo corpo de Harry, esta começou a ficar cada vez mais vermelha, especialmente em seus membros. Tonks assobiou.
“Wow. Eu nunca medi ninguém com uma proporção de músculos de velocidade tão grande. Deixa eu tentar uma outra coisa.” Ela murmurou outro feitiço e balançou sua varinha por cima da cabeça de Harry. “Isso mede os reflexos. Às vezes eu faço as avaliações dos candidatos a aurores e esse feitiço é usado no processo de classificação.”
Novamente a varinha começou a soltar uma luz intensamente vermelha. Os olhos de Tonks se arregalaram enquanto ela olhava da varinha para Harry, e novamente para a varinha. “Sabe, Harry, isso explica porque você é um apanhador tão bom. Seus reflexos são muito mais rápidos do que o normal, e seu corpo é perfeito para que você os use. Incidentalmente, também é por isso que você é um pouco magro demais”, disse ela, piscando para ele. “Você foi feito para velocidade, e não para levantar grandes pesos.”
“Então o que tudo isso significa?” Harry perguntou.
“Significa que você nasceu para ser um auror, Harry.”
***
“Eu estou realmente satisfeito com o progresso de hoje”, disse Harry para os membros da A.D., quando a reunião acabou. “Obrigado a todos por terem vindo, e até a próxima.”
Os estudantes começaram a ir embora e Tonks caminhou até ele.
“Tudo foi ótimo, Harry! Você é um professor muito bom”, disse ela.
Harry corou um pouco com o elogio. “Obrigado de novo por ter vindo. Foi realmente de grande ajuda”, disse ele.
“Vejo você na próxima reunião, certo?” disse ela, dando tchau para todos enquanto ia em direção à saída.
Harry acenou um tchau de volta e começou a limpar a sala.
“Hum, Harry, eu preciso ir”, disse Hermione nervosamente.
“Está bem, vejo você mais tarde então”, disse Harry vagamente, pegando algumas almofadas do chão.
“Aonde você vai?” Perguntou Rony com suspeita.
Hermione o encarou. “Eu vou estudar!”
“Hmph. Estudar com o anão, isso é o que me parece”, disse Rony.
Hermione não disse nada, apenas manteve a cabeça erguida enquanto ia embora.
“Eu também estou indo estudar!” ele gritou atrás dela. “Minha redação de Transfiguração já está pronta, só pra você saber!”
Rony parecia irritado. “O que é que ela vê naquele idiota tapado? Bom, vejo você depois, Harry. Eu quero terminar meu dever de poções.”
“Está bem. Encontro você mais tarde”, disse Harry curioso, observando-o ir embora. Rony vinha estudando bastante ultimamente, até mesmo sem que Hermione precisasse implicar com ele.
Enquanto ele continuava a limpar a sala, mais estudantes iam saindo até que sobrou apenas Parvati e Gina. Gina estava ajudando-o a limpar tudo, mas ele a viu lançar para Parvati um olhar de náusea e depois sair pisando duro da sala.
Gina parecia estar um pouco chateada com alguma coisa, ele pensou. Ele estava prestes a ir atrás dela e ver o que estava errado quando Parvati foi até ele. Agora eles estavam sozinhos na sala.
“Sabe, Harry, você foi fantástico esta noite”, disse Parvati, sorrindo para ele. “Você é um professor tão bom...”
“Hum, obrigado”, disse ele incomodado.
Ela deu um passo mais para perto dele. “Foi muito... impressionante... assistir você duelando com a Tonks, mesmo que ela tenha se dado melhor no final.”
“Bom, não se pode ganhar todas, certo?” disse ele, olhando para qualquer lugar menos na direção dela. Ela estava usando algum tipo de perfume que tinha um cheiro muito gostoso.
“Você vai ganhar da próxima vez, tenho certeza”, disse ela, numa voz macia.
“Talvez”, disse ele, seus joelhos tremendo um pouco.
“Sabe, eu estava tendo um pouco de dificuldade com o movimento da varinha, mais pro final”, disse ela, sorrindo meio tímida.
“Er, dificuldade? Me pareceu que você estava indo bem”, Harry disse, se perguntando do que é que ela estava falando. Não tinha nada de errado no movimento dela na opinião dele.
“Às vezes eu acho que meus – petelecos – são um pouco grandes demais”, disse ela. “Você pode me mostrar de novo como se faz?”
“Hum, está bem.” Harry apanhou sua varinha e demonstrou o movimento apropriado. “Assim.”
“Seu – movimento de varinha – é sempre tão forte e confiante, Harry”, disse ela.
Harry sentiu uma quantidade considerável de calor se movendo para seu pescoço, e sua voz parecia ter parado de funcionar.
“Eu não tenho muita certeza de que tenho isso também. Você poderia segurar meu braço e me mostrar?” disse ela, erguendo o braço. Seus olhos escuros pareciam ficar maiores na luz fraca da sala. Luz fraca? Uma pequena parte dele pensou. Quando foi que isso aconteceu? O que a Sala Precisa está fazendo?
“Hum”, disse ele, suas mãos tremendo um pouco enquanto ele segurava levemente o pulso dela. Ela se virou de modo que ele ficasse atrás dela. Ele respirou fundo o perfume dela sem que percebesse o que estava fazendo.
Harry moveu a mão que usava para segurar a varinha fazendo o movimento apropriado. “Er, viu, você tem que mover a varinha desse jeito.”
Ela deitou um pouco a cabeça para trás de modo que tocasse o peito dele e ele pôde sentir o cabelo dela fazendo cócegas em seu pescoço. “Eu acho que vi agora”, disse ela. “Talvez você pudesse me mostrar mais algumas vezes. Ah, me diga também, onde meu outro braço deveria estar? Talvez você pudesse me mostrar aonde ele deveria ir...”
Ele pegou o outro braço dela com sua outra mão, agora quase a abraçando pelas costas. “Bem, uh, normalmente você deixa o outro braço no quadril para manter o equilíbrio.”
O corpo de Parvati estava cada vez mais quente perto do dele e a luz da sala parecia estar ficando ainda mais fraca. Ele distraidamente notou que um sofá grande e de aparência bastante confortável tinha aparecido em um dos cantos da sala, e uma música calma e devagar começou a tocar baixinho.
“Isso é – maravilhoso, Harry”, ela disse, quase sussurrando.
Ela vagarosamente seu virou até que ficou de frente para ele, suas mãos tocando levemente seu peito. Ele olhou para os olhos escuros dela, com as pupilas dilatadas. Ela parecia muito, muito bonita enquanto seus lábios se abriam levemente. Ele podia sentir a respiração quente dela, que tinha um cheiro agradável de menta. A cabeça dela se inclinou um pouco à medida que Harry ia se inclinando...
De repente ele parou, seus lábios a milímetros dos dela. Meu Deus, o que eu estou fazendo? Ele pensou, o pânico começando a crescer dentro dele.
Ele engoliu em seco e se afastou dela. Ela piscou e olhou para ele com uma expressão confusa.
“Erm, eu acho que você já aprendeu agora. Uh, eu realmente tenho muito o que estudar, então é melhor eu ir.”
“Uhm... Está bem, então”, disse ela.
Ele agarrou sua mochila e saiu andando em direção à saída, tentando não correr. Assim que passou pela porta e quando ela não mais podia vê-lo, ele soltou um suspiro de alívio. Passou os dedos pelos cabelos, respirando pesadamente, enquanto andava rápido pelo corredor tentando se recompor.
Wow, essa foi por pouco, ele pensou. Eu não acredito que quase beijei a Parvati. Um grande conflito apareceu em sua mente perturbada. Parte dele queria voltar, mas uma outra parte dizia que essa não era uma boa idéia.
Ela estava incrivelmente bonita, uma pequena voz disse em sua cabeça. Alguns beijos não iam machucar ninguém...
Ela gosta de mim! ele pensou. Não seria injusto beijá-la se eu não sinto a mesma coisa? Por mais tentado que ele estivesse a beijá-la, ele sentia como se não fosse justo enganá-la.
Sentindo-se extremamente confuso, ele finalmente chegou ao buraco do retrato e disse a senha, e a mulher gorda permitiu que ele entrasse na sala comunal. Ele se jogou em uma cadeira perto de Rony, que estava ocupado fazendo seu dever.
Rony levantou os olhos. “Você demorou muito. Por onde andou?”
Harry debateu consigo mesmo sobre dividir ou não seu dilema com Rony. Finalmente ele deu uma olhada pela sala e viu que ninguém poderia ouvi-los.
“Parvati tentou me beijar depois da reunião”, disse ele baixinho.
“Parvati?” disse Rony, seu rosto demonstrando confusão. “Ela gosta de você?”
“Eu não tenho certeza, mas acho que sim. Não aconteceu nada, mas foi por pouco”, disse Harry. “Muito pouco.”
Rony sorriu irônico. “Você realmente parece ser um ímã para mulheres depois de reuniões.”
Harry olhou para ele com uma cara azeda. “Certo, certo. Olha, apenas não me deixe sozinho lá depois das reuniões está bem? É muito... er... arriscado.”
Naquele minuto o buraco do retrato se abriu e Parvati entrou. Ela deu a Harry um sorriso bem grande enquanto caminhava, e então começou a subir as escadas em direção a seu dormitório.
Rony piscou forte enquanto a observava subir as escadas. “Er, é. Vi agora o que você quis dizer.”
“O que eu faço?” disse Harry, colocando uma mão de cada lado da cabeça.
“A evite, amigo. Ela parece muito perigosa esses dias. Ela parece ter, er, crescido bastante nesse verão”, disse Rony com uma risada.
“Bom, ela é bonita e tudo mais...” disse Harry. “Mas...”
“Não diga mais nada”, disse Rony, levantando a mão. “Eu entendo. Além do mais, existem... outras... garotas por aí, certo?” disse Rony, lançando a Harry um olhar perspicaz.
Os olhos de Harry se estreitaram. “O que você quer dizer com isso?”
“Nada. Ah, você já fez o dever de poções? Quer fazer agora?” Rony disse rapidamente.
Harry o fitou por alguns segundos. “Está bem, deixa eu correr lá em cima e pegar alguns pergaminhos”, disse ele, enquanto se levantava. Depois, lançou um último olhar suspeito para Rony e foi em direção a seu quarto.
N/T: Oi gente!!
Espero que tenham gostado do capítulo... Esse foi o maior que eu já traduzi sem dividir, e deu um pouquinho de trabalho... Mas tudo bem... =]
Ah, e me desculpem pela demora... Vou tentar não demorar muito com o próximo...
Até mais então...
Bjinhoss
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