Começando



Capítulo Dois
Começando

-Pode falar então. –respondeu Lupin secamente.
-Qual seu nome?
-Remo John Lupin.
-E quem você veio apagar da memória?
-Ninfadora Tonks, minha namorada... ou ex-namorada, eu não sei. –respondeu ele meio confuso.
-Quando vocês se conheceram?
-Faz uns dois anos, na casa do primo dela. Foi uma noite legal.
-Me fale sobre ela. –perguntou Henry interessado.
-Fisicamente ou emocionalmente?
-Os dois. O que gostava e o que não gostava, o jeito dela, as manias e os defeitos.
-Bem, eu adorava o jeito que ela sorria. Incrível, me deixava nas nuvens. Eu até achava que era um anjo. Mas desisti de ver ela como um anjo. Sempre com o cabelo daquelas cores. Chamava muita atenção. –falou ele começando a gostar da idéia. –Todos olhavam na rua. Mas nunca falei isso pra ela. E ela sempre falava sem parar. Sempre rindo. No começo era uma coisa tão legal, mas com o tempo foi se tornando meio...
-Comum? –perguntou Henry.
-Não, comum de jeito algum nosso namoro seria comum. Meio apagado. Não tinha mais toda aquela coisa. Quando nós saíamos com os amigos, ela sempre demorava e voltava bêbada. Eu odiava isso. Ela era muito irresponsável. Nem se quer lembrava de que trabalhava e precisava acordar cedo. E ela era muito desastrada! Caia ou quebrava alguma coisa a todo instante. Acho que é só. –concluiu Remo se ajeitando na cadeira.
-Me conte sobre o Dia dos Namorados.
-Bem, eu fui ao trabalho dela e encontrei ela conversando com um cara. Antes de ele sair, deu um beijo nela. Eu me irritei muito, mas tentei permanecer normal. Ela se virou pra mim e perguntou se eu estava perdido. Vê se isso é normal! Antes de responder, o cara voltou e trouxe as luvas preferidas dela e deu mais um beijo. Eu saí de lá sem entender nada e quando voltei para o lugar onde eu to morando vi a carta. –ele deu um suspiro e continuou. –Eu achei que tudo era encenação dela.
-Por quê?
-Eu e ela tínhamos brigado uns dias antes. Por causa de mais uma bebedeira dela. Acho que chega de perguntas, não é?
-Sim. Vamos ao exame visual. Ele é bem...
BLAM.
No fundo da sala, um homem se encontrava deitado no chão, com vários papéis em cima dele. Caíram várias caixas com papéis.
-Você está bem Patrick? –perguntou Henry ainda sentado.
-Claro. Me desculpa a intromissão, não queria atrapalhar. –falou o rapaz arrumando as caixas.
-Pode chamar Stan na sala de contato visual, por favor? –perguntou Henry pegando os sacos plásticos que Lupin trouxera.
-Sim. –disse o rapaz se retirando.
-Só mais uma pergunta. Por que falou dela no passado? Sempre como ela era?
-Porque ela pode ter mudado.
-Impossível. Vamos lá? –perguntou o curandeiro parado a porta. –Essa é a parte mais difícil de todas, em minha opinião.
Eles caminharam até outra sala e entraram nela. Tinha uma escrivaninha e várias cadeiras. Várias poções borbulhavam em prateleiras.
-Pode se sentar ali. –falou Henry apontando para uma cadeira maior que as outras. Parecia um daqueles cadeirões trouxas de dar comida a bebês.
-Precisa mesmo? –perguntou ele analisando a cadeira.
-Sim. –falou o curandeiro empurrando ele para a cadeira.
Ele se sentou e ficou vendo Henry tirar alguns objetos do saco plástico e colocar em cima da mesa.
-Vai começar o processo Henry? –perguntou um homem que tinha acabado de chegar. Ele carregava uma bandeja com alguns estranhos objetos.
-Vamos começar agora Stan. –falou Henry segurando a caneca de bigodes e voltando-se para Remo. –Muito bem, o que isso te lembra?
-Ela me deu no Natal e... –ele parou de falar ao ver que Stan fazia com, uma pena, pontos em suas têmporas.
-Isso é normal. –falou Stan, que agora estava mexendo um caldeirão.
-Continue. –encorajou Henry.
-Me deu no Natal e falou pra mim não puxar... os bigodes. –concluiu ele.
-E essa foto? –ele tinha em mãos a foto da segunda formação da Ordem da Fênix.
-É... um grupo de amigos. –respondeu ele vendo a foto. Ela estava com os cabelos roxos nesse dia.
Ficaram na análise de objetos horas. Lupin se sentia cada vez mais zonzo e enjoado. As seis e meia finalmente acabou.
-Muito bem, amanhã não se lembrará de nada que tenha a ver com ela. É só ir para a casa e misturar esse pozinho no chá. –explicou Henry lhe entregando um vidrinho.
-O que é isso? –perguntou Lupin incrédulo.
-Sonífero. Para não acordar durante o processo. –responde Henry recolhendo os objetos.
-Bem, eu vou indo então. O dinheiro. –ele depositou em cima da mesa um galeão. –Até mais.
Stan e Henry fizeram um breve aceno com a cabeça e continuaram seus afazeres. Ele saiu do hospital e foi caminhando alegremente até o Caldeirão Furado. Sempre se virava para trás, com a impressão de que um carro trouxa estava seguindo ele.
-Tom, um chá de qualquer coisa. –pediu ele se sentando no balcão. Dois homens o observavam de longe.
-Aqui está. Parece mais... vivo. –comentou Tom.
-É hoje. –falou ele sentindo uma breve tontura. –Bem, eu vou lá pro meu quarto.
Ele subiu as escadas e entrou no quarto. Misturou o conteúdo do vidrinho no chá e bebeu. Começou a se sentir meio mole e tratou de fechar as janelas e trancar a porta. Antes de chegar à cama, caiu no chão e adormeceu ali mesmo.
-E não faz muito barulho, Patrick! –ralhou Stan enquanto subia as escadas.
-Ta. Mas é muita coisa. –falou ele derrubando um dos sacos de objetos no chão.
-É esse quarto aqui. –falou Stan lançando um feitiço e indo quarto adentro. –Ele já apagou. Espalha as coisas por aí.
Stan se sentou em uma cadeira e começou a organizar as coisas.
-E o cara vai ficar aí no chão? –perguntou Patrick cutucando Remo.
-Parece até que você nunca fez isso! Põe ele na cama. –mandou Stan mexendo um caldeirão.
-Me ajuda aqui! –pediu Patrick levantando ele do chão. –As pessoas pesam muito mais quando estão dormindo!
Eles colocaram Lupin deitado na cama e o cobriram.
Ring-ring.
-Que diabos é isso? –perguntou Stan procurando da onde vinha o barulho.
-Minha nova namorada está me ligando. –disse Patrick pegando um celular. –Coisa de trouxa.
-Ué? O que o Stan ta fazendo aqui no meu quarto? Pensei que era um processo automático. E quem é esse outro cara? –perguntava Lupin ao lado de Stan. -Quem aquele cara deitado na minha cama? Mas aquele sou eu...!
Ele não estava entendendo nada. Como podia estar ali deitado se ele estava em pé ao lado de Stan?
-Stan, pode me explicar o que está acontecendo? –perguntou Lupin colocando uma das mãos sobre o ombro de Stan. Ela simplesmente atravessou o homem. –Será que eu morri?
-Fala Dora. –dizia Patrick carinhosamente no telefone. –Não sei se vai dar. Eu arrumei um cara aqui de última hora e não sei se dá pra mim. Ta, eu te ligo daqui a pouco.
-Fica de olho na porta porque a Milla falou que ia passar por aqui. –avisou Stan. –O que sua Dora queria?
-Eu marquei com ela jantar as sete, mas esqueci que tinha serviço hoje. Sabe se tem alguma loja de calcinhas aberta? –perguntou ele olhando por uma fresta da janela.
-Não parou com a mania de roubar as calcinhas das suas namoradas?
-Bem, é que essa era tão bonitinha. E foi só uma.
-Esse cara é mesmo um babaca. Roubar calcinhas... –riu Lupin observando aquela cena. ‘’É até legal estar invisível.’’ pensou ele.
Stan revirou os olhos e continuou mexendo o caldeirão.
-Posso entrar rapazes? –perguntou uma voz conhecida a porta.
-Patrick já vai abrir a porta pra você Milla. Anda logo Patrick. –mandou Stan.
Ele foi reclamando até a porta e abriu-a. Milla entrou rapidamente entrou no quarto e se ajeitou em uma cadeira.
-Veio aqui por quê? –perguntou Patrick interessado.
-Dar uma ajudinha. Como vai a poção?
-Daqui a pouco fica pronta e podemos começar. Por que ta me olhando com essa cara? –perguntou Stan a Patrick.
-Já que a Milla ta aqui, você podia me liberar pra sair com a Dora. Não faria mal nenhum.
-Nem pensar. É o seu trabalho e não o dela. E Henry falou pra você não sair em horário de serviço de novo.
-Deixa ele ir! Sair com a namorada mais melhorar a reputação de ladrão de calcinhas dele! –riu Milla.
Lupin continuava observando tudo com muita atenção.
Ring-ring.
-É ela de novo. Oi Dora! Quê? Há, vou sim. Stan fez o favor de me liberar mais cedo hoje, né Stan? Passo aí daqui a pouco. Beijinho. –falou ele animado desligando o telefone. Ele se virou para os sacos plásticos e começou a revirar eles. –Valeu gente. Bem eu vou indo.
-O que você pegou aí dentro? –perguntou Stan parando de mexer o caldeirão.
-É, o que você pegou? –perguntou Lupin mesmo sem poder ser escutado.
-É só uma coisinha. Nada de importante. –indagou Patrick saindo.
-Podiam lançar um feitiço de apagar a memória e pronto! –reclamou Lupin se sentando ao lado de seu próprio corpo. –Não iria me sentir tão confuso assim.
-Muito bem, vamos começar. Milla, poderia pegar o capacete na minha mochila? –perguntou Stan gentilmente.
A mulher pegou um enorme capacete que estava escondido na mochila e colocou na cabeça de Remo.
-E lá vamos nós. –falou Stan começando a colocar um pouco da poção que estava mexendo até agora nos buraquinhos do capacete.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.