Lembranças



O.k., então algumas considerações antes de começarmos a fic:

1. Lembrem-se, a exceção da Kate e da Mary, que são de minha autoria, todos os personagens dessa fic pertencem a J.K. Rowling, o gênio sádico por trás de Harry Potter!
2. Que todos saibam: eu participo da campanha “Faça uma Autora Feliz: Comente!”. Por isso, estou implorando gente, comentem!! E se não tiverem tempo, então apenas votem, é um segundinho e
é importante!!
3. Se gostarem dessa, não deixem de ler (e comentar!!) minha outra fic: “Noites de Silêncio”, além de uma fic em conjunto com minha amiga “A Aposta de James”.
4. Aproveitando o momento propaganda, também recomendo “Férias Trocadas” by Gabi Evans Potter e “The Right Kind of Wrong” by Zihnsendin! Ah, e absolutamente qualquer fic que tenha sido escrita por “Silverghost”!
5. E por último, só pra completar cinco... Enjoy!



"O Lado Negro da Lua"


Lembranças


Era uma noite clara em Hogwarts. Os jardins estavam serenos, balançados apenas por uma suave brisa fria. A lua se desenhava no céu, quase cheia, brilhando com intensidade e iluminando os acetinados e vazios gramados da escola.
Ou melhor, nem tão vazios.
Havia uma única figura silenciosa nos jardins àquela noite, sentada na beira do lago, abraçada aos próprios joelhos. Os cabelos vermelhos esvoaçaram momentaneamente, deixando seu rosto transparecer. Os olhos muito verdes miravam tristemente as águas paradas, úmidos.
Lily Evans suspirou e puxou o casaco um pouco mais, tentando se proteger do ar frio da noite. Mas o que fazia ela ali, a monitora modelo do sétimo ano, a aluna aplicada, que jamais infringiria regras? O que a menina fazia sozinha e triste as três da matina, sentada as margens do lago com o rosto marcado de lágrimas?
E a resposta era completamente obvia: James Potter. O maroto lindo e encantador, de cabelos escuros e muito arrepiados, que povoava seus sonhos e sua vida de um modo que ela consideraria impossível.
A ruiva estava ali repassando seus momentos com o maroto, tentando entender onde aquilo começara. Estava sentada a sombra da árvore favorita dele, e quase conseguia sentir sua presença...

Lily estava aturdida com tudo o que vinha acontecendo. Ela, Lily Evans, uma recém admitida estudante de magia! Uma bruxa! Era quase impossível de acreditar. Mal ousava crer que estava realmente ido para a escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Parecia um sonho impossível, do qual ela logo ia ser acordada pelo despertador, anunciando mais um primeiro dia em uma escola trouxa...
A garota fechou os olhos, ainda andando pelo trem, assimilando tudo aquilo, pensando no quanto sua vida mudaria, quando...


- Cuidado!! - A ruiva abriu os olhos.
- Ahh!!!

Antes que pudesse reagir um estranho vulto que vinha correndo pelo vagão desabou em cima dela, fazendo-a cair estatelada no chão.

- Seu imbecil desmiolado olhe só o que!!...

Mas de repente ela parou de falar. Um garoto da sua idade estava agora caído sobre ela, olhando-a aborrecido. Lily corou, notando inconscientemente que era alguém muito bonito, com cabelos negros e bagunçados e olhos realmente expressivos por debaixo de lentes...
O menino se levantou de cima dela, ficando de joelhos e massageando os braços.

- Era só o que faltava... – Ele a olhou. – Vem cá, que idéia é essa de ficar andando de olhos fechados por aí? Você é insana?
- O que?! – Enfureceu-se a menina, se sentando. – Foi
você que estava correndo em pleno trem!! Você derrubou toda a minha bagagem!! – Continuou, ficando vermelha e apontando as roupas caídas no chão.
- Sei, e daí?... – Indagou o outro, olhando com indiferença e pondo-se em pé.
- E daí?? – Repetiu a menina, levantando-se também Você é burro, retardado ou é simplesmente um imbecil?!?
A sua mãe não te deu educação?!
- Ei, garota, qual o seu problema? – O desconhecido também se enfureceu – Eu já sabia que você era estranha, mas agora acho que é completamente maluca!
- Escute aqui, seu grande!!...
- Hei, o que está havendo aqui? – Os dois garotos se voltaram e viram uma jovem loira saindo de uma cabine próxima – Porque essa bagunça no corredor?

Lily notou o brilhante distintivo de monitor reluzir no peito da moça. Vermelha, agora de vergonha em vez de raiva, ela murmurou desculpas apressadas e saiu o mais depressa possível.


“Como ele era idiota naquele tempo” pensou a ruiva, achando até um pouco de graça. “E não melhorou quando chegamos na escola”

A garota subiu pelas escadas olhando tudo em volta maravilhada. Estava tão distraída, admirando a paisagem, que deu de cara com a pessoa que estava na sua frente e se desequilibrou. Mas alguém a segurou por trás antes que fosse ao chão.

- Você ‘tá legal? – Perguntou a menina que a segurara.

Ela tinha cabelos loiros e lisos até a cintura, e olhos azuis claros. Tinha também um leve ar de patty, com as unhas pintadas de rosa e uma correntinha de ouro com um “M” pendurado. Mesmo assim parecia realmente simpática.

- Estou. – Respondeu Lil, se endireitando e voltando a andar. – Me desculpe, eu estava distraída.
- Tudo bem. – A outra sorriu, acompanhando-a – Qual seu nome?
- Lily Evans. E você? – Perguntou, ajeitando as vestes de um jeito nervoso.
- Mary Hosser. – Falou a loira, no momento em que os degraus acabaram.

A visão da escola tão de perto cessou a conversa de quase todos. O silêncio era pontuado apenas por sussurros e exclamações de admiração.

- Todo mundo aqui? – Perguntou Hagrid elevando a voz – Onde está aquela garota que caiu na água?
- A-a-atchim!! – Uma menininha bem pequena, tremendo levemente sobre o casaco que o amigo lhe emprestara havia se adiantado. – Aqui... Acho que peguei um res... res... res... – Ela parou de repente -
Atchim! resfriado... – completou. O homem lhe sorriu amigavelmente.
- Não se preocupe com isso. Uma boa refeição e você já estará melhor – Disse o guarda-caça, batendo nas grande porta de carvalho.

A prof.ª Minerva abriu as portas iluminando os gramados. Os alunos ficavam nas pontas dos pés, tentando ver alguma coisa por detrás dela, mas a mulher ignorou os rostos curiosos voltados para ela e se dirigiu ao meio gigante.

- O que aconteceu com aquela ali, Hagrid? – Indagou, olhando para a garotinha, que se encolheu.
- Caiu no lago Professora. – Explicou o homem para em seguida se virar e falar para os estudantes – Atenção todos! Essa é a Prof.ª Minerva McGonagall, que irá conduzir a seleção.
- Obrigada Hagrid. Me acompanhem, por favor – Falou ela, escancarando as portas.

Lily continuava virando o pescoço pra todo lado, tentando absorver tudo de uma vez. Ao seu lado, Mary também estava admirada, mas bem menos do que a ruiva. A prof.ª levou-os até a sala de sempre e iniciou seu discurso, mas a jovem não ouvia.
Estava olhando para o garoto de cabelos pretos de antes, que agora estava parado ao lado de um outro garoto pálido e loiro. Os dois cochichavam baixinho e em um certo ponto começaram a abafar risadas. A garota amarrou a cara, ainda zangada pelo incidente no corredor. Mas nesse segundo algo chamou sua atenção.
A prof.ª McGonagall tinha saído do aposento e agora varias pessoas estavam gritando. Lil se virou procurando o motivo da bagunça e pulou pra trás de susto, com um grito súbito de espanto.

- Ai!! – Exclamou uma voz atrás dela. A menina se virou e percebeu que acabara de pisar no pé de uma garota.
- Ai, me desculpe! – Exclamou, se afastando e assumindo um tom arrependido – Já é a segunda vez que esbarro em alguém hoje!
- Tudo bem. – Respondeu a outra, achando graça. – Você é trouxa não é?
- Como você sabe? – Surpreendeu-se ela.
- Os fantasmas. – A desconhecida apontou para cima onde Nick e os outros conversavam animadamente com os calouros – É sempre uma surpresa ver um, mas um bruxo não teria se assustado tanto.
- O que aconteceu, Lily? – Perguntou Mary se aproximando.
- Nada. Eu só estava conversando com... ah... Como é o seu nome? – Perguntou.
- Meu nome é Kate Shaw. – Falou ela. – E vocês?
- Lily Evans
- Mary Hosser. Prazer.

Lily olhou melhor para Kate. Tinha cabelos bem escuros presos em um rabo e um jeito meio oriental. Usava um estranho colar com uma pedra meio verde pendurada nele. Estava pronta para perguntar o que era quando finalmente foram chamados para a seleção.
A ruiva grudou seus olhos no teto encantado, estupefata, perguntando-se como podiam deixar um salão tão grande ao ar livre...

- É encantado pra parecer o céu lá fora. – Sussurrou Kate, percebendo seu espanto.
- Sério? – Admirou-se ela. Mas nesse momento o chapéu seletor foi colocado no banquinho. – O que é aquilo?...
- Se chama Chapéu Seletor. – Murmurou a morena mais uma vez – Ele vai decidir pra que casa vamos.

Quando Mary ia perguntar como um objeto poderia decidir qualquer coisa o rasgo no chapéu se abriu e ele começou a cantar. Lily começou a se sentir subitamente nervosa enquanto a música seguia enumerando as qualidades das casas.
A seleção começou lentamente, enquanto ela começava a lamentar que seu sobrenome começasse com “e”... Já estavam no “b” agora e a mulher chamou um nome peculiar.

- Black, Sirius!

Podia ser impressão dela, mas a jovem teve a impressão de ver um ar presunçoso nos rostos dos Sonserinos. O garoto que fora chamado também parecia estranhamente nervoso. O Chapéu Seletor pensou um pouco e finalmente gritou:

- Grifinória!

A mesa da sonserina de repente se encheu de expressões chocadas. O menino fez um gesto involuntário e sussurrou “Isso!” fazendo todos rirem. Aquilo realmente intrigou a moça, até que finalmente...

- Evans, Lily! – Chamou finalmente a prof.ª McGonagall. A ruiva recebeu sorrisos encorajadores de Mary e Kate e se aproximou lentamente.

Mal o chapéu tocou seus cachos ruivos e já anunciou “Grifinória”. A mesa dos grifinorios explodiu em aplausos e ela se levantou feliz, arranjando um lugar vazio. A cerimônia continuou como sempre. Ela continuava de olho nas amigas, esperando-as serem selecionadas. Quando Mary foi chamada Lily acenou e sorriu pra ela, mas a loira parecia nervosa demais pra responder.
A garota demorou um pouco mais para ser selecionada até que se tornou um grifinoria. A ruiva aplaudiu animadamente, abrindo lugar para a amiga sorridente.

- Você acha que a Kate também vai ser selecionada pra Grifinória? – Sussurrou ao se sentar.
- Acho que não. – A outra olhou para a morena. – Acho que ela vai pra Corvinal.

Mais as duas teriam que esperar bem mais pra confirmar seu palpite. Lily assistiu em silêncio o garoto loiro que vira antes ser chamado e selecionado para a Grifinória também, e depois o tão odiado menino que esbarrara nela no trem.

- Potter, James!

A ruiva não pode evitar de amarrar a cara. Mas quando o Chapéu Seletor decidiu Grifinória ela gemeu e enfiou o rosto nas mãos.

- O que aconteceu Lily? – Indagou Mary.
- Esse Potter. – Respondeu, olhando feio pro garoto – Ele me irrita.

A loira encarou a outra confusa, mas não disse nada. Um certo tempo se passou até que finalmente o nome de Kate foi anunciado. A amiga fez figa ao seu lado, mas Lil continuava observando James. Ele conversava e ria com Black e Lupin, fazendo graçinhas que a deixavam irritada.

- Corvinal! – Gritou finalmente o chapéu, fazendo Kate pular do banquinho.

As três amigas sorriram tristemente como que dizendo “Ah, deixa pra lá!”. Do outro lado da mesa, o maroto fazia objetos levitarem bem baixo no ar. Lily revirou os olhos e murmurou um “Imbecil” irritado


“Não, com certeza não foi aí que eu comecei a me sentir assim” riu a jovem, interrompendo suas próprias lembranças. “Tivemos cada briga nos primeiros anos”...

2º Ano

- POTTER! – Berrou Lily irritada, passando entre a rodinha de alunos. -
Você ficou mais idiota do que já era? - James olhou aborrecido pra moça.
- Escuta aqui Evans, porque você não para de pegar no meu pé desde o primeiro ano? Nem monitora você é! – O menino deu as costas à árvore onde Snape estava amarrado num galho realmente alto.
- Porque ao contrario de você eu tenho o mínimo de senso de decência! – Gritou a moça, irritando-se de verdade – Agora
ponha ele no chão!
- Ou
o que? - Indagou o maroto, cruzando os braços. – Vai me ameaçar com um livro?
- Não. – Falou a menina, calmamente – Ou eu chamo a prof.ª McGonagall.
- Você não se atreveria! – Indignou-se o outro, descruzando os braços, como se ela tivesse cometido uma vil traição. A garota foi quem cruzou os braços agora, levantando uma sobrancelha.
- Você quer mesmo arriscar? – Perguntou, em um sussurrou letal. James bufou e desceu Snape até o chão.
- Pronto! Feliz agora, Evans? – Disse, encarando-a com raiva. Lily fez um movimento gracioso com os ombros e sorriu.
- Estou. – A menina deu-lhe as costas e saiu de cena, balançando seus cabelos.

3º Ano

- Evans, quer fazer o favor de parar de nos seguir? – Disse o moreno, parando e virando pra ela, azedo.
- Eu estava seguindo vocês? – Ironizou a ruiva, com um sorriso “inocente” – Puxa, eu não tinha percebido!
- Há, há, como você é engraçada. – Resmungou Sirius, revirando os olhos.
- Escuta aqui garota. – Continuou James encostando-se na parede e ficando de frente a ela. – O que você tem contra mim?
- Eu tenho que você é um tirano presunçoso, Potter. – Respondeu a ruiva, calmamente – E seja lá o que estiver planejando dessa vez com seus amiguinhos, eu não vou permitir.
- Você nos ouviu conversando e só porque paramos quando você chegou perto já acha que estamos tramando algo? – Riu o outro, impacientemente.
- Não, eu os ouvi tramando e quando vocês pararam de conversar tive certeza que estavam armando algo. – “corrigiu” a menina. O maroto riu, descrente.
- Pontas, vamos embora logo... – Tentou apartar Remus, mas o amigo desviou-se e continuou a falar.
- Você é do terceiro ano, Evans. Não é monitora. O que te faz pensar que pode ficar nos vigiando? Até onde eu posso ver você é a presunçosa entre nós dois.
- Ah, você acha? – Mumurou ela, sem sinal de irritação, ficando mais próximo a ele.
- É, eu acho. – Dessa vez o garoto assumiu um sorriso muito mais galanteador, quem sabe pela pouca distância.
- Isso não vai dar certo. – Comentou Sirius com Aluado, que concordou.
- Então eu tenho uma surpresa pra você. – Sussurrou a outra, provocantemente. James já estava armando um “bote” quando ela chutou-o bem
naquele lugar - Você não é ninguém pra falar de mim!

E virou-se deixando o menino morto de dor pra trás.

4º Ano

- Porque você odeia tanto ele, heim Lil? – Perguntou Kate, com os pés na água do lago.
- Não pergunte, ou ela vai se empolgar e ficaremos aqui até amanha. – Disse Mary, sem desviar o olhar das nuvens.
- Não, não é pra tanto. – Respondeu a amiga, achando graça – É que me irrita ver o jeito como o Potter se acha dono do mundo.
- Mas ele até que é legal, Lily – Falou Alice, que estava por perto no momento. – E é bonito.
- Bonito! – Repetiu a ruiva, indignada, virando-se para a moça, que estava apoiada em uma árvore. – Eu pensei que você tinha o Frank!
- E tenho. – A jovem riu. – Mas só estou dizendo a verdade.
- Credo! Eu quero mais é proteção daquele zumbi. – Arrepiou-se Lil.
- Quer que eu te empreste o meu Muiraquitã? – Brincou Kate.
- Muira-o que? – Perguntou Alice, encarando as duas.
- Muiraquitã – Repetiu a morena, puxando o colar com a pedra verde – É uma pedra sagrada de proteção.
- A Kat tem ascendência indígena por parte de mãe – Explicou Mary, chamando a amiga pelo apelido.
- Ah... – Respondeu a menina. De repente ela localizou algo no lago e gritou esganiçada – Ai meu Deus!
Olhem aquilo! - As outras três obedeceram e sentiram o coração pular.
- Tem alguém se afogando! – Berrou a loira.

De fato, alguém estava se debatendo mais ou menos no meio do lago. Mas estava muito longe para identificar quem era...
Lily não pensou duas vezes e se atirou no lago. Era um eximia nadadora e começou a dar braçadas fortes e rápidas, tentando alcançar a pessoa que se afogava. Quando chegava muito perto, o desconhecido submergiu mais uma vez e ela puxou fôlego, mergulhando.
A ruiva tateou pela água até sentir algo fazer contato com sua mão e segurou o pulso da vitima, tentando puxa-la para cima. Mas o braço da pessoa escorregou e quando ela tentou puxar o garoto de novo, (teve a impressão que era um homem) percebeu que algo o prendia. Lil foi à tona novamente, puxando o ar que podia e submergiu mais fundo, tentando achar o que estava retendo o outro.
E achou. A perna dele estava enroscada em uma alga grudenta. A moça puxou a varinha e se concentrou como nunca antes para conjurar um feitiço não-verbal. As algas foram cortadas e ela pode finalmente puxar o garoto pra fora da água.
Mas não ia conseguir sustentar aquele peso por muito tempo, por isso passou o braço dele por seus ombros, nadando novamente até a margem onde suas amigas estavam.
Alice e Kate seguraram quem estava se afogando, deixando Mary ajudar a amiga a sair do lago.

- Você tá bem Lil’s? – Perguntou, enquanto a outra ofegava. Sem ar, a moça pode apenas fazer um sinal afirmativo com a cabeça.
- Ei! Olhem só quem era que tava se afogando! – Exclamou Alice, surpresa. Lily se virou.
- Potter?! – Ofegou, puxando o ar.

Estranhamente, a ruiva ficou subitamente brava, e desvencilhando-se das outras se aproximou, ajoelhando-se ao lado do maroto.

- Acorda Potter! – Falou, balançando o outro -
Acorda! - Repetiu, mais brava, ao ver que ele não se mexia.

A ruiva bufou e se aproximou um pouco mais. Kate teve a ligeira impressão de que ela ia fazer respiração boca-a-boca, mas surpreendeu-se: a amiga socara o garoto com toda a força no estomago.

-
AI!! - Berrou James, sentando-se e cuspindo água. – Evans? O que ta acontecendo?
- Não se faça de inocente, Potter! – Gritou a menina, ainda ofegante. – Eu sei o que aconteceu! Como você pode ser tão burro a ponto de quase se matar naquele lago por nada?
- Do que você está falando? – Indagou o moreno, ofegando um pouco também. – Eu estava me afogando!
- É, estava, e eu sei o porquê! – Continuou a outra, vermelha de raiva agora – Ouvi você tramando com seus amiguinhos na sala comunal! Eu sabia que pretendiam jogar aquelas primas do Black no lago! – Em volta dos dois, as amigas dela ofegaram – E me deixe adivinhar o que houve: Elas revidaram e foi
você que caiu, não é?!
- Bom... não... não foi
exatamente assim que aconteceu... – Gaguejou ele, fazendo Lily rir sarcasticamente.
- Eu sabia! Você com essas brincadeiras estúpidas e olhe o que houve! Quase se afogou! Aposto que os seus amiguinhos também estavam envolvidos nisso, não é?
- Não... Quer dizer, um pouco... eles... – Mas foi interrompido quando três pessoas vieram correndo até os seis.
- Pontas! Cara, você ta legal? – Perguntou Sirius, se aproximando. A ruiva encarou o quase-afogado com um olhar de “eu não dizia?...”.
- Eu sabia. Quase perdeu a vida por causa de uma brincadeira imbecil. Francamente Potter, você é
nojento!

A menina se levantou, parecendo realmente enojada, e deu as costas a todos, marchando de volta ao castelo. James ficou sem palavras uns segundos, mas ao ver que todos o encaravam reprovadoramente, resolveu retrucar:

- O que foi? Ela também não é ninguém pra ficar me dando sermão! – Disse.
- Não é? – Disse Kate, levantando as sobrancelhas.
- Tem razão. Ela não é. Afinal ela não fez nada além de
apenas salvar a sua vida. – Disse Mary, acidamente, como se também sentisse nojo dele.
- Ela fez
o que?! - Gritou o maroto, se levantando.
- Pulou no lago e quase se afogou pra te tirar de lá. – Respondeu Alice, de braços cruzados. – Porque você acha que a Lil tava toda encharcada?

Mas James não respondeu. Tinha acabado de correr até onde a ruiva estava naquele momento. A menina estava marchando com muita raiva, quase arrancando tufos de grama, quando o maroto chegou perto e começou a chamá-la.

- Evans! Evans, espera aí!
Evans!
- Se você tem algo a dizer, diga enquanto anda. – Respondeu a outra, sem se virar ou diminuir o passo.
- Porque você me salvou? – Indagou James, confuso, ofegando para acompanhá-la.
- Primeiro, porque eu era a única que ia conseguir alcançar você sem se afogar. Alice não sabe nadar, a Kate não tem muito fôlego e a Mary não consegue nadar mais que meio metro sem ter que parar e recomeçar. – Disse ela, ligeiramente mais calma – Segundo, porque foi algo instintivo. Quando eu vi já estava na água. E terceiro... – Aqui ela olhou pro outro. – Porque nem mesmo você merece morrer afogado.

O maroto parou, deixando a outra correr sozinha até os portões. Mas quando ela estava quase lá, sua consciência despertou, fazendo-o gritar na direção da moça:

-
Ei, Evans! - A garota parou e olhou pra ele – Obrigada!

A menina o encarou espantada por uns segundos. Depois reassumiu seu ar irado e respondeu, a contra gosto:

- Não tem de quê, Potter. – E virou-se, entrando no castelo.



- JAMES ROBERT POTTER!!!! – Berrou Lily, aparecendo por uma tapeçaria.
- Xiii... – Gemeu Sirius, ao ver a ruiva chegar – Estamos ferrados, caro Pontas.
- E você pensa que eu não sei? – Murmurou o maroto, bravo.
- Você pode me explicar o que significa
isto? - E apontou com o dedo em riste para Malfoy, que sangrava aos borbotões pelas narinas.
- Veja bem, Evans... – Começou Almofadinhas.
-
Quieto Black! - Sibilou a ruiva, fazendo outro fechar rapidinho. – E então, Potter? Estou esperando!
- Eu não preciso da ajuda de uma... – Começou Lucius, no que James o interrompeu.
- Cale a boca, seu nojento! – Retrucou, com um aceno de varinha que fez o loiro levar a mão ao estomago e vomitar.
- Eu
não preciso que você me defenda! – Disse a garota, áspera.
- Não tem de quê... – Murmurou o moreno, muito baixo. – Porque você está defendendo ele? Pela milionésima vez, você não é...
- Monitora? – Completou a outra, de braços cruzados, levantando as sobrancelhas. – É aí que você se engana, Potter. – a menina abriu o casaco, mostrando o distintivo brilhante em sua blusa.
- Ah, qual é! – Exclamou Sirius de repente, passando as mãos pelo cabelo nervosamente. – Primeiro o Remus, agora você! Dumbledore enlouqueceu?
- Isso já é covardia com a gente... – Grunhiu James, em aprovação.
- Vocês dois está realmente encrencados agora. – Falou a monitora, se divertindo - Black você vai ajudar o Filch a tirar aqueles vermes das masmorras. – Falou a ruiva, apontando para Sirius – E você... – Começou, olhando para o segundo maroto com um sorriso meio sádico – Bem, suponho que como Filch estará ocupado nas masmorras alguém vai precisar desentupir o banheiro do segundo andar. Oito horas, salão principal. Não se atrevam a faltar! – Completou, ao ver que iriam retrucar.

Os dois meninos olharam enojados um para o outro, enquanto a moça saia vitoriosa


“O.k talvez isso tenha sido cruel da minha parte...” pensou a ruiva, lembrando-se da pesada detenção “Mas eu ainda odiava ele naquela época. E lembro que ele tentou fugir da detenção...” a jovem engoliu em seco, com o coração apertado “me chamando pra sair pela primeira vez...”

- Olá, Evans. – A menina levantou os olhos e viu James parado com um sorriso arrogante na sua frente
- Tchau Potter. – Respondeu ela azedamente, desviando o rosto.
- O que te mordeu hoje, heim? – Indagou ele, sentando-se ao seu lado.
- É a
sua presença que está me incomodando. – Começou a ruiva, encarando-o com raiva – e eu já não te disse pra ficar o mais longe possível de mim? – E se afastou para a outra extremidade do sofá.
- Disse, mas eu não quero. – Retrucou James aproximando-se só um pouco mais. – E daqui a pouco você também não vai querer.
- De que droga você está falando? – Disse Lily rudemente, com os braços cruzados.
- Quer sair comigo? – Perguntou o maroto, dando seu melhor sorriso “conquistador”. A outra estava certa de não ter entendido.
- O que?
- Quer sair comigo? – Repetiu o garoto, já esperando um óbvio sim...
- Porque você sairia comigo? – Retrucou, como se duvidasse da sanidade dele. – Você me odeia, lembra? – Indagou, como se falasse com alguém meio retardado.
- Digamos que é um agradecimento por ter me salvado ano passado... – Respondeu ele, começando a ficar impaciente – Então? Te pego as?...
- Em hora nenhuma! – Falou a menina, quase enojada. – Eu não quero sair com
você.
- Como é que é? – Chocou-se ele.
- Você entendeu bem Potter,
não! .
- Mas porque não? – Insistiu James, como se fosse incapaz de entender.
- Quer mesmo que eu comece? Talvez porque você seja um estúpido convencido, que se acha demais só porque sabe voar bem. Ou quem sabe seja porque você já saiu com mais da metade das garotas da escola, mas jamais olhou pra elas uma segunda vez. E não posso me esquecer do seu estúpido amiguinho Black que anda com você pelos corredores como se fossem os reis da Inglaterra, quando na verdade são só dois desmiolados – e se levantou – Que nunca levaram um não de uma garota. Bom, pra tudo tem uma primeira vez, não é? – E saiu pisando duro da sala comunal


“Acho que ele quase teve um ataque cardíaco” pensou Lily, rindo palidamente. “Meu Deus, como a gente brigava.” Fechou os olhos, sorrindo um pouco mais. “Mas também tivemos nossos momentos de paz...”

A ruiva estava sentada calmamente na sala comunal, aproveitando o calor da lareira. Estava sozinha lá, pois todos já tinham ido dormir. Só ela continuava sentada com um livro aberto a sua frente, mergulhada na história. O titulo brilhava em vermelho, refletindo as chamas: “O Lado Negro da Lua”.
Ele parecia focar tanto a atenção da menina, que ela mal tinha notado que já passava da meia-noite e que o silêncio era completo ao seu redor.
Também não percebera que começara a ler em voz alta, um habito que tinha adquirido sempre que se distraia com alguma história.

- “ ‘Ninguém pode te obrigar a fazer o que não quer... ’” – Lia, em voz baixa, movendo os olhos sobre as linhas impressas – “‘As pessoas só se aproveitam de nós quando as deixamos se aproveitar’ completou a senhora, olhando profundamente para a jovem à sua frente. ‘Mas o que eu posso fazer?’ perguntou Mila, infeliz ‘eu não me controlo quando estou transformada! Não é minha culpa ter mordido essas pessoas! Não é minha culpa ser um lobisomem!’ ‘Eu sei disso’ confirmou a idosa ‘eu sei que você não tem consciência do que faz na lua cheia. Mas uma vez que você não pode se controlar quando se transforma, é sua obrigação garantir que ninguém faça isso por você!’ agora a mulher a encarava muito severamente, fazendo a outra baixar o olhar ‘e como você sugere que eu me livre da influência dele?’ sussurrou ‘Isso é com você. Todos têm o poder de controlar seu próprio destino, Mila! Busque a força que existe dentro de você... ’ ”.
- “‘...por que apenas ela vai te permitir vencer qualquer obstáculo que se oponha entre você e seus sonhos’” – Completou uma voz, interrompendo a leitura de Lily e fazendo a menina levantar a cabeça.
- Potter? – Perguntou, confusa, ao ver o maroto parado na escada. – Como você sabia a fala...? – Mas James sorriu, e antes que ela terminasse a frase, respondeu:
- “As pessoas que você pensa que conhece te surpreendem quando menos se espera”
- Você leu o livro! – Exclamou, espantada. – E você até decorou!
- Só as melhores falas. – Respondeu o garoto, aproximando-se da poltrona em que ela estava. – Mas você também deve ter decorado, já que reconheceu.
- Ah, é que é meu livro preferido! – Respondeu a menina, encantada, esquecida de que estava falando com James Potter. – Eu acho lindo. A história de uma garota controlada por um bruxo maligno que a faz atacar as pessoas do vilarejo em toda lua cheia, quando ela se transforma em lobisomem...
- Então ela descobre que o garoto que ela mais odeia perdeu a mãe em um desses ataques, mas que na verdade está apaixonada por ele...
- E decide sair em uma jornada para se livrar do controle do bruxo... – Completou a outra, olhando meio carinhosamente para o livro e depois erguendo os olhos para o menino – Eu não achei que você fosse se interessar por um livro desses!
- Eu li pela primeira vez quando me disseram que era seu livro favorito. – Respondeu o garoto, sorrindo. Ela não respondeu, mas sorriu de volta. – Mas o que faz aqui em baixo? Não consegue dormir?
- Como assim? – Lily franziu as sobrancelhas – Que horas são?
- Meia noite e quarenta. – Informou James, olhando o relógio de pulso.
- O que?! Já? – Exclamou a ruiva, se levantando e puxando o pulso do outro para confirmar.
- Você não sabia? – surpreendeu-se o maroto, vendo a surpresa no rosto da outra.
- Não. Fiquei muito envolvida na leitura – Explicou a moça, simplesmente, pegando o livro na poltrona – Melhor eu subir e dormir.
- Boa noite, Evans. – Disse o garoto, quando ela começou a andar em direção as escadas.
- Boa noite. – Respondeu a menina, bocejando. Mas ela parou no meio da escada e se virou novamente para ele – Ãh... Potter?
- Sim?
- Porque você está aqui e não dormindo? Está com insônia?
- Não. – O outro sorriu – Tive um pressentimento de que você estaria aqui embaixo.

Lily teve vontade de perguntar como ele sabia disso, mas segurou as palavras e desejou apenas “Boa Noite” mais uma vez, entrando em seu dormitório.


“Gostaria de saber se era verdade...” Pensou a ruiva, abrindo os olhos novamente. Ela suspirou, olhando o céu estrelado e sorriu ternamente. “Eu ainda lembro da primeira vez que nos beijamos...”

A menina corria olhando por todos os lados, tentando encontrar James. Jamais imaginara que isso pudesse acontecer. Mas finalmente o ofendera de verdade. Finalmente fizera o menino virar as costas em silêncio e andar sério e magoado na direção oposta, sem sequer olhar para ela.
Mas ela não quisera isso... não queria machuca-lo... pelo menos não daquele jeito... precisava consertar as coisas...
A moça estacou quando passou na frente de uma sala vazia. Lily encostou o ouvido a porta e escutou barulhos abafados vindos de lá... e um perfume que ela conhecia. Tentou abrir a porta, mas estava trancada.

- Potter? – Chamou a garota. Os ruídos subitamente pararam – Potter, abre a porta... – apenas silêncio. A ruiva suspirou – James, por favor, eu sei que você esta aí...

Alguns passos soaram do outro lado e a menina sentiu a maçaneta girar. O maroto apareceu dentro da sala vazia, com os olhos inchados, o que fez o coração dela se apertar.

- O que foi? – Indagou James, friamente, dando espaço para a outra entrar.
- Será que podemos conversar? – Disse ela, temerosa, enquanto o menino fechava a porta.
- Pra que? Você quer recomeçar a interminável lista dos meus defeitos? Porque eu realmente não estou com paciência.
- Não. Eu vim pedir desculpas. – Cortou a garota, firmemente, mas com sinceridade.
- Desculpas?... – Repetiu ele, imediatamente deixando a postura fria de lado.
- É que... eu passei dos limites dessa vez. – Suspirou a moça, arrependida – Quase nada do que eu falei era verdade...
- “Quase” nada? – O menino levantou as sobrancelhas. Lily meneou a cabeça, conformada.
- Tá legal. Foi tudo um monte de baboseiras.
Nada era verdade. – Confessou ela, encarando o corredor. Alguns segundos se passaram até que a menina levantou o rosto novamente – Você pode me desculpar?
- Depende. – Respondeu ele, com um meneio de cabeça.
- Depende de que?... - O garoto sorriu marotamente.
- Você disse que era tudo mentira, não é?... – Perguntou, andando uns passos para frente. A ruiva foi obrigada a recuar.
- E era... – Murmurou, temerosa e desconfiada.
- Inclusive a parte sobre você me odiar? – Continuou o maroto, cruzando os braços de um jeito displicente.
- Bom... – Ela baixou os olhos e mordeu os lábios – Talvez.
- Talvez? – Repetiu o moreno, levantando as sobrancelhas. Lily levantou os olhos, risonha.
- Você quer descobrir? – Perguntou, meneando a cabeça.

James levou a mão direita lentamente até a nuca da menina, que imediatamente sentiu seu coração arrebentar de bater e suas bochechas se avermelharem contra a vontade.

- Eu adoraria... – Respondeu o maroto, provocante.

A moça encarou os olhos castanhos dele, vermelha como se estivesse febril. Havia algo de tão inebriante naquele olhar... naquele perfume... naquele toque... em tudo naquele garoto... Sua mente não conseguia raciocinar direito. Era tudo como uma fumaça doce que envolvia seus sentidos...
Ele puxou-a lentamente pela nuca, e o aroma de seu perfume se intensificou. A ruiva mandou seu bom senso às favas. Afinal, o que importava... a única coisa importante estava parada bem ali a sua frente, diminuindo a distância a cada segundo...
Lily deu um passo a frente, e o hálito quente dele se misturou a sua respiração entrecortada... O menino enlaçou sua cintura com a outra mão lentamente, como se quisesse aproveitar cada milímetro de proximidade...
A ruiva estava muito perto agora... ela agarrou a camisa dele, com o coração dolorido de bater... sua consciência gritou uma última vez para que fizesse algo, mas a menina ignorou novamente... Seus rostos estavam separados por milímetros de distância...
E seus lábios finalmente se tocaram.
Um fio de eletricidade desceu com força total por sua coluna.
A garota colou seus lábios aos de James, farta de esperar por um beijo de verdade... O maroto entendeu a deixa e a enlaçou firmemente pela cintura, pedindo passagem levemente...
Ele aprofundou o beijo e Lily passou os braços por seu pescoço, beijando-o tão avidamente quando podia...
Estava beijando James Potter, o garoto que mais odiava no mundo. Mas mesmo assim era maravilhoso... como se fosse uma parte de si mesma que estava faltando... Era o melhor sabor do mundo, a sensação de se estar no paraíso...
O menino subiu uma mão lentamente pelas costas dela, fazendo-a se arrepiar toda, e a garota enterrou os dedos em seus cabelos negros e despenteados. Ele encostou-a na parede, prendendo-a contra seu corpo.
Agora estavam colados pelos lábios como se respirassem um ao outro, beijando-se mais ardentemente do que achavam humanamente possível...
Mas a natureza cobrou sua parte: eles precisavam de ar... Os dois se separaram ofegantes, vermelhos e ainda abraçados.
A ruiva finalmente se tocou do que estava acontecendo, e mais vermelha do que nunca antes na vida. Ela livrou-se bruscamente do abraço dele.

- Isso nunca mais pode acontecer, ouviu, Potter? – Falou, dura como ma pedra. – Nunca mais.

Lily virou-se e marchou diretamente até a porta, deixando para trás um James estupefato.
Mas assim que levou a mão à maçaneta, ela virou-se mais uma vez, sem encará-lo.

- E Potter... – A ruiva levantou os olhos, de modo que seu rosto ficou meio de perfil – Isso não muda nada. Eu ainda... – aqui ela sorriu de um jeito pálido e maroto – te odeio.

James franziu o cenho, confuso.
A outra sorriu divertida.
Ele finalmente se tocou. Sim, ele havia entendido muito bem esse “te odeio”...
O menino cruzou os braços, divertido, balançando a cabeça.

- É claro, Evans... – sorriu o maroto – se for assim, eu também te odeio.

Lily sorriu.


“Somos loucos.” Ela sorriu “Como duas pessoas podem dizer que se odeiam sorrindo?”.
A moça levou uma mão sonhadoramente até os lábios. Quase podia sentir o sabor daquele beijo... quase podia sentir os braços dele em sua cintura... quase podia ver aquele sorriso maroto...
“E no final das contas...” a moça suspirou “ele sempre esteve lá... quando eu estava brava... feliz... e quando eu realmente precisei...”

- Evans! Evans, espera aí! – Gritou o maroto, tentando acompanhar a outra.
- Por quê? Pra você me contar
de novo como são bons os presentes que sua mãe dá pra você? – Perguntou ela, tentando parecer brava, mas com um tom inconfundível de tristeza na voz.
- Mas eu não sabia do que aconteceu! – Exclamou o moreno, alcançando-a, com a voz quase suplicante.
- E suponho que isso seja desculpa pra você ficar se gabando dos presentes da sua mãe
quando eu já não tenho mais a minha?! – Retrucou a ruiva, deixando algumas lágrimas caírem.
- Na verdade, é – Respondeu James, segurando a menina pelo braço e fazendo-a ficar frente a frente com ele – Eu nunca ia ter dito aquilo se soubesse do acidente. Eu jamais iria querer magoar você, Lily.

O uso de seu primeiro nome desarmou um pouco a garota. O menino a encarou profundamente, tentando mostrar, tentando fazer Lily entender que ele jamais quisera isso, que ele jamais iria machucá-la assim de propósito.
A moça lentamente deixou a raiva desaparecer de sua face. Não agüentava mais. Doía mais do que ela podia suportar. Doía como nada jamais doera em sua vida saber que nunca mais iria ouvir sua mãe chamando-a de meu anjo... Nunca mais poderia abraçá-la... nunca mais poderia ver o sorriso dela...
A jovem baixou o rosto, tentando reter as lágrimas. Não queria chorar... não podia chorar... sua mãe não iria querer...

- Você pode chorar se quiser, Lily... – Falou James, protetoramente, erguendo o rosto dela.
- Não, não posso... – Retrucou ela, sentindo a voz embargar, lutando o máximo possível, mesmo que seus olhos já estivessem vermelhos e pequenos soluços já irrompessem em seu peito. – Minha mãe não iria querer me ver chorando... ela não ficaria feliz se soubesse...
- Sua mãe ficaria mais triste ainda se soubesse que você está retendo sua dor só pra você. – Interrompeu o garoto, séria e carinhosamente.

A menina encarou-o com os olhos inchados, e sentindo as lágrimas subindo por sua garganta aproximou-se do outro e se apoiou no peito dele...
Ela não suportou mais, e começou a soluçar como se alguém estivesse partindo seu coração com ferro em brasa. O maroto envolveu o corpo dela em um abraço, como se quisesse protegê-la do mundo e sentiu a moça agarrar a blusa dele e soluçar amargamente.
Chorava pela imensa solidão que sentia, como se todo o mundo tivesse desaparecido de repente. Sentia como se todos e tudo tivessem lhe abandonado, como se ninguém nunca mais fosse sorrir pra ela e perguntar se tudo estava bem... dizer que sentira saudades...
A ruiva escondeu o rosto no peito do garoto, sentindo que ele acariciava lentamente seus cabelos longos e lisos. As lágrimas dela encharcaram a capa do outro, e junto com elas, Lily sentiu que expulsava um parasita de dentro de si. Como se cada lágrimas que caia de seus olhos levasse junto um pouco da magoa e solidão que a oprimiam e tiravam seu ar.
James apertou a ruiva mais forte contra si, sentindo o sofrimento e os tremores da garota. E ela se sentiu protegida como nunca naquele abraço.
Vários minutos se passaram, até que ela pôde finalmente se acalmar.
O outro não deixou de abraçá-la, ainda afagando muito lentamente os cabelos dela.

- James... – Sussurrou Lily de repente, em uma voz meio rouca.
- O que? – Perguntou, bem baixo, quase carinhosamente. Ela ficou uns momentos em silêncio e se aconchegou mais no maroto.
- Obrigado. – Murmurou, fechando os olhos e deixando um pálido sorriso transparecer em seu rosto. O maroto sorriu melancolicamente de volta e aproximou seu rosto do dela.
- Por você eu faria isso mil vezes, Lil...

O coração da jovem se aqueceu carinhosamente e a ruiva fechou os olhos, querendo perder-se naquele abraço pra sempre.

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- Você está melhor? – Perguntou o moreno, entrando com a moça pelo buraco do retrato. Ela sorriu agradecida.
- Estou mais calma agora. – Murmurou.

A sala comunal estava vazia naquele momento, e a neve caia muito lentamente nos jardins escuros. Era noite de natal, e todos os marotos, bem como as amigas de Lily tinham viajado. Sirius fora visitar um tio e todos os outros estavam em suas próprias casas.

- Acho melhor eu ir dormir agora. – Falou a menina, palidamente, com um sorriso um pouco cansado. James sorriu e puxou a nuca da jovem, beijando suas testa carinhosamente.
- Boa noite Lily. – Sussurrou o maroto, deixando a outra rubra.

Quando ele se virou para subir as escadas, ela mordeu os lábios, imersa em uma tempestade mental violenta.


Vai atrás dele, sua boba! exclamou uma vozinha em sua cabeça.
Pra falar o que? Não temos mais o que conversar. retrucou uma segunda voz.
Temos sim! Temos uma infinidade de coisas sobre o que conversar! Nós dois temos tanta coisa em comum!
Bem, e no que isso realmente importa? Ele já entrou no dormitório de qualquer jeito
Ué, e?... Podemos perfeitamente subir as escadas
Ah, claro, grande! E então que tal dormirmos na cama dele? Não seria uma ótima idéia?
Ei, é mesmo uma ótima idéia!!! E não é que você serve pra alguma coisa?
O QUE?!! Você perdeu o juízo?!?! Ela é monitora! O que vão pensar dela se ela dormir com um garoto?!
E quem é que vai saber? O dormitório está vazio!
E por que nós iríamos querer dormir com ele sua coisinha estranha?!
Porque ela se sente solitária! Acha mesmo que a Lil pode superar a morte da mãe só abraçando um travesseiro?!
Não, claro que não, mas o que o Potter vai pensar?! Vai achar que ela é que nem aquelas outras ninfetas com quem ele sai!! E então nós estaremos totalmente perdi...
“Ah, querem saber?!” gritou a moça, de repente, interrompendo as vozes “QUE SE DANE!!”

Lily subiu as escadas, obstinada, e abriu muito lentamente a porta do dormitório masculino, sem fazer barulho. O luar entrava palidamente pela janela, iluminando algumas camas vazias e muita bagunça.
Ela olhou em volta e o avistou: o garoto estava de costas, já deitado em sua cama.

- James... – Chamou, baixo, fechando a porta atrás de si. O maroto se virou, curioso e surpreso.
- Lily? – O moço se sentou, espantado – O que aconteceu?
- Não aconteceu nada... – Respondeu a jovem, se aproximando um pouco – Eu só queria saber... James... será... será que eu poderia... será que eu posso dormir com você hoje? – Pediu, muito quente e vermelha. O garoto arregalou os olhos em um choque horroroso. – Quer dizer, não no sentido ruim! – Acrescentou rápido, ao perceber que a frase soara estranha. – Eu só queria saber se posso ficar com você por essa noite... só essa noite.
- Você... você quer dormir na minha cama... comigo? – Gaguejou o garoto. O semblante dela tornou-se meio triste.
- Não quero ficar sozinha agora... – Respondeu, mandando a cautela as favas e decidindo ser honesta – Quero ficar com você...

O coração da menina apertou-se um pouco, mas o dele simplesmente ganhou asas. O garoto tentou conter a estupenda alegria que sentia, e meneou a cabeça, fazendo que sim. Conseguiu arrancar um sorriso feliz de sua amada e se afastou um pouco, deixando espaço pra ela.
Lily se deitou, apoiando a cabeça no ombro dele e James passou o braço pelas costas dela, abraçando-a. Ele tirou algumas mexas de seu cabelo do rosto, fazendo a outra sorrir e corar.

- Boa noite, ruivinha... – Sussurrou ele, em seu ouvido.
- Boa noite, James... – Bocejou ela, sem se importar com o uso do apelido.

Sentiu-se segura e feliz como nunca estivera desde a morte de sua mãe, embriagada pelo perfume cítrico que o garoto sempre exalava, e que estava impregnado em tudo naquele quarto... Sentia a respiração quente dele em sua nuca, e isso a acalmou mais do que tudo mundo.
Lentamente, a ruiva fechou os olhos e se entregou ao sono.

- Eu amo você, Lil... – Murmurou o menino, adormecendo.

Ele jamais escutou o que a garota disse então, no último segundo antes de dormir.
Nenhum dos dois jamais se lembraria que aquelas palavras foram ditas naquele quarto e naquela noite. Apenas as luas e as estrelas foram testemunhas das palavras doces e serenas da grifinória:

- Eu também te amo... – Sussurrou a menina, carinhosamente, com um sorriso em paz.

O alvorecer do dia seguinte encontrou a moça de mãos dadas com o maroto, dormindo profundamente e sorrindo em seus sonhos.


Os olhos dela se encheram de lágrimas, mas ela não derramou nenhuma, sorrindo melancolicamente.
“Sinto falta de você, mamãe...” pensou, sentindo o coração apertando em seu peito “mas também sinto saudades de mais alguém agora...” Ela deixou escapar um pequeno soluço, enquanto os acontecimentos recentes enchiam sua mente.

Dia dos namorados. O sol brilhava ameno, iluminando os rostos alegres que saiam de Hogwarts em rumo à Hogsmead. James vinha andando pela estrada com uma garota loira simplesmente pendurada nele, quando estacou encarando algo mais a frente.

- O que foi, Jamie?... – Perguntou a menina, tentando seguir o olhar dele.

A ruiva estava mais a frente, rindo alegremente, e de braços dados com Amos Diggory. O sangue do maroto imediatamente ferveu como nunca antes. Ele largou a garota com quem viera e começou a andar quase correndo em direção a Lily.
Já estava a menos de um metro de distancia quando reuniu todo o ódio que sentia e gritou para os dois:

- Hey! – Diggory se voltou surpreso, mas a garota o encarou com um misto de raiva e temor. – Posso saber o que está acontecendo aqui?
- Não é da sua conta, Potter! – Retrucou ela, completamente acida.
- Como não é da minha conta?! – Enquanto isso o garoto ainda encarava tudo meio aturdido.
- Exatamente! Não é da sua conta! Caso você não tenha percebido, eu não sou
nada de você! – James pareceu não encontrar argumentos contra isso então tomou a defensiva.
- Porque você está saindo com ele?! - Indagou, apontando para o outro. – Você não aceita sair comigo e vai sair logo com
esse daí?
- Ele é bem melhor que você Potter! Pelo menos
ele não sai com meia dúzia de garotas no mesmo dia!
- Pelo menos
eu consigo falar e respirar ao mesmo tempo sem sobrecarregar o meu cérebro!
- Ãh... Lily... – Sussurrou Amos, parecendo constrangido – Vamos embora...
- É uma ótima idéia Amos! – Respondeu a ruiva, virando-se. Então uma sucessão de reações automáticas se deu.

James segurou o braço de Lily para fazê-la parar de andar, a moça reagiu sacando a varinha e uma luz verde relampejou. O garoto havia desarmado-a antes que ela pudesse fazer qualquer coisa e quando viu que a guarda da outra havia baixado puxou seu braço, trazendo-a muito pra perto e segurando-a pela nuca.

- Porque você está saindo com ele se é de mim que você gosta, Lily? – Perguntou, em um sussurro, fazendo a outra corar.

A moça não percebeu de verdade o que acontecia. Sabia inconscientemente que estava muito próxima, que havia muita gente olhando, sabia que o maroto a puxava muito pra perto, mas não conseguia processar nada disso...
Já podia sentir respiração dele, quando sentiu que alguém empurrava o jovem pra longe. Amos agora estava entre ela e o maroto, furioso.

-
Que idéia foi essa? – Berrou, ante uma Lily estupefata. – Você acha que pode sair por aí beijando qualquer uma? Quem você pensa que é?!
- E quem
você pensa que é pra roubar a garota dos outros?
- Desde quando eu sou a sua garota?! – Enfureceu-se a menina mais uma vez.
- Ela está comigo, Potter. – Retrucou o outro. E se virou.

A jovem não entendeu exatamente o que aconteceu a seguir. Só viu um vulto passando com força por ela e caindo em cima de Amos. Ela pulou pra trás com um grito, percebendo em choque que os dois garotos estavam engalfinhados no chão.
Já havia uma multidão cercando a cena e agora vários expectadores começaram a gritar, encorajando ou vaiando. A garota estava simplesmente parada, estupefata, tentando entender o que estava acontecendo, quando um soco mais feio de Amos fez o sangue espirrar do lábio de James.

-
Parem com isso!! - Gritou ela, tentando aproximar-se sem levar um soco – Parem com isso o que vocês pensam que estão fazendo??

Mas nenhum dos dois estava prestando atenção. Continuavam tentando atacar cada centímetro disponível, completamente imundos de tato rolar no chão. Lily começou a gritar aumentando o volume cada vez mais, até que sua paciência se esgotou.

- CHEGA!!! – Berrou, sacando a varinha – Expelliarmos!

Amos, que estava por cima no momento, foi lançado pra trás e ela se interpôs entre os dois. Os garotos ainda estavam muito vermelhos. O lábio do maroto ainda sangrava e o loiro estava repleto de hematomas.

-
Chega!! - Repetiu a ruiva, agora vermelha também – Quantos anos vocês tem, cinco?? Eu esperava isso do Potter, Amos, mas nunca de você!! – O garoto pareceu subitamente envergonhado e ela se virou para o outro – E você!! Você é o maior galinha, prepotente, idiota, imbecil, a criatura mais abissal, projeto de homo sapiens que eu já vi na vida!! – Definitivamente ela estava a beira da histeria, avançando e fazendo James recuar - Que merda você estava pensando?!?!
- Que merda você estava pensando quando saiu com ele?! Lily, quantas vezes eu tenho que repetir?! EU AMO VOCÊ TÁ LEGAL?!
- E o que eu tenho que fazer pra você entender Potter?? Eu não gosto de você nem nunca vou gostar!! EU ODEIO VOCÊ!!! Você é nojento, é baixo, eu nunca olharia pra você!! Além disso você acha mesmo que acreditaria que você me ama?! É claro que isso é só um golpe pra que saia com você!!
- Não, NÃO É! – Berrou o maroto, segurando o braço dela. – Quer saber?! Eu passei todos esses anos da minha vida correndo atrás de você!! Mas você não liga não é mesmo?! Por isso, ÓTIMO, se você quer que eu te deixe em paz, eu vou deixar!! EU DESISTO!
- ÓTIMO! – Berrou ela de volta, soltando seu braço. – ADEUS POTTER!!

Depois disso só conseguiu sair correndo de volta para o castelo, empurrando a garota que viera com James e pingando lágrimas.


Lily balançou a cabeça, tentando conter uma nova onda de lágrimas. Dia dos Namorados... O dia em que tivera a pior briga possível com James. O dia em que se descontrolara e gritara mais insultos do que nunca antes na vida...
E hoje... Hoje era Dia dos Namorados.

- Porque eu sou tão idiota? – Murmurou, fechando os olhos – Eu simplesmente abri a boca e comecei a vomitar um bando de bobagens... – Era estranhamente reconfortante falar isso em voz alta – Como se eu não estivesse saindo com o Diggory só por que... – E aqui finalmente algumas lágrimas rolaram por suas bochechas – Porque eu não conseguia parar de pensar no James... – Ela começou a soluçar – Ele nunca vai falar comigo de novo depois de hoje...

A garota se rendeu as lágrimas e se sentou, enfiando o rosto entre seus braços, soluçando tristemente. Estava confusa, terrivelmente confusa. Não conseguia entender o que queria fazer, o que devia fazer... e muito menos podia entender o que sentia...
Ela não o odiava, tinha certeza disso. Não mais.

“O que eu sinto por ele afinal?” pensou, por entre o choro.

Algumas imagens começaram a relampejar em sua mente.

O maroto agarrando o pomo e fazendo a ruiva se levantar e comemorar animada, junto com toda a torcida grifinória

“O James... tem um jeito especial”.

Lily encostada na parede com o coração aos pulos, enquanto o moreno se aproximava cada vez mais...

“Não importa quanto um garoto for bonito... o jeito dele... é simplesmente único...”

James arrepiando os cabelos e beijando-a na bochecha, fazendo a garota berrar enquanto ele corria...

“Eu não me sinto assim com mais ninguém...”

O menino fazendo cocégas nela, que tentava desesperadamente parecer brava, sem resultados...

“Quando estou perto dele...”

O maroto rindo alegremente...

“...ele me deixa nervosa...”

A ruiva gaguejando e corando cada vez mais...

“...me deixa brava...”

Lily gritando com o menino, que se encolhia...

“...me deixa alegre...”

A moça rindo de uma piada boba do maroto, que parecia abismado...

“e quando eu não estou com ele...”

a garota olhando deprimida pela janela, sozinha na biblioteca...

“é só nele que eu consigo pensar...”

Lily escrevendo as iniciais J.P. distraidamente em um canto de pergaminho...

“O James... é diferente de todos os outros”

O menino parado no meio de uma multidão enorme, mas mesmo assim ela conseguia distingui-lo perfeitamente...

“ele é especial pra mim”

A ruiva gritando e deixando lágrimas caírem quando o garoto levou um balaço na nuca e caiu da vassoura...

“isso não é ódio...”

o garoto abraçando-a pela cintura e fazendo a outra corar...

“mas também não é amizade...”

James muito vermelho, enquanto a moça colocava a mão em seu rosto, que ardia em febre...

“acho que depois de todos esses anos...”

Lily abriu os olhos aguados e viu o rosto do garoto refletido em seus olhos, ainda com o rosto apoiado entre seus braços.

- James Potter finalmente roubou o meu coração...
- E isso é motivo para você chorar? – Perguntou uma voz doce, junto a seu ouvido.

A ruiva levantou a cabeça violentamente quando sentiu alguém parar ao seu lado. Seu coração parou de bater de repente, e todo seu fôlego desapareceu junto com a cor de seu rosto.
James estava em pé ao seu lado, sorrindo ternamente.

- James! – Exclamou ela, ofegando e se levantando de um pulo. – Desde quando você esta aí?
- Na verdade, já faz tempo. – Respondeu ele, ternamente. A outra abaixou os olhos. – O que foi? – Perguntou o maroto, olhando-a com preocupação.
- James, eu... eu queria me desculpar por hoje a tarde... eu não queria...

O menino interrompeu a outra, levantando seu queixo com delicadeza. Ela encarou o garoto ainda com o rosto molhado e sorriu palidamente, entendendo em um segundo que o outro não estava bravo.
Com o coração muito mais leve, ela se aproximou e envolveu o pescoço dele com os braços, apoiando o rosto em seu ombro. O maroto abraçou-a pela cintura, sentindo o coração dela pulsar sobre o seu.

- Você ouviu, não é? – Murmurou Lily, calmamente.
- Do começo ao fim. – Respondeu ele, sorrindo.
- Então suponho que você já saiba... – A moça aproximou o rosto do pescoço dele, aproveitando docemente à proximidade – como você conseguiu, James?... Como você pôde passar todos esses anos agüentando tudo que eu dizia pra você?...

Ele não respondeu de imediato, entrelaçando seus dedos nos cabelos ruivos dela. Lily fechou os olhos, inebriada pela presença do outro, sentindo aquele perfume maravilhoso, aquela caricia deliciosa...
James deslizou a mão lentamente pela nuca da menina e fazendo-a se arrepiar. Finalmente o maroto aproximou os lábios do ouvido dela e sussurrou, numa voz ardente e doce, de um jeito que ela jamais ouvira:

- Porque eu amo você, Lils... Eu amo você mais do que eu amo qualquer coisa desse mundo...

O coração dela desembestou a bater. Sua face ficou vermelha e muito quente e ela desceu as mãos lentamente, segurando a blusa do outro com força. Sua respiração estava entrecortada e uma vozinha distante parecia gritar em sua mente... ela precisava dizer... dizer de verdade...
Lily levantou o rosto e encarou os olhos castanhos do menino. Ela gostava tanto daqueles olhos... gostava tanto daquele maroto... mas não consegui dizer isso... Todo seu interior estava tomado por uma luta violenta, algo que lembravam vozes gritando opiniões diferentes e confundindo-a ainda mais...

- Ai, Merlim... – suspirou a menina, fechando os olhos, ante um James confuso. Ainda de olhos fechados, ela soltou um risinho – Ah, que se dane.

E imediatamente pulou no pescoço dele, colando seus lábios.
Quem se importava... ela amava aquele maroto... ela o amava demais... e não queria mais ficar longe dele, não queria brigar com ele, não queria perdê-lo nunca, nunca mais...

No Dia Seguinte – Final do Torneio de Quadribol

- Black acabou de rebater um balaço chocante no apanhador de Sonserina! – Exclamou o pequeno aluninho da Lufa-Lufa, que irradiava o jogo – Potter está a centímetros do Pomo!! Ele mergulha... meu Deus, vejam como é rápido! E... ELE APANHOU O POMO DE OURO!!!!!! GRIFINÓRIA VENCE A TAÇA DE QUADRIBOL!!!!!!

A arquibancada vermelho e ouro explodiu em gritos. Como uma só pessoa, todos os torcedores pularam em pé, berrando, batendo palmas, abraçando quem estivesse por perto.
Lily ignorou os colegas que a olhavam discretamente, continuou a gritar e bater palmas com força, assim como todos os outros. James virou no ar, com a bolinha dourada na mão e seu olhar se encontrou com o dela.
Sorrindo, lembrando muito bem da promessa que fizera na noite anterior, ele puxou a varinha de dentro das vestes a apontou-a para a própria garganta.

- Sonorus! – Exclamou.

As arquibancadas ainda berravam com força, batendo palmas e alguns torcedores já invadiam o campo, mas Lily continuava parada, sorrindo, vermelha de tanto gritar.

- Hey, podem me dar um segundinho? - Gritou James, de repente, fazendo toda a multidão estacar e olhar para ele - eu quero aproveitar o momento pra fazer uma pergunta muito importante pra menina mais linda de Hogwarts!

Na arquibancada, a moça sorriu, encantada, sentindo os olhos ligeiramente marejados. Mary e Kate a olhavam interrogativamente, mas ela não notou.

- Lily Evans - Começou o moreno, ainda em pleno ar - Você quer namorar comigo?

Imediatamente todos explodiram em burburinhos, risadas sarcásticas e cabeças balançando. A garota riu, ainda com os olhos meio marejados e apontou a varinha para si mesma, murmurando “Sonorus”.

- SIM!

Hogwarts explodiu em gritos.
Metade das garotas começou a chorar; as outras berraram “Não!” com todas as forças.
Mary e Kate gritaram “Finalmente!”, sem ligar nem um pouco pra discrição.
Dumbledore, McGonagall e os demais professores sorriram e balançaram a cabeça.
Mas James virou a vassoura na direção dela, aproximando-se das arquibancadas e fazendo os outros alunos se afastarem. Lily sorriu, rindo de forma meio embargada. O maroto se aproximou e puxou a namorada para sua vassoura, beijando-a cinematograficamente enquanto voava cada vez mais alto.

- Eu amo você, Lil... – Sussurrou ele, com o maior sorriso do mundo.
- Eu também amo você, seu bobo... – Respondeu ela, feliz e leve como nunca antes.
- Eu amo você mais. – Insistiu o moreno, abraçando-a pela cintura. Lily riu.
- Impossível. – E o puxou, colando seus lábios.

A vassoura continuou a subir, mergulhando nas nuvens fofas e brancas no alto.

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Hi, hi, meus leitores!! Que acham? Minha primeira short-fic! *pulinhos* E olha só que irônico; ela rendeu vinte págs. do Word, o que é umas dez páginas a mais que os meus caps. geralmente rendem! Mais uma coisa:

COMENTEM!!


Não deixem de dar uma passadinha nas minhas outras fics aqui da F&B, isso seria ótimo de verdade !

A APOSTA DE JAMES
e/ou
NOITES DE SILÊNCIO


Ah é, e quase esqueci de mencionar o cap. bônus!
Respostas aos primeiros trinta comentários no capitulo extra! Com participação especial dos marotos e das travessas!
(Ah, explicando, travessas somos eu, a Lily, a Zih e minha prima Camila!)
Dependendo do coment. só algumas pessoas vão responder! Comentários longos e construtivos recebem todo o mundo, comentários mais modestos ganham OU os marotos OU as travessas. Comentários mal-educados ganham o seboso!

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