Sentimentos



Snape levou Laura para a masmorra. Ela sentou no sofá e ele foi preparar uma boa dose de poção restauradora. Os dois estavam precisando se recuperar, aquelas últimas horas tinham esgotado as forças deles.


- Beba isso, senhorita. Logo vai se sentir melhor. O efeito é bem rápido.

- Obrigada, professor. – Laura já sabia o que era aquela poção.


Snape parecia um pouco inquieto, além do cansaço aparente. Tentava evitar olhar para ela, mas cada vez era mais impossível. Ainda estava muito nervoso com o que havia acontecido. Ela salvou sua vida, mas por quê? Será que aquela brincadeira que o Lord das Trevas disse era verdade? Snape precisava confirmar isso....


- A senhorita não deveria ter feito aquilo. – Ele falou seriamente, ainda desviando o olhar dela.

- O que eu fiz de errado?

- Tentou impedir que Voldemort me matasse... Poderia ter morrido!

- Mas eu não morri, professor!!! – Laura já começava a sorrir, a poção estava fazendo efeito bem rápido.

- Isso foi sorte. A fúria daquele monstro não tinha limites....

- É, talvez tenha sido sorte mesmo...mas se eu não tivesse me metido na briga de vocês, a essa hora não estaríamos aqui discutindo meus atos... – falou com um pouco de ironia.

Snape andou de um lado a outro da sala, mexendo nos cabelos, tomou fôlego e continuou:

- Por que arriscou sua vida para salvar a minha?

- Não importa o motivo, professor....só que o senhor está vivo!!!

- Mas eu preciso saber – Snape parou na frente dela encarando-a.

- Professor....eu não quero falar sobre isso. Não agora. – Laura se levantava do sofá. – Já estou me sentindo bem melhor, vou para meu quarto.

- Tem algo a ver com o que Voldemort comentou?

- O que ele disse? – ela se fez de desentendida.

- Que a senhorita está....bem.... – ele não conseguia dizer.

Laura desviava o olhar de Snape.

- Já disse, não quero falar sobre isso agora....e....de qualquer forma, acho que o senhor é inteligente suficiente para entender meus motivos sem a necessidade de eu explicar. – Falou e se virou indo em direção a porta.

- Mulheres.... – Snape resmungou baixinho.

- Boa noite, professor. Talvez em outra hora continuemos essa conversa.

Laura já estava quase na porta, quando Snape a segurou pelo braço, impedindo que ela fosse embora. Olhou firmemente nos olhos dela.

- Professor! – Laura se surpreendeu com a reação dele.

- Eu acho que sei quais são seus motivos....só queria ter certeza... – ele falou sussurrando, sem parar de olhar para ela.


Laura não conseguiu responder, só correspondeu ao seu olhar, como se confirmasse o que ele dizia. Snape entendeu o que os olhos dela lhe disseram e a puxou pela cintura contra seu corpo e a beijou. Laura praticamente se derretia nos braços de Snape, entregou seu corpo àquele abraço e seus lábios ao maravilhoso e longo beijo. Laura o abraçava forte, alisava suas costas e sentia o perfume de ervas dele. Os lábios dele eram macios, quentes e úmidos e sua língua parecia que queria se enroscar com a dela...

Naquele momento esqueceram Hogwarts, Voldemort, Dumbledore, aulas de Poções...tudo! O tempo parecia que havia parado. Eles se acariciavam e se beijavam incansavelmente.

Ele a puxava cada vez mais para perto do seu corpo. Beijou o pescoço e o colo de Laura....depois voltava aos lábios dela.... O desejo estava praticamente incontrolável, mas uma ponta de razão passou pela mente de Snape que imediatamente se afastou, virando de costas. Seu rosto queimava de tão vermelho e ele falou:

- Perdoe-me...- disse evitando olhar para ela. – Eu me excedi...

- O que foi? – perguntou surpresa.

Snape se virou e olhou para ela e disse.

- Acho melhor conversarmos amanhã. Esta noite foi muito tumultuada....

- Tudo bem....melhor descansarmos....continuaremos nosso...assunto em outra hora. Boa noite, professor.


Laura saiu da masmorra com um sorriso. Apesar dele ficar um pouco “seco” quando se deu conta do que estava acontecendo, ela não se importava. Sabia como ele era.... ele detestava admitir seus sentimentos. Deitou na cama, ainda sentindo o sabor dos beijos dele nos lábios.... Não tinha certeza de que conseguiria dormir aquela noite....se conseguisse, provavelmente sonharia com ele a noite inteira!


Snape, logo que Laura saiu, foi tomar um banho. Precisava relaxar seu corpo que ardia de desejo por ela. Queria continuar a beijá-la, a acariciá-la...mas não podia esquecer que trabalhava numa escola e, o que o Diretor pensaria de tudo isso? Vários empecilhos passavam pela sua mente...mas ao mesmo tempo não conseguia parar de pensar nela um minuto sequer. Depois do banho tentou dormir, mas o gosto dos lábios dela não o deixavam....


**


Pela manhã, Snape recebeu uma coruja avisando que haveria uma reunião da Ordem, após o café, na sala do Diretor. Assim que entrou no Salão Principal, viu Laura. Ela estava linda, parecia feliz e radiante. Os olhares dos dois a toda hora se cruzavam e nesses momentos, eles sentiam um calor e os lábios pareciam que ficavam ressecados....


Laura tentava disfarçar, ficava conversando com seus colegas de mesa sobre o fim de Voldemort. Todos os alunos já sabiam da novidade pois, como é bem normal em Hogwarts, as notícias se espalham tão rapidamente que não é necessário nenhum tipo de mágica para que isso aconteça.


Mas, nem todos pareciam felizes com a morte do Lord das Trevas. Muitos alunos da mesa da Sonserina estavam com caras de “poucos amigos”. Draco Malfoy deveria estar comemorando, pois, para sua felicidade conseguiu escapar da prisão, junto com Crabbe e Goyle. O Ministério decidiu dar uma segunda chance aos garotos, pois eles poderiam estar agindo sob influência dos pais. Mas, mesmo assim, Draco não estava satisfeito. Sua mãe e seu pai estavam presos em Azkaban e seus bens foram retidos pelo Ministério para investigação.


Após o café, Dumbledore se levantou e comunicou, oficialmente, a todos os alunos, o fim de Lord Voldemort. Quase todos os alunos aplaudiram de pé. Mas, o que fez os alunos pularem e vibrarem, foi quando o Diretor falou que, devido a esse acontecimento histórico, a escola teria uma semana de recesso. Os alunos que quisessem poderiam passar essa semana em casa.


Depois de toda essa “festa” no Salão Principal, os professores que faziam parte da Ordem da Fênix, junto com alguns alunos, foram para a sala do Diretor, para a reunião, inclusive Laura. Ela foi convidada, pois estava presente na noite da última batalha.


Dumbledore queria agradecer a todos por tudo que fizeram em nome da Ordem e do mundo bruxo. Avisou que o Ministro da Magia iria fazer uma festa em homenagem aos “Guerreiros da Ordem”, mas ainda não havia marcado a data. Dumbledore agradeceu especialmente ao Professor Snape que, por todo o tempo, arriscou sua vida em nome da Ordem, fazendo serviço de espionagem junto aos Comensais da Morte.


A reunião foi bem rápida. O Diretor queria deixar todos à vontade para comemorarem. Dispensou todos, menos Snape. Queria conversar outro assunto em particular. Esperou que todos saíssem e falou:


- Aceita mais um chá, Severo?

- Não, obrigado.

- Bem, meu amigo, agora que Voldemort morreu, quero que saiba que não é mais obrigado a ficar trancafiado aqui em Hogwarts. Sinta-se à vontade para sair, se divertir, viajar.....e, se quiser, até mudar de vida e....de profissão!

- Não pretendo sair daqui de Hogwarts. Quero continuar dando aulas.

- Mesmo que tenha que continuar dando aula de Poções? Você sabe, o cargo de DCAT já está preenchido.

- Sim, eu sei. Mesmo assim, quero ficar, se você ainda me quiser aqui, é claro. – disse levantando uma sobrancelha.

- Claro que quero que fique! Você é um professor maravilhoso. Não seria fácil encontrar outro à sua altura, Severo.

- Obrigado, Alvo.

- Mas....posso fazer uma pergunta? Como amigo....

- Sim, fale.

- Não pude deixar de observar a troca de olhares entre você e a Srta. Steen. O que está havendo, Severo?

- N...n...nada, Alvo.... – Snape ficou vermelho e sem saber o que dizer.

- Tudo bem, entendo que não esteja à vontade para falar disso....mas quero que saiba que meu desejo é vê-lo feliz. A Srta. Steen, apesar de ser aluna, é maior de idade, Severo. Não existe nada que proíba vocês dois de ficarem juntos, mesmo que seja aqui em Hogwarts.

Snape olhou para Dumbledore, sem dizer nada.

- Não precisa me responder nada agora, pode ir, mas....pense bem nisso que lhe disse.

Severo saiu da sala do diretor rapidamente. Sua cabeça parecia que rodava, estava completamente transtornado, confuso.... Um relacionamento entre professor e uma aluna, para ele, era uma coisa inconcebível. Ele foi para sua sala, na masmorra, pensar sobre o que Dumbledore lhe disse. Queria Laura, se sentia atraído por ela e....talvez até sentindo algo a mais. Se fosse ter algo com ela, teria que ser um relacionamento muito discreto. Os alunos, principalmente o trio grifinório, se descobrissem, iriam infernizar sua vida durante todo o tempo....


Ele ficou durante horas na sua sala. Tentou fazer algumas poções para distrair seus pensamentos, mas, por incrível que pareça, nem isso ele conseguia fazer. Errou a quantidade de ingredientes, o tempo de aquecimento, enfim, não conseguia se concentrar o suficiente para fazer isso. Pegou um livro na estante e sentou-se confortavelmente no sofá para ler. Também não deu certo....Laura não saía nem um segundo de sua cabeça... “O que eu tenho?”... “Por que esta mulher me perturba tanto?” – Snape se perguntava. Ele parou um pouco, tentando se acalmar e acabou se dando conta do que estava acontecendo...estava apaixonado....


**


Dumbledore tentava “escapar” da conversa que deveria ter com Harry sobre o livro. “Voldemort não deveria ter mencionado....” pensava o diretor. Ele estava preocupado com a reação do garoto. Teve um momento que não havia mais jeito, deveria enfrentar a curiosidade de Harry.


Potter entrou na sala do Diretor e estava decidido a permanecer lá até que Dumbledore conversasse com ele. Estava furioso.


- Sente-se, Harry. Aceita biscoitos?

- Não, obrigado. – ele estava sério e parecia furioso. – Só quero uma explicação.
Dumbledore suspirou.

- Pois bem.... Existe uma trouxa ..... – Alvo contou resumidamente tudo que sabia sobre a escritora e os livros.


Harry ficou com os olhos arregalados, praticamente não acreditando no que Dumbledore dizia.


- Essa mulher é doida! Será que não existe um feitiço que bloqueie esses sonhos?

- Estamos pesquisando um jeito. O Ministério já está trabalhando nisso há algum tempo, mas até agora não conseguiu nada.

- Podia ser como “Oclumência invertida”....sei lá!!! Qualquer coisa! Ela está invadindo a minha privacidade!

- Não é só a sua, Harry.

- De quem mais?

- Severo Snape também está muito aborrecido com isso.

- Como assim?

- Por exemplo, o que você viu na penseira dele e o que descobriu sobre ele ser seu tio.

- Tem razão.....isso é péssimo! Todos os trouxas, e alguns bruxos nascidos trouxas podem ler esses livros e descobrir tudo!

- É um risco.

- Tem muitos alunos que sabem disso?

- Pouquíssimos alunos....graças a Merlin!

- Hermione sabe?

- Acredito que sim, Harry. Não posso afirmar. Quem cuida disso é o Ministério, não eu. E, se ela sabe, é proibida de falar qualquer coisa. Principalmente aqui em Hogwarts. É expulsa na mesma hora e banida do mundo bruxo.

- Uau!! – Harry parecia um pouco mais aliviado. – Mas....e os Dursley, sabem disso?

- Por sorte, essa família não é muito fã de livros e sequer costuma visitar livrarias....

- O Senhor tem algum desses livros para eu ler?

- Não tenho. Quem comprou todos foi Severo. Ele ficou muito curioso para ler. Queria saber tudo em detalhes.

- Então eu não tenho chance nenhuma de ler, a não ser que compre os livros para mim....

- Severo não é tão cruel quanto parece, Harry. Vocês dois têm que se entender, ele é seu tio!

- Já disse isso prá ele? É mais fácil Sirius voltar do que Snape me aceitar como sobrinho...

- Com o tempo ele vai conhecer você melhor, Harry. Acredito que um dia vocês vão se dar bem....

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