O início da era marota
*A mesma ruiva de outrora adentra por um buraco adiante, sentando-se na poltrona vermelha. Larga seus livros ali e ergue a cabeça, observando os presentes*
-Olá! *sorri* Que bom encontrá-los novamente! *ela desvia o olhar para o lado, depois voltando sua atenção para os livros. Pega um deles, suspira e nos encara novamente.* Pois bem, sem mais enrolações, demos início a história.
"Eu tinha mais ou menos sete anos quando comecei a perceber coisas estranhas em meu comportamento, coisas que não condiziam com ações de pessoas comuns. Meus pais, que deviam estar tão intrigados e confusos quanto eu, fingiam julgar aqueles fatos como uma mera coincidência ou acidente, embora minha irmã adorasse colocar caraminholas na cabeça deles a meu respeito. Petúnia não era o melhor exemplo de amiga pra todas as horas, pelo menos pra mim. Me olhava de um jeito enojado, como se eu fosse de outro planeta. Foi então, no ano seguinte, aprendendo a relevar e ignorar tais acontecimentos que tudo pareceu voltar ao normal, felizmente. Mas, num belo dia de primavera, Petúnia resolveu, acompanhada de suas amigas, caçoar do meu cabelo e da maneira que eu me vestia, para ela, um tanto desengonçada. Eu juro à Merlim, fiz de tudo para me fingir de surda, mas meus pensamentos não obedeciam. Pareci acordar da minha fúria apenas quando o cabelo de uma das amigas dela começou a pegar fogo e a garota saiu esperneando pelo jardim, seguida de Petúnia, que não ficava muito atrás no timbre dos berros. Tapei meus ouvidos, observando aquela cena, e apesar da minha expressão de espanto, me divertia por dentro com tudo aquilo, e minhas gargalhadas ecoavam em meus ouvidos, mesmo silenciosas. Mamãe, que estava na cozinha, foi verificar o que estava havendo e logo em seguida, atirou um balde d'água na menina. Ela ficou encharcada, soltou os palavrões mais cabeludos e disse que nunca mais voltaria a pôr os pés naquela casa. Petúnia, em desespero tentou impedir a saída brusca das amigas, mas foi em vão. Quando a poeira baixou, adivinhem da existência de quem ela lembrou? Pois é, voltou bufando para onde estava sentada ninguém menos do que sua irmã anormal, ou seja, eu. Sua expressão de raiva fazia contorcer cada milímetro de músculo que ela tinha naquela cara que me lembrava tanto um daqueles quadrúpedes trouxas (Como é mesmo o nome? Ah, cavalo). No instante seguinte ela me erguia pela gola da blusa, exigindo explicações do acontecido.
-Anda sua anormal! Fala! Por que fez aquilo? -urrava ela.
-Eu... -respondi sufocada, com muita dificuldade em falar. -Não sei do que está falando, não fui eu! -já estava ficando vermelha da cor dos meus cabelos, quando mamãe interrompeu a agradável cena. Petúnia me soltou e eu inspirei fundo, arregalando os olhos e massageando meu pescoço.
-O que é isso meninas! Vocês são irmãs! -censurou ela, ficando entre nós e fazendo com que Petúnia estivesse a uma distância considerável do meu lindo pescocinho, o qual com o olhar ela fazia menção de encarar ameaçadoramente.
-É essa anormal mamãe! -urrou Petúnia -Como sempre, o nosso problema é ela!
-Eu não fiz nada! O cabelo da garota começou a queimar do nada, mamãe por favor, acredite em mim! -choraminguei suplicante. A senhora Evans apenas suspirou aborrecida.
-Não sei mais como lidar com isso. Vocês como irmãs deviam se tratar com o devido respeito, são sangue do mesmo sangue.
-Essa anormal nunca vai ser minha irmã! Acho que já está na hora de revelar que ela foi adotada, o que acha mamãe?
-BASTA Petúnia! -cortou mamãe de maneira impassível. -Como pode afirmar um absurdo desses? Agora andem, as duas pra dentro, antes que comece a esfriar. -ordenou ela.
De má vontade, eu e Petúnia entramos, emburradas. Eu subi direto ao quarto, enquanto ela se afundou no sofá para ver aqueles programas de fofoca trouxas que passavam na tevê. Sim, nós tínhamos uma tevê, apesar de eu quase nunca assistir. Minha família era toda trouxa.
Pulando toda essa parte de brigas entre eu e minha querida irmã -que não foram poucas- aos onze anos, finalmente descobri todo o motivo de minha anormalidade: que alegria, eu era bruxa! E uma carta estranha de uma tal Hogwarts Escola de Magia e Bruxaria veio constatar isso. Junto dela havia uma lista dos mais vários livros com títulos realmente estranhos, vestimentas e materiais que eu deveria comprar. O mais estranho de tudo é que a tal carta foi entregue por uma coruja. A princípio desconfiei bastante, achei que era mais uma das brincadeirinhas sem graça de Petúnia & CIA, até que mamãe me contou que há vários anos uma tia-avó dela (e quantos anos hein? *O.o""""*) foi contemplada com essa mesma carta, além de um primo distante. Depois disso foi tudo o máximo! Pensar que poderia estar em um lugar diferente, onde aquelas coisas anormais que eu fazia eram absolutamente comuns, um lugar com magias e poções,e o melhor: longe da Petúnia! Era bom demais pra ser verdade, apesar de, mais para frente, eu descobrir que não era bem assim. Mas isso eu conto mais adiante. *pisca*
O dia 1º de setembro parecia demorar tanto a chegar! Na noite antes da viagem eu andava de um lado pro outro do meu quarto, nervosa, mordendo as pontinhas da minha unha. Não me surpreenderia se abrisse um buraco ali e eu despencasse sala abaixo. Foi a muito custo que lá pelas onze da noite me obriguei a dormir para não me atrasar para o grande dia. Afundei minha cabeça no travesseiro tentando inutilmente adormecer pra ver se o tempo passava mais rápido. Meu coração estava a mil: o que será que eu veria? E as pessoas? E os professores, e o ambiente? Aqueles pensamentos me rodearam por toda a longa hora seguinte, e a ansiedade pareceu finalmente me fazer cansar quando adormeci.
No outro dia, já cedo, mamãe e papai me levaram até a estação King Cross em Londres que não ficava a muito tempo de nossa casa. Quando finalmente reparei no bilhete haver um dado estranho: dizia plataforma nove e meia. 'Nove e meia? Existe alguma plataforma nove e meia?' pensei comigo mesma, franzindo o cenho como se isso fizesse o tal número transformar-se em algo mais comum. Meio encabulada fui pedir informação a um dos maquinistas, mas sem sucesso.
-Essas crianças! -riu-se ele. -Onde estão seus pais mocinha?
Sem responder, eu apenas me afastei sem jeito e bastante nervosa. Apesar de ainda serem nove horas, eu tinha apenas mais uma para descobrir onde ficava a tal plataforma. Andei por toda a estação e nada. Vários pensamentos começaram a tomar minha mente, um deles como uma espécie de irritação por estar sendo enganada ou alguém estar debochando da minha cara. Meus passos se tornaram mais apressados e eu voltei à estaca zero: olhei para o número nove da plataforma com vontade de chorar, como se isso resolvesse meu problema. Aí eu ouvi passos atrás de mim. Virei-me:
-Está perdida? -perguntou um garoto que parecia ter minha idade, com uma expressão curiosa no rosto. Suspirei cansada.
-Na verdade -comecei me aproximando dele com o bilhete erguido na mão direita -Estou meio confusa. Olhe: neste bilhete diz plataforma nove e meia, mas até agora eu não achei uma alma viva que pudesse me dizer onde é isso.
O garoto sorriu observando-me.
-Hum, então você vai pra Hogwarts também? Legal... É filha de pais trouxas?
-Como disse? -retruquei como se ele estivesse falando em alemão comigo.
Ele fez uma careta, divertindo-se com a situação.
-É realmente, você ainda tem muito o que aprender. Como disse que era mesmo seu nome?
-Ah, claro. -afirmei confusa. -Não, eu não disse. -estendi-lhe a mão educadamente. -Sou Lílian. Lilían Evans.
-James Potter, é um prazer Evans. -falou ele sorrindo aceitando minha mão. -Tudo bem, agora venha, vou te explicar o que tem que fazer. -ele me guiou entre a coluna que separava a plataforma nove da dez. -Mire o meio dela e siga em frente. -encarei-o como se ele fosse de outro mundo. -É sério, confie em mim! Se estiver nervosa corra...
Segui meio a contragosto as instruções dele, embora não tivesse nada a perder mesmo. Como estava nervosa, mirei o meio da plataforma e pus-me a correr. Foi então que..."
N/A: Vocês saberão no próximo capítulo ;D Espero que estejam gostando... Desculpem se houver algum erro, e me avisem onde ele está, caso haja, pra eu poder arrumar :)
:*
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