Altos e Baixos



Capítulo XVII – Altos e Baixos


 


OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO


 


 Um simples amigo acha que a amizade terminou quando vocês têm uma discussão.


Um verdadeiro amigo sabe que não existe uma amizade enquanto vocês não tiverem divergência.


 


 


 


- Eu sou o namorado dela, seu asno insolente. – Black respondeu fazendo todos os queixos próximos caírem tanto quanto possível, inclusive o meu – E se você tem amor a sua vidinha medíocre é melhor começar a tratar a mim e a minha garota com mais respeito.


 


 


 


 


Lily Evans


 


Meu cérebro parou de funcionar. Eu estava tão chocada que a única coisa que me sentia capaz de fazer era encarar o garoto moreno à minha frente com a boca aberta. Minha boca, não a dele, claro.


 


Black deu dois passos para perto de mim e abriu um sorriso.


 


- Doce Lily. – ele disse devagar, como se as palavras fossem realmente prazerosas – Não precisamos mais esconder.


- O... O quê – consegui formar algumas palavras depois de muito esforço – Black, o que... – eu ia começar a fazer perguntas, mas me calei quando ele se aproximou mais e me abraçou.


- Você tem sorte, Evans. – sussurrou para que apenas eu ouvisse – Aparentemente ninguém nesta escola conhece Shakespeare, mas eles vão descobrir logo.


- Do que você está falando? – sussurrei de volta.


- Explicações mais tarde, agora você não tem escolha, se quiser evitar um escândalo maior é melhor entrar no jogo. – ele não esperou resposta, me soltou e olhou em volta – Eu não sei o que andaram espalhando por aí, – sua voz soava irritada e ele falava alto – mas foi claramente um mal entendido. Estamos juntos e não lhes devo nenhuma explicação do por que mantivemos segredo, mas agora que já sabem, tratem de dar o fora. Se eu os vir importunando minha Lil outra vez...


 


Não foi preciso que ele repetisse, os garotos se desculparam comigo, com ele e depois se afastaram para suas mesas. O silêncio predominava no salão e todos os olhares estavam voltados para nós. Jéssica estava tão imóvel ao meu lado que poderia estar sob o efeito de um feitiço do corpo-preso, sua expressão era de total choque.


Sirius olhava em volta como se fosse um dia perfeitamente normal, mas então se virou para mim e estendeu a mão.


 


- Quer dar um volta por aí? – perguntou sorrindo e eu sabia que devia aceitar.


- C-claro. – respondi – Hum... Nos vemos depois, Jess.


 


Ela respondeu com um “ok” quase inaudível e percebi Black a observando pelo canto do olho antes de sairmos do salão. Ele não falou nada até que estávamos do lado de fora do castelo numa região vazia do jardim.


 


- Você tem que tomar cuidado com o que fala, garota. – disse quando finalmente paramos.


- Black, o que foi aquilo lá dentro? – perguntei histérica.


- Hey, eu salvei sua pele sardenta, que tal um pouco de gratidão?


- Obrigada. – respondi – Agora pode, por favor, me explicar o que diabretes aconteceu no salão?


- Hum... Vou aceitar porque você está nervosa, Evans, mas vamos ter que trabalhar no seu temperamento para este relacionamento funcionar. – disse fingindo seriedade, eu estreitei os olhos – Te irritar é irresistível, mas como não pretendo passar o dia todo aqui... Sente-se, ruiva.


 


Ele sentou na grama e deu duas palmadas na grama ao seu lado, o que me lembrou um treinador ensinando comandos a um cachorro. Cheguei à conclusão de que a intenção era mesmo essa, mas sentei, eu precisava de explicações.


 


- Então... O que aconteceu com você noite passada? – perguntou se apoiando na grama com os braços para trás.


- Nada demais... Não fiz nada que justifique o que aconteceu hoje.


- Nada que você se lembre, quer dizer?


- Hey, eu não estava bêbada! – retruquei – Falei algumas bobagens, eu admito, mas não bebi o suficiente pra esquecer o que fiz.


- Ok então. – respondeu – Isso torna as coisas um pouco mais complicadas pra você. Significa que alguém te odeia e, sendo assim, é provável que aprontem de novo.


- Como?


- Veja: por acaso eu sei que você inventou uma história para o Pontas sobre um cara chamado Edward Ferrars, não me interessam seus motivos, mas você não tem criatividade pois roubou nomes e enredos de outras histórias. Em todo caso, alguém deu com a língua nos dentes mas alterou a sua linda história, ouvi que você estava “caçando”, sim, eu também acho ofensivo. – acrescentou depressa ao perceber minha reação – Enfim, disseram que você está desesperada por um namorado porque levou um chute do seu amor trouxa e você não é nada mau, logo, todos os homens de Hogwarts quiseram tentar ser substitutos.


- Mas isso não...


- Sei que não é verdade, já não é obvio?  – me interrompeu – Mas eles não sabem. E você estaria realmente encrencada se eu não estivesse por perto.


- Olha, Black, eu agradeço sua intenção, mas acho que você só piorou tudo. – respondi.


- É? – perguntou com um sorriso sarcástico – E por que você acha isso?


- Bem... Eu não sabia o que estava acontecendo, mas, uma vez que descobrisse, acho que podia lidar com um bando de garotos estúpidos. – argumentei, mas a expressão em seu rosto me deixou confusa.


- Eu estou amaciando a história pra você, Foguinho, mas você não poderia lidar com os comentários verdadeiros... – seu tom agora era realmente sério – Estavam fazendo você parecer uma verdadeira... Bem, apenas acredite que não iam se calar simplesmente por você negar tudo, você precisava de alguém pra impor respeito e eu atendi o chamado.


- E isso faz você algum tipo de super-heroi, eu suponho. – minha vez de ser sarcástica.


- Veja como quiser. – respondeu dando de ombros.


 


Ficamos um tempo sem nos falar. Eu digerindo os acontecimentos recentes; ele... Não tenho a mínima idéia do que estivesse fazendo ou pensando, apenas olhava para o outro lado em silêncio.


 


- Black, por que você me ajudou? – perguntei de repente.


- Hã? – perguntou se virando para mim, acho que estava distraído demais para ouvir.


- Por que você me ajudou? Pensei que você me odiasse! Aliás, por que você me odiava? E de onde voe tirou “Doce Lily” ou “minha Lil”?


- Perguntas demais, ruiva. Precisamos nos concentrar em outras coisas, por exemplo, como vamos sustentar nossa farsa por tempo suficiente para “acabarmos”.


 


Eu realmente não gostava daquela ideia, mas acho que não tinha mesmo escolha. Discutimos quando poderíamos andar lado a lado e como poderíamos terminar e então voltamos a nos calar. Parecia que estava tudo resolvido, então me levantei para ir embora.


 


- Então eu já vou indo... Obrigada, Black. – falei realmente agradecida. Ele apenas assentiu com a cabeça.


 


Já tinha dado alguns passos quando ele disse algo que não melhorou meu dia.


 


- Era como James te chamava, se você quer saber, doce Lily. – disse, por incrível que pareça, sem tom de sarcasmo – E é melhor me chamar pelo nome se quer que isso dê certo.


 


Foi minha vez de assentir.


 


- E diga a sua amiga Jéssica que me encontre no salão comunal em uma hora, precisamos fazer uma troca. – acrescentou, eu assenti outra vez e saí.


 


No começo fiquei confusa com o que ele disse, simplesmente não fazia sentido. Mas quando cheguei ao dormitório (seguida de olhares, cochichos e dedos por todo o caminho) e vi a jaqueta em cima da cama de Jéssica tudo fez sentido.


Não sei quanto tempo fiquei parada olhando para o casaco com a boca entreaberta, só “acordei” quando a porta foi aberta e Jéssica entrou com uma expressão estranha.


 


- Então... As fofocas me disseram que você estava aqui. – disse meio sem jeito.


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Remus Lupin


 



Nicole abriu a porta da sala de McGonagall e os gritos começaram, dois garotos de aproximadamente cinco e sete anos pularam encima dela e a derrubaram no chão em segundos enquanto gritavam e riam. Imaginei que isso a deixaria irritada, mas percebi que ria embaixo dos garotos.


Isso, é claro, até começarem a puxar o cabelo dela e pular. Achei que deveria interferir quando ela parecia sem ar e os tirei de lá para que ela pudesse respirar. Infelizmente não é fácil segurar uma criança em cada braço, ainda mais quando elas ficam se debatendo. E mordendo com força. Muita força.


Acabei soltando os dois, que me derrubaram por cima de Nicole e saíram correndo e gritando pela porta aberta. Eu podia ouvi-los iniciando uma pequena destruição no escritório da McGonagall, mas estava mais preocupado com a situação em que me encontrava agora.


 


- Problemas a resolver, é? – ela disse – Vendo minha alma se ela não se aproveitou da detenção pra escapar dessa.


 


Eu ri enquanto me levantava e estendi a mão para ajudá-la. Ela se levantou sozinha e partiu para o escritório.


 


- Nick, não vai poder me ignorar o dia todo se quer que isso dê certo. – discuti.


- Não estou te ignorando, Lupin, falo o que é necessário com o meu parceiro de detenção e nada mais. – rebateu.


- Eu já te pedi desculpas, pelo amor de Merlin! – disse irritado. Ela me lançou um olhar tão irritado quanto eu nunca a tinha visto usar antes.


- Só que isso não vale de nada. – rebateu friamente.


- Por quê? Vai querer que eu te compre flores ou fique de joelhos? – disse sarcástico.


- Não, Lupin, não quero nada de você. Não vale nada porque o único motivo de você estar pedindo desculpas agora é o fato de eu ter te visto. Ou vai dizer que você viria me contar que mentiu e pediria desculpas se não tivesse sido pego? – havia tanta raiva e mágoa em suas palavras que não pude sequer olhá-la – Foi o que eu pensei. – completou e foi para o outro cômodo – Hey, quem quer jogar um jogo? Tenho um doce pra quem ganhar.


 


Ela conseguiu a atenção dos garotos. Eu devia ir ajudá-la, mas ainda estava com vergonha demais para ficar no mesmo cômodo.


 


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Lily Evans


 


- As coisas estão tão ruins assim lá fora? – perguntei.


- Não tanto depois que você, hum... Arrumou um namorado. – ela praticamente cuspiu as últimas palavras, então supus que estivesse chateada.


- Jéssica, você sabe que Black e eu...


- Eu estive com Will esta manhã, ele está bem melhor. – ela interrompeu, eu a olhei incrédula.


- Você não está sendo justa. – reclamei. Ela respirou fundo.


- Só não quero falar sobre o seu, caso, namoro, ou seja lá o que for agora, está bem? Tenho outras coisas em mente. – respondeu enquanto procurava algo em seu malão, mas eu suspeitava que fosse só pra não me encarar.


- Ótimo. – rebati me irritando também – Mas é melhor arrumar algum tempo na sua agenda porque meu namorado quer a jaqueta dele de volta.


- O quê? – foi a vez dela ficar incrédula.


- Ele quer ver você na sala comunal em vinte minutos para pegar a jaqueta de volta. – disse, ela se levantou com raiva.


- Ótimo, isso é horrível mesmo!


- Ah é? Porque você pareceu gostar muito dela antes! – retruquei.


- Vá pro inferno, Lily! – gritou.


- Você primeiro, Jéssica!


 


Então ela entrou no banheiro e bateu a porta. Ouvi algo sendo chutado (provavelmente o lixeiro) do outro lado da porta e sentei na cama me sentindo tão mal que era difícil fazer algo além de respirar.


Passaram-se poucos minutos de silêncio absoluto. Aquilo era ridículo! O que diabos estava acontecendo com o mundo aquela manhã? Bufei, levantei e fui até a porta do banheiro.


 


- Será que podemos acabar com isso agora? – perguntei.


 


Não houve resposta. Suspirei e estava voltando a me sentar quando Alice entrou no dormitório sorridente.


 


- Oh, olá Lily. – cumprimentou, sentou-se em sua cama e começou a procurar algo em sua gaveta olhando para mim pelo canto do olho.


- Pode perguntar, Alice, eu não vou te morder. – falei quando cansei disso.


- Ah não, eu só estava... Seu cabelo está bonito hoje, realmente bonito. – disse como rosto um pouco vermelho.


 


Achei tão legal de sua parte tentar se discreta que passei a gostar mais dela naquele instante. Lancei-lhe um olhar descrente e ela sorriu sem graça, hesitando.


 


- Vá em frente. – sorri encorajadora. Ela hesitou só por mais um segundo antes de explodir.


- Oh meu Merlin, Lily! Sirius Black!? Como? Quando!? Ele é, tipo, o cara mais gostoso e inacessível desta escola! Você me disse que tinha aquele namorado e... Houve aquelas histórias loucas e de repente você está com Black! O que diabos aconteceu? – embora um pouco triste por ter que continuar mentido, não pude deixar de sorrir diante de seu entusiasmo.


- Me desculpe ter mentido antes, mas era pra ser totalmente segredo. O Sirius tem essa cisma com fofoca e... Falando em fofoca, Alice, eu tenho que perguntar... Você contou a história de Edward a mais alguém?


- Não, Lily, eu juro que não! – ela me pareceu sincera, então resolvi acreditar – Mas... Era tudo mentira, de qualquer jeito, não?


- Não exatamente mentira... Apenas uma história velha. – menti – Gostaria de saber quem descobriu e alterou tudo... Sirius disse que estavam falando coisas horríveis!


- Realmente estavam, eu fiquei chocada! – respondeu – Mas não sei quem pode ter feito uma coisa dessas, desculpe.


- Tudo bem, Alice... Sirius meio que ajeitou as coisas pra mim. – lembrei com certa gratidão.


- Ele foi tão cavalheiro! – exclamou animada – Defendendo você daquele jeito, te chamando de “minha garota”... Nunca imaginei que ele tivesse um lado assim!


- Ele sempre foi assim, é um amor quando se conhece bem... – comecei, mas me interrompi quando Jéssica abriu a porta do banheiro com força, cruzou o dormitório sem nem olhar pra mim e saiu.


- O que ela tem? – Alice perguntou.


- TPM. – menti rapidamente – E um garoto da Sonserina chamou ela de gorda... Vai passar logo, eu acho. – acrescentei.


- Hum... Sei bem como é. – comentou – Mas me conta tudo, Lily! Quer dizer, você pode contar agora, não pode? – eu sorri.


- Posso sim. Deixe-me ver...


 


Inventei para Alice uma história enorme de como Sirius e eu havíamos nos apaixonado, começado a namorar e tudo mais. Inventei detalhes obre seu caráter e encontros onde quase fomos descobertos. Tudo fluía com uma naturalidade que me assustava, eu estava aprendendo a mentir e bem rápido. Isso não podia ser bom.


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Jéssica Buttler


 


 


Passei pela sala comunal rapidamente, não sabia o que faria agora, mas precisava sair daquela torre. Foi só quando já estava a meio caminho dos jardins que decidi que era uma boa idéia mandar uma carta a Charles, ele sempre foi um bom correspondente.


Não que eu fosse falar sobre garotos com meu irmão mais velho, isso seria estranho, mas de alguma forma escrever para ele me deixava ais calma. Acho que me lembra que existe um mundo lá fora onde meus problemas de adolescente são insignificantes. E além disso, poderia pedir detalhes dos preparativo do casamento.


Eu não sabia exatamente o que estava sentindo, apenas que era complicado. Não é que eu estivesse irritada com Black... Bem, na verdade eu estava, mas não tinha motivos para estar, tinha? Nós nem ao menos somos amigos! Ele sai, ou diz que sai, com quem quiser e acabou a história! Por que eu deveria ficar irritada? Só porque tivemos uma noite estranha e eu dormi com o casaco dele? Isso não significa nada. Absolutamente nada. E eu não estou apaixonada.


E ainda tem a questão de Lily, sei que fui injusta com ela, eu só... Não tinha controle sobre mim naquela hora. Pra falar a verdade, ainda não tenho! É muita coisa pra uma cabeça só e eu...


 


- Você não parece ter trazido minha jaqueta. – disse em seu tom frio habitual e me assustou. Estava tão distraída com minha tagarelice mental que não percebi sua aproximação.


- Dá próxima vez tente não me matar de susto, Black. – respondi irritada – O que você quer?


- Minha jaqueta? – repetiu em tom de “dãã?”.


- Você mesmo notou que não estou com ela aqui, então some.


- A Evans por acaso se deu o trabalho de te dizer que quero minha jaqueta de volta?


- Sim, Black, sua namorada, Evans, se deu o trabalho. Mas não precisamos nos encontrar para isso, te mando depois. – disse rispidamente. Ele franziu o cenho.


- Desde quando você chama sua melhor amiga pelo sobrenome? – perguntou.


- Não é da sua conta.


- Oh, eu acho que é, já que estamos falando da “minha namorada”. – ele fez as aspas com os dedos.


- Ótimo, pergunte para ela.


 


Ele ficou em silêncio por alguns segundos, apenas acompanhando meus passos rápidos. Eu queria que ele fosse embora, mas ao mesmo tempo não queria... Que droga! Isso lá é hora de ter dúvidas sobre sentimentos?


 


- Você não está com ciúmes, está? – perguntou de repente.


- Não me faça rir.


- Por que não? Parece que você está precisado de alguma diversão. – bufei em resposta – E também parece estar com ciúmes. – sorriu convencido.


- Olha aqui. – parei de andar e o encarei – O que você acha não me interessa nem um pouco que seja. Não me interessa também quem você namora ou deixa de namorar. O que me interessa é que você está me incomodando e me seguindo, outra vez, sem motivo algum para isso e eu apreciaria se você fosse embora.


- Eu trouxe seu sapato, Cinderela. – disse tirando minha sandália de dentro da capa.


 


Fiquei sem ação. Depois de tudo que eu disse noite passada ele se importou em recuperar minha sandália?


 


- Bem... Obrigada. – disse sem jeito.


- Podemos trocar. Eu realmente gosto da jaqueta.


 


Não posso descrever o quanto fiquei irritada neste momento. Que cara imbecil!


 


- Ora, vá pro inferno!


- Sua delicadeza me comove...


- Então vá se comover longe de mim, por favor.


- Não até você me dizer o que te irrita tanto. – retrucou.


- Por que você se importa!? – perguntei incrédula e totalmente sem paciência


- Sou uma pessoa legal, Buttler. – disse colocando as mãos atrás da cabeça – Você nem imagina o quanto.


 


Respirei fundo. Pelo pouco que conhecia de Sirius Black sabia que ele não iria embora até conseguir o que queria, seja lá o que fosse.


 


- Você não tem uma namorada para cuidar, não? – alfinetei.


- Você sabe que não estou namorando a Evans, pare de insistir nisso. – disse meio irritado – Sei que ela contou tudo a você... Não contou?


- Jéssica? – Will apareceu no fim do corredor em que estávamos.


- Will, você saiu da enfermaria! – constatei alegremente


- Completamente curado. – respondeu – Boa tarde, Black. – acrescentou olhando desconfiado para Sirius.


- ‘Tarde... Me desculpe, qual é mesmo o seu nome? – Sirius disse polidamente.


- Frey, William Frey. – Will disse e se virou para mim – Me desculpe interromper sua conversa, eu só pensei ter ouvido sua voz e vim dizer que já fui liberado.


- Ah, você não está interrompendo nada. – garanti – Na verdade, o Sr. Black aqui já estava de saída, não é?


- Na verdade, não estava não. – Sirius respondeu na cara de pau. Inacreditável!


 


Olhei para ele ameaçadoramente.


 


- Ele está te incomodando? – Will perguntou.


- Não, ele só esta brincando... Já está de saída sim. – reafirmei e fiquei encarando Sirius.


 


Ele deu um de seus melhores sorrisos cínicos e disse:


 


- Nos vemos por ai, Buttler, você ainda está me devendo.


 


E sumiu no corredor mais próximo.


 


- Não sabia que você e Black eram amigos. – disse Will.


- Não somos. – garanti. E não estava mentindo.


- Mas ele...


- Sirius Black é um maluco, Will. Vamos falar de coisas mais agradáveis. – sugeri. Ele pareceu se animar.


- Onde você está indo?


- Bom... A lugar nenhum, na verdade. Estive pensando em mandar uma carta a Charles, mas acho que pode esperar. – ele sorriu.


- Isso é bom. Quer ir dar uma volta? Há séculos não passamos algum tempo juntos... Eu ia resolver isso no baile mas... Bem, você sabe, me desculpe mesmo.


- Não foi culpa sua, Will, que bobagem!


- Me sinto culpado mesmo assim.


- Porque você é um amor. – sorri – Para os jardins? A tarde está agradável.


- Com certeza. Me dá a honra? – perguntou me oferecendo o braço.


 


Então saímos e ficamos andando até o fim da tarde. Estar com Will era tão agradável que me fazia esquecer qualquer problema. Passamos uma tarde tranqüila conversando sobre os mais variados assuntos e, por fim, fomos jantar juntos.


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Remus Lupin


 


 


Quando Nicole voltou para o quarto em que eu estava com os dois garotos pendurados em suas pernas, me deu a ordem de arrumar a bagunça que tinham feito no anterior, o que eu fiz sem pensar suas vezes.


Na altura em que terminei de arrumar tudo fazendo o melhor que podia sem magia, a voz dela era a única coisa ouvida no quarto ao lado. Contava qualquer história maluca com visões deturpadas de fadas com varinhas que realizavam desejos. Só tive coragem de entrar quando, após o “fim”, tudo ficou em silêncio. Ela estava jogada em uma poltrona enquanto os garotos dormiam numa cama improvisada. Seus olhos estavam fechados e a respiração tão lenta que cheguei a pensar que estivesse dormindo também.


 


- Pode dar um jeito nisso também, por favor? – pediu – Eu estou exausta.


- Claro. – respondi começando a recolher os objetos largados no chão.


 


Eu havia pensado no que dizer a manhã inteira, e até que o ensaio estava legal, mas agora, já no meio da tarde e na hora de falar... Não tinha a menor idéia de por onde começar. Pra ser sincero, acho que estava com medo que ela quebrasse meus argumentos com a facilidade de sempre fazendo eu me sentir idiota. Então resolvi que o melhor era não tentar me justificar, apenas implorar por desculpas e rezar para serem aceitas.


 


- Hum... Nicole?


- Estou ouvindo. – respondeu em voz baixa.


- Eu sou um imbecil. – declarei. E não prossegui.


 


Ela abriu os olhos, virou a cabeça em minha direção e ficou me observando com as sobrancelhas erguidas e a testa franzida. Gostaria que ela tivesse continuado como antes, seu olhar me fazia sentir como se eu estivesse em cima de um palco com milhares de pessoas olhando.


 


- Eu não devia ter mentido pra você, me desculpe, mesmo! E também por ter sido grosso com você hoje mais cedo, eu sou péssimo pedindo desculpas e... Eu sinto falta da sua companhia todos os dias então, por favor, não pode me dar uma segunda chance? Eu tenho direito, certo? Todo mundo faz besteira as vezes e...


- Tudo bem, Remus, pode parar. – me interrompeu com um sorriso fraco nos lábios – Você já estava desculpado mesmo antes de pedir, eu só estava irritada demais... Bem, vamos esquecer isso, ok? E, por favor, me diga a verdade da próxima vez que não quiser fazer algo, não é nenhum crime.


- Eu sei! Eu só... Deixa pra lá. – engoli a ofensa que ia fazer ao ex-namorado dela – Obrigado. – Ela sorriu.


- Também senti sua falta. – disse de uma maneira carinhosa que fez meu rosto esquentar.


 


Me virei para esconder e voltei guardar o que faltava.


 


- Conte-me sobre ela. – pediu – Se você quiser, é claro.


- O quê? – perguntei sem entender.


- Você sabe... Kathy. – explicou – Você gosta dela? Já saíram outras vezes?


- Ah... Bem, digamos que eu tenho uma quedinha por ela há algum tempo, mas nunca tinha acontecido nada. – respondi – Então eu tive um surto de coragem e a chamei para o baile. Infelizmente ela foi ao casamento de uma prima e sugeriu que saíssemos naquele momento mesmo.


- Que legal. Acha que vai rolar alguma coisa?


- Talvez... Eu espero que sim, na verdade. – respondi percebendo que, apesar de termos nos tornado próximos, nunca tinha falado sobre isso a ela.


- Hum... Então vou ter que aturá-la? – perguntou em tom divertido – Sabe, talvez seja por isso que fiquei tão irritada, eu e Butcher temos uma pequena rixa, acho que fiquei com ciúmes. – concluiu. Eu a olhei surpreso – Oh, não me entenda mal! Não é esse tipo de ciúmes, só o de amigos. – garantiu –Mas estaríamos empatados, não? Percebi que você não gosta muito do David.


 


Resmunguei em resposta, estávamos chegando num tópico que eu preferia evitar.


 


- Será que... Você poderia me dizer que há de errado entre vocês dois? – perguntou hesitante, mas esta era uma questão que eu podia contornar sem mentir.


- Nada, na verdade. Acho que só antipatia instantânea.


- Ok... Então qual o problema que você vê entre ele e eu? – agora ela acertou em cheio. Eu já devia ter imaginado que seria assim. – Por favor, Remus, me diz.


 


Medi um pouco as palavras, olhei para ela e suspirei antes de responder.


 


- Não acho que você deveria sequer olhar pra ele, Nick, esse cara não é pra você.


- Como? – perguntou com a expressão confusa.


- É o seguinte, - comecei depois de respirar fundo outra vez – eu acho que ele é um idiota que te enganava o tempo inteiro e não merece você. Acho que ele se aproveitou da sua inocência pra pôr a culpa do fim de namoro em você e sair de bonzinho quando na verdade era o que ele queria há tempos e, quer saber do que mais? Ouvi boatos de que ele estava com outra garota ontem no baile. Pronto, falei. – acho que falei demais.


 


Ela abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior. Comecei a me sentir idiota outra vez.


 


- Me desculpa, ok? Eu exagerei.


- Não, não é culpa sua. – ela se apressou – Eu pedi sua opinião e você deu, foi sincero. Só estou surpresa.


- Achei que você não se importasse com a opinião dos outros. – tentei salvar a situação.


- Não com a da maioria... Só a de algumas pessoas.


- Oh... Obrigado. – disse sem jeito.


 


Ficamos em silêncio por alguns segundos até que eu achei algo para falar.


 


- Hey, você foi ótima com essas crianças! Onde aprendeu isso?


- Um pouco de psicologia infantil. Minha mãe usava comigo, me ensinou a usar com minha irmã mais nova... Ela é uma psiquiatra bastante respeitada no mundo trouxa, sabe?


- Como?


 


Então ela começou a me contar e explicar tudo sobre sua vida em casa. Como seus pais pareciam excêntricos comparados ao resto do mundo. Sua irmã mais nova, Georgia, que também era bruxa. Mas, o mais interessante era, indubitavelmente, seu pai, um Doutor em Física Quântica que ensinava Universidade de Oxford.


 


- No começo foi um pouco difícil, sabe? Quer dizer, o trabalho dele é provar as leis do mundo trouxa e nós sempre fomos muito apegados! Então imagina o que foi pra ele quando, de repente, eu representava que tudo que ele sabia estava errado! Ficamos meio afastados todo o tempo em que estive em Hogwarts no primeiro ano. Até que voltei pra casa no natal e contei a eles tudo sobre o mundo mágico e então - ela abriu um enorme sorriso – as coisas ficaram melhores que antes! Nosso hobby de férias é explicar como a magia é possível, e estamos tendo progressos, dá pra acreditar? – sua empolgação era contagiante.


- É ótimo! – eu não tinha idéia do que ela estava falando.


- Então eu vou tentar ingressar em Oxford no ano que vem e, se conseguir, trabalharemos juntos. – concluiu sorrindo.


- Espera, você vai pra uma faculdade trouxa quando acabar Hogwarts? – perguntei espantei.


- Pretendo. – confirmou – Sei o que está pensando. – completou – “Como pode dar às costas ao mundo da magia e se juntar aos trouxas outra vez?” A questão é que eu realmente amo ciência, entende? Adoro encontrar respostas para grandes enigmas e não estarei abandonando este mundo, imagine o quão revolucionário seria se conseguíssemos entender como a magia se comporta! É isso que estamos tentando fazer.


- Parece fantástico. – respondi sinceramente.


- Estou falando de mim a séculos! – exclamou ainda animada – Fala da sua família. – pediu.


 


Senti um nó no estômago ao perceber que nunca poderia conversar com mesma espontaneidade com a qual ela se expressava, simplesmente despejando palavras sem se preocupar com o que ia ouvir de volta.


 


- Não há muito a contar, na verdade. Minha vida não é de longe tão interessante quanto a sua.


- Quero ouvir mesmo assim. – insistiu – Se você se sentir a vontade pra isso, claro. – se apressou em acrescentar.


 


Não, eu não me sentia à vontade, mas achei que ela ficaria magoada se, depois de me contar tanta coisa, eu simplesmente me recusasse a falar.


 


- Tudo bem, só me avise se ficar muito chato, não quero que você durma enquanto eu falo. – ela riu, eu continuei.


 


Contei a ela que meu pai costumava trabalhar para o Ministério da Magia, mas pediu demissão quando começou a receber ameaças por seus projetos de lei, não entrei em detalhes, omiti a parte em que foi tarde demais, depois que Fenrir Greyback me transformou em um lincantropo. Sem irmãos, família pequena. Passamos as férias em casa por causa do meu “problema”, mas também omiti esta parte. Meu pai começou a trabalhar como um advogado bruxo de causas pequenas depois do incidente, mas morreu há dois anos em um acidente de trânsito. Falei sobe como achava mina mãe uma mulher maravilhosa, andava meio triste depois da morte do meu pai, mas sempre se esforçava para parecer feliz... Não havia muito a dizer se eu não podia contá-la sobre o problema peludo, mas ela pareceu satisfeita.


McGonagall chegou uns dois minutos depois de terminarmos esta conversa, nos deu uma bronca pro deixar suas cosias fora dos lugares exatos e nos dispensou. Estávamos combinando de jantar juntos quando Kathy apareceu.


 


- Hey, Remus! Me disseram que você esteve cumprindo detenção... Andou aprontando? – perguntou em tom divertido. Nicole murmurou qualquer coisa e se afastou seguindo na direção do salão principal, mas não parecia irritada.


- Não exatamente, sabe como é a McGonagall, qualquer coisa é motivo...  – respondi.


- É...


- Mas e aí, como foi o casamento da sua prima? – perguntei rápido, antes que o silêncio constrangedor se instalasse.


- O quê? Ah sim, o casamento! Foi bem bonito. Minha prima sempre teve bom gosto. – disse sorrindo – Claro que eu teria me divertido mais ficando aqui – acrescentou – Será que você não gostaria de jantar comigo? Posso te contar tudo sobre a festa de casamento e você conta sobre o baile.


 


Fiquei sem saber o que responder por um curto espaço de tempo. Achei que estava devendo à Nicole mas, por outro lado, que ela ia entender


 


- Parece ótimo! – respondi – Você pode me encontrar no salão em uns trinta minutos? Eu preciso tomar um banho.


- Não me deixe esperando. – ela disse antes de sair.


 


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


 Lily Evans


 


 


Eu estava definitivamente enrascada. Corri tanto de James e sua namorada o dia inteiro para me ver sentada com eles na hora do jantar porque eles queriam sentar com Sirius. James estava particularmente interessado no começo do “nosso” namoro, pois dizia nunca ter percebido nada enquanto Sirius mentia prontamente respondendo que ele devia ter esquecido. Muito conveniente.


Sirius mantinha um braço ao meu redor o tempo todo para fazer a pose de super namorado e soube escapar com muita classe alegando “a Lil é muito tímida” quando Nani disse que nunca havia visto um beijo nosso.


A parte ruim (além de ser fuzilada por olhares femininos do salão inteiro) era ver Jéssica sentada com Will na mesa da Corvinal. Embora ela tenha sido injusta, eu fui uma cretina com ela. Pretendia pedir-lhe desculpas assim que fosse possível.


Confesso que me senti um pouco mal quando Nicole se sentou com eles e os três começaram a conversar enquanto eu estava presa olhando para James e sua namorada, mas quando os garotos começaram a falar de quadribol, Nani puxou conversa comigo fazendo perguntas sobre meu cabelo e começamos com conversa de garota. No fim das contas não foi tão ruim assim.


 


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Jéssica Buttler


 


Eu tentava ignorar, mas era impossível. Eu estava com ciúmes? Sirius Black era um perfeito idiota e eu não podia gostar de alguém assim. Definitivamente não. Ou podia?


Não! Absolutamente não! Quer dizer, o cara é grosso, frígido, boçal, metido, arrogante e nem é assim bonito, por que eu me apaixonaria por ele? Só porque eu não consigo parar de olhar pra eles dois não significa que eu esteja com ciúmes. Eu não estava incomodada que ele estivesse abraçando Lily enquanto jantavam, estava apenas curiosa.


 


- Jeh? – Nicole se materializou na minha frente.


- Por Merlin, Nick, não me assusta! – pedi sobressaltada – Quando você chegou?


- Há uns cinco minutos. – Will respondeu e, de repente, me dei conta que ele ainda estava ali. – Pouco tempo depois de eu desistir de falar. – morri de vergonha. Queria me esconder embaixo da mesa.


- Ah... Oi, Nick. – disse sem graça – Me desculpe. – sussurrei para Will.


- Lily ainda não veio? – Nick perguntou olhando para os lados – Hey, o que ela está fazendo com... Eu perdi alguma cosia enquanto estive fora?


- Acredito que sim. – respondi – Quer fazer as honras, Will? – pedi. Não estava a fim de falar sobre isso.


 


Will me fez o favor de atualizar Nicole enquanto eu me esforçava para não ouvir. Comecei a pensar que tinha realmente sido injusta com Lily, afinal, ela estava tão caída pelo James que era impossível querer alguém mais. Aquilo devia ser coisa do Black, eu só não entendia o que nem porquê.


 


- E eu sou a louca. – Nick reclamou quando Will terminou a história – Fico incomunicável por algumas horas e a escola vira de cabeça pra baixo! Eu pensava que o Sr. Estrela estivesse afim de... – ela se interrompeu quando lhe lancei um olhar desesperado e balancei a cabeça negativamente – De si mesmo. – completou – Quer dizer, ele é tão metido.


 


Will riu do comentário. Acho que eles dois tinham finalmente esqueceram o incidente dos Beatles. Conversamos tanto que, quando nos demos conta, a sobremesa já havia sumido e o salão estava quase vazio. Deixei Will e Nick indo para a torre da Corvinal e segui para meu próprio dormitório, onde esperava encontrar Lily.


Mas é claro que ele apareceu de novo.


 


- Hey, Nervosinha, percebi seu olhar em mim durante o jantar. – ele disse.


- Sério? Devem ter posto alguma droga na sua comida. – respondi. Ele me olhou surpreso.


- Não vai perguntar o que eu quero?


- É inútil, não?


- Que pena, eu tinha uma resposta muito boa.


- Guarde-a, eu realmente não quero saber.


- Uau, quanta agressividade dentro de um recipiente tão pequeno. – ele deu dois tapas no topo da minha cabeça.


- Olha, será que você não podia ir encher o saco da sua namorada? É pra isso que elas servem.


- Qual é, baixinha, você me parece inteligente. – eu olhei sem entender – Só um completo imbecil não perceberia esta farsa. O que parece ser o caso de todos os alunos desta escola, infelizmente, mas você sabe de tudo. Você não precisa fingir surpresa, ninguém vai reparar. Aliás, eu adoraria se você se andasse conosco porque seu afastamento sim levantaria suspeitas e não é isso que queremos, é?


- Você é um farsante, Black. E pode enganar muita gente, mas a mim não – estreitei os olhos para ele – Você ajudou Lily hoje, mas o que quer com isso?


 


Ele me lançou um sorriso estranho e depois ficou meio pensativo, mas era óbvio que não me diria nada.


 


- Seja lá o que tenha em mente é melhor não magoá-la, ou teremos sérios problemas. – avisei.


- Uuh, estou tremendo. – respondeu com descaso – Eu já disse que acho garotas perigosas muito sexy? – acrescentou com um sorriso malicioso.


- Vá pro inferno, Black. – retruquei – E você está avisado. – tomei qualquer corredor só para me distanciar dele.


- Vou ficar esperando sua fúria. – o ouvi comentar – E ainda quero minha jaqueta de volta! – reclamou.


 


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Lily Evans


 


 


Eu estava quase na torre da Grifinória quando Sirius, que havia sumido depois do jantar, reapareceu ao meu lado parecendo muito irritado.


 


- Por que todas as suas amigas são loucas, Evans? – perguntou fazendo bico. Eu não acreditei no que estava vendo, Sirius Black fazendo birra?


- Dizem que tenho esse dom de atrair malucos... Veja você, por exemplo. – brinquei, ele não pareceu gostar.


- Será que dá pra enfiar na cabeça daquela garota que eu não estou nem um pouquinho que seja afim de você?


- Nicole andou te enchendo? – perguntei confusa.


- Não, a outra. Buttler. – respondeu impaciente – Eu faço um favor enorme para sua melhor amiga e ela me vem com “não machuque ela ou vamos ter problemas”, “você é um mentiroso”, “você não tem uma namorada para cuidar?”. – disse imitando perfeitamente o jeito que Jéssica fala – Será que dava pra alguém ser justo por aqui?


 


Ele continuava andando e resmungando, mas eu havia parado e o observava boquiaberta porque acara de ter uma epifania. Sirius percebeu que eu não estava ao seu lado e olhou para trás me procurando.


 


- Mova-se, Foguinho, não quero parecer um maluco falando sozinho! – reclamou.


- Oh. Meu. Merlin! – exclamei pausadamente olhando para ele.


- Ótimo, mais uma incoerente. – comentou revirando os olhos.


- Você! – eu realmente estava incoerente – Eu sei o que você quer!


- Que bom, Ruiva, porque eu acabei de dizer.


- Não, sei porque você me ajudou! – exclamei – Oh meu Merlin! Você quer se aproximar dela! – soltei apontando para ele.


- Ah, você pirou de vez!


- Sem chance, não podia ser mais óbvio! Como eu não vi antes? – comecei a rir – Como você é oportunista! – disse ainda rindo e sem intensão de ofender – É claro, viu a chance passando e resolveu se agarrar a ela... Merlin, você deve estar desesperado! – constatei. Agora sem rir – Você é tão ruim assim com garotas? – perguntei.


- Não me teste, Evans, lembre-se que você está nas minhas mãos.


- E você nas minhas. – rebati – Vamos lá, Sirius, eu já descobri. Vou te ser muito mais útil se você se abrir comigo.


- Merlin, como as garotas deste castelo são irritantes! – reclamou olhando para o teto – Olha, Evans, a gente conversa amanhã quando você esquecer esta ideia.


- Por mim tudo bem. Boa noite, Sirius.


- Boa noite.


 


Cheguei ao dormitório vazio ainda rindo comigo mesma. Sirius apaixonado pela Jéssica. Quem diria? Bem, sorte minha.


Estava pensando justamente sobre isso quando Jéssica entrou no quarto e olhou em volta.


 


- Que bom, pretendi falar com você a sós. – ela disse – Llily, eu...


- Eu também, não se preocupe. – interrompi – Amigas?


- As melhores! – ela sorriu.


 


Nos abraçamos e então começamos a pôr o assunto em dia. Aconteceram tantas coisas nas últimas vinte e quatro horas que precisamos de um bom tempo para contar tudo. Não disse à ela sobre as intensões de Sirius, não achei que devia e, além do mais, acho que será uma experiência bem interessante.


 


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N/A: Mil desculpas pela demora, gente. A faculdade tentou me matar esse fim de semestre... Bom, demorou mas chegou, né? Espero que tenham gostado e muito obrigada pelos comentários :D 

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