Mudanças
Capítulo XV – Mudanças
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Porque você é quente e logo esfria
Você quer e depois não quer
Você tá dentro e depois tá fora
Você está feliz e depois está triste
Você está errado quando está certo
É preto e é branco
Nós brigamos, nós terminamos
Nós nos beijamos e voltamos
...
Você, você realmente não quer ficar, não
Você, mas você realmente não quer ir, oh
...
Alguém chame um médico
Tenho um caso de amor bipolar
Presa numa montanha russa
da qual eu não consigo descer
(Hot N’ Cold – Katy Perry)
Lily Evans
Eu não sei por quanto tempo fiquei encarando o chão do lugar onde ele estava antes de sair porque não conseguia pensar em nada. Nada mesmo. Era como se meu cérebro tivesse tirado férias para que eu não precisasse sentir o que estava por vir, porém, eu sabia que esta moleza não ia durar tempo suficiente para o impacto da cena que eu acabara de vivenciar passar sem me causar danos.
Ouvi o som distante de passos logo e vi novos pés taparem o pedaço de chão que eu fitava.
- Lily? – a voz conhecida chamou em tom preocupado – Está tudo bem com você?
Levantei a cabeça lentamente para olhar Jéssica, que estava parada à minha frente. A presença dela me trouxe de volta à realidade e eu me deixei afundar no que estava sentindo. Ela ficou um pouco assustada quando a abracei e comecei a chorar desesperadamente, mas quando não respondi suas perguntas, começou a pensar por mim.
Ela me levou por passagens secretas e corredores vazios até o banheiro da Murta no segundo andar, conjurou um travesseiro e uma caixa de lenços e disse que voltaria em cinco minutos.
Quando voltou, com Nicole em seus calcanhares e uma cesta, eu não havia me movido do lugar no chão onde me sentei, mas a caixa de lenços estava vazia.
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Jéssica Buttler
Eu corri atrás de Nicole porque sabia que não poderia lidar com aquilo sozinha. Passei na cozinha porque sabia que íamos precisar e voltei ao banheiro o mais rápido que pude.
Lily estava em um estado deplorável e, todas as vezes que eu tentava extrair dela o que havia acontecido, ela me olhava, abria a boca... E caia no choro com mais intensidade que antes. Nicole teve um pouco mais de tato: se aproximou dela lentamente, sentou ao seu lado e deitou a cabeça dela em seu ombro abraçando-a. Então eu me sentei do outro lado de Lily e esperamos.
Esperamos por longos e angustiantes minutos até que ela chorasse tudo o que precisava. Enquanto isso eu pensava no que poderia ter acontecido para deixá-la daquele jeito, afinal, Lily não era de cair por qualquer coisa. Nick conjurou algumas almofadas para que ficássemos mais confortáveis, pois parecia que passaríamos ainda muito tempo por ali.
Quando Lily finalmente parou de chorar, ainda passou algum tempo apenas acalmando a respiração antes de falar alguma coisa.
- Obrigada. – disse fracamente – Muito mesmo... Eu não sei o que eu faria sem vocês duas. – Nick assentiu com a cabeça e eu sorri encorajadora – Vocês devem achar que eu sou maluca... – completou dando uma risada fraca.
- Nós já sabíamos disso, sua ruiva louca! – disse Nick nos fazendo rir.
- Eu vou contar do início o que aconteceu...
Quando Lily terminou de contar sua história, nenhuma de nós sabia o que dizer. Provavelmente porque aquilo não fazia o menor sentido. Estava até com vontade de perguntá-la de ouviu direito se não achasse que ela começaria a chorar outra vez.
- Não faz sentido. – Nicole tirou as palavras da minha boca.
- Eu sei. – Lily respondeu – Mas são os fatos.
- Mas não faz nenhum sentido! – ela protestou com mais vontade.
- Eu sei, Nicole, mas o que eu posso fazer? Foram as exatas palavras dele! – Lily estava quase gritando – Ele mesmo disse, ninguém mais!
- Eu sei, mas...
- Não importa o que ele fez ou disse antes, o que aconteceu hoje simplesmente apaga tudo isso! – seus olhos estavam começando a encher de lágrimas de novo – E a culpa é toda sua! – gritou olhando, de repente, para mim.
- Minha!? – me espantei – O que eu fiz!?
- “Preste atenção no James, Lily, ele é um cara legal”. – ela me imitou – Você me fez gostar dele e agora eu estou chorando feito uma idiota... – sua voz foi morrendo de novo – num chão de banheiro imundo! – e caiu no choro outra vez.
Eu olhei para Nick pedindo ajuda, mas ela parecia tão perdida quanto eu, Lily estava fora de controle.
- Me-e... Desculpe. – disse entre um soluço e outro – E-eu não... quis... – e não conseguiu completar. Eu a puxei para mim desta vez.
- Shhhhh. – tentei acalmá-la – Não precisa pedir desculpas... Você tem coisas demais na cabeça.
- Pegue. – Nick empurrou uma xícara fumegante em suas mãos – Um pouco de chocolate quente vai te fazer sentir melhor.
E pareceu mesmo fazer bem, Lily aparentemente ia voltando a si enquanto esvaziava a xícara. Então seguimos seu exemplo e pegamos xícaras para nós mesmas. Que bom que trouxemos muito chocolate.
- Mas é mesmo difícil encontrar uma explicação lógica para o que aconteceu... – Lily falou depois de muito tempo de silêncio - Quer dizer, depois de tudo que aconteceu entre nós, todo que ele disse... Não parecia ser mentira, não mesmo!
- "Disse-o muitas vezes, disse outras coisas também, que mostravam o feitio de seus sentimentos e contradiziam suas ações". – falei – Jane Austen, Razão e Sensibilidade. Sabe, vocês deviam ler mais. – completei quando elas me olharam interrogativamente.
- Nós lemos o suficiente. – Nick respondeu – E eu prometo que lerei seus livros.
- Em todo caso... Bem, talvez estivéssemos todas enganadas com James. – eu disse – Você tem certeza de que ele parecia sincero, - me referi a Lily – mas o que nós realmente sabemos sobre ele?
Lily se deitou no chão aparentando cansaço. Nós a imitamos.
- Eu não sei... Realmente não sei o que aconteceu. – respondeu depois de muito tempo.
- Quem sabe você não acorda amanhã e descobre que não aconteceu. – sugeriu Nick.
- Sem querer ser pessimista, mas seria fácil demais... A vida não é assim tão legal. – sussurrei.
O assunto foi morrendo e conversávamos cada vez menos... E então, só lembro de acordar com o rosto grudado em algo frio e perceber que era o chão do banheiro. Eca!
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Nicole Carrew
A semana passou rápido e quase não tínhamos tempo para nós mesmas cuidando de Lily. Não é como se ela estivesse morrendo, claro, mas estávamos fazendo o possível para fazê-la se sentir bem e evitar encontros indesejáveis. E, sem me dar conta do tempo que havia passado, percebi que era sábado de manhã.
Acordei de bom humor. É comum que isso aconteça, mas eu sentia que o dia ia ser bom, principalmente porque vai ter visita à Hogsmead E Charles Buttler vem nos ver, o que mais eu podia pedir?
Desci para o café da manhã e encontrei Jéssica sozinha sentada à mesa da Grifinória. Sentei-me ao seu lado com um “bom dia” e comecei a me servir antes de perguntar por Lily.
- Acordou muito cedo, desceu e resmungou alguma coisa sobre trabalhos atrasados. – respondeu olhando distraidamente para o teto/céu.
- O que significa que vai se esconder na biblioteca o dia inteiro porque sabe que ninguém em sã consciência passará por lá hoje. – comentei – Acho que vou ser obrigada a mudar isso.
- Vou com você. Vai ser mais fácil tendo nós duas pra pegar no pé dela.
- Você vai se atrasar se for comigo e lembre-se que, uma vez que chegarmos perto de Charles, você não terá mais sossego. – argumentei – Eu tomo conta da Lily, não tenho nada melhor pra fazer mesmo... – completei com certo ressentimento.
Jéssica me observou por alguns segundos antes do próximo comentário.
- Não sei se te juntar com a Lily é uma boa idéia... Mas você está certa sobre Charlie, me encontrem por volta das dez horas, ok? – pediu. Eu apenas assenti com a cabeça.
Quando deixei o salão comunal, dei graças a Merlin por não estar com Lily, pois James e Nani passaram por mim tão empolgados um com o outro que nem deram atenção ao meu “bom dia”.
Segui para a biblioteca, onde tinha quase certeza que Lily estava.
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Remus Lupin
Voltei ao castelo depois de uma semana e me joguei na cama. Já havia recebido todas as poções de recuperação possíveis e me sentia até muito bem pra ter acabado de sair de uma semana de transformações, mas ainda estava cansado.
Pelo que Almofadas me disse, as coisas viraram de cabeça pra baixo na última semana. Mas não se deve levar Sirius muito à sério porque ele tem um dom encantador de transformar marolas em tsunamis, então ainda quero falar com Peter e James antes de tirar conclusões. Se bem que James anda quase desaparecido, o que é a fonte da maior parte das reclamações de Sirius. Nunca vi um cara ter tanto ciúme de um amigo, se não o conhecesse tão bem, diria que é gay.
De qualquer maneira, vou ter que esperar um bocado para falar com eles, resolveram ir a Hogsmeade mesmo depois de ter passado a noite acordados. James porque não pode decepcionar sua querida Ariane (de quem tem falado sete vezes a cada cinco minutos), Sirius porque quer atrapalhar James e Peter porque seguir aqueles dois parece ser sua meta de vida. Então vou dormir a manhã inteira e, quando eles me acordarem com o barulho que fazem, conversaremos. Há duas coisas que me preocupam mais no momento: Kathy e Carrew.
A primeira porque, quando eu achava que finalmente estava fazendo progressos, tive que sair de circulação por uma semana sem nem ao menos dar uma justificativa. Eu tenho essa quedinha por Kathy Butcher desde o quarto ano, mas nunca tive coragem de fazer alguma coisa em relação a isso por causa da minha condição... Até que um dia ela começou a conversar comigo do nada, no meio da aula. Então Sirius e James me incentivaram e Peter armava algumas pra chamar a atenção dela pra mim... E hoje nós estamos... Não sei bem uma palavra para o que temos... Acho que uma amizade com segundas intenções é uma boa descrição. Só não anda mais rápido porque Kathy é muito tímida e insegura, mas gosto disso nela. Inteligente, gentil... É o tipo de garota ideal que todo cara sonha.
Quanto a Carrew, minhas preocupações são bem diferentes. Ela me viu na noite antes da transformação e passou tempo o suficiente comigo para perceber que tinha algo terrivelmente errado, sem falar que é muito inteligente. Por outro lado, tem uma memória horrível e estou contando com isso para me deixar longe de problemas, quem sabe ela até já esqueceu meu nome outra vez... Devo confessar que me senti envergonhado de meu comportamento com ela depois de sua atitude semana passada. Vou ser mais gentil da próxima vez. Se ela se comportar, claro.
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Nicole Carrew
- Eu espero que você já tenha lido o suficiente. – falei quando encontrei Lily em uma mesa escondida no fim da biblioteca – Porque estamos saindo.
Ela me lançou um olhar cansado e voltou a olhar para o livro.
- Sabia que vocês viriam... Eu não vou, ok? – respondeu.
- Não senhora, hoje tem visita à Hogsmeade e eu não vou deixar que você fique enfurnada na biblioteca. – disse sorrindo.
- Vá embora, está perdendo seu tempo. – disse mal humorada.
- Você queria que alguém viesse aqui. – rebati. Ela me olhou com as sobrancelhas erguidas – Não teria dito aonde ia se não quisesse ser encontrada. – completei. Ela bufou.
- O que você quer que eu faça, Nicole? Vá até Hogsmeade fingindo que está tudo bem e encontre os dois lá e distribua sorrisos e votos de felicidade? Você sabe que não tenho esse sangue frio. – desabafou – Agora me deixa quieta, tá bem?
- Não, não está bem, sei disso. – respondi – Mas não é motivo pra se esconder de todo mundo num lindo sábado! – ela resmungou qualquer coisa ininteligível que ignorei e me sentei ao seu lado – Escute, sei o que está passando e você sabe que é verdade! E você não está me vendo escondida na torre da Corvinal.
- Não sou você.
- Sei que não é... Ora, facilite as coisas uma vez, Lily! – falei irritada – Você se decepcionou, certo, mas já teve seu tempo! Você está assim há uma semana, pelo amor de Merlin, reaja! – eu a peguei pelos ombros e balancei – Você acha que vai adiantar ficar se lamentando?
Quando voltei a me controlar, ela encarava o tampo da mesa, mas parecia melhor do que antes. Soltei seus ombros e aguardei em silêncio até que ela me respondesse.
- Eu sempre me perguntei como você consegue olhar pro David todos os dias depois do que aconteceu e como parece não se importar... – comentou.
- Eu só sei que esta história não acabou ainda. – respondi, ela voltou a olhar pra mim – E a sua também não, então guarde este livro e vamos sair daqui, Frank deve estar ficando impaciente.
- Tudo bem... – disse baixinho enquanto se levantava devagar – Mas o que Frank tem a ver com isso?
- Juntei o trio de “fracassados solteiros” para sair juntos. – sorri. E ela finalmente sorriu também.
- Precisa esculhambar?
Seguimos para Hogsmead evitando qualquer assunto que envolvesse relacionamentos amorosos, o que resultou em uma crise de riso coletiva por causa do concurso de micos que, sem querer, montamos.
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Jéssica Buttler
Localizei meu irmão assim que entrei no Três Vassouras, ele estava mais lindo que nunca... Ou talvez fosse só a saudade.
- Charles! – gritei quando estava chegando perto.
Ele deu um enorme sorriso e se levantou pra me abraçar com tanta força que ficou difícil respirar.
- Jane, você veio! – dei um abraço (menos entusiasmado) em minha cunhada – Deixa eu ver o anel! – pedi. Ela me mostrou um lindo solitário de ouro branco.
- Bom te ver também, tampinha. – disse Charles dando o sorriso que fazia minhas amigas suspirarem – Conte as novidades.
Começamos uma conversa animada, mas eu escutava mais que falava, afinal, os dois trabalham e estão fazendo planos pro casamento e eu fico presa em Hogwarts. Bem, fiquei sabendo de todos os planos de data, lugares, decoração, procura por apartamento, trabalho... Até que Charles lembrou de algo que poderia ter ficado esquecido.
- Mas... E os estágios que te falei? O que fez a respeito? – perguntou interessado.
- Ah, eu... Eu me inscrevi para os dois. – falei baixo e olhando ao redor.
- Jéssica! – ele brigou.
- O que é? Vai que eu não sou aceita em um e no outro sim! – retruquei – Estou apenas tentando garantir alguma coisa!
- Você sabe que a questão não é essa, Jeh, pára de mentir pra si mesma. – pediu.
- Odeio como você gosta de me fazer sentir envergonhada. – resmunguei.
- Hey! Sou seu irmão mais velho, esta é meio que minha função, não? – disse sorrindo – Não se sinta tão mal, só quero que você faça o que gosta.
- Eu sei... – suspirei – Ele também faz isso com você? – perguntei a Jane, que caiu na risada.
- Faz um bocado de vezes. – respondeu – Ele é um super chato! – falou antes de beijá-lo carinhosamente. Confesso que fiquei com inveja, queria ter alguém assim.
Mas não tive tempo de pensar sobre isso, pois poucos segundos depois nossa mesa foi invadida por Lily e Nick, que queriam dar felicidades aos noivos e paquerar Charles enquanto ele não estava oficialmente fora do mercado. Não havia percebido quanto tempo tinha passado.
Pouco depois de meio dia, Charles e Jane tiveram que ir embora, pois ainda queriam ver alguns apartamentos, o casamento não devia demorar mais que alguns meses para acontecer. E pouco depois de Charles sair, William chegou.
Foi uma ótima surpresa, já que não havíamos combinado. É claro que Nicole não gostou muito, mas resumiu-se a ignorar sua presença. Eu estava um pouco cansada por ter ficado acordada até tarde na noite anterior, então me encostei no ombro de Will, que estava sentado ao meu lado, e ele passou o braço por meus ombros me puxando mais pra perto e encostando sua cabeça à minha.
E como o tempo passa super rápido quando nos divertimos, num piscar de olhos eram três da tarde. Will disse ter que encontrar alguns amigos e me deu um beijo na bochecha antes de sair. Eu estava louca para voltar ao castelo, mas Lily ainda queria ir à Loja de Penas Escriba.
Para minha felicidade, Nicole se prontificou a ir com ela e Frank disse que às acompanharia parte do caminho até a Dedosdemel, então segui sozinha pelo caminho enlameado.
- Seu amigo não é muito sutil. – disse a já conhecida voz de Sirius Black alguns minutos após eu ter ficado sozinha.
- E a sua perseguição está ficando clichê. – respondi entediada.
- Eu sei que você acha clichês muito charmosos. – rebateu e deu uma piscada – Em todo caso, não é uma estratégia muito inteligente da parte dele.
- Mas do que é que você está falando? – perguntei sem entender nada.
- Seu amigo... Ah, pouco me interessa o nome dele, perdeu uma ótima oportunidade aqui... Não é um admirador muito competente, se você quer saber.
- Ok, me avise quando resolver falar algo que faça sentido. – pedi revirando os olhos.
- Ah, qual é? Você não pode não ter percebido! O cara simplesmente baba em cima de você.
- Will não faz nada disso, Black, lave sua boca antes de falar dele. – respondi irritada.
- Viu? Você sabe. – um sorriso vitorioso e irritante preencheu seu rosto – Entendi, está fingindo que não sabe de nada... É um pouco cruel da sua parte.
- Black, estou avisando... – disse respirando fundo para manter a calma.
- Vai fazer o quê? Partir meu coração? – debochou – Poupe-me.
Eu apenas o ignorei, então ele resolveu continuar provocando.
- Ou quem sabe está apenas mantendo ele na reserva caso dê errado com aquele sonserino. – falou e eu, de repente, parei de andar – Muitos grifinórios considerariam isso alta traição.
- Como... Como você...? – agora ele realmente tinha me pego de surpresa.
- Espera aí! Você aceitou? – perguntou com cara de nojo – Merlin! Você é pior do que eu pensava! Devia ter vergonha.
- Eu não aceitei nada... – respondi atordoada – Mas como... Você anda me espionando!? – perguntei quase gritando.
- Ora, por favor! Como se eu fosse perder meu tempo te seguindo por aí. – debochou de novo – Pensei que fosse mais inteligente.
- Você ESTÁ me seguindo agora! – eu estava quase perdendo o controle – O que você quer, afinal?
- Não estou te seguindo, estou voltando para o castelo e aproveitando a oportunidade para te atazanar. – disse com um sorriso cínico.
- Vá ao inferno, Black. – falei irritada e comecei a andar mais rápido.
- Wow, quase me magoou. – caçoou – O que é, vai fugir agora? É demais ter alguém jogando verdades na sua cara?
E foi neste momento que eu não agüentei mais. Parei e me voltei para ele.
- Verdade? VERDADE?? – gritei me aproximando a cada passo que dava – Vê se se toca, Black! Você é só um serzinho arrogante e nauseabundo que não sabe de porcaria nenhuma e anda por aí querendo fazer os outros se sentirem mal. – parei um segundo para tomar fôlego – Você age como se fosse muita coisa, mas é tão vazio que não sei como é capaz de ficar em pé!
- Olha só, mostrando as garras...
Neste outro momento eu perdi completamente a cabeça. Levantei a mão para acertá-lo em cheio naquele rosto debochado, mas estava completamente despreparada para o que aconteceu a seguir.
Ele segurou meu braço, me puxou para perto e me beijou.
Sério! E não foi um beijo qualquer... Não sei explicar exatamente o que tinha de diferente, mas não era como o da enfermaria... Este era doce. O que sei é que me veio, de novo, aquela sensação de que o mundo parou. Sem som, sem movimentos. Pelos breves segundos de duração, as únicas coisas das quais eu tinha consciência eram os pontos onde nossos corpos entravam em contato.
Então, lentamente, ele se afastou alguns centímetros e me olhou bem nos olhos.
- Cereja. – disse num sussurro quase inaudível – Eu gosto.
- Bons reflexos. – comentei debilmente e sem ar.
Continuamos a nos olhar em silêncio. O que era aquilo? Num segundo estávamos brigando e, no outro, estou me derretendo nos braços dele? Não era certo! E por que minhas pernas não obedecem? Por que não consigo desviar os olhos?
Com um sorriso no canto dos lábios ele se afastou devagar, ainda me olhando, mas, desta vez, com certa malícia.
- Nos vemos por aí, Buttler. – disse e piscou antes de virar as costas e pegar o caminho de volta para o vilarejo.
Fiquei alguns segundos ainda sem reação, então acordei e voltei correndo para o castelo. Não me pergunte porque eu estava correndo, nada naquele momento fazia o mínimo sentido.
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Lily Evans
Acabamos convencendo Frank a ir conosco na Penas Escriba em troca de irmos com ele a Dedosdemel e então voltaríamos todos juntos ao castelo. Infeliz decisão.
Digo isso porque quando entramos na loja de doces, vi a cena que estive tentando evitar a semana inteira: James e Ariane se divertiam olhando a seção de doces estranhos. Nicole apertou meu ombro e me puxou para os chocolates, no extremo oposto da loja, mas o plano não deu muito certo. Na verdade, foi naquele lugar que passei pelo pior momento daquele ano. Como se houvesse um imã de coisas desagradáveis ao meu redor, o mais novo casal apaixonado chegou perto o suficiente para me fazer ouvir sua conversa.
- É? E posso saber qual a sua flor favorita? – ele perguntou.
- Hmm... Copo de leite. – respondeu – Por quê?
- Aah... Eu posso precisar desta informação para encontros futuros. – respondeu em tom de malícia.
Ariane riu tímida, eu perdi o ar dos pulmões e senti os olhos marejarem enquanto as palavras de outra noite ecoavam em meus ouvidos.
- Que tipo de flor você prefere? – James perguntou.
- Eu te dou a oportunidade de saber qualquer coisa sobre mim e você me pergunta isso? – perguntei descrente.
- Eu posso precisar desta informação para encontros futuros. – a presunção brincava em sua voz – Então...? – ele encorajou.
- Você acharia clichê se eu dissesse que são lírios? – perguntei.
Eu precisava sair dali imediatamente.
- Te vejo no castelo. – murmurei rapidamente para Nicole antes de sair correndo da loja.
Andei por Hogsmead sem reparar onde estava indo, só continuava me movendo para frente enquanto tentava manter as lágrimas nos olhos e a frustração trancada. Só parei quando finalmente cheguei a um lugar vazio. Não percebi que meus pés haviam me levado para perto da Casa dos Gritos até que a avistei em cima do morro.
Me sentei num banco próximo e enfiei o rosto nas mãos. Como eu pude ser tão idiota? Como eu pude acreditar em algo tão ridículo só por causa de um par de olhos castanho-esverdeados míopes e cabelos despenteados estúpidos?
A frustração que estive guardando a semana inteira veio toda ao mesmo tempo e as lágrimas começaram a descer. Raiva misturada com tristeza, mas a cada segundo a tristeza ia diminuindo, deixando a raiva aumentar. Sequer lembro de ter levantado, mas dei por mim chutando um monte de folhas que, tarde demais, descobri ter uma pedra por baixo. Xinguei alto enquanto pulava num pé só. O que é que estava acontecendo comigo? Por que, de repente, meu mundo girava em torno do que o Potter fazia? Isso não estava certo! Não deveria ser assim, não é isso que diz sobre amor nos livros!
Malditos romances e suas idéias perfeitas que iludem garotinhas inocentes! É tudo culpa dos contos de fadas! Se nos dissessem como homens são desprezíveis ao invés de nos fazerem acreditar em príncipes encantados, nada disso teria acontecido!
...
Mas que tipo de loucura é essa? No que é que eu estou pensando!?
Eu andava de um lado para o outro ainda em frente ao banco, não conseguia m manter parada e eu sabia bem o porquê: apesar de tudo que influenciava essa história, apesar de não ser culpa minha se o Potter é um porco mentiroso, eu estava irritada comigo mesma. Apesar de saber que não posso controlar os pequenos fatos que tornam meu cotidiano odioso, me culpava por ter, de certa forma, permitido que acontecesse. Eu estava tão irritada que tinha vontade de chutar a mim mesma por ser tão estúpida. E isso não tinha a menor graça.
Sentei outra vez e apoiei o queixo nas mãos. Respirei funda e lentamente tantas vezes quanto foram necessárias para me acalmar, eu precisava tomar o controle de volta, interromper o enorme fluxo de pensamentos que cruzavam minha mente... Eu precisava, acima de tudo, das minhas melhores amigas.
Tomei coragem para finalmente levantar do banco e pegar o caminho de volta para o castelo. Quase não se via mais estudantes nas ruas do vilarejo, já devia ser um pouco tarde, mas não estava preocupada com a hora, eu tinha um distintivo de monitora.
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Nicole Carrew
- Só sei que isso não pode ser bom, Frank. – suspirei enquanto voltávamos para o castelo – Acho que ela ouviu alguma coisa e ficou mal, mas não tenho idéia do que seja...
Eu estava preocupada com Lily. Vi James e Ariane por perto na loja assim que saiu e tentei ir atrás dela, mas quando consegui chegar à porta ela já havia desaparecido em meio as pessoas da rua.. E também estava irritada com James. Seja lá quais fossem seus motivos, o que estava fazendo era errado.
Frank resmungou algo, mas não lhe dei atenção. Estava tentando identificar a garota inquieta em frete aos degraus do castelo, pois parecia muito com Jéssica, mas não fazia sentido que ela ainda estivesse aqui fora.
Não precisei ficar pensando sobre isso muito tempo pois pude ver com clareza alguns passos depois e, caramba, ela estava mesmo nervosa. Andava pra lá e pra cá sem saber o que fazer com as mãos e, aparentemente, resmungando alguma coisa.
- Você tá bem? – perguntei quando chegamos próximo o suficiente.
- Não, nada está certo! – respondeu exasperada – O planeta virou de cabeça pra baixo, as pessoas estão enlouquecendo! – ela gesticulava muito.
Eu a olhei confusa. Ok, alguma coisa estava fora do lugar e, certamente, eram os parafusos na cabeça da morena a minha frente. Lancei um rápido olhar a Frank (que tinha a expressão tão confusa quanto a minha) antes de responder.
- Tudo bem, – comecei calmamente – o planeta estar de cabeça para baixo é culpa do movimento de rotação e isso é normal, então, qual é exatamente o problema?
- O problema é aquele ser odioso e a minha incapacidade de reagir na hora certa! – gritou assustando alguns primeiranistas que passavam perto.
- Ela deve estar falando do Black. – Frank sussurrou para mim. E eu concordei com um aceno.
- E o que aconteceu?
- O que aconteceu!? O que aconteceu!?!!?! – ela estava vermelha – Vou te dizer o que aconteceu: ele chegou, me ofendeu, me beijou e saiu!
- Ele beijou você? – perguntei animada – Que ótimo!
- Não, não é ótimo! Não tem nada de ótimo aí! – disse ainda gesticulando exageradamente – Você por acaso ouviu o que eu disse?
- Jéssica... Você não está fazendo sentido. – Frank interviu – Se acalme primeiro e fale uma coisa de cada vez.
- Ok. Talvez você tenha razão. – falou respirando fundo.
- Não tem “talvez” aí, ele está certo. – discuti, mas me calei depois do olhar que ela me mandou.
Depois de respirar bem fundo três vezes, Jéssica começou seu relato detalhado de tudo que havíamos perdido enquanto estivemos longe. Quando ela terminou, Frank estava de queixo caído e eu sorria.
- “Eu gosto de cereja”, quer dizer, que tipo de comentário é esse? – perguntou irritada.
- OH MEU MERLIN, ELE TE AMA!! – gritei sem conseguir me conter e assustei Jeh e Frank.
- Nicole, você ficou louca? – ela perguntou – Não ouviu nada do que eu disse?
- Ouvi, claro que ouvi! – respondi – Vocês é que não ligaram os fatos! – argumentei, mas eles me olhavam com cara de interrogação, então resolvi ser mais direta – Jeh, qual a sua fruta favorita? Qual o sorvete que você mais gosta? E, o mais importante, o que você estava bebendo hoje?
- Cereja. Cereja. E... Coquetel de Cereja. – respondeu devagar, como se medisse as palavras.
- Ele, simplesmente, disse que gosta do sabor que vem da sua boca. – expliquei como se fosse a uma criança de um ano – Dãã?
E, como uma criança de um ano que tenta entender física, ela olhou para mim em silêncio por vários segundos. Foi Frank quem falou primeiro.
- Tem bastante lógica nisso. – disse pensativo – Por que outro motivo ele faria esse comentário?
- Eu sou um gênio. – falei convencida.
A expressão de Jéssica foi mudando aos poucos, agora ela parecia achar graça em algo que Frank eu não conseguíamos ver.
- Que nada, isso é viagem de vocês. – disse contendo o sorriso. Eu estreitei meus olhos para ela.
- Sua safada, você gostou da idéia!! – gritei rindo.
- Não gostei não. – falou tendo um acesso de risos.
Estávamos todos rindo quando Lily chegou com cara de enterro perto de nós, que demoramos algum tempo para perceber isso e ficamos muito sem graça.
- Oi. – ela disse encarando o chão.
- Lily... O que aconteceu pra você nos deixar em Hogsmead e voltar aqui com essa cara? – Frank se adiantou preocupado.
Ela nos olhou notavelmente tentando segurar nos olhos as lágrimas que se formavam antes de responder.
- Eu não sei o quanto mais dá pra agüentar.
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Lily Evans
- MAS QUE GRANDE FILHO DE UMA...
- Jéssica! – Nicole repreendeu antes que fosse tarde.
- O quê? Vai defender ele!? – perguntou exasperada.
- Não, só que o imbecil é ele, não xingue a mãe, não acho que foi essa a educação que ela deu. – respondeu.
- Ok, ok... MAS QUE MISERÁVEL, INÚTIL E... E... Ah, não conheço xingamentos bons o suficiente, que saco! – falou irritada – E você ainda sente raiva de si mesma!? Lily, acorda! Você não pediu pra ouvir declarações nem nada disso... Se ele é um mentiroso safado, a culpa é só dele! – ela continuou a gritar comigo.
- Olha, eu só to dizendo que... – comecei.
- Que é culpa sua não ter percebido, eu sei, ouvi essa parte. – Jeh me interrompeu pela sexta vez desde que começamos a conversa – Mas não é certo, Lily! E daí se você acreditou? Você estava sendo sincera! Diferente dele, aquele canalha safado!
- Certo, alguém aqui precisa acalmar os nervos. – disse Nick.
- Por quê? Eu estou expressando o que vocês estão contendo. – Jeh rebateu – Frank, você concorda comigo?
Frank, que até então estivera ouvindo calado, ficou surpreso em sua opinião ser pedida bruscamente.
- Ah... Er... – ele tossiu – Eu acho que... Eu acho... – ele tentava medir as palavras, mas, por fim, desistiu e suspirou – Acho que Jéssica está certa sobre James, mas não precisa gritar.
- Tudo bem, me desculpem pelos gritos. É que a calma de vocês me deixa mais nervosa. – tagarelou enquanto andava de um lado para o outro.
- Só vamos entrar, está ficando tarde. – pedi.
Eles assentiram e cruzamos as portas do castelo. Na verdade não estava assim tão tarde, mas sabia que não tocariam no assunto enquanto estivéssemos no corredor e eu queria um pouco de tempo para pensar. Ou, talvez, parar de pensar, esta história é extremamente desagradável e está me dando dor de cabeça. De novo. É por este tipo de coisa que eu me pergunto se se apaixonar não é supervalorizado. Quer dizer, quem quer passar por isso por causa de alguém que não te dá a mínima?
Não queria jantar, mas Jéssica saiu me arrastando para o salão principal, o que não foi ruim, sem inconvenientes. Mesmo assim, quando chegamos a torre, tudo que eu queria fazer era tomar um banho e cair na cama. Eu não estava mais triste. Na verdade, estava tão confusa que não sabia como me sentia e era por isso que eu precisava da calma do meu dormitório quando todos ainda deviam estar perambulando pelo castelo. E foi isso que eu fiz.
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Remus Lupin
Acordei cedo na manhã de domingo. Ainda estava cansado, mas meu corpo doía de todo o tempo que passei deitado, então resolvi levantar e... Sei lá, perambular pelo castelo, era cedo demais para o café da manhã.
Estava andando devagar por um corredor do quarto andar, sem olhar por onde ia, sem pensar em nada específico, quando a presença de mais alguém me surpreendeu.
- Hey, Senhor Lobo, o que faz por aqui a esta hora da manhã? – disse, sorridente, a garota com um arco-íris na cabeça.
Senti meu sangue congelar nas veias com a pergunta. Ela havia descoberto apenas com aquela noite? Eu tinha que fazer alguma coisa a respeito...
- Do que... Você me chamou do quê? – perguntei tentando manter a calma.
- Senhor Lobo. – respondeu se aproximando – Tá, eu sei que esse não é seu nome, é só que “Lupin” é “lobo” em latim, eu só estava brincando com as palavras. – explicou – É até engraçado o seu nome, na verdade, se seu pai sabia o significado.
- É? – perguntei ainda desconfiado – Por quê?
- Bem, Remus é o nome de um dos fundadores de Roma, junto com seu irmão Rômulo, filhos do deus Marte – ou Ares, se preferir. Segundo as lendas locais, foram jogados no rio Tibre, levados para a margem pela correnteza e amamentados por uma loba antes de serem encontrados por um pastor. – respondeu parecendo uma enciclopédia ambulante. – Então meio que seu nome fica Remus Lobo... É engraçado.
- Ah... – foi tudo que eu consegui dizer, ainda não tinha certeza se era só por isso – Legal... Como você sabe todas essas coisas? – perguntei atordoado com a avalanche de informações.
- Gosto de história trouxa. – respondeu dando de ombros – Acho mais interessante que a bruxa.
- É... De certa forma concordo com você. – comentei, ela sorriu.
- Mas, e aí, o que faz por aqui tão cedo? Você parece cansado. – ela me olhava com atenção.
- Eu não consigo dormir. – respondi.
- Hum... Problemas com garotas? – quis saber, eu a olhei espantado – Ok, estou sendo invasiva. Desculpe... É só que... Nós começamos com o pé esquerdo, eu só... Estou tentando ser legal com você.
- Tudo bem. Mas por que isso agora? – perguntei tentando não ser rude.
- Por que a maioria das pessoas julga as outras pelo que vê superficialmente e eu tento ao máximo não fazer isso. – respondeu olhando pela janela – Mas eu percebi que estava fazendo com você. – voltou seu olhar para mim.
Passamos um breve momento em silêncio. Eu absorvendo o que acabara de ouvir e ela sorrindo suavemente para mim.
- Neste caso, também te devo desculpas. – sorri sem graça.
- Desculpas aceitas.
- E você, o que faz por aqui tão cedo? – fiquei curioso de repente.
- Não gosto de dormir. – respondeu simplesmente – E não queria ficar no dormitório. Tá a fim de continuar andando? Ficar parada me dá agonia. – convidou com uma careta.
- Vamos nessa... – sorri – Mas... O que aconteceu com Remus e Rômulo? – perguntei genuinamente interessado, ela riu antes de começar a contar.
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Passamos bastante tempo conversando sobre todo tipo de coisa, embora a maioria fosse impessoal. Fomos os primeiros a chegar ao salão principal no café da manhã, o que, de certa forma, era bom. Evita fofocas. Sentamos juntos à mesa da Grifinória.
- E aí, o seu namoro vai bem depois de todo aquele incidente? – perguntei. Ela ficou quieta e mordeu o lábio inferior – Ah, desculpe, eu não queria...
- Não, tudo bem. – ela se apressou – É só que... Ainda não voltamos. – eu franzi a testa.
- Ele não falou com você? – perguntei confuso lembrando da conversa que tinha ouvido pouco tempo depois daquela confusão.
- Não.
Comecei a pensar , não fazia sentido, ele parecia decido a ir atrás dela... Mas então me veio a solução, Tremllet disse que ia atrás de uma garota, não disse de quem. Ele provavelmente usou aquela cena como uma desculpa para acabar o namoro jogando a culpa de algo que já ia acontecer nela.
- Hey, você podia me ajudar a falar com ele. – ela disse animada, voltara a sorrir.
- O quê?? – perguntei realmente sem entender.
- Por algum motivo, David não acredita em mim. – explicou – Mas talvez acreditasse em você.
- Carrew, eu não acho que...
- Nicole, por favor. – pediu – Ou Nick. Mas isso não importa agora. Escute, é só um pequeno favor. Eu sei que começamos a nos conhecer de verdade agora, mas... É importante pra mim.
- Eu...
Olhei para a garota a minha frente sem saber o que dizer. Ela parecia emanar inocência, eu não sabia como alguém podia fazer algo como o que Tremllet fez com ela.
- Tudo bem. – concordei me sentindo enjoado por mentir para o sorriso doce que ela me deu em seguida, mas não consegui acabar com esperança que ela tinha.
- Obrigada, Remus. Você é um amor. – disse sorrindo e voltando a comer.
E cada sorriso que ela me lançava me fazia sentir a pior pessoa do mundo.
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Lily Evans
Domingo de manhã eu acordei de um sonho esquisito onde observava James e Ariane tendo uma réplica perfeita do nosso encontro. E o pior, o safado olhava para mim e piscava.
Estranhamente, não estava triste, não queria chorar nem reclamar com minhas amigas e nem queria chocolate, mas levantei com uma vontade imensa de estrangular James Potter.
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