Capitulo 5



O longo vôo de Londres a Melbourne com um agitado menino de três anos poderia ter sido um pesadelo. Mas, graças aos três assentos de primeira classe na primeira fila do avião, onde existe aquele espaço extra para as pernas, e com Ronald se revezando com Hermione na tarefa de olhar David, eles chegaram sem grandes pro¬blemas. David até mesmo dormiu a maior parte do trajeto.
— Espero que os próximos dias com sua irmã sejam necessários para ajudá-la — disse Ronald enquanto desembarcavam. — Vou ficar em contato com você por telefone. Ficarei com Simas Finnigan, que cuida do negócio aqui em Melbourne. A esposa dele, Parvati, ofereceu-se para olhar o David enquanto eu estiver trabalhando durante o dia e quando eu for para o casamento do gerente da fazenda. Se você precisar falar comigo ou se quiser ver o David...
— Obrigada — agradeceu Hermione, realmente grata por ele ser compreensivo e lhe deixar o tempo todo para ficar com sua irmã.
Pondo-se a pensar, Hermione percebeu que Ronald Weasley não tinha cometido nenhum erro como chefe até então. Não fi¬zera nada durante o longo vôo, ou durante a estada no apartamento dele em Londres, que a fizesse lamentar a decisão de trabalhar para ele. Ronald mantivera distância e a tratara com todo o respeito. Mas como uma funcionária, nada além disso. E ela, por seu lado, mantivera uma postura profissional, concentrando toda sua atenção em David.
Simas Finnigan, um homem simpático que parecia ter a mesma idade de Ronald, foi recebê-los no aeroporto. Ele os levou para a cidade, deixando Hermione na atraente casa vitoriana de sua irmã, localizada no ele¬gante bairro de South Yarra.
“Nada exceto o melhor para Dino Thomas”, pensou Hermione torcendo o nariz e suspirando diante da possibilidade de ver-se novamente frente a frente com o marido de Nick. Ele a trataria mal?
— Deixe-me ajudar com suas malas — ofereceu Ronald quando Hermione desceu do carro, saltando também para abrir a porta para ela.
— Oh, obrigada, mas eu posso cuidar de tudo — garantiu ela pegando as malas. — Não estão pesadas — eram apenas dois volumes, um dos quais uma valise.
— Se você prefere assim... bem, espero que sua irmã esteja melhor. Ter você aqui vai ajudá-la. Eu telefono para você à noite — disse ele.
Hermione assentiu e virou – se para David.
— Tchau — disse ela para o menino e, respirando fundo, ela avançou para o portão de Nick. Escutou a porta do carro fechar e o motor acelerar quando Simas o conduziu para longe dali.
Uma passagem estreita de pedras levava à porta de en¬trada, flanqueada por roseiras que no passado tinham sido belas e agora precisavam urgentemente de cuidados. A porta em si também não reclamaria de uma aplicação de verniz. O que o inútil do marido da Nick fazia o dia inteiro?
Como se ela não soubesse.
Hermione tocou a campainha esperando que a porta fosse aberta logo por sua irmã, que estaria entusiasmada com sua chegada, mas em vez disso uma voz trémula perguntou lá de dentro:
— Quem... quem é?
— Sou eu, Hermione. Nick, é você?
Apenas uma fresta foi aberta na porta e Nick a puxou para dentro.
—Oh, Mione, graças a Deus você está aqui!
Hermione ficou chocada, sem saber o que dizer. A aparência de Nick era horrível. Os olhos castanhos estavam inchados e vermelhos, o rosto lindo marcado pelo choro, o cabelo nor¬malmente liso e brilhante estava opaco e embaraçado e o corpo esguio, que ainda não mostrava sinais da gravidez, tremia visivelmente.
—Nick , qual é o problema? —perguntou Mione, largando as malas e abraçando a irmã. — E o bebê? Onde está o Dino?
Nick começou a chorar.
— Dino foi em... embora! Ele não vai voltar! Ele... ele deixou um bilhete. Ele... ele não quer mais... não quer mais estar casado comigo! Ele não quer o bebê, e não me quer mais. E... e isso não é tudo! Ontem à noite dois... — Nick encostou o rosto no ombro da irmã e chorou profusamente, sem conseguir continuar falando.
— Oh, Nick, querida. Calma, eu estou aqui agora. Sente-se enquanto faço um chá. Não fale mais nada enquanto isso.
— Oh, mas você...
— Apenas sente-se. Não, melhor ainda, vá deitar-se na sua cama. Não vou demorar.
Gradualmente, ao longo das horas seguintes, Hermione con¬seguiu entender todos os detalhes da sórdida história.
E era pior, muito pior, do que Hermione imaginava. Nick e Dino tinham dívidas muito, muito altas. Além das dívidas de jogo de Dino. Na noite anterior dois sujeitos mal-enca-rados que Nick nunca vira antes tinham batido à sua porta, procurando por Dino, exigindo o dinheiro que Dino lhes devia. Milhares de dólares. Quando ela dissera que Dino tinha ido embora, eles forçaram a entrada para ver se era verdade. Não tinham tocado nela, mas amea¬çaram fazê-lo se não conseguissem encontar Dino em al¬guns dias. Disseram que ela teria de pagar tudo. E que voltariam para cobrar.
— E o banco vai tomar a casa! — gemeu Nicole. — Nós... nós não conseguimos pagar as prestações!
— Mas eu achava que a casa já estava paga. Dino lhe deu a casa como presente de casamento! Ele tinha todo aquele dinheiro...
— Não era tanto quanto ele fazia parecer. Descobri depois do casamento que ele pagou o mínimo possível pela casa e fez uma hipoteca imensa. Mione, na semana que vem o banco vai pôr a casa a venda, a menos que recebam o pa¬gamento! Eu vou ficar na rua!
— Não seja boba, meu bem, claro que você não vai ficar na rua. Vou encontrar outro lugar para você. E vou ajudá-la com o aluguel. — Enquanto fazia a promessa, Hermione começou a pensar se apenas dois dias seriam o bastante para cumprir a promessa. Ainda bem que Ronald tinha lhe dado um cheque como adiantamento. Com esse dinheiro poderia pelo menos pagar o primeiro mês de aluguel para a irmã.
— Você não está entendendo — disse Nick. — Não é só a casa. Há dúzias de outras contas que descobri depois que Dino partiu. Ele usou nosso cartão de crédito conjunto para fazer empréstimos, empréstimos imensos, tudo com juros altos, e não pagou nada. Até mesmo minhas jóias se foram, as poucas jóias valiosas que eu tinha. Ele me convenceu a colocá-las no cofre do banco, mas agora não estão mais lá! Ele deve ter vendido tudo! Ele... ele...
— Querida, não fique assim. Nada é tão ruim que a gente não...
— Mas isso é! Eu não sei o que fazer! E ele foi embora com nosso carro, que também não estava pago. Ele me arruinou, Mione! Eu vou ficar pagando essas contas pelo resto da vida!
— Nick, o que foi?
— É o meu... — Nick começou a se contorcer, apertando o ventre.
— Rápido, coloque as pernas para cima! — Hermione a aju¬dou, apoiando-a em travesseiros. — Vou ligar para o médico.
— É... é tarde demais para isso! Mione, estou per¬dendo o bebê! Eu estou sangrando!
— Eu vou chamar uma ambulância! — exclamou Hermione, horrorizada, pegando o telefone na cabeceira da irmã.
— Mas eu não posso pagar um...
— Psiu. Eu posso. Tente relaxar, querida.
Hermione pagou o táxi e entrou na casa agora vazia da irmã. Sua primeira providência foi ligar para o número que Ronald lhe dera.
— Alô?
— Ronald... aqui é a Hermione.
— Hermione! Eu estava pensando em ligar de novo, já tinha tentado antes e ninguém atendeu... há algo errado?
— Minha irmã está no hospital. Ela... ela perdeu o bebê.
— Oh, puxa, eu lamento. Isso é sempre difícil. O marido está com ela?
— Ele a deixou. Eu explico tudo depois. Estive no hospital com ela toda a noite. Acabo de chegar.
— E como você está?
— Eu... estou preocupada com a Nick. Ela está reagindo muito mal, está dizendo que não tem mais motivo para viver. Primeiro perdeu o marido, depois a casa, que o banco vai retomar, e agora perdeu o bebê. Dino a deixou com dívidas inacreditáveis. Ela está tão deprimida... quase num estágio suicida. Sei que vai estar bem enquanto estiver no hospital, mas ela... ela vai voltar para casa amanhã e...
— Escute, eu estou indo para aí. Você não deve ficar sozinha.
— Oh, não, eu...
— Estarei aí em dez minutos. Prepare uma bebida para você... agora mesmo! — e ele desligou.
Hermione deixou-se cair em uma cadeira, subitamente se sentindo fraca. Ronald estava vindo? A esta hora? Ela olhou para o relógio. Eram quase onze.
Quando ele chegou, Hermione já havia encontrado uma gar¬rafa aberta de brandy e tomara um pouco. Sentia que a bebida estava ajudando a relaxar.
— Você seguiu meu conselho. Bom — comentou Ronald assim que entrou. Ele vestia um terno azul-escuro, com uma impecável camisa branca e gravata de seda de bom gosto, e vê-lo com um traje assim formal causou um espasmo na garganta de Hermione.
— Quer tomar uma dose também?
— Não, obrigado. Eu bebi um pouco no jantar. E estou dirigindo. Vamos sentar, e você pode me contar o que houve. Tudo.
Ela assentiu. Naturalmente ele estava preocupado com a possibilidade de perder a babá. E havia mesmo boas chances de isso acontecer. Como ela poderia deixar Nick em dois dias, mesmo que encontrasse um lugar para ela morar? A perda do bebê e de Dino e as dívidas, para não falar dos dois homens, poderia ser demais e levar sua pobre irmã ao...
Hermione teve um tremor. Não queria nem pensar nisso!
Ela sentou-se, respirando fundo, e contou para Ronald tudo que Nick lhe dissera.
Ronald ficou em silêncio por um longo tempo.
— Há uma solução — disse ele por fim.
Hermione ergueu os olhos para ele.
— Podemos levar Nicole para Yangalla conosco. Ela pode se recuperar lá, e você ficaria de olho nela.
O rosto de Hermione se iluminou.
— Oh, Ronald, você está falando sério? — então ela mordeu o lábio. — Mas eu não sei se ela vai concordar. Ela vai ver isso como fugir dos débitos, da mesma forma que Dino fez. Agora que ela está... que perdeu o bebê, tenho certeza de que ela vai querer arrumar um emprego e começar logo a pagar as dívidas. Não que ela vá conseguir, mesmo que arrume o melhor emprego do mundo. E depois da semana que vem ela nem mesmo terá uma casa. E Dino levou o carro... que também não estava pago, é claro.
— Você disse que ela era modelo?
— Sim. E o único trabalho que ela teve desde a escola, mas, falando francamente, não a vejo voltando a trabalhar com isso. Ela está frágil demais. E parece pálida e doente, então não creio que vá conseguir trabalho nessa área. Mesmo que tenha disposição para tentar.
Ela afundou mais na poltrona, pensativa.
— E se aqueles homens voltarem, exigindo o dinheiro deles, ameaçando-a? Dino está devendo dezenas de milhares de dólares a eles. Eu estou com tanto medo por ela.
— Essa dívida é do Dino, não dela. E o carro é problema dele também. Você tem de convencê-la a vir conosco, Hermione. Ela precisa sair de Melbourne por algum tempo. E se os homens aparecerem nos próximos dias, você estará aqui para proteger sua irmã. Não deixe eles entrarem. Ligue para a polícia se for necessário.
— Mas não acho que a Nick vá...
— Eu pago as dívidas.
O quê!?
Ele inclinou a cabeça, com o rosto impassível. Era im¬possível imaginar o que estaria pensando.
— Quanto a esta casa... — os olhos dele passaram pela sala decorada com gosto, e pelo arco gracioso que a separava da sala de jantar. — Eu estava pensando em comprar uma casa em Melbourne para quando estivesse na cidade a negócios, ou para quando quisesse apenas passar uma noite na cidade. E esta casa parece ser exatamente o que eu estou querendo. Não é grande demais, não tem muito jardim e é perto do centro. Precisa de alguma manutenção, mas posso contratar alguém para cuidar disso.
— Você está brincando!
— Não, Hermione, não estou brincando. Mas eu tenho uma condição.
Hermione gelou.
“Compartilhe da minha cama enquanto eu estiver na Aus¬trália e eu pago as dívidas da sua irmã”, pensou
Ele achava mesmo que ela valia tanto assim? Ou será que pensava que ela estava exagerando o total das dívidas de Nick?
— Não esse tipo de condição — declarou ele secamente ao ver a expressão dela. — Não sou outro Draco Malfoy, Hermione. Eu lhe disse que não era. Não... Minha proposta é muito mais séria que isso.
Ela estreitou os olhos, desconfiada.
— Então o que você está propondo?
Ronald inclinou-se para a frente na poltrona e a olhou nos olhos
— Estou pedindo você em casamento.


N/B: Ai meu Deus, quase morro de susto agora! Que proposta hein? *beta com os olhinhos brilhando* Antes de tudo, gostaria de dar um olá aos leitores, já que a 1ª vez que eu me manifesto, hehehe... Queria dizer tb que estou adorando betar essa fic. Tô quase sem tempo por causa da faculdade, mas não abandono isso aqui de jeito nenhum! Queria agradecer tb todos os votos e coments, eles tb fazem betas felizes! E antes de eu ir embora, eu tenho um recadinho para minha autora: num demora não Sany, tá pensando que são só leitores que morrem de curiosidade, é? Bjão a todos!
Lucy

N/A: Primeiramente mil desculpas a todos pela demora da finc, e pelo capitulo ter saído tão pequenininho farei o possível para postar o 6 bem mais rápido. Queria também agradecer aos comentários
Tanne, Carla Ligia Ferreira, Ágata Weasley , Dibiela, Raiza Prince, gabrielle , _+*Krika*+_ Potter, Joy, Ginna Weasley Potter, Raquel Montanhaur Martins, Carlos Miguelito, gonzaga, And GW, eduarda pirini pedro, Saula Guerra Braga.
Adorei todos os comentários eles me deixam muito felizes.
Bjs

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    NOSSAAAAAAAAAAAAAA Que resposta mesmo ....Ual... ameiiiiiiii *--------*

    2011-11-29
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