Cap único
Faltavam poucos dias para o Halloween do ano de 1981, mas a última coisa com a qual Severo Snape se preocupava era com o dia festivo. Ele não tinha como saber, mas poderia imaginar com grande chance de acerto que Lílian Evans também não estava ligada no feriado.
Balançou a cabeça irritado consigo “Lílian Potter” corrigiu-se rapidamente. Jamais deveria esquecer este “pequeno” detalhe. Ele ganhou, o Maldito Potter finalmente conquistou o coração de sua Lilly.
Sim, sua! Porque ele a conheceu primeiro, fugia de casa quando tinha apenas dez anos e ficava escondido atrás das moitas próximo a praça onde ela brincava apenas para observá-la. Ele revelou a ela sua condição de bruxa. A primeira vez que tomou coragem e falou com ela a garota disse que não era nada gentil chamar as pessoas de bruxa. Não pôde evitar sorrir com a lembrança.
Quando vieram para Hogwarts, apesar de dizer que gostaria que ela fosse para Sonserina, sabia que isso não aconteceria. Ela era uma nascida-trouxa, jamais poderia pertencer àquela casa. Por alguns segundos pensou em pedir ao chapéu que o enviasse para Grifinória quando ela foi escolhida para lá, mas ele sempre soube que isto seria impossível.
Mesmo em casas rivais eles continuaram a ser amigos, faziam quase tudo juntos. E ele adorava vê-la dando foras no metido do Potter. O rapaz de olhos castanho-esverdeados, cabelos rebeldes, artilheiro do time de quadribol, desejado por nove entre dez garotas de Hogwarts. Sim, nove entre dez, porque a única que ele queria só sabia lhe dizer o quanto sua presença era desagradável.
Hoje Severo via seu erro, preocupou-se pouco com as investidas de Potter, já que Lílian sempre o despachava. Não deu atenção para aquilo que verdadeiramente era capaz de afastá-los: a arte das Trevas.
Suspirou ainda pensativo olhando o sol que descia ao encontro da longínqua margem do lago. Eles estavam no quinto ano quando tiveram mais uma de suas discussões. Essa foi um pouco mais séria. Haviam se passado apenas algumas semanas do episódio do Salgueiro Lutador, onde ele descobriu o segredo de Lupin e a reação da amiga o deixou preocupado. Ele suspeitou que ela sabia e que encobria o Lobisomem. Lílian o acusou de andar com colegas que faziam magia negra, mas ele só se preocupou com o fato dela esconder algo dele e de achar que Thiago Potter tinha feito algo heróico. Porém quando ela disse que o rival continuava a ser um idiota arrogante ele relaxou e se despreocupou. Outro erro grave!
Um dos momentos mais críticos entre os dois foi quando naquela fatídica tarde no fim de seu quinto ano Severo a chamou de sangue-ruim suja e ela se ofendeu de verdade. Claro que deveria se ofender! Ele foi procurá-la, disse que dormiria do lado de fora da sala comunal da Grifinória se fosse preciso para falar com ela. Pediu desculpas! Mas ela estava mesmo muito decepcionada com ele. Foi fria como nunca havia sido, acusou Severo de ser como seus amigos Sonserinos e de não poder esperar para se juntar ao Lord das Trevas. Ele não teve como se defender. Ele sabia que ela estava certa! Tinha mesmo esta intenção, porém ao ouvi-la dizer que os caminhos deles estavam separados, algo mudou dentro dele. E então a pergunta fatal “Você chama a todos com o mesmo nascimento que o meu de Sangue-ruim, porque comigo haveria de ser diferente?”
Sim. Por quê? E a resposta o atropelou como um hipogrifo descontrolado! Porque ele a amava. E não havia mais como negar aquele fato. Porém mesmo arrasado ele conseguiu ver mais do que ela queria mostrar, conseguiu ver além da frieza dela e percebeu na decepção de Lilly que ela também sentia mais por ele do que simples amizade.
Severo passou mais de uma semana analisando tudo que aconteceu desde que se conheceram. Ele se apaixonar por Lílian Evans era algo quase que natural, mas esse sentimento ser recíproco parecia algo totalmente improvável! No entanto ele tinha quase certeza de que não havia se enganado. Pensou muito e decidiu que deveria tentar, seria uma missão suicida? Talvez, mas ela já havia cortado a amizade mesmo, o que ele teria a perder? Já que estavam de férias ele a procurou em sua casa, porém naquele ano os Evans haviam viajado tão logo Lílian retornou de Hogwarts. Ele teve que esperar até setembro.
Por incrível pareça Severo teve uma ajudinha de Thiago Potter e Sírius Black em sua reaproximação de Lilly. Sorriu ao lembrar-se daqueles insólitos acontecimentos.
****************************** Flashback****************************
Era o segundo dia de aula e Severo saia um tanto distraído da sala de DCAT, vinha pensando em Lilly, quando topou com Potter, Black e Pettigrew em um corredor vazio. Ele não era covarde, mas enfrentar três marotos sozinho não era questão de coragem e sim de burrice.
Tentou escapar, mas rapidamente Black lhe lançou um feitiço das pernas presas e ele caiu emborcado no chão. Pettigrew riu como um rato.
Potter tinha um olhar duro e por um instante Snape pensou se ele teria flagrado algum de seus olhares a Lilly. Logo percebeu que não. O Grifinório era vingativo e não havia esquecido o desaforo do Sonserino a monitora no fim do semestre anterior.
Ao cair Snape ainda conseguiu manter sua varinha a mão. Virou-se rapidamente para Potter gritando.
-- Tarantallegra! – sua vontade era lançar um sectumsempra, mas ele não podia fazer isto em Hogwarts.
Thiago não esperava uma reação tão rápida e não conseguiu se proteger. Suas pernas iniciaram um sapateado frenético que o levou ao chão.
No instante seguinte, Snape virou-se para Black gritando:
-- Petrificus Totalus! – mas Sírius já estava preparado.
-- Protego! – Sorriu com desdém – Então o Ranhoso quer brincar?! – Agitou a varinha executando um feitiço não verbal que voou como um soco acertando Snape no rosto. Rapidamente se virou para Thiago – Finite Incantem – o sapateado cessou.
Potter se levantou pegando sua varinha, seu olhar era de ódio. Antes que Severo pudesse se recuperar do soco mágico, outro o atingiu no estômago e todo o ar de seus pulmões foi expulso. Ele foi elevado do chão e lançado contra a parede. Porém antes de cair ouviu:
-- Parem já com isto! Ponham ele no chão, agora!
Mesmo sem ver, Snape sabia a quem pertencia à voz. “Droga!” Mas uma vez ela o encontrava em uma situação humilhante. Ainda ouviu a voz de Potter.
-- Lilly!
E no segundo seguinte aterrissava no chão, tendo batido a cabeça na queda. Por pouco não perdeu os sentidos, mas ainda pode ouvir a resposta dela.
-- É Evans para você, Potter! – dizia com todo o desprezo de que era capaz – Remo leve esses três daqui antes que eu perca a cabeça – O tom dela era de um ódio tal que ele nunca poderia imaginar vir de sua doce Lílian.
Ele queria poder se levantar mostrar a ela que não havia sido tão afetado, mas não conseguiu se mexer. Sentia dificuldade em respirar e estava muito tonto. Sentiu alguém se aproximar e o perfume dela o trouxe mais próximo da realidade. Ela lhe falou com doçura.
-- Severo! Sev! – o nome dele dito por ela o trouxe definitivamente a consciência. Ele tentou se sentar apoiando nos cotovelos e ela o ajudou.
Sua cabeça doía muito. Sentiu o gosto de sangue na boca, levou a mão para limpá-lo, mas ela o impediu.
-- Se eu te ajudar acha que consegue andar? – ele concordou – Vamos! Vou levá-lo a Mde Pomfrey.
Ela o ajudou a levantar, convocou a varinha dele e o amparou até a enfermaria. Severo ainda sentia a cabeça rodar e alguma dificuldade de respirar, mas não reclamou de nada. Ele jamais daria esse gostinho a seus inimigos.
Lílian o sentou em uma cadeira e sumiu por uma porta. Voltou em seguida trazendo um frasco com um líquido verde brilhante e um cálice com uma poção de cheiro enjoativo.
-- Já falei com Mde Pomfrey, ela já virá examiná-lo, mas pediu que eu limpasse seus ferimentos e que você tomasse essa poção.
Molhou um algodão no líquido verde e limpou o canto do lábio dele. Ele sentiu arder, mas não esboçou reação. Ela fazia tudo com muito cuidado, mas não se via pena no olhar dela, nem mesmo a frieza de meses atrás e isto fez Snape ficar mais tranqüilo. Em seguida lhe deu a poção. Tinha um gosto amargo, mas logo as dores diminuíram.
O silêncio que caiu entre eles estava se tornando desconfortável. No último encontro ela havia deixado claro que não queria mais vê-lo, que não aceitava suas desculpas e que a amizade estava encerrada. Entretanto naquele momento Severo sentiu que Lilly não estava ali como estaria com qualquer outro colega, ela estava ali porque era ele. Porque se preocupava com ele. Abriu a boca para dizer algo, porém antes a enfermeira apareceu e não conteve um suspiro de indignação.
-- Por Merlin! O que aconteceu com você? – Severo viu o ódio passar pelo rosto de Lílian, mas lhe dirigiu um rápido olhar e respondeu, tentando parecer displicente.
-- A Srª. não acreditaria! Tropecei, caí e ainda dei com a cara na parede! – sorriu brevemente para tentar passar impressão que isso era uma besteira. Viu o susto da amiga, mas a moça não falou nada.
-- Querida, agora precisarei examinar o rapaz. Acho melhor ir para sua aula. – Ela corou, mas disse à enfermeira que gostaria de falar com o colega novamente. Mde Pomfrey concordou em chamá-la quando tivesse acabado.
Para a Grifinória se pareceu a eternidade, mas apenas meia hora depois a enfermeira a chamou. Severo estava carrancudo deitado sob as cobertas.
-- Ele terá que ficar? – A moça perguntou em um sussurro preocupado.
-- Sim, querida. Ele bateu a cabeça e quase perdeu os sentidos, vou deixá-lo em observação até amanhã. – a enfermeira deu um bufo e continuou – Ele também tinha quebrado uma costela, mas isto já está resolvido, por sorte não perfurou o pulmão – Lilly arregalou os olhos, a enfermeira diminuiu o tom de voz – Eu acho que ele andou brigando, mas se ele não quer dizer... – deu de ombros e entrou no escritório.
A ex-amiga aproximou-se da cama logo dizendo:
-- Porque protegeu eles? Porque não contou o que aconteceu? – estava um pouco irritada, não havia lógica! Porque ele estava protegendo aqueles Grifinórios? Logo eles!
-- Você não entenderia! – Ele sentia raiva quando era pego desprevenido por seus inimigos. Mas isto era entre eles e não iria envolver McGonagal ou Slughorn na estória. Aquilo não ficaria sem volta, iria se vingar! Severo não era burro, portanto quando armasse alguma para aqueles três ninguém saberia quem era o culpado. Mas não iria dizer nada disto a Lílian. Ele agora tinha que aproveitar o momento e colocar em prática seu plano.
-- Não entenderia e não entendo! – ela disse ainda irritada, retirando-o de seus pensamentos. – Só não os levei para a professora McGonagal naquele instante porque achei mais importante trazê-lo para cá. – Ela queria deixar aqueles dois em detenção até o fim do ano.
-- Você fica linda quando está irritada, sabia?! – perguntou. Um discreto sorriso de canto dos lábios aflorando. Uma grande parte do rosto escondida pela cortina de cabelos negros.
-- Severo.... – ela ficou sem palavras, ele já a havia elogiado antes, mas desta vez sentiu que era algo diferente. Não era um simples elogio entre amigos. O coração dela se apertou, ainda estava magoada com ele, mas não podia continuar se enganando. Desde aquela briga estava se sentindo vazia. Só depois daquele dia que se deu conta de como aquele rapaz havia se tornado importante em sua vida.
Parou de falar e o olhou, sem perceber Snape foi novamente capturado por aqueles olhos incrivelmente verdes. Segurou as mãos dela. A moça prendeu a respiração e sabendo que estava corando desviou o olhar rapidamente.
-- Obrigado Lilly! – Ele acariciou o rosto dela levemente fazendo com que ela o olhasse novamente.
O olhar dele era brilhante e o sorriso simples. Lily também sorriu, tinha consciência da mão dele acariciando a sua. Eles sentiam um magnetismo quase inexplicável, algo os puxava um para o outro.
Seus lábios estavam separados por milímetros quando Lilly fechou os olhos e em seguida sentiu os lábios dele, entreabriu os seus e sentiu o gosto amargo da poção que ele havia tomado a pouco. Mas isso não importou. A mão dele ainda segurava a sua, a outra pousou em sua cintura delicadamente tentando trazê-la para mais próximo.
Um barulho de frascos na sala ao lado fez com que se separassem sobressaltados. A garota estava corada e ele não pode conter o pensamento de que ela ficava adorável assim. Lílian abriu a boca para dizer algo, mas Severo foi mais rápido.
-- Lilly – disse levantando a mão pedindo que ela o deixasse falar primeiro – me perdoe pelo que eu disse naquele dia. Você tem razão eu estava mesmo andando com Mulciber, Avery e outros que odeiam os nascidos-trouxas, mas quando você me mandou ir embora eu percebi que você é muito mais importante para mim do que qualquer colega idiota e preconceituoso.
Ele desviou os olhos dela, quase não estava se reconhecendo. Ele, Severo Snape falando aquelas coisas melosas, mas não importava o quanto patético ele estava, ela precisava entender que ele a amava. Precisava entender que eles deveriam ficar juntos.
-- Me da uma chance?! Uma chance de te provar que eu não sou como eles! Que eu posso ser um homem melhor!
Ele se deu conta de que ainda segurava a mão dela e que ambas estavam suadas.
-- Srtª Evans! – Disse Mde Pomfrey surgindo inesperadamente de seu escritório – Vamos indo, o rapaz precisa de descanso.
-- Sim Senhora! – respondeu a monitora soltando rapidamente a mão do “amigo”. – Até mais tarde Severo! – disse com um sorriso.
****************************** Fim do Flashback **********************
Ela havia lhe dado uma nova chance, porém ambos acharam que inicialmente seria mais seguro manter o namoro em segredo. Eles ficaram juntos por pouco mais de nove meses, porém as cobras da casa da Sonserina continuaram envenenando Severo e atiçando sua curiosidade e sua atração pelas artes das trevas. Ele não tinha nada contra bruxos nascidos-trouxas, apenas continuava desprezando trouxas idiotas como seu pai ou a irmã de Lilly.
E havia Potter, sempre o maldito Potter! Ele até havia parado de chamar a colega para sair em todas as oportunidades, porém estava sempre próximo para lhe fazer um elogio e principalmente a devorava com os olhos quando achava que ninguém estava olhando. Severo morria de ciúmes da garota. O pior é que de alguma forma a amizade entre Lílian e Lupin a aproximou também de Potter, que inexplicavelmente parou – na verdade ele apenas evitava fazê-los na frente dela – seus ataques gratuitos a colegas mais novos ou da Sonserina.
Severo sentia ciúmes da amizade dela com Lupin, inveja do tempo que ela passava próximo aos amigos e longe dele, mas temia assumir o relacionamento publicamente. Eles começaram a brigar cada vez com mais freqüência e por motivos mais fúteis. Uma noite após mais uma dessas brigas ele e um grupo de colegas do sexto e sétimo anos fugiram e foram a uma reunião de simpatizantes de Voldemort.
A primeira vez que viu o Lord das Trevas ficou impressionado com a aura de poder que o rodeava, ele soube que era isto que queria para si. Por instantes se esqueceu de Lilly, até porque lembrar-se dela naqueles dias estava sendo doloroso. O Lord Negro envolvia, ele seduzia as mentes fracas e sedentas por poder daqueles jovens. Severo foi impulsivo, e em segundos tomou uma decisão definitiva em sua vida. Em um momento ele estava lá no meio da roda de Comensais da Morte jurando fidelidade eterna ao Lord das Trevas. E então com pouco mais de dezessete anos ele ganhou sua Marca Negra.
No dia seguinte quando se deu conta de que isso significava abrir mão de Lílian para sempre, já era tarde demais. Não havia mais volta. Ela o procurou, lhe pediu desculpas, assim como ele fizera alguns meses antes, reafirmou seu amor. Mas ele se manteve irredutível.
***************************** Flashback *****************************
-- Lilly você precisa entender que é muito perigoso continuarmos juntos! – falou fixando seus negros e opacos olhos nos verdes e brilhantes dela.
-- Como perigoso? – Ela perguntou surpresa.
-- Não importa! – afastou-se dela.
-- É claro que não importa! – aproximou-se novamente dele – Eu quero ficar com você, Severo. Eu enfrento o que for preciso para estar ao seu lado. Você sabe que eu te amo!
-- Não Lilly! – balançou a cabeça confirmando o que dizia. – Tudo que aconteceu entre nós foi ótimo, mas acabou!
Ele viu as lágrimas brotarem de seus olhos e rolarem pelo rosto, desviou o olhar. Ele era um Sonserino e conseguia controlar bem suas emoções, mas estava sendo muito difícil empurrar para longe a mulher que tanto amava. E ele sabia, jamais existiria outra em seu coração.
-- É melhor você ir embora – disse frio – e aceite de uma vez que acabou.
Ele a olhou uma última vez antes de deixá-la sozinha. Durante todo o trajeto até sua sala comunal ele apenas quis voltar lá, dizer a ela o quanto ele era um idiota, mostrar o que havia feito e pedir ajuda para se livrar daquela Marca Negra. Mas ele sabia que fazer isso seria apenas assinar a sentença de morte para ambos. Ele havia cometido um grave erro e deveria arcar com as conseqüências sozinho.
**************************** Fim do Flashback ************************
Ele suspirou novamente pensando porque estava relembrando tudo o que viveu com Lílian. Mas ele sabia.
Dois dias antes ele mesmo trouxe para Dumbledore a informação de que o Lord das Trevas havia mesmo decidido por Harry Potter como o garoto da profecia e que existia um informante dentro da Ordem da Fênix, muito próximo aos Potter. O Diretor chamou Thiago e sugeriu que ele, Lílian e Harry se mudassem novamente, porém dessa vez para um local protegido por um feitiço “Fidélius”. Severo sabia que isso era o melhor a ser feito, mas ainda não estava tranqüilo.
Instintivamente como se alguém tivesse gritado seu nome, ele se virou em direção ao caminho que seguia para a entrada da escola, e não teve dúvidas. Era ela que vinha andando rapidamente. Ele apenas a observou de longe. Lílian continuava linda, seus longos cabelos vermelhos pareciam em chamas com o reflexo da luz do sol poente. O vestido longo tinha uma beleza displicente e seus passos permitiam que o movimento dele desenhasse seu corpo ainda perfeito.
Severo ainda permaneceu parado e olhando para as pesadas portas de carvalho do castelo por vários minutos depois dela ter desaparecido por elas. Então, seguro de que não a encontraria, retornou às suas masmorras.
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Lílian Potter passou apressada pelas portas duplas de carvalho da escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, subiu as escadas em direção ao escritório do Diretor onde era aguardada. Ela sentia muita falta da escola e de seus ex-professores, mas naquela tarde agradeceu por não ter encontrado ninguém no caminho.
Respirou fundo ao parar em frente à porta do escritório. Bateu e em seguida entrou.
-- Boa tarde, Prof. Dumbledore – o velho diretor levantou-se e fez sinal para que a moça se aproximasse. O que a preocupou mais foi ver que ele não sorria e parecia mais velho e cansado.
Ela nem o deixou falar, não estava conseguindo mais manter a calma.
-- Professor! Thiago me contou, mas eu precisava ouvir do senhor – Ela sentou-se, lagrimas brotaram de seus olhos e correram por sua face, mas ela não se preocupou em enxugá-las.
Dumbledore sentou-se também. A olhava sério, seus olhos azuis brilhavam, ele respirou profundamente.
-- Sinto muito, Lílian. Não há mais dúvidas, Voldemort tomou sua decisão.
Ela escondeu o rosto nas mãos enquanto tentava controlar as lágrimas para que pudesse voltar a falar. Ele apenas permitiu que ela chorasse.
-- Porque, professor? Porque Harry, porque o meu filho? – Respirou profundamente – Eu sei que é horrível eu falar assim, Alice é minha melhor amiga, não quero que nada aconteça a ela, Neville ou Frank. Nunca! – ela balançava a cabeça para reforçar suas palavras – Mas meu filho.... – um soluço a impediu de continuar.
Alvo respirou novamente. Ele estava mais preocupado do que em qualquer outro momento de sua vida. Já havia passado por perigos sem precedentes, havia derrotado um bruxo das trevas poderoso, mas ver o desespero daquela jovem que temia pelo seu bem mais precioso – a vida de seu filho – o deixava com o coração partido.
-- Lilly – falou baixo – você sabe que não há respostas para os seus porquês. A profecia foi feita, mas quantas são e nunca se concretizam?
Ela havia controlado as lágrimas e o olhava tentando captar qualquer informação da qual ele estivesse tentando poupá-la.
-- Talvez se ele não soubesse sobre ela. Talvez se ele não se importasse com o que foi dito – Ele aproximou-se dela, ainda falando baixo e com delicadeza – Não temos como saber o que poderia acontecer. E agora não adianta ficarmos procurando motivos ou mesmo atribuindo culpas – Ela o olhou franzindo a testa – Temos que proteger Harry. Voldemort é determinado e depois de quase um ano decidiu que irá atrás dele primeiro. Não há mais nada que possamos fazer além de protegê-lo. – Olhou-a com intensidade, seus olhos muito azuis cintilavam.
-- Porque o senhor falou em culpas, professor?
Ele pensou por um minuto se valia a pena poupá-la.
-- Lílian, não quero que o julgue. Ele errou e se arrependeu.
“De quem ele estaria falando” – pensou a jovem. Porém seu coração se apertou, ela não queria pensar que tudo isto poderia ter a ver com ele. Não! Apesar de Sírius e Thiago dizerem que tinham certeza, ninguém nunca provou que Severo era um Comensal da Morte. Sim ele era Sonserino e desde cedo andava com aqueles colegas que tinham todos os requisitos para serem Comensais. Mas ele era mestiço, e ela acreditava que não seria tão bem aceito entre os puro-sangue. Principalmente porque muitos deles sabiam que sua mãe havia aberto mão de seu nome e sua situação puro-sangue para se casar com um trouxa.
Então se lembrou que uma vez Dumbledore havia revelado a eles que Voldemort era um bruxo mestiço. A realidade lhe atingiu, e ela falou interrompendo bruscamente o Diretor.
-- Professor! Alvo! – seus olhos marejados e seu tom urgente deram a ele a certeza de que Lílian havia respondido alguns de seus porquês. – Sou eu! É por minha causa, não é? Por Merlin! Ele escolheu Harry porque ele é mestiço!! – voltou a chorar.
-- Acalme-se Lilly – falou baixo tentando tranqüilizá-la – não temos como saber isto – ela tentou interrompê-lo, mas ele a impediu – Mas em minha opinião, foi por isso que Voldemort escolheu Harry – ele respirou cansado – Sinceramente preferia que você não tivesse concluído isto. Não interessam os motivos dele, mas você não deve se culpar.
Ela controlou as lágrimas, suspirou profundamente. Já que estava ali então queria saber de tudo.
-- O que Severo tem haver com isto, Alvo?
Dumbledore a olhou profundamente, fechou os olhos por um segundo.
-- Lílian, ele estava ao lado de Voldemort quando este concluiu quais as crianças se enquadravam na profecia – Ela tinha os olhos arregalados, “então era verdade, Severo era mesmo um Comensal, seguidor de Voldemort”.
-- Ele errou, mas se arrependeu e me trouxe a informação de que seu mestre soube da profecia e decidiu ir atrás das crianças. E agora nos permitiu saber quem Tom escolheu. Com essas informações poderemos proteger Harry.
-- Porque professor? Porque ele veio procurá-lo? Porque desistiu de seguir Voldemort? – Algo dentro do coração dela parecia crescer e querer sair. Ela não queria pensar nisto, era feliz com Thiago, há muitos anos não pensava em Severo, quando tudo terminou teve certeza de que ele não a amava. Mas agora.... Que outro motivo o faria procurar Dumbledore?
-- Não sou a melhor pessoa para lhe dizer isto.
-- Mas onde posso encontrá-lo, professor? – olhou o diretor sem entender
-- Severo está em Hogwarts. É nosso professor de poções. Acho que poderá recebê-la.
Lílian já estava de pé quando Dumbledore terminou de falar. Temia perder a coragem. Rapidamente se despediu e seguiu para as masmorras.
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Quando chegou à porta da sala de poções seu coração batia descompassado. Aquelas masmorras sempre traziam as boas lembranças de seus encontros escondidos com Severo. Mas também o pior de todos os dias de sua vida quando ele a mandou ir embora dizendo que não haveria volta e que era melhor ela aceitar.
Bateu e em seguida ouviu a voz dele, um pouco mais grossa do que se lembrava mandando que ela entrasse. Ela o fez, mas Severo estava de costas guardando algo no armário de ingredientes.
-- Seja o que for espero que seja breve, ainda tenho muito o que fazer hoje – disse frio sem se virar.
-- Não pretendo tomar muito de seu tempo, Severo – disse também formal, já se arrependendo um pouco de ter ido procurá-lo.
O frasco que ele segurava escorregou de suas mãos com o susto da voz dela e se espatifou no chão. Ele virou-se lentamente acreditando que só poderia ter tido uma alucinação ao ouvir a voz dela. Então encarou aqueles olhos verdes e por segundos sentiu que o mundo parava de girar.
Lílian também se perdeu nos olhos negros dele, porém se recuperou mais rápido.
-- Reparo – murmurou puxando a varinha e apontando para os cacos de vidro. Colocou o frasco na mesa ao lado. – Desculpe se o assustei.
-- Não a esperava por aqui – falou recuperado da surpresa dela o ter procurado. Virou-se novamente para o armário de ingredientes, apenas para não ter que olhar para ela.
-- Vim ver o Prof. Dumbledore e ele me disse... – Severo prendeu a respiração imaginando o que Alvo teria dito a ela - ... que eu poderia encontrá-lo aqui. – ele soltou o ar um pouco aliviado.
-- E porque queria me encontrar Srª. Potter? – falou frio mantendo-se firme na decisão de não olhá-la.
-- Severo... – falou baixo tocando de leve o ombro dele. Ele sentiu um arrepio percorrer seu corpo – ...olhe para mim. – Era uma ordem, ele não tinha dúvidas disso, mas tudo que vinha de Lilly era doce e ele não conseguiu resistir.
Virou-se para encarar novamente aquelas esmeraldas brilhantes, porém pouco depois desviou o olhar.
-- Você se tornou mesmo um deles? – e ele sentiu a tristeza na voz dela – Porque Severo?
-- Você quer saber por que eu me tornei o monstro que você e seus amiguinhos sempre acharam que eu fosse? – perguntou tentando retomar o controle de suas emoções.
Lílian se assustou com a amargura na voz dele.
-- Você não esperou nem três meses para cair nos braços do Sr. Maravilha! – falou acusadoramente – Sempre o achou arrogante e prepotente, mas também não resistiu ao Grande Thiago Potter! – gritou.
-- Você me mandou ir embora, Severo – gritou de volta. – Eu tolerava a companhia de Thiago e Sírius porque era amiga de Remo, mas eu amava você! – lágrimas correram pelo seu rosto, mas não diminuíram a irritação de sua voz.
-- Ele estava sempre perto de você, continuava te desejando! Só você não percebia os olhares que ele te lançava.
-- Claro que eu percebia! Mas eu era sua namorada e estava disposta a ir contra tudo e todos para ficar ao seu lado. – ela falou ainda mais alto.
-- Até mesmo contra isso?! – ele falou bem mais baixo puxando a manga esquerda de sua camisa expondo a Marca Negra em seu antebraço.
-- Oh! – isto a desconcertou. Ela já havia visto a Marca em outras situações, mas nada a teria preparado para vê-la no braço de Severo.
Quase que instintivamente ela esticou a mão para tocá-la, mas ele foi mais rápido se afastando e escondendo a tatuagem novamente. Simplesmente não podia imaginar alguém pura como Lílian se aproximando de algo tão negro como aquela Marca.
-- Foi depois que eu fiquei com Thiago que você... – suspirou como se fosse difícil dizer aquelas palavras – ... que você se tornou um Comensal da Morte?!
Ele estava novamente de costas, achava que não suportaria ver nos olhos dela o nojo pela condição dele. Lentamente balançou a cabeça negando. Durante todos esses anos ele se forçou a acreditar que a culpa de tudo era do maldito Thiago Potter. Ele sentia ciúmes e por isso ele e Lilly brigavam, e foi por causa de uma dessas brigas que ele tomou a pior decisão de sua vida. Quando alguns meses depois a ex-namorada aceitou a corte do rival ele teve certeza de que havia tomado à decisão certa e se convenceu disto.
Durante alguns anos ele foi um verdadeiro Comensal da Morte. Anos em que matou e torturou sem sentir culpa, vendo em cada uma de suas vítimas Thiago Potter.
Mas naquela reunião há cerca de um ano ele sentiu seu mundo ruir. Baseado nas informações que Severo havia ouvido de Trelawney, Voldemort concluiu que apenas duas crianças se encaixavam na profecia e contou a seus seguidores que ele iria atrás de Harry Potter ou Neville Longbotton. Naquela mesma noite Severo teve certeza de que Lílian corria perigo.
Ele havia se afastado dela, havia assumido sua condição de Comensal da Morte para nunca ter uma recaída e pensar em procurá-la novamente, tudo para mantê-la em segurança. E agora ela estava em perigo. Ele tentou pedir por ela a Voldemort. Disse a ele que apenas desejava ter a esposa de seu inimigo, mas conhecia seu mestre. Ele poderia até poupá-la, porém se ela tentasse impor qualquer dificuldade aos seus planos, ele não teria misericórdia. E Severo sabia que Lílian jamais deixaria que algo acontecesse a seu filho. Então só lhe restava uma opção: Dumbledore.
-- Severo eu não entendo – ela disse se aproximando e ele quase não acreditou quando sentiu o toque dela.
-- Você não entenderia – respondeu ainda sem olhá-la balançando a cabeça.
-- Droga! Você não pode guardar isso para sempre! – falou mais alto. – Pelo menos tente me explicar! – Estava assustada, precisava saber o que havia acontecido de verdade. Ela havia amado aquele homem, havia sonhado em dividir uma vida com ele. Não podia acreditar que ele era um monstro.
Ele virou-se e a segurou pelos braços, olhou dentro dos olhos verdes.
-- Uma vez você me acusou de mal poder esperar para me juntar aos Comensais e você nunca esteve tão certa. Então eu percebi que isso significava perder você, consegui que você me perdoasse e nós ficamos juntos. – ele a abraçou, como se quisesse ter certeza de que ela era real – Naquela noite nós havíamos discutido mais uma vez. Eu estava chateado, assustado com tudo aquilo que eu sentia por você e ao mesmo tempo apavorado com a idéia de que alguém pudesse roubar você de mim.
Ele a soltou do abraço e se afastou, porém forçou-se a continuar olhando para ela. Lílian estava paralisada ouvindo a confissão dele.
-- Eu fui a uma reunião com o Lord das Trevas e você não tem idéia de como ele pode ser envolvente e sedutor principalmente para mentes jovens e confusas. – Ele suspirou, fechou os olhos antes de continuar falando – Eu aceitei me tornar um deles.
-- Por que não me contou isso naquela época? – ela não mais tentava evitar as lágrimas. Aproximou-se dele mais uma vez – Se você estava arrependido, se tudo havia acontecido em um momento de impulsividade, e principalmente se você ainda me amava – ela pegou o braço esquerdo dele, puxou a manga para cima e apontou a Marca Negra – nem mesmo isto me impediria de continuar ao seu lado!
Ele tentou puxar o braço das mãos firmes dela e apenas a trouxe mais próxima, seus olhos se prenderam e o magnetismo entre eles era algo impossível de resistir. Os lábios deles estavam separados por milímetros quando Lílian fechou os olhos e em seguida sentiu o beijo dele. Tão cheio de paixão como o primeiro que trocaram. Naquele momento ela teve certeza do motivo que o fez voltar. Ela queria se esquecer de tudo! Queria sentir-se novamente como aquela garota que aos dezesseis anos se descobrira apaixonada pelo amigo de infância. Mas não podia, era uma mulher casada, seu marido e seu filho estavam sendo ameaçados por um bruxo cruel! Ela não podia ficar ali trocando beijos com um ex-namorado!
-- Severo... – ela disse baixo interrompendo o beijo. Aquela situação era no mínimo absurda!
-- Me desculpe – disse soltando-a e se afastando um pouco.
-- Porque você voltou? – Lílian já sabia, mas precisava ouvi-lo dizer.
-- Quando soube que ele tentaria algo contra o seu filho, percebi que você estava em perigo. – disse num sopro. – Eu sabia que Dumbledore poderia proteger você – suspirou – vocês – corrigiu-se parecendo resignado.
-- Obrigada – ela disse se aproximando.
Ele a olhou quase sem acreditar que ela estava agradecendo, seu coração doeu de remorsos porque ele nunca se preocupou com a criança, o filho de seu inimigo, apenas com ela. E ele sabia que Lílian havia percebido isso. Mas tudo que importou para ela foi a chance de poder colocar seu filho em segurança.
-- Lílian, por favor – ele a segurou novamente pelos braços – esconda-se. Eu te imploro, fique em segurança!
-- Não se preocupe Severo. Thiago fará um feitiço “Fidélius” nos próximos dias, nós já escolhemos o fiel – ele colocou o dedo sobre os lábios dela.
-- Eu prefiro que você não me conte. Eu ainda passo algum tempo entre os Comensais, não devo saber sobre isso. – ele retirou o dedo, mas os olhos dele a perfuravam – Tenha certeza de que seja alguém de sua completa confiança. Há um traidor na ordem – ele a abraçou novamente – Lilly, enquanto eu souber que você está bem eu terei forças para continuar espionando o Lord. Portanto fique viva!
-- Eu ficarei Severo – eles se soltaram do abraço, ela seguiu em direção a porta, sem conseguir soltar a mão dele, os braços esticados, os dedos escorregando pelas palmas das mãos e finalmente o contato de desfez. – Eu prometo que ficarei bem – ela disse sorrindo antes de fechar a porta.
Ele permaneceu paralisado olhando ela sair e querendo afastar aquela terrível sensação de que esta havia sido a última vez que vira o brilho daqueles olhos verdes.
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Severo soube que o feitiço “Fidélius” foi feito, e se irritou quando Dumbledore lhe contou que Thiago não o aceitou como fiel. Tinha certeza de que não havia melhor pessoa para assumir este papel. Apesar da tranqüilidade que o Diretor tentava passar Severo não conseguia deixar de se preocupar. Não parecia haver falha no plano, porém ele continuava sentindo que Lilly estava em perigo.
Snape estava tendo um sono agitado na madrugada do dia trinta e um de outubro e começou a ouvir em seus sonhos a voz fria de seu mestre dizendo “afaste-se menina Tola, afaste-se!”. Seguida pela voz assustada de Lilly “O Harry não, por favor não, me leve, me mate no lugar dele! Tenha piedade!” “Vamos saia logo da frente” “Não, por favor não”. “Avada Kedavra” e um jato de luz verde. Severo acordou sobressaltado.
Teria sido apenas um pesadelo? Ele balançou a cabeça desesperado queria acreditar nisso, mas o aperto que sentia no peito lhe dava a certeza de que algo muito ruim havia acontecido com sua amada Lilly. Seguiu correndo para a sala do Diretor.
Acreditava que teria que acordar Dumbledore e que este lhe diria “acalme-se Severo deve ter sido apenas um pesadelo. Os Potter estão seguros, mas amanhã eu lhes farei uma visita!” Porém quando encontrou o Diretor de pé no meio de seu escritório aquela terrível sensação de mau agouro o invadiu novamente.
-- Alvo o que aconteceu?! – perguntou já se desesperando – Ele... ele não os encontrou, não é? – Severo se aproximou de Dumbledore – Por favor... me diga que ela está bem!
-- Lamento Severo... – disse o Diretor sem olhá-lo.
-- Não – balançou a cabeça em desespero – não pode ter acontecido! Por favor Alvo, me diga que não é verdade – Mas ele sabia que era. Sentou-se afundando o rosto nas mãos.
-- Eu estava me preparando para ir a Godric’s Hollow agora.
-- Eu irei – falou levantando-se de repente, sem saber de onde havia tirado forças. – Por favor, me deixe ir. – falou mais baixo suplicante.
Dumbledore balançou a cabeça concordando. Snape seguiu apressado para a porta do escritório.
-- Severo. O garoto sobreviveu. – falou ainda sem olhá-lo – Mas eu pedirei a Hagrid que o leve a salvo. Apenas o mantenha em segurança até ele chegar.
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Snape aparatou próximo a casa dos Potter, amanhecia e ele sabia que em breve os moradores da cidade chegariam para ver o que havia acontecido. Ele entrou e logo na sala viu o corpo sem vida de Thiago Potter. Tantas vezes em seus delírios havia imaginado aquela cena. Agora o único sentimento que tinha era o de inveja. Seu inimigo havia morrido heroicamente tentando evitar que Voldemort chegasse a sua esposa e seu filho, tentando lhe dar tempo para fugir. E a ele restava apenas a dor.
Subiu ao segundo andar, andou lentamente até o quarto no fim do corredor, aquele que tinha a porta derrubada. Parou ali imaginando se teria forças para entrar, quando a viu caída no chão ao lado do berço destruído.
Quase sem perceber abaixou-se ao lado dela. Seus cabelos cor-de-fogo espalhados pelo chão branco do quarto de criança, os olhos verdes vidrados, sem o brilho que lhe era tão marcante. Ele abraçou seu corpo sem vida e chorou. Mais uma vez o primeiro sentimento que passou por ele foi a inveja de Potter por ele não precisar ver aqueles olhos sem brilho, por ele não precisar tocar aquele corpo sem vida. Ele balançava o corpo dela com seus soluços silenciosos. Perguntava-se em pensamento porque ela não cumpriu sua promessa? Ela disse que ficaria segura!
A dor que sentia era tal que ele achou que morreria. Então quando sua sanidade já estava no limite ouviu um choro fraco vindo do emaranhado de madeira e panos ao seu lado. Desde que entrou naquela casa que havia se esquecido da criança. Deitou Lilly novamente no chão e fechou seus olhos. Não queria novamente ter que vê-los vidrados, preferia se lembrar deles brilhantes como eram antes.
Inicialmente ele apenas observou a criança se mexendo e como o garoto se parecia com o pai, mas então o pequeno fixou nele seus olhos verdes brilhantes e Severo não pode segurar o impulso de pegá-lo no colo, e quando o fez o menino lhe sorriu. Mas ele não percebeu isso tão impressionado que estava com os olhos exatamente iguais aos da mãe. Ele achou que nunca mais veria aquele brilho, mas ali estavam os olhos cor esmeralda de Lilly.
Um barulho no andar inferior o alertou para a chegada de alguém que ele não teve dúvidas que era Hagrid. Recolocou Harry sobre os escombros, olhou uma última vez para Lilly e quando ouviu os passos do meio-gigante aparatou.
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Havia se passado uma semana do assassinato de Lílian e Thiago Potter e ainda era difícil conseguir visitar seu túmulo sem outras pessoas por perto. Já anoitecia quando Severo viu Remo Lupin sair, ele também parecia miserável, mas Snape não se preocupou com ele.
Entrou no cemitério e se aproximou do túmulo de Lílian, o de Thiago era ao lado, mas ele simplesmente não o viu. Depositou uma rosa branca em frente a lápide. Respirou fundo e naquele momento ele estava em pleno controle de suas emoções. Havia prometido que não choraria mais, que não teria mais pena de si mesmo. No auge de seu desespero Severo pensou em por fim a sua vida, porém Dumbledore foi duro com ele e o obrigou a ver como novamente ele estava sendo egoísta. Por fim o Diretor havia lhe dado um novo objetivo. Aproximou-se do túmulo e alisou a pedra branca sobre ele.
-- Você não precisa se preocupar com mais nada Lilly. Eu continuarei o que você começou. Vou cuidar do seu filho até que ele consiga se livrar da ameaça do Lord das Trevas e então irei me encontrar com você. Eu prometo!
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Aí está a minha segunda Severo/ Lilly. Essa bem mais triste que a anterior. Eu ainda não consigo acreditar que não tenha acontecido nada entre eles além da amizade, então me aproveitei da brecha temporal que aparece nas memórias do Snape para escrever a história do jeito que eu queria que tivesse acontecido (na verdade eu queria que eles tivessem ido um pouco além do beijo, mas acho que a Lilly não conseguiria).
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Um Beijão Diana Black
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