O Retorno e as Recordações

O Retorno e as Recordações



Estava escuro, ele queria abrir os olhos, mas estava incrivelmente difícil. Ouvia vozes. Levou algum tempo para que ele criasse coragem de abri-los, mas ele o fez, e no mesmo momento se arrependeu. Seus olhos foram imediatamente feridos pela luz, e então... ele tornou a fechá-los. As vozes cessaram, quem quer que estivesse ali já o tinha notado, mas então, por que ninguém falava com ele?
Tentou novamente abrir os olhos, mas a luz branca insistia em machucá-los. Dessa vez ouviu uma voz que parecia conhecida, ele procurou na memória para saber quem era, mas sua cabeça doía muito.
- Sirius...
Ele ouviu novamente a voz feminina chamá-lo, mas ainda não conseguiu reconhecê-la.
“Mas que droga, quem é?”.
Era como se ela tivesse ouvido os seus pensamentos.
- Sirius, acalme-se. Sou eu, Hermione. Você não precisa abrir os olhos ainda, caso não queira.
Ele se esforçou novamente, dessa vez manteve os olhos abertos, por mais que machucasse. Sua visão estava turva, mas aos poucos conseguiu focar na morena à sua frente.- Hermione?
Ele estava surpreso, afinal, desde quando Hermione Granger era uma mulher?
- Sirius, que bom te ver...
- Como você cresceu, mocinha! – ele sorriu maroto.
Ela sorriu para ele, nem depois de tudo ele tinha mudado seu jeito de ser.
- Pois é Sirius, o tempo passou.
Sirius fez uma cara mais séria, como se pensasse em algo, e então perguntou:
- Como assim o tempo passou?
- Ora, Sirius, fazia sete anos que você estava desaparecido. Nós procuramos por você, mas nunca tivemos pistas...
- Sete anos... – ele olhou para o nada tentando lembrar. – sete anos do quê exatamente?
- Você não se lembra de nada? A luta no Ministério da Magia, a profecia, Bellatrix....
- É claro, Bella... ela me lançou um Avada, me lembro da luz verde, de um véu... Mas não entendo como estou aqui? E Harry, como ele está? O que aconteceu?
- Acalme-se, Harry está ótimo. A guerra acabou e nós vencemos. Quanto a você... bem, ninguém compreende como ainda pode estar vivo.
- Por que sete anos?
- Sinto muito, mas não sei. A única coisa que sabemos é que logo depois da prisão de Bellatrix você foi encontrado vivo no Ministério e trazido pra cá. Está aqui há uma semana.
- Onde a Bella está?
- Em Azkaban.
- Tenho que falar com ela.
Sirius estava prestes a se levantar quando Hermione o parou delicadamente.
- Engraçado, Sirius, você me perguntou onde Bellatrix está, mas não me perguntou onde você está.
Ele a encarou sério, a princípio, e depois sorriu.
- Como sempre, você está certa Hermione. Onde eu estou?
- No St. Mungus.
- Perfeito, agora que eu já sei a minha localização, tenho que ir falar com a Bella.
Sirius novamente estava tentando se levantar.
- Você não pode sair daqui ainda. Acabou de acordar, está fraco. E, além do mais, você tem visitas.
Sirius ergueu uma sobrancelha e fitou Hermione.
- Por que é você quem está me ditando as regras desse jogo? E quem quer me visitar?
- Uau, quantas perguntas... vou começar do início. Sou eu quem dita as regras porque eu que estou cuidando de você, me tornei medibruxa. E quem quer vê-lo é o seu afilhado.
- Uhm, parabéns... Por favor, deixe-me ver o Harry.
- Claro.
Sirius se assustou ao ver o afilhado, que em nada parecia com aquele garotinho magricela com quem Sirius estava acostumado. Ele tinha se tornado um homem alto e forte... Sirius sorriu ao ver que os cabelos rebeldes não mudara, eram realmente como os de Tiago.
Harry ficou uma hora contando as novidades ao padrinho. Como foi a guerra, como terminou, que se casou com Gina, Hermione com Rony, contou que ele era um Inominável, Gina, uma repórter e Rony goleiro da seleção inglesa de quadribol.

- No final das contas, Sirius, nós não sabemos ao certo, mas temos uma teoria de como você ainda continuava vivo.
- E o que imaginaram?
- Que a Bellatrix não usou o Avada em você, mas sim um feitiço que colocou em uma outra dimensão.
- Como!? Eu não estou ouvindo isso! – Sirius comentou incrédulo.
Harry deu de ombros.
- Que ela te tirou do meio do combate nós sabemos, aliás, nós vimos. Agora, onde você esteve esse tempo todo, nós achamos que você nos responderia. A única coisa certa é que você com certeza não foi vítima do Avada Kedavra.
- Mas eu não sei, e é por isso que tenho que falar com Bella.
- Vai ser difícil, até porque estão prestes a decidir se ela vai ou não se condenada à morte.
- NÃO! O beijo do dementador, não!
- Os dementadores não estão mais tomando conta de Azkaban, finalmente o Ministério percebeu que eles não eram confiáveis. – Harry respondeu estranhando a atitude do padrinho.
Sirius viu o olhar assustado de Harry. Quase ninguém sabia que ele e Bellatrix tiveram um caso, os únicos que sabiam eram Tiago e Lupin.
- Preciso saber o que aconteceu, e só ela poderá me responder... – desconversou Sirius.

Passado um mês, Sirius finalmente foi liberado do hospital. Harry conseguiu junto ao Ministro da Magia, Amos Diggory, uma autorização para que o padrinho visitasse Bellatrix em Azkaban.




E lá estava ela novamente, presa naquele lugar horrível. Aquele lugar jamais a enlouqueceria, afinal, ela nunca se achou culpada de nada. Simplesmente tinha uma missão e a cumpriu, as lembranças não a atormentavam.
Bellatrix olhou para as próprias mãos por alguns instantes, estava mais pálida e magra do que de costume. Mesmo que aquele lugar não a enlouquecesse a envelhecia. A umidade não fazia bem para a pele e os cabelos estavam ressecados e embaraçados.
Ela levantou a cabeça e olhou para o vazio. Não se arrependia de nada. Fez uma promessa e a cumpriu, era isso o que se esperava de uma Black legítima.

Início do Flashback

Há tempos não se viam. Eles “namoravam” desde os quinze anos, mas sempre escondidos. A mãe dela, Druella Black, não permitiria. Afinal, Sirius não era digno. Era um traidor do sangue e tinha que ser tratado como tal.
Bellatrix sabia que aquela relação não ia a lugar algum, mas não resistia ao primo.
Era bem verdade que eles viviam brigando, mas no fundo, ambos sabiam que eram aquelas brigas só apimentavam a relação.

Ela estava no jardim de sua mansão quando ele cobriu sua boca com uma das mãos e com a outra a segurou sua cintura.

- Olá priminha, como vai?
Ela conseguia até imaginar ele sorrindo por deixá-la naquela situação.
- Ah, você não pode responder, já que estou tapando a sua boca, não é mesmo? – provocou ele.
Ela não deixou barato, mordeu a mão dele com toda força que pôde, fazendo com que ele soltasse um grito de dor e surpresa, mas logo se conteve, não podiam descobri-lo.
- Como você vê, priminho, eu sempre posso tudo o que eu quero.
- Eu não sabia que falar comigo era assim tão importante para você. – retrucou ele, segurando a mão que ela mordera.
- O que você quer? – ela perguntou calmamente. – Ser assassinado, pois é isso que vai acontecer caso peguem você aqui.
- Você não faria isso. – ele fez cara de cachorrinho sem dono e ela rolou os olhos, era óbvio que ela não o mataria.
Sirius voltou a puxá-la pela cintura, com um sorriso maroto.
- Não seja pretensioso.
- E você não seja mentirosa.
- Eu sou mentirosa, Sirius. E você está cansado de saber disso. – ela respondeu entediada.
- E eu sou pretensioso, não me diga que isso é novidade para você?
Ela sorriu pela primeira vez e fez com que ele ganhasse o dia, todos os riscos teriam valido a pena se ele visse um sorriso de Bellatrix Black direcionado a ele. Sem falar mais nada, ele a puxou mais para si e a beijou, no início brandamente, mas com o tempo o beijo se aprofundou.
O beijo deles era um misto de emoções e sensações, de certo e errado para ambos. Afinal, eles eram exatamente isso, o certo e o errado, um na vida do outro.
Sirius passeava uma das mãos pelos cabelos negro dela, e com a outra acariciava-lhe as costas com paixão.
Ela, por sua vez, passou os braços pelo pescoço do rapaz e o apertava com segurança, como se quisesse se certificar de que ele não fugiria. Aos poucos, ela passou a acariciar-lhe também o cabelo e a nuca.
Ele interrompeu o beijo e fitous nos olhos azuis dela, ele adorava aqueles olhos, adorava a boca também, adorava ela inteira e, tão logo voltou a beijá-la...
- Bella... Bella, onde você está? A mamãe está te procurando.
- Por Merlin, é a Cissa...
- Ela não vai fazer nada.
- Vai chamar alguém, vá embora Sirius. – ela pediu, passando a mão sobre o rosto do garoto, depois acariciou o cabelo dele, que estava na altura dos ombros. Ele sorriu.
- Só porque você está pedindo com carinho. Até mais.
Então ele deu um selinho nela e partiu.

Fim do Flashback

Bellatrix riu ao se lembrar disso, Narcisa a atormentou durante dias... ela sempre soube que a irmã estava com Sirius.
Nesse momento sentiu saudades da irmã, que tinha sido morta em batalha.

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