Cap 1



Seus olhos estavam pesados. Muito pesados. Não sentia forças para abri-los. Quem sabe mais tarde...

Percebeu que tinha caído em um sono profundo outra vez. Era a quinta vez que acordava com essa sensação, mas não conseguia despertar. Seus olhos simplesmente não a obedeciam, e sua mente continua escura e cansada. Sua cabeça doía em um único ponto, uma dor não forte, mas que a incomodava muito. Sem contar a cama confortável e cheirosa que estava não a ajudava a acordar.
Após algumas tentativas conseguiu abrir os olhos.
Estava em uma sala limpa e bem cuidada. Mas, o que levara ela até lá?
A ultima coisa que se lembrava era quando estava correndo atrás dos seus irmãos porque estavam com sua vassoura de brinquedo.

“- Fred e Jorge! Me dá minha vassoura agora!
Seus olhos que estavam cheio de lágrimas simplesmente a expulsaram, marcando no rosto da menina o quanto queria seu brinquedo.
- Eu vou contar para mamãe!
- Vai contar para a mamãe? Vai bebezinha? – provocou Jorge.
- Vou sim! E eu não sou bebezinha!
E após dizer isso, a criança sentou-se na grama, entregando a batalha em que lutava por horas. Sabia que nunca ia conseguir nada com seus irmãos, pois eles eram mais altos e mais fortes. Começou a chorar baixinho.
- Não acha que a gente pegou pesado com ela não? – falou Fred.
- Acho, é melhor devolver. – disse Jorge.
Quando seus irmãos devolveram, seus olhos radiaram de felicidade e depois disso foi brincar com eles no pomar na frente da casa como se nada estivesse acontecido.”


- Mãe! Ela acordou!

Escutou a voz de Rony, só que um pouco mais grossa do que lembrava.

- Oh minha filha, minha querida, você está bem, está? – falou uma senhora baixa, gorducha, e de rosto bondoso.

Não conseguia falar, apenas acenava com a cabeça.
Rony estava muito diferente. Estava alto, seu cabelo estavam mais ruivos, seus olhos continuava o mesmo azul de sempre. Em seguida chegou Fred, Jorge, seu pai, e mais três estranhos, onde ainda não conseguira ver quem era.
Todos estavam completamente diferentes. Ela havia enlouquecido?

- Minha querida, por Merlin, fale com a mamãe! O que você está sentindo? Está com fome? Quer um pouco de água?

- Mãe, a deixa respirar pelo menos! – disse Jorge.

- Tudo bem, Fred, eu estou bem. – disse pela primeira vez.

- Eu não sou Fred, sou o Jorge. Gina, você está bem?

Jorge? Mas estava tão parecido com o Fred! Sim, claro, eles são gêmeos. Mas ela sempre soube diferenciar os irmãos.
E sua voz? Também estava diferente, era como se não fosse ela quem estava falando. Como se a voz saísse de um gravador. Estava tudo tão confuso...

- Estou... Quer dizer, minha cabeça dói um pouco... Mas estou bem. É que vocês estão tão mudados... Por isso não reconheci você...

- Mudados? Como assim, querida?

- Não sei explicar... Estão mais velhos...

Todos acharam a situação muito estranha, mas logo uma pessoa pareceu entender o assunto:

- Gina, quantos anos você tem?

Um moreno de olhos verdes brilhantes com óculos redondo e um tanto magricela surgiu atrás de seu pai, seu coração começou a bater forte, como se quisesse sair pela boca. Uma sensação estranha, e boa ao mesmo tempo. Uma vontade de abraçá-lo com força... Mas quem era aquele garoto?

- Quantos anos eu tenho? Cinco, claro.

A Sra. Weasley caiu no choro.

- Cinco? – todos repetiram na mesma hora.

Após o coro, uma curandeira com um avental e vestes verde-claras entrou no quarto.

- Perda de memória, temia isso. – entrou na frente de todo mundo e ajeitava Gina como se fosse um brinquedo. Ora colocando ela deitada, ora colocando ela sentada.

- Perda de memória? Minha Gininha perdeu toda a memória? – disse Molly.

- Toda não, pelo que parece perdeu desde os cinco anos para cá.

- Qual é a ultima coisa que você se lembra, Gina? – perguntou uma garota de cabelos longos e encaracolados, que também apareceu atrás do seu pai.

Os seus olhos castanhos marcantes estavam chocados.
Apesar de não conhecer a garota, ela respondeu. Pois se estava com sua família ela seria alguém conhecida.

- A ultima coisa que eu me lembro, é quando estava em casa, no pomar, brincando com Jorge e Fred. Depois disso, não faço a mínima idéia.

- Quando foi isso? Aquele dia que colocamos você em cima dos gnomos? – perguntou Fred que ignorou o olhar censurado da mãe.

- Não, quando vocês pegaram minha vassoura de brinquedo.

- Mas isso faz muito tempo! – exclamou Jorge.

- Claro que faz tempo, ela tinha apenas... Cinco anos! – disse Fred.

- E quantos eu tenho hoje? – perguntou a garota confusa.

- 16. – disse um homem de longos cabelos ruivos e presos em um rabo-de-cavalo, com um brinco de argola. Provavelmente seu irmão, Gui.

- Quanto tempo eu vou ter que ficar aqui?

- Dois dias no máximo. Pois, fisicamente você está bem. – respondeu a curandeira que tinha acabado de colocar o almoço de Gina na mesa ao lado da sua cama e saiu, deixando a família conversar com a paciente.

- Minha querida, já que perdeu apenas a memória...

- Apenas? – Fred e Jorge repetiu não acreditando no que a mãe disse. - Apenas a memória, claro, como se não fosse nada importante não lembrar nada da sua vida desde que tinha cinco anos de idade.

- Sim, Fred e Jorge Weasley. Apenas a memória. Poderia ser algo pior. – ignorando os filhos voltou para a caçula - Deixa eu lhe apresentar os seus amigos... Venha cá Harry...

O garoto moreno que perguntara quantos anos tinha ficou mais perto da Sra. Weasley, escutando ela o descrevendo.

- Esse é o melhor amigo do Rony, e é seu...

Porém, imediatamente, o tal Harry fez um gesto para a mãe do seu melhor amigo não continuar a frase.

- Bem, não importa. – disse tentando concertar o que fizera – Essa aqui é a melhor amiga do seu irmão. Eles sempre vêem passar as férias conosco.

Gina sorriu os cumprimentando.

- Os seus irmãos você se lembra, querida?

- Claro que lembro mamãe. Afinal de contas, que eu saiba eu fui a ultima a nascer. E conheci todos os meus irmãos antes dos cincos anos.

- O bom humor continua intacto. – disse a Sra. Weasley sorrindo bondosamente.

Passaram-se os dois dias que tinha que ficar no hospital, todos lhe fazendo visitas e sua mãe sempre dormia com ela. Então, chegou a hora de sair do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. Por Gina, ela ficaria lá por um bom tempo. Era bem atendida, as comidas eram gostosas, uma cama confortável limpa e cheirosa. Qualquer pessoa se sentia bem naquele lugar.

Porém ela deveria voltar para Hogwarts, para um lugar que nunca pisou na vida, não que ela lembrasse.
Sua mãe e seu pai a acompanhavam, logo iria para casa e de lá iria para a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts onde se encontraria com o seu irmão e os dois amigos.
Como estava no Térreo, onde eram cuidados os bruxos que sofreram acidentes com artefatos mágicos e queda de vassoura, não foi muito difícil sair.

- Segure-se nos nossos braços, querida.

Vendo a cara de quem não tinha entendido nada, o pai explicou:

- Vamos aparatar para a casa, segure firme.


Chegou n’A Toca, uma casinha com cinco andares, foi logo para o terceiro andar, seu quarto.
Ele tinha mudado, não tinha mais seus brinquedos que costumava levar ao jardim e se divertir por várias horas. Agora ele tinha uma cor verde-bebê, substituindo o cor-de-rosa que tinha antigamente, cortinas brancas nas janelas transmitindo paz. Um quarto simples, porém, muito agradável. Pegou algumas coisas, como sua mãe tinha mandado, e desceu para comer antes de viajar para Hogwarts.

- Filha querida, entre na lareira. Seu pai já foi para o ministério trabalhar, não pôde ficar conosco, recebeu uma coruja urgente e pediu para que eu lhe dissesse que ele o ama. – Gina sorriu – Bom, escreva para mim, contando como está e sempre mantenha contato. – agora fora sua vez de sorrir.

Gina pegou um pó prateado ao lado da lareira, entrou, se virou para mãe que continuou a falar:

- Sempre fique perto de Hermione, ela é uma garota boa.

- Certo mamãe. Bom, adeus.

A mãe Weasley deu um abraço forte na sua única filha e a deixou partir.
- Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts! – Gina gritou no mesmo tempo que jogava o pó prateado no chão o tornando verde-esmeralda e a levando para um lugar desconhecido, onde várias coisas iriam acontecer, coisas que nem a própria poderia imaginar.




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