Conversas Noturnas
Lupin estava sentado na grande poltrona da biblioteca, lia um livro com outro no seu colo. Nos últimos dias só o que fazia eram pesquisas. Tentava achar um jeito de ajudar Harry, mas não sabia como ou em que.
Na semana anterior a lua tinha estado cheia e Lupin ainda sentia dores nas marcas da transformação. Sentia-se particularmente incomodado com certo corte próximo as costelas.
“Remus! Ainda acordado!” – Observou a Sra. Weasley quando ia apagar a luz da biblioteca.
“Oh.. erm.. bem, estou terminando minhas leituras. Pode ir se deitar Molly, eu fecho tudo quando for dormir” – Sorriu Lupin tentando ser convincente.
“UHm.. está bem então. Boa noite” – disse a Sra. Weasley saindo pela porta.
“Quando é que vou ter uma boa noite de sono?” – resmungou Lupin fechando o livro que tinha nas mãos. Olhando para o retrato na mesa ao lado viu um homem rindo abraçando um amenina não muito feliz de cabelos roxos. Remus riu lembrando-se do amigo. “Gostaria de saber porque Tonks não sorria na foto” – riu tentando pensar em algumas coisa que chateasse a menina.
Perdido em pensamentos não notou que alguém entrara na biblioteca.
“Aluado?” – chamou tonks baixo pra não assusta-lo.
“Ah.. oi tonks!” – respondeu Lupin se recuperando das divagações.
“o que você estava olhando tão compenetrado?” – E se aproximou de Lupin olhando na direção que os olhos dele apontavam anteriormente.
“AH! Não acredito que ele tinha isso aqui.. quase mato ele nesse dia!” –
Tonks sorriu largando-se no braço da poltrona de Remus.
“porque mataria ele?” – perguntou Lupin disfarçando a inquietação por ter alguém tão próximo a ele.
“Ele me meteu numa encrenca grande! Quebrou o vaso da minha mãe e colocou a culpa em mim! Não aconteceu nada comigo, só um puxão de orelha.. mas fiquei com ódio dele por dias!” – lembrou Tonks com uma falsa raiva.
“E porque ele fez isso? Almofadinha nunca entregaria um amigo..” – perguntou Lupin curioso
“é que tinha feito o mesmo com ele na semana anterior com a louça da vovó.. mas ele ficou de castigo por um booom tempo. E quando tiramos a foto ele me abraçou e disse “estamos quites!”” – Tonks de ombros já concentrada no livro que Lupin tinha no colo.
“o que é isso?” – disse apontando para a capa – “e não diga “é um livro..” – resmungoou ele antevendo brincadeiras.
“Não ia dizer isso. É um livro de arte das trevas, quero ensinar o máximo que puder a Harry”
“Uhm.. sei.. e esse outro?” – falou Tonks indo pegar o outro Livro do colo de Lupin.
“Nãao!” Disse ele tirando-o do alcance de Tonks
“Porque não? É secreto por acaso?” – disse Tons em tom brincalhão se esticando mais pra alcançar
“Nhynfadora, para!” – falou Lupin firme
“Tá.. desculpa.. não precisa se estressar.. eu einh! E pra você é Tonks!” – resmungou ela voltando a sentar no braço da poltrona.
“desculpa.. não queria ser grosso.. mas é muito pessoal..” – falou Lupin baixo corando
“pessoal? Remus.. vc ta vermelho?” – observou Tonks já gargalhando
“aiai.. acho melhor irmos nos deitar não?” – sugeriu Lupin se levantando
“Também acho.. assim que acabar de ler isso aqui..” – dizendo isso ela tomou o livro rápido das mãos de Lupin e correu pra se sentar num birô que tinha do outro lado.
“Não!” – Lupin tentou segurar o livro sem sucesso. Agora era tarde..
Remus observou Tonks se sentar no birô a sua frente. Seus olhos estavam atentos e a boca levemente aberta, como se estivesse em transe. Nunca tinha parado para observá-la assim, tão de perto. Ela realmente era uma menina muito bonita! O cabelo rosa chiclete não dava um ar sério, mas fascinava mesmo assim. O rosto claro e iluminado pela fraca luz do abajur atrás de si era envolvente, dando ao rosto um tom bonito de dourado. Seus lábios agora liam em silêncio, ora ela lia, ora mudava de página. Lupin ficou parado, estático, como se espera-se um veredicto da nova Tonks que enxergava a sua frente.
“então.. você está ferido?” – perguntou Tonks em voz baixa olhando-o nos olhos
“É.. bem.. sim, quer dizer, não.. não me faça essas perguntas. Vamos dormir!” – tentou Lupin em tom autoritário indo deixar o livro – Curas para ferimentos Lupianos – de volta na estante.
“Aonde foi?”
“Tonks vamos deitar, não tenho nada..”
“Remus fale logo! Você é muito teimoso caramba! Deixa eu ajudar!” – se exasperou Tonks se aproximando dele.
“Foi só um arranhão, logo sara.. nada demais..” – falou Lupin tentando ao máximo ser convincente.
“REMUS!”
Lupin bufou e se aproximou do abajur. Levantou a blusa até a peito mostrando um ferimento grande próximo a costela.
“Oh.. como foi isso?” – perguntou Tonks chegando mais perto. E tocando ao redor da ferida
“Na última lua cheia. Acontece.. ai!” – Lupin se retraiu com a pontada q sentiu
“alguém mais sabe q você está ferido?”
“não.. estou bem, parece pior do que é.. sério!” – e riu um riso que Sirius no mínimo chamaria de patético.
“é melhor darmos uma olhada nisso! Accio primeiros socorros!” – sem esperar por nada acomodou Lupin no birô e começou a tirar a gaze que cobria boa extensão de seu ventre. Procurou o remédio mais apropriado e quando ia passar Lupin tomou o vidro de sua mão.
“é melhor eu fazer isso.. não acho que podemos confiar tanto na sua coordenação..” – disse Lupin começando a passar o ungüento por todo o ferimento.
“Ei! .. não precisa esfregar na cara!” – e riu logo em seguida sabendo que ele tinha razão
Lupin enquanto passava o remédio sentiu a mão de Tonks passear por suas costas como quem cuida de uma criança mais nova. Era bom receber esses tipos de cuidados, não lembrava a última vez que tinha recebido esse tipo de atenção.. ou melhor, nunca havia recebido!
“acho que podemos colocar a gaze..” – Tonks que já tinha um pedaço na mão cobriu o ferimento passando os dedos no esparadrapo que mantinha a gaze no lugar.
Concentrada na tarefa nem imaginava o que esse toque estava fazendo com o corpo de Lupin. Ele sentiu-se como se estivessem lhe acordando de um sono profundo, seus olhos percorreram o rosto e corpo de Tonks, sem querer acreditar, que aquele frio na barriga era por sentir o calor dos dedos dela em sua pele. Lupin engoliu em seco tentando afastar os sentimentos que surgiam naquele momento.
“Acho que ficou bom, beba um pouco disso agora” – Falou Tonks lhe entregando uma dose de alguma coisa muito ruim.
“Argh! Cof..cof!”
“Hahaha! Parece até criança.. beba tudo!”
Quando Lupin engoliu o resto Tonks ajeitava os remédios no lugar.
“terminei..” – falou envergonhado e olhando-a nos olhos. Estava encantado.. Quando ela havia crescido? Quando ela tinha criado esses olhos tão sedutores?
Tonks sorriu e colocou o copo de volta sem parar de olhar pra ele. Deu um passo em sua direção quase colando o corpo ao dele.
“Você esta me olhando estranho.. nunca me viu não é?” – perguntou num tom baixo
“Eu? .. erm.. não..” – Lupin tentou se esquivar mas só o que sentiu depois foram os lábios de Tonks encostando nos seus.
A boca dela era macia e úmida. Quando os braços dela o envolveram ele a abraçou pela cintura retribuindo ao beijo. O beijo começou calmo, como se não tivesse pressa. Uma das mãos de Lupin subiram pra nuca de Tonks, incentivando-a a aprofundar o beijo, quando sua língua passou pelas lábios dela ele ouviu um suspiro, sem saber direito se era dele mesmo ou dela, o beijo se intensificou. Lupin que estava encostado a estante mudou de posição colando seu corpo ao de Tonks. O gemido agora sabia que era dele. A boca de Tonks era quente e correspondia com todo fervor aos movimentos dele.
“Crash!”
O beijo foi interrompido e eles olharam na direção do barulho. Na porta estava Bichento ronronando ao lado de livros caídos no chão.
“Putz! Que susto!” – falou Tonks sem graça agora olhando para Lupin
“É melhor irmos dormir” – disse Lupin com ar sério quebrando o encanto de minutos atrás
“ah? Como assim? ..não vamos nem conversar sobre o que aconteceu?”
“É melhor esquecermos o que houve aqui. Foi um lapso, não voltará a acontecer” – Lupin estava com o coração ainda acelerado.
“É muito fácil assim, Né! ..Remus eu gostei.. adorei! Pensei muito nisso esses dias.. você também quis Remus!” – Ralhou Tonks se desesperando
“Nhynfadora, foi errado.. não podemos deixar acontecer de novo, é apenas carência dessa guerra toda..” – Lupin a essa altura andava nervosamente de um lado ou outro
“NÃO ME CHAMA ASSIM!! Para de me dizer o que fazer.. não foi carência, foi diferente, foi certo Lupin.. foi..” – a voz engasgou na garganta de Tonks, ela fechou os olhos e deixou as lágrimas descerem.
“Tonks.. não chora, não faz assim.. você tem que entender.. você é nova, tem um futuro pela frente, um mundo pra conhecer, eu estou fadado a essas marcas. Não posso deixar isso acontecer de novo. Entenda por favor.. não chore..” – Lupin a abraçou contra seu peito, passando a mão por seus cabelos que deixavam de ser rosa chiclete e adotavam um pardo tom de cinza.
“Não me afasta Lupin, não faz isso.. não diz que foi errado” – pediu Tonks por entre as lágrimas.
“É melhor irmos dormir, amanhã acordaremos com outros pensamentos, você vai ver” – disse mais pra si do que pra ela.
Quando Lupin se deitou naquela noite sentiu o mundo girar rápido, um turbilhão de emoções brincavam na sua cabeça, sabia que o que sentira ao beijá-la nunca tinha acontecido antes e dificilmente voltaria a acontecer.
“como me deixei levar? Ela é tão nova, tão viva.. como fui estúpido! Não tinha o direito..”. Ao fechar os olhos o sono foi instantâneo.
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