O sonho



“Ele estava naquela maldita sala novamente, como toda noite.” Sim, ele sabia que sonhava, mas não conseguia fugir. Quando se virou, deparou-se com alguém que se apoiava nas ameias da janela, olhando para o céu escuro lá fora. A pessoa se virou e disse: “faça o que tem que ser feito, Severo”, mas antes que ele pudesse responder que não, não podia fazer isso de novo, uma sombra passava diante dele, um brilho verde aparecia e pronto: Alvo Dumbledore jazia morto aos seus pés.
Antes que pudesse se mover, a porta foi aberta e uma mulher entrou. Ela olhou para o homem no chão e dele para Severo e perguntou, desesperada: “o que você fez, meu irmão?”, mas antes que ele tivesse chance de responder que não havia sido ele, a cena se repetiu: a sombra passou e, no minuto seguinte, Lílian Potter, sua meia-irmã, estava no chão, morta. Ele sabia, de algum modo, que não havia terminado. Aquela tortura iria continuar, até o momento que ele acordasse.
O que ele não sabia é que, a cada vez, o veneno em sua marca negra se aprofundaria mais e ficaria cada vez mais difícil sair do sonho, a menos que ele bebesse água logo que acordasse para cortar o efeito do veneno. Mas ele não tinha como saber, pois não sabia que seus sonhos faziam com que ele gritasse como Dumbledore havia gritado, ao ser envenenado.
A porta abriu-se novamente, e dessa vez ele se desesperou: quem entrava era a única pessoa que o havia conhecido realmente e o amado como ele era- sua esposa, Elisa Snape, irmã gêmea de Alice Longbottom e mãe do seu filho, que tinha morrido na hora do parto, obrigando-o a dar o menino para ser criado pela cunhada Alice e por Frank, seu marido. É, esse sem dúvida era o maior segredo de Severo Snape: o fato de, na verdade, ele ser o pai de Neville Longbottom. Ele não podia deixar que ela entrasse, não iria suportar ver sua morte novamente, mas não teve nem chance: quando tentou se mexer, a sombra correu a sala, a luz verde brilhou e o resultado apareceu; Elisa estava morta ao lado de Lílian, as duas únicas pessoas que ele tinha como família estavam mortas, pois embora Harry e Neville soubessem cada um seu segredo, um não sabia do outro.
Ele achava melhor assim. Embora eles soubessem que Snape era parente deles, um não sabia que era primo do outro, pois ele preferia assim, para que ele não fosse obrigado a uma cena complicada, mais uma para se juntar as das descobertas dos respectivos segredos. Neville tinha sido informado pelo retrato de Dumbledore, pouco depois da volta de Snape para a Ordem. Isso acontecera já faziam quatro meses, mas mesmo assim ele e o filho não haviam se aproximado. Com Harry era diferente: ele protegera o garoto na escola por amor a Lílian, que ele adorava, mas não conseguia se dar bem com ele. O garoto lembrava demais o pai, e isso não melhorou a situação quando ele descobriu que seu professor mais odiado era também seu tio, irmão de sua mãe.
Nesse momento, ele olhou para a porta e se apavorou: agora entraram não uma, mas duas pessoas, Harry e Neville. Eles olharam escandalizados para os corpos no chão e se voltaram quase imediatamente para ele, gritando juntos: “Assassino!”, antes de caírem mortos, atingidos por aquele misterioso flash de luz verde. Ele notou que agora a sombra havia parado e parecia olhá-lo com um interesse maligno, mas ele voltou-se para a sombra e gritou, entre lágrimas: “Venha! Venha me pegar se for capaz! Ou o grande Lord das Trevas está com medo?”.
Movendo-se com extrema rapidez, a sombra projetou-se de encontro a ele, que se sentiu ferver por dentro enquanto ela se aproximava. Antes que pudesse se mover, a sombra estava na sua frente, mas não era mais uma sombra, e sim o Lord das Trevas. Ele olhou Snape nos olhos e disse: “Avada Kedavra”. Snape se sentiu mergulhar na escuridão e não conseguiu acordar.
Enquanto isso, no mundo real, Harry e Neville, acordados pelos seus gritos, tentavam acordá-lo sem sucesso.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.