Primeiro Capítulo



A cama estava repleta de lençóis amarrotados, entre os quais Harry Potter podia ver a suave curva dos quadris e uma parte da longa perna morena. O restante do corpo feminino estava coberto pelos finos lençóis de linho, imaculadamente brancos e perfumados. Sobre o travesseiro, viam-se os cabelos dourados que tentavam em vão ocultar um rosto de traços perfeitos.
Aquela era Hermione.
Recostado na grade da sacada, Harry permitiu-se um sorriso ao levar a xícara de café aos lábios. Era muito cedo ainda, mas o sol já estava quente contra as suas costas nuas. Ele havia saído para o terraço logo após o banho, e a toalha branca ao redor do seu quadril estreito era a única concessão à modéstia, naquela vila de veraneio situada nas encostas elevadas de Portofino. Ali, os únicos olhos curiosos, capazes de vê-lo, pertenciam às gaivotas que voavam levadas pelas correntes de ar da manhã.
Hermione não precisaria estar em Milão às nove horas, e por isso não tinha necessidade de se levantar tão cedo. E era melhor assim, ele ponderou, pois se Hermione acordasse naquele instante, Harry simplesmente deixaria cair a toalha para ir se juntar a ela na cama.
Mas não havia pressa, ele pensou ao sorver outro gole. O café estava quente e forte, e era um prazer ficar ali apreciando sua mulher dormir.
Durante o ano que estavam juntos, ele nunca a havia visto menos bonita. Vestida ou nua, ela era dona de uma beleza que ele nunca vira em outra mulher. Estava orgulhoso por tê-la como amante, orgulhoso por ser o único a poder tocá-la. Orgulhoso também porque ela só tinha olhos para ele.
Mas será que a amava? Perguntou-se.
Não, admitiu pesadamente. Não a amava. Gostava do jeito dela e de como ela o fazia se sentir feliz e satisfeito. Até mesmo seria capaz de se sacrificar por ela se necessário fosse, mas o verdadeiro amor deveria ser um sentimento mais profundo.
Ele suspirou com resignação quando uma nuvem bloqueou o sol.
Uma gaivota piou em protesto. O café lhe pareceu subitamente amargo. Deixando a xícara de lado, ele se voltou para olhar as águas azuis enevoadas do Mediterrâneo a distância, e desejou saber o que iria fazer com ela.
Deixá-la partir estava fora de cogitação. Deixá-la ficar, significava enfrentar inúmeros problemas. Longe dali, além das colinas e vales verdejantes da sua bela Itália, o problema estava à espreita, na forma de uma mãe autocrática e de um pai adoentado que, antes de morrer, desejava ardentemente vê-lo casado e estabelecido com uma família.
Casar-se com Hermione, mesmo sem amá-la verdadeiramente, seria a coisa mais fácil do mundo. Ela era jovem, bonita e o amava totalmente. Mas, quais pais poderiam condenar o único filho, herdeiro da grande fortuna dos Potter, a se casar com uma mulher como Hermione?
Uma mulher cujo passado a condenava para sempre? Uma mulher cujo passado iria denegrir não só a ele como ao nome da sua família?
Uma mulher que se constituía em uma amante perfeita, mas que nunca poderia ser a esposa ideal.
Um novo suspiro encheu o silêncio que o envolvia.
Talvez Hermione houvesse ouvido, porque começou a se mexer na cama. Pegando a xícara de café, Harry voltou-se para olhá-la se espreguiçar languidamente, antes de abrir os olhos. Ela o procurou tateando com a mão, em um gesto repetido tantas vezes que ele pensou sentir-lhe os dedos roçar os pêlos eriçados do peito. A sensação o fez sorrir de novo, porque o agradava saber que a primeira coisa que ela fazia era buscá-lo. Sempre.
Ela logo o descobriu na sacada, e um sorriso caloroso de amante brotou em seus lábios.
Ciao. — ela o saudou suavemente.
A resposta de Harry foi um olhar descompromissado e sedutor por sobre a xícara, enquanto, no íntimo, sentia imediatamente o apelo que começava a lhe atiçar os sentidos. Ela o perturbava de tantas formas que ele não seria capaz de enumerar.
Deslizando para fora da cama, ela ergueu os braços acima da cabeça e se espreguiçou languidamente fazendo ressaltar cada contorno do seu corpo nu e delicado. Sua pele dourada brilhava, e seus longos cabelos caiam sobre o peito como cascatas de seda. Em toda sua vida, Harry nunca conhecera mulher tão perfeita. Seu rosto, seus cabelos, seu corpo sensacional, a forma como se movia ao se dirigir para ele, tal como uma sereia sedutora ela o excitava sem querer. Até mesmo o sol se rendia a ela saindo de detrás das nuvens no mesmo instante em que ela pisou no terraço, envolvendo-a em uma luz resplandecente.
Não era de se admirar que Draco Malfoy estivesse tão obcecado por ela, Harry ponderou perturbado. Ele a havia pintado de todas as formas, com a paixão de um artista enamorado. Vendo-a, Harry podia entender muito bem por que aquele homem se sentia compelido a preservar sua nudez em quadros. Durante anos, Hermione aparecera em todas as suas pinturas, não necessariamente como o tema principal, mas sempre como uma figura nua a se revelar como uma marca registrada nos quadros de Malfoy.
Entretanto, em seu desejo de imortalizar Hermione, ele a havia elevado à condição de fantasia erótica de muitos homens. Suas formas fluas adornavam as paredes de mansões de todos os ricos e famosos.
Quando ela entrava em algum lugar, todos a reconheciam como se a conhecessem intimamente.
E ela se importava com isso? Não. Ela se embaraçava com isso e se escondia envergonhada? Não! Aquela mulher se sentia totalmente à vontade com o seu corpo, tal como se sentia confortável com todos que disputavam os seus quadros.
E quanto a ele? Harry estava consciente de que a notoriedade de Hermione, como a famosa modelo de Malfoy, e propiciava uma certa inveja entre a turba de admiradores. Mas isso não o agradava; somente aprendera a aceitar tal fato. De certa forma, tal como Malfoy, estava obcecado por aquela mulher, apesar de não permitir que sua sedução ultrapassasse os limites do corpo.
Chegando-se a ele, Hermione não disse nada, apenas olhou-o diretamente nos olhos, enquanto lhe envolvia os dedos morenos que seguravam a xícara de café com os seus dedos longos e brancos. Seus olhos brilhavam ao sol. Harry sorriu quando ela levou a xícara aos lábios sorvendo um gole de café para depois a levar aos seus lábios.
Mais do que feliz por participar daquele pequeno jogo de sedução, Harry, obedientemente, bebeu o café. Depois, ambos, com os lábios umedecidos pela bebida, deixaram a xícara de lado e se beijaram.
O aroma de café pairava no ar, e seu sabor excitante lhes impregnava os lábios. O bico dos seios de Hermione roçava o peito de Harry, que, debaixo da toalha, sentia o corpo começar a corresponder.
Era como se estivessem fazendo amor com uma intimidade nunca antes experimentada.
Os olhos de Hermione revelavam uma promessa. Talvez ele a pudesse ter naquele minuto, mas, por enquanto ele se contentava em desfrutar o prazer de se sentir passivo naquele jogo de sedução.
Ela principiou acariciando-lhe a curva das costas.
—Você tomou banho sem mim. — ela se queixou.
Ele sorriu indolentemente.
—Você estava dormindo.
Com um muxoxo, ela tomou-lhe as mãos e as colocou ao redor da cintura. Depois, enlaçou-o pelo pescoço e inclinou a cabeça para trás, entreabrindo os lábios em um convite para um beijo.
Impossível resistir. Afinal ele era um homem, e Hermione era uma mulher especial, que se entregava naquele momento mágico.
—O que está acontecendo? — ela perguntou, interrompendo o beijo, ao sentir o estremecimento de Harry.
—O sol se escondeu novamente. — ele disse.
Aquele era um fato incontestável, e Harry não pôde deixar de perceber que o astro havia se escondido por detrás de uma nuvem, no exato momento em que ele começara a pensar em seu futuro.
—Você é grande e suave. — ela disse, acariciando-lhe os cabelos com os dedos. —Não vai querer ficar aqui neste balcão. Morreria de frio...
Era de se supor que ele risse ou respondesse com algo espirituoso. Mas não pôde ao vê-la de pé nua, exatamente como Malfoy a retratara nos quadros.
—Certamente, você deve saber. — ele disse apenas, sem maiores explicações.
Ela ficou imóvel. Se ele a houvesse esbofeteado teria sido melhor. Os lábios beijados perderam o calor e o topázio dos olhos perdeu o brilho. Com um passo para trás, ela se afastou, entrando no quarto, sem dizer uma palavra.
Ele sentiu remorso ao vê-la se dirigir com movimentos sensuais para o banheiro. A necessidade de pedir desculpas surgiu segundos depois, quando a porta já se fechava. Sabia que ia ter dificuldades em sanar o que havia provocado.
—Maldição! — ele praguejou, ao se mover.
O sol ressurgiu quente. Harry franziu os olhos e olhou aborrecido para a gaivota que pairava no ar. Depois, incriminou-se porque sabia que teria de ter cuidado para resolver o dilema que esperava uma solução.

Dentro do banheiro, Hermione permanecia com os olhos fechados, tentando se refazer da tristeza que sentia. Não tinham sido as palavras de Harry, mas a maneira como elas haviam sido ditas, com a intenção deliberada de ferir.
Draco lhe veio à lembrança, juntamente com a incapacidade de Harry de aceitar a vida que ela tivera antes de conhecê-lo. Para um homem que se vangloriava de ser sofisticado, ele carregava alguns princípios realmente antiquados.
Prometeu a si mesma que em uma próxima oportunidade, iria encontrar forças para se rebelar contra aquela situação, e não permitiria mais que ele falasse daquela forma.
Por enquanto, ela não estava preparada para agir, já que enfrentá-lo significaria por em xeque todo o relacionamento, e talvez perder Harry.
Mas o momento estava se aproximando, ela pensou ao sentir a dor se esvair mais rapidamente do que nas vezes anteriores. Sentiu que podia abrir os olhos e se olhar no espelho sem estremecer.
E o que ela viu?
Viu uma mulher pecadora, ela ponderou, vendo-se refletida. Uma mulher que era a amante de um homem que nem mesmo era casado e que ainda a classificava de amante e não como uma amada. Na sua concepção havia uma diferença muito importante entre os dois títulos. Ser uma amada demonstrava uma certa dose de qualidade moral. Ser uma amante demonstrava uma total falta de valor moral. E haveria alguma regra para definir ambos os sentidos? Não, certamente que não. Para ele não havia diferença. Harry permanecia sempre como o amante, sem qualquer estigma. Aquele título pertencia exclusivamente ao seu próprio sexo fraco.
Ela vivia na sua casa, dormia na sua cama, e dependia da generosidade financeira dele para a sobrevivência. Em troca, ela lhe dava absoluta fidelidade e o corpo. Em outras palavras, a verdadeira definição de amante.
Uma vida relativamente boa para uma garota que viera do nada, ela concluiu. De fato, poderia ter uma vida muito melhor, se ela não amasse de forma tão desesperada. Amar Harry tornava a sua vida miserável.
Draco tentara dissuadi-la da idéia de ir para a Itália viver com Harry.
Ele é um dos que pertencem à elite — ele havia dito. — Ele pode desejar o seu corpo, mas nunca vai querê-la da forma como você quer ser quista. Você não pertence ao grupo social dele, querida. Na alta sociedade, da qual ele é um dos mais importantes representantes, eles se casam entre si.
Aquelas palavras eram duras e sábias, e ela havia chegado a essa conclusão da forma mais difícil possível. Se Hermione tivesse um pouco de juízo, teria ido embora. Reuniria o pouco de orgulho que ainda lhe restava e iria embora, antes que ele lhe tirasse tudo.
E talvez logo fizesse isso, ela resolveu.
Rapidamente, desviou os olhos do espelho ao pensar naquela possibilidade, sabendo que seria necessário mais do que as insinuações de Harry para que ela resolvesse deixá-lo. Amava-o demais e já estava com ele muito tempo para se livrar assim tão facilmente. O que não significava que lhe perdoaria, ela pensou ao entrar no boxe do chuveiro. Mas o perdão teria um preço, e Harry teria de pagá-lo, tendo até mesmo de se submeter a algumas sérias humilhações.
A idéia de fazer o arrogante Harry Potter se humilhar lhe trouxe um sorriso aos lábios.
Ele já havia se retirado do quarto, quando ela saiu do banheiro. E também da vila, ela percebeu quando desceu para encontrar Nina, a empregada, retirando o prato e a xícara dele de sobre a mesa de desjejum.
—O sr. Potter foi para Milão há dez minutos, signorina. — ela informou. — Ele me disse para lembrá-la da festa de hoje à noite e para que a senhora dirija com cuidado, já que o trajeto até Milão é muito perigoso.
Hermione agradeceu a jovem, e sorriu ao perceber que Harry demonstrava tanto cuidado por sentir remorso pelo que havia dito a ela, deixando, ao mesmo tempo, o canal de comunicação aberto ao se ir.
Por quê? Porque para um grande administrador de empresa, com a reputação de ter um coração de pedra e uma língua de aço, quando se tratava dela, ele detestava desentendimentos. Ele podia não a amar, mas a queria o suficiente para se sentir mal quando a aborrecia. E, sendo um homem muito egoísta, Harry gostava de se sentir confortável em sua vida privada.
Por isso deixara o recado para ela dirigir com cuidado e não se esquecer da festa para aquela noite. Era Harry, desfazendo as barreiras que ele próprio levantara, para preservar a sua tranqüilidade. Outros fatos semelhantes iriam acontecer de tempo em tempo, foi o que Hermione pensou, ao se sentar para o desjejum. Era a primeira vez que comeria sozinha na semana que haviam passado juntos naquele lugar, sem fazer nada, a não ser se amar e dormir.
Ele lhe propiciara aquela deliciosa estada como surpresa por seu aniversário, além do Lótus vermelho que agora estava estacionado no pátio, e que ela iria dirigir de volta para Milão. No ano anterior, ele lhe havia dado um pequeno e adorável Fiat, pois estavam juntos havia apenas um mês então, portanto o valor do presente refletira aquele breve tempo.
Como um bônus pelo tempo acrescido, ela apreciou o presente e ficou a imaginar qual poderia ser o presente adequado para o aniversário que se seguiria.
Se ainda estivesse com ele, Hermione pensou, o que fez com que seu coração desse um pulo e ela se levantasse e subisse as escadas para arrumar suas coisas e partir.
Uma hora depois, trajando elegantes calças brancas e uma camiseta vermelha, com os cabelos presos no alto da cabeça, Hermione encontrava-se acomodada no assento creme do Lótus vermelho, lendo o bilhete que Harry havia deixado no painel.
—Respeite a potência do carro, e ele a respeitará. Quero que você chegue inteira em casa.
O sorriso de Hermione se revelou mais tranqüilo naquele momento. Não pela mensagem em si, mas pela idéia de que ele se detivera para escrever aquela nota, para só então depois partir em sua Ferrari.
Aquela era outra forma de desfazer barreiras.
Ela ainda estava sorrindo quando ligou o seu novo automóvel, antes de iniciar a longa viagem de volta para Milão.
Hermione ficou a imaginar qual seria a próxima atitude de Harry. Sabia que ele era um excelente estrategista e, por isso, não se surpreendeu quando seu telefone celular tocou, já nos arredores da cidade.
Olhando para o suporte onde o aparelho se encontrava, ela ponderou durante alguns toques se não seria melhor ignorá-lo. Por fim, não resistiu à tentação de atender.
Ciao, mi amore.
Um profundo som masculino encheu o ambiente do carro. A voz suave e calorosa, própria para seduzir, fez Hermione sentir arrepios espinha abaixo.
—Na certa você estava muito entretida dirigindo o carro, para poder responder prontamente.
Não era exatamente uma pergunta, mas sim uma admoestação cheia de ironia. Harry sabia que ela hesitara em responder.
—O que você quer? — ela perguntou com frieza.
—Depende. — ele murmurou sugestivamente. —Onde você está agora?
—Caminhando nua no Monte Napoleon, tentando fazer novos contatos. — ela respondeu prontamente, mencionando uma área nobre de um famoso quadrilátero de Milão.
Aquela era uma resposta direta ao que ele lhe havia dito naquela manhã. Harry deu uma risada sonora. Hermione estremeceu no assento e desejou poder odiá-lo, mas o que estava sentindo estava longe de ser ódio, e precisou de alguns momentos, naquele tráfego caótico, para se acalmar.
—E pensar — ele continuou. —que recusei um almoço no Dino’s só para falar com você.
—Escolha errada, caro. — Hermione respondeu. — Ir ao Dino’s teria sido de longe a melhor opção.
—Você está agindo como uma primadona. — ele retrucou suavemente.
Ele estava certo, e ela de certa forma se sentia justificada. Ainda assim sentiu que seria uma tola se não tomasse cuidado.
—Você me disse que teria compromissos durante o dia todo. —ela comentou, deixando o sarcasmo de lado. —Quando você vai almoçar no Dino’s quase sempre se ocupa a tarde inteira.
—As vezes, surpreendo-me com a minha própria eficiência. — foi a pronta resposta.
—E com sua própria presunção. — ela acrescentou.
Si, também. — ele teve a arrogância de concordar.
Hermione sorriu. Na verdade, a arrogância e a presunção de Harry constituíam grande parte do seu carisma. Além da sua bela aparência e eficiência como amante, ela teve de acrescentar para si mesma, enquanto deixava a auto-estrada para se dirigir ao centro da cidade.
—Na verdade, o almoço no Dino’s nunca foi uma opção. — o som da voz de Harry atraiu novamente a atenção de Hermione. —As reuniões da manhã ultrapassaram o horário programado. A primeira reunião da tarde vai começar dentro de meia hora. Estou sentado junto à minha mesa, comendo um sanduíche para acalmar a minha fome e lendo um jornal para me distrair, e fui acometido por um desejo desesperado de ouvi-la dizer algo agradável.
—Está bem... — foi tudo o que ela disse.
—Você quer realmente que eu me humilhe, não? — ele perguntou com uma voz arrastada.
—De preferência de joelhos. — Hermione confirmou.
—Humm... — Harry murmurou. — Isso me parece interessante. Existem tantas maneiras de pedir perdão nessa posição.
Ela não pôde deixar de dar uma sonora gargalhada. Do outro lado da cidade, no seu sofisticado escritório, Harry inclinou-se para trás e sorriu satisfeito. Depois, com a sabedoria de um experiente homem de negócios, dirigiu a conversa para assuntos mais prosaicos, como a performance do Lótus, o que ela pretendia fazer naquela tarde, e a que horas teriam de deixar o apartamento para comparecerem à festa de aniversário de casamento do seu melhor amigo Ronald e sua adorável esposa Luna.

Quando desligou o telefone, Harry estava completamente convencido de que havia conseguido desfazer o resultado da sua estupidez e pôde então relaxar.
Retirou o sanduíche do invólucro, depois recolheu os jornais, apoiou os pés sobre a mesa e se acomodou para aproveitar meia hora de descanso, antes da reunião com dois jovens que desejavam obter financiamento para porem em prática algumas boas idéias.
Até alguns minutos antes, ele pretendia simplesmente mandá-los embora com alguns conselhos de como administrarem seus empreendimentos. Entretanto, agora, sentia-se muito mais condescendente. Talvez pudesse até mesmo se oferecer para supervisionar pessoalmente o andamento da empreitada.
Harry abriu o jornal e qualquer vestígio de condescendência se desfez ao ver a foto de Draco Malfoy. Ele fora fotografado dentro de uma das mais conceituadas galerias de arte de Milão. O artigo de página inteira era uma publicidade valiosa para a Galeria Romano, na qual o artista pretendia expor na semana seguinte.
Mas era exatamente aquilo que desagradava Harry. A presença de Malfoy na cidade devia ser do conhecimento de Hermione, e ela não mencionara nada!
Será que ela sabia?
Será que ela planejava se encontrar com ele secretamente? Sabia que ela já havia feito isso pelo menos uma vez antes.
Hermione podia ter deixado Malfoy para ir viver com Harry em Milão, mas os ex-amantes não haviam se tornado inimigos. Durante uma viagem para Londres, no início do ano, ele descobrira por pura coincidência que ela havia passado um dia inteiro com Malfoy.
—Não venha me dizer com quem posso e com quem não posso me encontrar! — ela havia exclamado, quando ele fizera objeção.
—Draco sempre será muito especial para mim, e se você não pode suportar isso, o problema é seu e não meu, Harry.
Aquela fora uma das raras ocasiões em que ela parecera pronta a partir se ele tentasse continuar a pressioná-la. Harry então se conformara e, pela primeira vez na vida, experimentara a terrível sensação de sentir ciúme. Percebera que Draco exercia um poder sobre Hermione o que constituía um desafio para ele.
Harry não gostava nada disso. Não gostava da idéia de que havia fugido do desafio. E não gostava também de saber que Malfoy estava de volta a Milão justamente quando Harry tinha de pensar seriamente sobre o seu relacionamento com Hermione.
Era algo planejado por Malfoy ou acaso do destino? De qualquer forma, o sanduíche foi deixado de lado, e os dois jovens empresários perderam a chance de encontrar um Harry Potter amigável naquele dia. Não fosse por Harry ainda estar pensando com clareza suficiente para reconhecer a oportunidade inegável que os dois lhe ofereciam, ele teria sentido uma grande satisfação em mandá-los embora!
A irritação alternada com pensamentos perturbadores o consumiu pelo restante da tarde. Pensamentos de Hermione e Malfoy se encontrando secretamente...
Por fim, não pôde suportar mais e, deixando a sala de reuniões, voltou para a privacidade do seu escritório. Telefonou para Hermione, mas o celular estava desligado. Alarmou-se, mas lembrou-se de que ela havia dito que iria direto para o apartamento. Ligou para lá, então.
Harry enervou-se quando ouviu a própria voz dizer, pela secretária eletrônica, que não havia ninguém para atender aquela ligação.

Hermione estava em uma ruela em um bairro pouco sofisticado da cidade, abrindo a porta de um prédio. Depois de entrar, encaminhou-se através do estreito corredor, e começou a subir os lances de escada, passando por pequenos escritórios que pertenciam a ramos de atividade que Harry desprezava do alto da sua posição de diretor de uma grande corporação. Alguns dos proprietários a conheciam, outros não. A maioria olhava com curiosidade para ela, sorria educadamente e a deixava só. Isso lhe agradava, já que aquele lugar era o seu refúgio secreto. Uma parte de sua vida que Harry não podia controlar.
No último andar, dirigiu-se para a única porta existente e enfiou a chave na fechadura. Entrando no apartamento, fechou a porta com cuidado e depois, voltando-se, sorriu simplesmente.

Oie! O que Hermione tá tramando? rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs Próximo capítulo só com 10 comentários! bjao

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