Tesouros e Lembranças



Dez e meia da manhã e Tonks acabara de acordar desesperada. Já devia estar no trabalho há uma hora atrás. Pulou da cama e saiu correndo. No meio do caminho até o banheiro, bateu a canela no móvel do corredor. “Isso é sinal de um ótimo dia!”, pensou irônica.

Tomou um banho ligeiro, ignorando a canela que estava dolorida e montou uma roupa para trabalhar às pressas, que parecia dizer “estou atrasada, porém no padrão”. Certamente, esse era seu caso.

Chegou ao trabalho cansada e nervosa. Nunca fora a melhor motorista, ainda mais quando tinha urgência em chegar rápido. Teve que escutar muito de pedestres e dos próprios motoristas. Ultrapassou sinais, não respeitou faixas de segurança, sinalizou para um lado e foi para outro... E muitas outras ocorrências, que começaram a lhe preocupar; gastaria uma boa quantia de dinheiro em multas, e sua carteira de motorista estaria correndo um grande perigo.

Cumprimentou seus colegas de trabalho, que faziam cara de querer perguntar o motivo de seu atraso. Avistou Bob, seu chefe, correndo em sua direção.

- Tonks, meu anjo! Deixei oito mensagens na sua secretária eletrônica! Pensei que você estava doente, ou me abandonou! E a revista vai fechar a edição daqui a pouco! E falta você me apresentar aquela coleção de vestidos! E logo a tendência do vestido já acaba! E...

- Calma, Bob, calma. Eu me atrasei porque eu dormi mal essa noite, e acabei acordando tarde. Os vestidos já ‘tão prontinhos para sair nessa edição, só falta eu terminar os detalhes da manga e da cintura de um deles. Algo mais?

- Tonks, às vezes eu acho que você precisa de umas férias, meu bem. Aconselho que você aproveite o natal que está se aproximando, e viaje com o namorado, querida! – falou Bob mais aliviado.

- Namorado? Não tenho mais cabeça pra isso não, Bob. – falou Tonks, que teve a imagem de Sirius rapidamente em seus pensamentos.

- Que isso, meu bem! Você é linda, querida! Se quiser, venha almoçar conosco hoje! Mas, por favor, termine aquele vestido, senão eu vou ter um ataque nervoso aqui!

- Tudo bem, Bob, eu vou almoçar mais tarde hoje, para compensar o tempo que eu já perdi aqui, e daqui a uns 20 minutos eu to te levando lá a coleção. – Falou Tonks, sentindo-se melhor, sentindo que já estava no clima do seu trabalho.

- Não imagino ninguém mais aqui ocupando o seu lugar, meu bem, 20 minutos hein! – disse Bob suspirando.

- Com licença, Bob. – disse Tonks rindo.

Bob era uma pessoa maravilhosa. Era bem exigente, mas não era rígido, era animado, engraçado e até mesmo compreensivo. Ele era meio baixo, magro, olhos escuros, cabelo castanho claro, sempre arrepiado. E um gosto tanto quanto “alegre” para se vestir. Não escondia de ninguém que era meio “afeminado”, mas ele sempre foi adorado do mesmo jeito por todos da revista, inclusive por Tonks.

Ela entrou em sua sala, sentia-se renovada, até esquecera sua canela, que assumiu um tom arroxeado. Sua sala lhe trazia sempre uma sensação de bom astral, por mais mal humorada que estivesse. Era muito do seu jeito. Espaçosa, com muitos enfeites diferentes e coloridos, paredes vermelhas, móveis brancos e alguns de seus desenhos pendurados em determinadas extremidades, dando um ar mais descontraído para a sala. Tonks jogou-se em sua cadeira confortável, ficando lá e fazendo o que mais fazia e tinha prazer: criar moda.
...

Em torno de três horas da tarde, Tonks fora abrir seu e-mail; Era de se esperar o de sempre: propagandas, muitos e-mails de leitores, e alguns de seus colegas. Mas um lhe chamou muito a atenção, havia sido mandado há apenas meia hora atrás, e quem mandou fora Sirius. Tonks não pensou duas vezes e logo abriu o e-mail:

"Prima, tenho boas novas para lhe contar! Estou de mudança, finalmente! Eu sei que não avisamos a ninguém, mas você sabe como eu sempre gostei de fazer “surpresa”. Eu e Harry estamos arrumando nossas coisas, creio que sairemos daqui depois de amanhã. E isso não é tudo! No meio dessa mudança toda, você nem imagina o que nós achamos... Venha aqui em casa depois do trabalho, eu e Harry estamos loucos pra ver a sua cara. Garanto que você vai gostar.
Beijos e até mais tarde.”


Até que aquilo a divertiu, de verdade. Sirius não costumara a desapontá-la em suas surpresas. Tudo bem que ela sempre esperava algo mais delas, mas isso não fazia tanta importância, não naquele momento. Mal via à hora de ir embora, queria muito saber o que lhe aguardava.

Realmente, ela mal viu a hora passar, com seus colegas, com a coleção de vestidos que Bob lhe cobrara tanto para ficar pronto e com sua moda e seus desenhos. O tempo acabou passando mais rápido do que imaginava. Com o período restante, acabou até respondendo os e-mails dos leitores. Quando deu em torno de seis e meia da tarde, Tonks saiu apressada, com um sorriso brincado em seus lábios. No momento em que estava arrumando suas coisas para ir embora, Bob entrou.

- Nossa, Tonks, estou começando a achar que você não gosta daqui. – Falou Bob com uma cara de desapontamento.

- Lógico que não, Bob! É que eu tenho um compromisso agora.

- Ai, Tonks, querida, você não toma jeito!

- Por quê?

- Você chegou correndo e vai embora voando! A idéia que eu te dei vai servir de alguma coisa?

- A que idéia você se refere? – Respondeu Tonks rindo.

- Que idéia? Tonks, meu bem, em que mundo você vive?! De viajar, arranjar um namorado... – Respondeu Bob entrando no clima descontraído de Tonks.

- Ah, Bob, não preciso disso, não! Eu estou muito bem assim, e não preciso de férias, viu?! – Respondeu Tonks indo se despedir de Bob.

- Então tá, e, pelo amor de Deus, Tonks, juízo! Vê se não dorme mal novamente! Essa revista não funciona sem você!

- Eu sei que não. – Tonks piscou e sorriu.

Enquanto caminhava até o estacionamento, vestiu seu casaco pelo frio que anunciava o fim da tarde e o início da noite. Ligou para Evie, para dizer que iria se atrasar.

- Então, Evie, antes de ir pra casa, eu vou dar uma passada na casa de Sirius. Calma, Evie, ele quer me mostrar alguma coisa. E Harry vai estar lá também. Acredita que ele está de mudança e não contou nada?! – falou Tonks quase sem respirar, imaginando a cara que Evie estaria fazendo nesse exato momento.

- Ai, Tonks, você não tem jeito, hein? Nem ele! Está de mudança e não avisa a ninguém? E tenha juízo, Tonks, por favor, evite ficar sozinha com ele, ou melhor, nem pense em ficar sozinha com ele!

- Tudo bem, Evie, eu vou lembrar dessas “regras básicas”, pode deixar. Você vai estar aí quando eu chegar?

- Eu não vou poder. Minha mãe me ligou dizendo que ela estava passando mal desde ontem e pediu para eu passar lá e ficar um pouco com ela.

- Ah, então nem vou insistir. Mande melhoras para a sua mãe! E... Só por curiosidade, Evie, o que fez para o jantar? – Falou Tonks num tom como se uma criança estivesse perguntando para mãe se podia comer a sobremesa antes do almoço.

- Fiz uma sopa “daquelas” pra você. Com direito a tudo que você gosta, já que o tempo está esfriando. Estou fazendo uma Mousse de morango para você também.

- Nossa, que maravilha! – Respondeu Tonks animada.

- Não se anima muito não, hein? Você tem que comer com cuidado, você não quer ficar como uma gelatina, não é?

- Ah, relaxa, Evie, hoje pode. Amanhã eu vou à academia mesmo... Já que eu não fui à semana inteira, é um bom pretexto.

- Acho muito bom ir, então! Vou desligar, porque a sopa está quase pronta. E juízo, Tonks!

- Você sabia que você é a segunda pessoa que está me desejando isso hoje? – Tonks gargalhava.

Tonks desligou o celular e entrou no seu carro. Enquanto dirigia, pensava em como Evie era fantástica, e o quanto a tratava como uma irmã mais nova. Mesmo que a mais velha fosse Tonks.

Evie é uma mulher de 20 anos, mas aparentava ser mais velha do que Tonks. Alta, olhos escuros, cabelos escuros e cacheados. Evie morava com uma tia e tinha grandes dotes caseiros desde pequena, embora sonhe em ser professora.

Tonks começou a lembrar como a conheceu por acaso, há quatro anos atrás. Ela havia ido a uma lanchonete, na qual Evie na época trabalhava. Tonks esqueceu a sua bolsa, e quem saiu correndo atrás dela para devolvê-la foi Evie. Acabaram fazendo amizade. Nisso, Tonks descobriu que Evie trabalhava na lanchonete para pagar a seus estudos, cujo salário mal dava para bancá-lo, e sua carga horária era bem confusa e atrapalhada. E como Tonks precisava de alguém para limpar e cozinhar pra ela, ela deu a oportunidade para Evie trabalhar em seu apartamento, garantindo-lhe mais dinheiro e mais “sossego”. Nisso, a amizade das duas foi aumentando. “É impressionante como conhecemos as melhores pessoas em momentos tão inesperados”, refletiu Tonks.

Depois, seus pensamentos se voltaram para Sirius. Não exatamente nele, e sim na tal “surpresa” que ele tinha. Mas Sirius também estava vagarosamente por lá. Em poucos minutos, chegou na “antiga” casa de Sirius, a qual havia muitas lembranças dela, e de todos da sua família. Teve um breve sentimento de saudade daqueles tempos. Praticamente cresceu lá, assim como Sirius. E conheceu os Weasley’s lá também. Todos aqueles aniversários, datas comemorativas ou reuniões de família fariam muita falta para ela, pois sabia que não seria a mesma coisa. Não sabia quando entraria na rua “Largo Grimmauld” novamente. Metade da sua história começou naquele lugar.

Antes de apertar a campainha, deu uma breve olhada para a frente da casa. Era uma típica casa tradicional de família. Era bem grande, espaçosa, e com um quintal um pouco mal cuidado. Portões altos e escuros, e paredes começando a desbotar. Avistou Harry abrindo a porta, mechendo em algumas caixas que estavam do lado de fora, e o chamou:

- Psiu, hey, Harry! – acenou Tonks.

- Oi, Tonks! – respondeu, animado, Harry, pegando as chaves para abrir o portão. – Que bom que você chegou!

- Beleza, Harry?

- Beleza, Tonks! – Respondeu Harry contente.

- Hey, o que é que vocês tem para me mostrar? – perguntou Tonks desconfiada.

- Entra que você descobre! – Respondeu Harry com um ar de mistério.

A casa estava totalmente desmontada. Havia caixas e caixas impedindo a passagem e a enxergar alguma coisa, as paredes que geralmente eram ocupadas por quadros e retratos estavam vazias. Tonks avistou Sirius sentado no sofá, empacotando mais algumas caixas a sua volta.

- Ton-ton! Que bom que você chegou! – Respondeu Sirius, levantando alegre para cumprimentar a prima, largando a caixa que estava mexendo no chão.

- Eu demorei, mas cheguei Padfoot. – Tonks sorriu.

- Sente-se! – Falou Sirius, apontando o sofá em que estava sentado.

- Dá para passar? - perguntou Tonks ironicamente.

- Para você dá, princesa. – Sirius imitou um mordomo, num gesto de se curvar. E retirou as caixas que impediam a passagem de Tonks.

- Agora está bom? – Perguntou Sirius.

- Está perfeito. – Sorriu Tonks.

- Eu e o Harry vamos buscar a sua surpresa. – Sirius deu uma piscada marota para Tonks. – Espere aí.

Tonks sentou no sofá, esperando não tão pacientemente para que eles voltassem. Olhava aquelas caixas e ainda não conseguia aceitar a forma em que se encontrava aquela casa. Só de pensar que não entraria mais nela novamente, já se sentia mais murcha. Toda vez que fosse para a nova casa de Sirius, não se sentiria mais tão confortável como se sentia lá. Por um outro lado, Sirius estava muito feliz, e adorava ver aquele sorriso de satisfação dele. Logo, seu olhar se desocupou das caixas, e se encontraram na visão de Sirius e Harry de frente para ela, com as mãos viradas para trás, escondendo alguma coisa.

- Tonks, feche os olhos. – Pediu Harry.

- Nossa, estou começando a ficar preocupada com isso. – Riu Tonks, que logo em seguida, fechou os olhos como Harry pediu.

- E estique as mãos também. – Pediu Harry novamente.

- Preciso tirar os sapatos também? – Brincou Tonks erguendo suas mãos.

- Só pode abrir quando a gente falar. – Falou Sirius.

Cada mão foi ocupada por uma coisa que ela não conseguia identificar com olhos fechados, e as colocou no colo. Escutou um “Abra” de Harry e Sirius. Um enorme sorriso formou-se no rosto de Tonks. Ela sabia exatamente o que era aquilo. Em seu colo estava uma boneca japonesa de porcelana, que sua mãe havia lhe dado de presente de 10 anos. Ela era sua boneca preferida, e para todos os lugares possíveis a levava. Além disso, havia um caderno roxo com alguns coelhinhos na capa, onde estava escrito “Dias da Ton-ton”. Aquele era seu diário quando tinha em torno de 11 anos. Nele, ela contava seu dia, fazia seus desenhos e colava fotos. Um pensamento vagava em sua mente: “Sabia que Sirius não me decepcionaria”.

- Nós não lemos o seu diário, Tonks. Isso é para você ver em sua casa. – Falou Sirius.

Tonks pensou em protestar, no entanto, achou que realmente se sentiria mais à vontade lendo em casa, sozinha.

- Quer dizer que o nome dela é “Susan”, não é Tonks?

- Como você sabe o nome dela, Harry?

- Sirius me falou. – respondeu Harry, com um sorriso.

- O que achou da surpresa Ton-ton? – Perguntou Sirius ansioso.

- Eu... Nem tenho o que falar, eu gostei tanto. São dois tesouros pra mim. Obrigada mesmo... Onde vocês acharam?

- Foi engraçado isso. Hoje de manhã Harry estava esvaziando o quarto dele, no fundo do armário dele, Susan estava embrulhada num saco. Aí, ele foi me perguntar de quem era aquilo. De cara a reconheci. E quando eu tava tirando os álbuns de fotos do armário daqui debaixo, eu achei por acaso o seu diário. Aí, decidimos que, como ele achou uma coisa sua, e eu também, tínhamos que entregar pessoalmente a você.

- Ai... Eu sabia que vocês não iam me decepcionar na surpresa. – Riu Tonks.

Harry subiu para terminar de arrumar suas roupas, deixando Sirius e Tonks sozinhos na sala. Sirius voltou a mexer nas caixas. Tonks observava-o.

- Quer ajuda, Sirius?

- Não precisa, Ton-ton, obrigada. Estou aqui só terminando de arrumar as caixas das fotografias.

- Mas você não me disse que já fez isso de manhã? Quando você achou meu diário?

- Sim, eu arrumei, mas não tinha arrumado os porta-retratos. – Respondeu Sirius, agachando colocando o telefone em uma caixa e apontando para uma caixa do lado da televisão.

Tonks se levantou, olhando curiosa para os porta-retratos da caixa.

- Sirius, não sabia que você tinha tantas fotografias assim.

- Ah, é que a maioria eu deixo no meu quarto. – Falou

- É, eu percebi, eu ‘to vendo aqui de cima. Algumas eu nunca... – Tonks parou de falar, pegando uma foto em que estavam quatro homens jovens. Tonks não ouvira as últimas palavras de Sirius. Mas ouvira a sua última frase:

- Está com sede, Tonks?

Tonks virou-se para responder, mas não disse nada. Sirius percebeu que ela estava com o retrato na mão e chegou perto dela. Os dois ficaram vendo a foto. Da esquerda pra direita, estava James, pai de Harry. O qual ela reconheceu facilmente, pelo fato de Harry ser idêntico ao pai. Sirius ao lado de James, com seu cabelo mais comprido do que hoje em dia. Tanto Potter quanto Sirius exibiam um sorriso de adolescente. Ao lado de Sirius estava Peter Pettigrew. Ela apenas o reconheceu por ser mais baixo e mais rechonchudo do que os outros garotos e por ter a cara semelhante à de um rato. E ao lado de Pedro estava... “Ele!” , pensou Tonks. O garoto que ela era apaixonada quando era criança! Ele tinha cabelos castanho claro e cheios, e olhos castanho escuros. Possuía um ar mais intelectual e responsável do que dos outros três, o que o deixava mais charmoso. “Eu realmente tenho bom gosto”, sorriu Tonks. Sirius, percebendo o sorriso dela, comentou como se não quizesse nada:

- Você se lembra dele, não é, Tonks? – Apontou para o garoto que ela era apaixonada.

- Ele é o... – Tonks olhou esperançosa para que Sirius respondesse.

- Ele é o Remus, Tonks. O qual você era toda apaixonada quando era pequena. – respondeu Sirius, fazendo uma cara de bobo apaixonado.

“De Justin para Remus... Nossa Tonks, como você tem boa memória!”. Pensava Tonks, ironicamente.

- Eu... Eu me lembro dele...

- Se você falasse que não lembrava, aí seria problema. – Riu Sirius. – Faz muito tempo que não o vejo também. - Seu rosto murchou.

- Quando... Quando você o viu pela última vez? Quero dizer, eu lembro que ele tinha ido embora, e...

- Faz uns cinco ou seis anos que não o vejo. A última vez foi quando eu fui pra França.

- Naquela época, ele tinha ido pra França, não tinha?

- Ah, sim. E ele continua lá.

- Continua... Lá?

- Sim, ele continua.

- E você... Ainda fala com ele?

- Lógico! Eu falo com ele quase todos os dias. – Sorriu Sirius. - Ele é meu melhor amigo, e é o único que ainda faz parte dos Marotos... Bons tempos aqueles... Pelo menos ainda tenho o “Moony” – Sorriu Sirius maliciosamente.

- Moony...? - Comentou Tonks.

- É Tonks, não me diga que esqueceu que ele é o Moony! Nossa, você, que era apaixonada por ele, esqueceu! Que decepção. – Falou Sirius, imitando uma cara de desapontamento.

- Não esqueci, não! E não fale mais isso! – Falou Tonks sem graça.

- Desculpa, Tonks. E você já sabe para onde vamos nos mudar? – Disse Sirius, trocando rapidamente de assunto.

- Cara, é verdade! Foi tanta coisa que eu acabei esquecendo! Para onde vão?

- Comprei um apartamento excelente em “Fether Street”.

- Essa rua é umas seis quadras daqui... E é bem localizada também... Mas... Espera aí! Não é você que diz que não gosta muito de apartamentos? Que não se sente à vontade em um? – Perguntou Tonks, guardando a foto dentro da caixa, dando uma última olhada em Remus.

- Ah, mas eu quis dizer no dos outros. Naquele é outra história.

- Calma lá! Eu moro em um apartamento! Quer dizer que você não se sente à vontade no meu?! – Perguntou Tonks, fingindo indignação.

- Lógico que não! Eu sou de casa, que eu sei! – Brincou Sirius.

“E como é”, pensou Tonks.

Depois disso, Harry desceu com alguns pares de calças na mão, jogou a roupa no sofá e reclamou a Sirius:

- Sirius, são quase nove horas! Eu to com fome!

- Nove horas?! Eu preciso ir, preciso comer também. – Apressou-se Tonks.

- Você não vai ficar para comer, Tonks? – Perguntou Sirius. – Eu vou preparar um jantar, fica aqui.

- Eu realmente não posso, Sirius. Evie já deixou janta feita para mim, se não fosse isso, eu ficava aqui, sem dúvida!

- Ah, que pena! Pensei que estava fugindo de mim, aliás, da minha comida! E como Evie está?

- Lógico que não, Sirius! E Evie está bem, só a mãe dela que estava meio mal.

- Ah, certo. – Sirius viu que Tonks estava pegando sua bolsa. – Não esqueça suas coisas, viu?

- E você acha que eu ia esquecer? – Sorriu Tonks.

- Harry, você abre o portão para a Tonks? Eu vou adiantando as coisas aqui na cozinha. – Sirius abraçou Tonks. – Semana que vem, faço questão que todos almocem na nossa casa. Temos duas surpresas para todos.

- Hum, então dessa vez nem me preocupo mais.

- Não, Ton-Ton, agora é para todos. Se cuida.

- E boa sorte aí na arrumação. – Acenou Tonks e foi embora. No caminho, olhava sorridente para o banco do passageiro, onde estavam seus “tesouros”.

Quando chegou em casa, viu um bilhete de Evie.

“A Sopa é só esquentar, e a Mousse está na geladeira. Amanhã quero que me conte tudo. Um beijo e até amanhã”

Jantou majestosamente e degustou a sobremesa da mesma forma. Tomou um banho e viu um pouco de televisão. Queria começar a ler o seu diário, mas estava realmente cansada, não dormira bem na noite anterior, e o dia hoje foi agitado. Deitou em sua cama, tentando se lembrar de Remus, mas o sono falou mais auto, impedindo Tonks pensar em qualquer outra coisa.

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