Save me tonight



A mulher loira estava deitada no tapete da sua biblioteca, com uma fina fita de sangue perto dos seus pulsos.
Ela não tinha resistido, a tanto tempo sonhava com aquela cena, anos e anos levantando da cama na madrugada e indo a biblioteca de seu castelo para ver se aquele sono não era verdade, e se era só o seu espírito que vagava pelo lugar onde ela chamava de lar.
Não, mais nenhuma das vezes fora verdade. Felizmente talvez, pois se tivesse acabado com a sua vida ela não teria conhecido o amor que um dia o julgou como o homem da sua vida, ele o famoso Lord das Trevas, sim, uma mulher linda, loira, olhos claros e pele bem alva e aveludada, tinha se apaixonado por um homem com expressões ofídicas. Um homem sério e reservado, nunca tinha dado liberdade ou uma brecha se quer para ela se aproximar, mais foi em um dia em que ela cansada de ficar sozinha resolveu tentar levá-lo para a cama, não por amor ou outro sentimento que ela viria a sentir, mais simplesmente por desejo e uma incrível vontade de provar o que era quase inatingível.
Naquela noite desfrutou de um prazer insonhável ate por ela mesmo. Sim Narcisa a ex-mulher de Lucius Malfoy tinha se deitado com o Lord das Trevas, o famoso Lord Voldemort. Nesse dia ela concluirá que não tinha nada que ela desejasse que não pudesse ter. Ela sempre teve tudo, desde quando era uma garotinha ganhava as coisas do seu pai super-protetor.
O que ela menos queria era se envolver emocionalmente com o seu novo amante, um amante que não era bem um amante só se fosse se levar em conta a freqüência que eles se viam. Mesmo sem ter que esconder nada de ninguém ambos se viam pouco, talvez por uma falta de interesse da parte dele e uma certo timidez dela e medo pela preeminência que ele passava.
Com o tempo, Narcisa descobriu um homem diferente do que ela imaginava, sempre se perguntava se ele era mesmo aquele homem sério, frio, cruel que todos sempre julgaram tão severamente.
Sim era o mesmo, só que dessa vez com uma distinta diferença ele tinha começado a amar. Ambos desfrutavam de um novo sentimento, esse sentimento que não tinha sido provado por metade das pessoas da terra, uma adversidade, pois na mente deles não havia nada melhor do que aquela doce sensação de quer sangrar.

xXxXxXx

“I'm alone yeah I don't know if I can face the night
I'm in tears and the cryin that i do is for you
I want your love let's break the wall between us
Don't make it tough, I'll put away my pride
Enough's enough, I've suffered and I've seen the
Light”



xXxXxXx



Narcisa ainda tinha seu corpo molhado pela chuva, a anos não andava na chuva. Estava sem sapatos, outra coisa rara que não fazia desde a sua adolescência. Era um novo dia e ela esperava novamente seu homem, ele tinha partido há quinze dias em uma missão que para ele era banal ainda. Mais não podia deixar seus comensais trabalharem sozinhos nessa tarefa, que por mais trivial que fosse se tivesse uma pequena gafe iria complicar seus planos futuramente.
Com os pés molhados de pisar na grama dos jardins a loira passou a andar mais devagar em um ritimo quase de dança. Já tinha recordado tantos momentos com o seu Lord, nem todos bons, ela tinha que admitir, mais a maioria deles eram de extrema importância para a sua memória.
Fechou os olhos e sentiu um vento calmo perspassar pelo seu rosto, parecendo brincar com a sua angustia. O dia brincava com ela, e não a queria ver feliz certamente, já não bastava a o seu anseio para tocar novamente o seu homem? Já não bastava a sua dor de saber que ele estava agora lutando e ela de camisola branca de veludo, molhada, (com uma inquietação que lhe tirava o sono) e inteiramente protegida no seu castelo? Não, não bastava. Quando ela finalmente não pensava em nada uma leve pontada na cabeça a chamou atenção. Resolve então voltar para o comodidade no interior da sua sala.

xXxXxXx


“You're my angel come and save me tonight
You're my angel come and make it alright”

xXxXxXx

Percorreu todo o seu jardim, do lado do lago ate o momento em que teve que desviar o seu caminho, com os olhos praticamente congelados naquela imensidão negra e com uma sensação estranha de perda por se afastar do lago ela entrou pela grande porta de madeira que dava para o hall.
Passou pela sala subiu as escadas e ao chegar novamente a sua biblioteca reparou uma carta preta, um carimbo vermelho, um símbolo de uma cobra, um grande S, e letras finas e deitadas escritas em verde.


“Para a Lady das Trevas”

Ela não pode deixar de sorrir, como não tinha visto essa carta antes, certamente ele providenciara para que ela só visse esse horário. Pegou um fino abridor de carta que se passava por uma pequena e delicada espada e abriu a carta se encostando-se à parede do lado da janela ainda aberta.


“Essa carta deve estar sendo lida por você só agora, minha dama, mais como desconfio você sabe que essa era a minha intenção”.
Eu na verdade estou escrevendo ela só agora, não estou nem ao menos no meu palácio, e sim prestes a executar mais uma pessoa que fica no meu caminho.
Mais ela não é a única a ser morta há pouco.
Narcisa essa não era uma missão qualquer como lhe falei, minha omissão foi por um único motivo, não a deixar inquieta.
Receio não ter dado certo deixá-la mais serena, como o meu plano de imortalidade.
Descobri há algumas horas, que como imaginava, não tenho mais sete vidas, não tenho nem ao menos duas ou uma. Minha vida nunca foi uma vida, eu vivo por que tenho atualmente um motivo, uma motivação especial.
E esse motivo é você. Na noite em que nos ficamos pela primeira vez, eu imaginei que seria só um passa-tempo, mais como vejo esse foi mais um erro meu.
Sinto muito por te deixar assim.
Minha dama como eu queria que estivesse nos meus braços agora, e olhando para mim com um sorriso malicioso para depois fazer como só você pode, transformá-lo em inocência
Vejo que me entristeço de saber que não vou mais acordar, mais dessa vez não é para poder continuar com essa batalha que travei a tanto, e sim para passar mais um dia com você
Não preciso dizer tanto que te amei, pela primeira vez na minha vida vejo que temo a morte de verdade, vejo que tenho que amar motivo da minha vida
E a vida em mim é o que você dá.

“Se eu não dizer isso agora, fica o meu amor do passado, junto com a angústia do presente e a certeza de que meu coração te pertence. Se pudesse contar estrelas eu faria e mesmo assim, meu peito ainda carregava a mesma dor, de não poder expressar....... O que eu sinto. Você é todas as estrelas que eu já olhei”


Do seu homem, do seu Lord, do homem que te amou mais do que um dia Deus podia imaginar.”


A mulher imediatamente cai de joelhos no chão leva uma das mãos na boca e deixa seu dedo escorrer pela mesma em uma dança de extrema elegância com as suas lagrimas.
Sentindo que seu corpo todo tremia, olha para o lago onde sairá de perto a pouco e se vê a seis meses atrás com um homem mais alto que ela deitada no chão sorrindo para ele, aquele era o seu homem. O seu homem.

Ela abaixa a cabeça depois que vê aquelas duas pessoas se desmancharem, pega o abridor de cartas extremamente convidativo, sem pensar duas vezes ela segura com uma mão e passa, com uma força que ela nunca tinha usado antes, no seu pulso o fazendo expelir um líquido tão vermelho quando a sua boca. Ela repete o ato no outro pulso mais com uma força reduzida. Estica a mão e pega a carta, olhando para a carta sendo molhada vagarosamente pelas suas lagrimas, deita no tapete e repete para si mesmo.

“ E morre o Lord das Trevas”


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