Um pedido de ajuda
Capítulo 2 - Um pedido de ajuda
Mesmo contra a vontade de Rony, mesmo contra a hesitação de Harry, mesmo contra os avisos de McGonagall, Hermione, assim que chegou a Hogwarts, dirigiu-se às masmorras. Estava apreensiva, não via seu professor há algum tempo e temia que ele pudesse estar de certo modo ocupado. Ela bateu na porta, e uma fresta dessa abriu-se. Inspirou fundo e empurrou-a. A sala em que entrava estava escura e aconchegante. Havia uma lareira acesa cuja luz trêmula fazia as sombras parecerem assustadoras. Quando se acostumou à bruma, Hermione pôde ver seu professor andando nervosamente de um lado para o outro. Ele estava visivelmente preocupado, e a garota ficou com receio de incomodá-lo. Entretanto, algo fez com que se aproximasse do homem. Ela não sabia o que estava fazendo até que ele percebesse a presença dela.
- Você...
- Desculpe – sussurrou ela, recuando alguns passos – Eu não queria incomodá-lo. É que... eu queria saber como o senhor estava.
O retrato de Dumbledore queria que a escola continuasse aberta aos alunos e que os professores continuassem lecionando. Contudo sabia que Snape não poderia ensinar Poções naquele ano já que todos acreditavam que ele era um traidor. Haveria um substituto, mas Severo poderia ainda viver normalmente nas masmorras. Ninguém saberia disso, e Hermione se valeria desse fato para colocar seu plano em ação. Já conversara com Minerva McGonagall e com o retrato do diretor, e eles haviam gostado de sua idéia. Só o que faltava era convencer Severo a colaborar.
- Estou bem, obrigado – retrucou friamente o professor – Mas percebo que a senhorita não veio aqui só para saber isso. Desembuche logo.
Hermione Granger olhou fixamente o homem a sua frente e disse:
- Precisamos da sua ajuda, professor. O mundo da Magia está um caos por causa da Guerra, e Vold... Você-Sabe-Quem ameaçou Rufo Scrimgeour dizen...
- Sim, eu sei o que ele fez – interrompeu Snape, com um suspiro – Quer que todos desistam. É idiota o suficiente para achar que vocês fariam isso.
- Nós, professor.
- Como?
- Nós. Queremos que o senhor nos ajude. A Ordem está confusa, não sabe mais aonde agir. Pelo que me disse, o senhor pode ter todas as informações...
- Claro! – exclamou, enraivecido – Eu sou um comensal, então eu sei o que eles farão! Hermione, isso é desgastante! Quem vai acreditar em mim?! Ninguém, porque eu sou um comensal e matei Alvo Dumbledore! – frisou as últimas duas palavras - Como você acha que eu me sinto? Posso até ceder as informações, agora que o Lord sabe que sou “confiável”, mas quem vai acreditar nelas?!
A garota estava surpresa. Snape nunca a chamara pelo primeiro nome. E ele parecia realmente sincero. Ele estava abrindo-se com ela! Era incrível! O pior de tudo era que o que ele dizia era totalmente certo. Quem acreditaria nele? Mas espere! Ninguém precisaria saber que ele era a fonte! Claro! E se ela dissesse que até o Harry aceitara a possível colaboração de Snape, ele provavelmente aprovaria. Não custava tentar. E foi isso que ela fez: disse que ele ficaria anônimo, e que todos já haviam aceitado sua ajuda, inclusive Harry.
- O Potter? – questionou ele, espantado – O Potter? Nossa, então eu estou salvo! – a ironia tomou conta de suas palavras - Posso sair pelas ruas e dizer “Harry Potter me perdoou! Estou livre!”. Francamente, srta. Granger, acredita mesmo que de uma hora para outra seu amigo esteja me apoiando?
Nem o sarcasmo dele não fez a garota desistir.
- Ora, vamos, professor – resmungou ela, começando a irritar-se – O senhor acha que todos querem algo a mais, que não podem mudar de opinião sem haver outros motivos. Por favor, nos ajude! Eu confio no senhor e espero que confie em mim, também, pelo menos uma única vez.
Ele percebeu a sinceridade da voz dela. Se continuasse, seria totalmente derrotado por aquela grifinória sangue-ruim. Deveria parar agora. Ele já confiara nela quando ela, sozinha, fora até aquela casa para trazê-lo de volta a Hogwarts. E vira que Hermione falava a verdade. Por que não desta vez? Snape observou a ansiedade no rosto da garota. Ela era bonita; não a ansiedade, a garota. Céus! No que estava pensando agora? “Decida-se logo, homem!”. Poderia pedir tempo para pensar na proposta, mas de quanto tempo precisaria? Granger não o largaria até ter uma resposta definitiva. E logo outro ano letivo se iniciaria ali. Precisava de uma saída. Aceitaria participar do plano e arcaria com qualquer conseqüência? Valeria a pena? Valeria. Desviou o olhar e virou o rosto. Seria melhor não arredar o pé. Talvez ela desistisse...
- Se... Severo? – insistiu Hermione, cautelosamente.
Snape espantou-se. Sim, ele havia chamado a garota pelo primeiro nome, mas fora sem pensar. Ela com certeza não pararia de incomodá-lo até que lhe desse uma resposta razoável. Snape suspirou, resignado. Estava vencido. Voltou-se novamente para a aluna. Ela estava cada vez mais nervosa. O professor a observou severamente e, por fim, disse:
- Tudo bem, srta. Granger, eu aceito ajudar vocês.
O rosto de Hermione iluminou-se, e ela sorriu largamente. Convencera Severo Snape a colaborar com eles, e isso era uma grande coisa, já que todos diziam que ela não conseguiria. Na sua felicidade, a garota abraçou o Mestre de Poções, agradecendo várias e várias vezes. Snape não esperava por isso e não pôde reagir imediatamente. De certo modo, ele gostou daquele gesto da aluna, contudo por outro lado, não. Não se sentia bem abraçando alguém, pelo menos não até aquele momento.
- Srta. Granger, por favor, contenha-se! – exclamou, tentando parecer irritado, soltando a garota de si – Pare, senão retirarei minha decisão anterior.
Hermione largou o professor. Não tinha vontade de convencê-lo mais uma vez. Ela pediu desculpas rapidamente e disse que avisaria Minerva McGonagall da escolha do Mestre. Desculpou-se novamente e saiu da sala, deixando Snape confuso não só com o que acontecera ali, mas com o que poderia acontecer.
- Ele o quê? – exclamava Rony, exaltado – Ele o quê??
- Ele aceitou! Aceitou! Aceitou! – repetia Hermione, entusiasmada.
- Eu não acredito! – falou Harry, atônito – Tem certeza, Mione?
- É, tem certeza, Mione? – ecoava o ruivo, agora com o rosto vermelho - Tem certeza de que ele não enganou você como fez com todo mundo?
- Rony! – repreendeu Harry. O comentário não era uma boa maneira de manter Hermione em seu bom-humor. A garota já esclarecera que confiava em Snape, isso era incontestável, e os garotos juraram tentar acreditar nele.
- Tenho plena certeza do que ouvi, Ronald Weasley! – retrucou Granger, um pouco irritada – Ele vai nos ajudar. Ele será nossa fonte anônima. Anônima, compreendeu?
Rony bufou. Não gostava de saber que um traidor e assassino os “auxiliaria” na Guerra. Era cômico ver a cena, já que poucos dias antes era Harry quem fazia aquele escândalo. O ruivo não achava aquela uma boa idéia, ia reclamar novamente, mas Minerva interveio para acalmar os ânimos.
- Sr. Weasley, nem mais uma palavra do senhor. Acredito que não gostaria de perder pontos antes mesmo das aulas recomeçarem. O Professor Snape aceitou participar do seu plano, srta. Granger, e espero que a opinião dele não precise ser forçada a mudanças. Como combinado, nem um pio sobre a presença dele neste castelo, compreenderam? Agora, creio ser melhor vocês arrumarem seus pertences nos respectivos quartos já que depois de amanhã se iniciará um novo ano letivo.
McGonagall deu as costas aos garotos, e eles podem jurar que a ouviram finalizar a frase “sem você, Alvo”.
Continua...
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!