Potter vs Malfoy
Capítulo 4: Potter vs Malfoy
Harry entrou no dormitório com Neville, os outros colegas já lá estavam, incluindo Ron.
- Neville! – exclamou Dean – põe esse cacto bem longe!
- Toda a gente implica com o meu cacto! – resmungou Neville indignado
- Porque será? – perguntou Harry com sarcasmo
- Uuuhh! O Harryzinho está a aprender a dizer piadas – gozou Ron
- Vê lá se o Harryzinho não te dá um murro… - respondeu com uma careta Harry
- Acerta aqui! – brincou Ron apontando para o seu queixo
Como resposta Harry deu um encontrão amigável a Ron, que o fez cair da cama onde estava sentado.
- Hei! Assim não vale! – exclamou Ron indignado – a tua discussão é com a Malfoy, não comigo
- Pois é! Tu e a Malfoy-ovelha-branca ainda não se desintegraram? – perguntou Seamus a Harry enquanto ele se sentava pesadamente na cama provocando o riso de todos
Harry fez uma careta como resposta.
- Nem me fales nela… - resmungou
- Se não soubesse que andavas com a irmã do Ron dizia que estás a ficar caidinho por ela – comentou Seamus
- O QUÊ? – Harry indignou-se – nem morto!! Ela é uma Malfoy e…
- Então? Agora deste uma de preconceituoso? Nem parece teu… - comentou Neville
- Não é ser preconceituoso… - tentou Harry explicar com uma careta de desagrado – é que eu e ela… sei lá… não dá, ela é muito irritante
- Sim Harry, se traíres a minha irmã eu atiro-te da torre de astronomia – ameaçou Ron meio a cerio meio a brincar
Harry encarou o amigo com um ar de descrença.
- E tu achas que eu faria isso? – perguntou
Ron deu uma palmada amigável no ombro do amigo, como que para lhe dizer que acreditava na palavra dele.
- Será que se eu perguntasse a alguma delas se queria sair comigo elas aceitavam? – perguntou Seamus
- A que foi para os Slytherin provavelmente olhava-te com aquela cara de má que os Slytherin sabem fazer e nem te respondia – comentou Neville rindo
- E a outra?
- Essa era capaz de te dizer simplesmente “não obrigado” – afirmou Ron reprimindo gargalhadas
- Além disso elas andam com o Zabine – comentou Dean
- As duas?! – perguntou Ron, Neville e Seamus ao mesmo tempo, Harry limitou-se a torcer o nariz
- Foi o que eu ouvi dizer no comboio…
- Esse também tem cá uma sorte, elas são bem giras – lastimou Seamus
- E ainda por cima são duas – concordou Ron
- Ele vai ter que se esforçar muito para chegar para elas – afirmou Seamus como se estivesse a comentar uma fórmula matemática
Uma gargalhada geral preencheu o dormitório masculino do sexto ano.
Algures nas escadas para o dormitório feminino Parvati, Lavender, Jane e Hermione ouviram as gargalhadas ecoarem nas pareces.
- Como são barulhentos… - murmurou Hermione numa censura
- Deixa – afirmou Lavender – são rapazes
Hermione suspirou e as quatro jovens entraram no dormitório.
Jane soltou uma exclamação abafada, as suas malas ocupavam uma das camas.
- AHÁ! – gritou Lavender entrando ao saltos dentro do quarto – eu disse! Eu disse!
- Acho que consegues fazer mais barulho que eles… - comentou Jane com um sorriso, Lavender encolheu os ombros e atirou-se para a sua cama.
- Não ligues… - avisou Parvati – ela é… meio doida
- Olha quem fala! – exclamou Hermione
E desta vez foi no dormitório feminino que várias gargalhadas se fizeram ouvir.
--*--
Na mesma sala sombria e pouco iluminada, Anton andava de um lado para o outro bastante transtornado.
- Senhor a minha filha… - parecia que lhe custava a falar – ela… entrou nos Gryffindor! Para a casa dos traidores…
- Ela desonrou a tua família! – sibilou Bella venenosa – devias bani-la!
- Não sei o que fazer… ela é minha filha… mas… - Anton parecia desesperado – ela traiu-me… traiu a família, a tradição…o próprio sangue…
- Espera Anton… - afirmou o senhor – acho que não precisas de fazer nada à tua filha…
- O quê?! – Guinchou Bella – ela é uma traidora! Está contaminada! Não merece ser considerada por nós!
- Não! – declarou o senhor com uma firmeza gélida – a Jane é capaz de ser o elemento mais importante de todo o plano… ela acabou de se revelar um trunfo inesperado…
- Então… posso perdoar-lhe a traição? – perguntou Anton duvidoso
- Podes agradecer-lhe! – declarou o senhor soltando uma das suas gargalhadas de gelar a alma
--*--
No dia seguinte Jane foi acordada por Hermione e arrastada para a mesa do pequeno-almoço.
Quando finalmente Harry e Ron foram ter com elas, depararam-se com uma Hermione sorridente e uma Jane com uma expressão assassina a observar as torradas.
- Malfoy… as torradas não te fizeram nada… - comentou Ron
Jane desviou o olhar das torradas e concentrou-o no rapaz.
- Já não está cá quem falou! – exclamou Ron assustado
- Posso saber a que se deve esse mau humor todo? – perguntou Harry com uma careta
- Odeio que me acordem… - resmungou – não é que tenhas alguma coisa a ver com isso Potter.
- Só perguntei… - respondeu Harry com irritação
- Se eu não te tivesse acordado, a esta hora ainda estavas a dormir e chegavas tarde no teu primeiro dia – comentou Hermione bebendo um golo do seu sumo de abóbora.
A jovem Malfoy passou as mãos pelos olhos e murmurou algo imperceptível.
Mcgonagall passou pela mesa dos Gryffindor a distribuir os horários e a advertir os alunos para não se atrasarem.
- Não acredito! – lastimou-se Ron ao observar o seu horário
- O que foi maninho? – perguntou Ginny chegando, beijou Harry e sentou-se ao lado dele – Bom dia!
Todos lhe murmuraram um bom dia sonolento.
- Temos um bloco de poções segunda feira de manhã… - respondeu Harry com desgosto
- Com quem? – quis Ginny saber
- Adivinha… - murmurou Ron
- Slytherin
- Claro – comentou Hermione com ironia – para começar logo bem a manhã!
Do outro lado do salão principal, Esther Malfoy caminhava calmamente para a mesa do pequeno-almoço, a sua expressão estava serena, mas sentia um aperto no peito.
A sua irmã fora para a casa dos traidores…
E agora Draco não a deixava falar com ela.
Sentia-se indignada, como é que a sua irmã gémea lhe fizera uma coisa destas? Como é que podia ter ido para o meio dos inimigos do seu primo?
Observou-a de longe.
Não estava lá com um ar muito feliz…
Pudera! Estava no meio dos pobretões Weasley, da sangue de lama da Granger e do Testa Rachada do Potter…
- Esther! – chamou-a Draco da mesa
- Sim… o que foi?
Esther sentou-se entre Draco e Blaise, oferecendo um beijo ao segundo, e de frente para Pansy.
- Recebi uma carta… que já todos leram – explicou Draco
- Resumidamente é para resgatarmos a tua irmã do meio daqueles traidores da raça - comentou Blaise
- Mas… ela está noutra casa… - afirmou Esther sem entender, pegando na carta que o primo lhe estendia – Dumbledore disse que ela não podia mudar…
- Sim, mas a nossa missão é não deixar que ela fique contaminada por eles – disse Draco – foi o teu pai que pediu
Esther sorriu ao ler as linhas escritas pelo pai, afinal ele não estava zangado, tinha ficado surpreendido, mas não zangado.
- Vamos resgata-la – comentou com arrogância
O professor Snape passou a distribuir horários.
- E já sei quando é que vai ser! – declarou Draco observando o seu horário com um sorriso de perversa satisfação – vamos ter uma aula dupla de poções com os Gryffindor daqui a meia hora
- Esperemos é que ela não esteja já contaminada com os germes deles – comentou Pansy com desdém
- Não vai estar – assegurou Esther com ar superior – ela é minha irmã… eu conheço-a
- Sim – concordou Blaise com um sorriso cínico – eu sinto falta dela
- Dela ou dos beijos dela? – perguntou Pansy com malícia
- Não vai dar ao mesmo? – perguntou Blaise com um encolher de ombros arrogante
- Vamos embora! – declarou Draco levantando-se
Depois do pequeno-almoço Hermione, Ron, Harry e Jane caminhavam pelos corredores das masmorras em direcção à sala de poções.
- Quem é que no seu perfeito juízo iria querer dar aulas… aqui? – perguntou Jane observando o espaço em volta com uma careta de desagrado
- O professor Snape… acredita – respondeu Ron arregalando os olhos para acentuar mais as suas palavras
- E a sala comum dos Slytherin também é por aqui – comentou Hermione
Jane fez uma careta.
- Credo! – exclamou com desagrado
Harry permanecia calado e concentrado nos seus pensamentos, parecia preocupado com alguma coisa.
Subitamente Jane sentiu uma dor por cima da sobrancelha direita e uma voz começou a ecoar na sua mente.
“Deixei o Manto da Invisibilidade em cima da cama… Raios! Espero que ninguém o veja…”
Era a voz de Harry, os pensamentos dele estavam a invadir-lhe a mente, a dor era provocada por isso.
Jane observou a consciência de Harry, era completamente aberta sem qualquer tipo de protecção.
Como era possível?! Quem o quisesse controlar bastava aproximar-se…
Como é que Voldemort ainda não o matara com uma mente tão desprotegida?
A dor na sua sobrancelha tornou-se mais forte.
- Pelo amor de Merlin, Harry! Aprende a fechar a mente – exclamou Jane carregando a zona dorida com a palma da mão
Os outros três pararam e observavam a jovem.
- Que é que está para aí a dizer? – perguntou Harry aborrecido
- Estou a dizer para fechares a mente! Os teus pensamentos andam a bater pelas paredes! Todos vão ficar a saber que te esqueceste de um manto de invisibilidade em cima da cama…
- Estavas a ler os meus pensamentos?! – exclamou Harry indignado
- Eu não os estava a ler! – defendeu-se Jane – tu é que os projectas-te para a minha mente! Não tens qualquer tipo de protecção
- Não projectei nada! Não tinhas nada que coscuvilhar a minha mente – Harry estava irritado e aflito, teria a Malfoy ouvido só sobre o seu manto ou teria ido mais fundo?
- Já te disse que não andei a ler a tua mente! – exclamou Jane agora indignada – tu é que não te proteges. Se eu te quisesse controlar, bastava estalar os dedos… não sei como é que ainda estás vivo
A expressão de Harry ensombrou-se, obviamente Jane tocara numa ferida.
Provavelmente Harry já perdera alguém à custa da sua mente mal protegida, ou então já tinham tentado controlar-lo.
- Não te atrevas a julgar como é que ainda estou vivo… - murmurou Harry num tom baixo e perigoso
Hermione e Ron entreolharam-se de olhos arregalados.
Vários alunos que seguiam para as suas aulas, tinham começado a juntar-se no corredor para ouvir a discussão.
- Harry… Malfoy… olhem o espectáculo – implorou Hermione
- Sim – incentivou Ron – vamos embora…
Nem Jane, nem Harry mostravam vontade de parar de discutir.
No princípio do corredor das masmorras um grupo de Slytherin do sexto ano caminhava confiante, empurrando todos os alunos que se atravessavam no caminho.
Crabbe tinha acabado de fazer com que um aluno assustado do primeiro ano dos Hufflepuff, espalhasse o conteúdo da sua mochila pelo chão, quando se começaram a ouvir gritos a ecoarem pelo corredor.
- O que é isto? – perguntou Pansy
- Uma confusão qualquer… - comentou Blaise com pouco interesse agarrado à cintura de Esther
- Esperem… - pediu subitamente Esther – eu conheço esta voz!
- É a Jane! – exclamou Draco – a fazer peixeirada com… o Potter
- Não acredito! Temos que ir ver – afirmou Pansy excitada
Avançaram pelo corredor até encontrarem uma barreira de alunos que impedia a passagem.
Começaram a empurrar até chegar à frente da plateia.
Ron e Hermione utilizando a sua autoridade de monitores, tentavam dispersar a aglomeração de alunos, embora sem efeito.
Mesmo no meio do corredor Jane e Harry encaravam-se com ódio e desprezo estampado no olhar.
- EU ODEIO-TE HARRY POTTER!! – gritou Jane com todas as suas forças apontado a varinha ao rosto do seu oponente
- NÃO TE PREOCUPES! É RECIPROCO! – exclamou Harry no mesmo tom, apontando também a sua varinha à jovem à sua frente
- VOCES OS DOIS QUEREM PARAR! – irritou-se Hermione pondo-se no meio deles – JÁ CHEGA! SE APARECE ALGUM PROFESSOR…
- Não não Granger… não te metas – comentou Draco num tom presunçoso, dando um passo em frente com Esther ao lado
Todos os alunos, até os dois causadores da confusão, encararam as novas personagens em cena.
Alguns até começaram a murmurar algo como “agora é que as coisas ficaram quentes”.
- Isto é um problema de família – declarou Esther – por isso afasta a tua presença suja daqui
Hermione ia responder mas Ron segredou-lhe ao ouvido:
- Não… Hermione…chega de escândalos por hoje…
A jovem calou-se, mas antes de se afastar, lançou um olhar irado a Esther.
- Potter… ouviste o que a minha prima te disse? – perguntou Draco em tom trocista – ela odeia-te, o que é que ainda estás aqui a fazer ao lado dela?
- Onde eu estou ou deixo de estar não é da tua conta – respondeu Harry com evidente desprezo – além disso pensei que já não querias saber dela, pela maneira como a trataste ontem
Draco serrou os punhos.
Jane pestanejou, era impressão sua ou Harry, mesmo que não tivesse consciência disso, estava a defendê-la?
- Isso não é da tua conta – sibilou Draco de forma perigosa
- Parem vocês os dois de discutir – ordenou Esther em tom altivo – eu quero abraçar a minha irmã
Jane fez um sorriso de incrédulo desdém. A expressão do seu rosto era igual à da sua gémea Slytherin.
- Abraçar-me? Pensei que já não me quisesses falar
- Acidente de percurso – comentou Esther balançando a mão como se tivesse a afastar uma mosca - mas tu não tinhas nada que ir para o meio dos sangues de lama e traidores da própria raça!
Perante este comentário Harry apertou os punhos e respirou fundo para controlar a sua raiva, realmente não valia a pena.
Virou as costas e afastou-se, Ron e Hermione seguiram-no, igualmente furiosos.
- E vocês não têm mais nada para fazer? – exclamou Pansy enxotando a plateia de alunos, que se dispersou rapidamente, ninguém no seu perfeito juízo queria problemas com alunos dos Slytherin
- Agora já me falam? – perguntou Jane com um sorriso desdenhoso
- Tu és uma de nós! – declarou Draco
Esther abraçou a irmã e Blaise beijou-a.
- Vamos para a aula… - sugeriu Pansy
Jane passou a aula de poções ao lado do primo, da irmã e do resto dos Slytherin.
Mas sentia-se estranha ali, tinha que voltar a erguer a mascara que antes usara sem se aperceber.
Agora era o cinismo e a hipocrisia que reinava.
Mas também porque é que se havia de importar? Eram a sua família, sempre vivera assim.
Mas porque é que agora já não era a mesma coisa?
Definitivamente devia estar a ficar maluca, a sua sanidade andava desaparecida.
Devia era agradecer ter sido resgatada do meio dos traidores e reposta no seu meio puro.
Esther estava bem disposta, tinha a irmã ao lado, aparentemente “não poluída”, como dissera Blaise, e estava a achar imensa piada ao professor de poções, apesar do seu aspecto desleixado e seboso.
Snape parecia ter um prazer imenso em humilhar os alunos dos Gryffindor, principalmente Harry.
- Potter! – exclamou Snape - presta atenção ao que estás a fazer! Vais acabar por explodir a sala de aula
Harry olhou para o professor com uma fúria mal disfarçada.
Snape retribuiu-lhe o olhar, fazendo o jovem desviar a cabeça e observar de forma irada as raízes que estivera a moer.
Tinha quase a certeza de que estava a fazer bem.
- Dez pontos a menos para os Gryffindor – sentenciou Snape
- Mas professor… - chamou Hermione – o Harry está a fazer bem…
- Mais dez pontos a menos para os Gryffindor – atalhou Snape sem sequer se voltar - Miss Granger parece gostar de se exibir à frente da turma e contrariar o professor
Hermione mordeu o lábio para reprimir a raiva.
Ao seu lado Harry continuou a esmagar as raízes com mais força.
- Hei Harry, assim o Snape vai voltar aqui outra vez, estás a matar as raízes - observou Ron olhando preocupado para o amigo.
- Não me chateies! – resmungou Harry – alem disso as raízes já estão mortas
Jane olhava para o professor com uma disfarçada careta de desagrado, uma vez que ele tirava pontos à sua casa por nenhuma razão aparente.
Ainda por cima fazia uma expressão irritantemente calma, enquanto repreendia os seus alunos.
Para não falar que parecia que os seus cabelos tinham sido lavados com óleo.
- Esther – sussurrou Jane
- O que foi?
- Acho que devíamos oferecer ao professor Snape um champô para lavar o cabelo
Esther reprimiu o riso.
Quase já no fim da aula, Draco fez um pequeno desenho num bocado de pergaminho, uma ilustração rudimentar de Jane a lançar um raio com a varinha a Harry e a reduzi-lo a cinzas.
No cimo do desenho podia ler-se “Potter vs Malfoy”.
- Jane – sussurrou Draco – faz aí o desenho mexer-se
A jovem ao ver o desenho teve que reprimir o riso, pegou na sua varinha e enfeitiçou-o, para que ficasse em movimento.
Draco voltou a agradecer com um murmúrio.
O desenho passou por todos os Slytherin antes de chegar num aviãozinho às mãos de Harry.
- Potter! – chamou Draco
Harry olhou para ele com um ar de poucos amigos.
- Um presente – afirmou Draco enviando a Harry o desenho
Harry agarrou no papel, desembrulhou-o e ficou durante uns momentos a observar o desenho.
No canto dos seus lábios surgiu um pequeno sorriso.
Ron e Hermione olharam para o amigo com ar interrogativo.
- O que era? – perguntou Hermione
O rapaz mostrou-lhe o desenho, que apesar de não admitir nem sob tutora, até lhe achara piada.
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