A decepção de Harry
O grande sorriso que Harry havia ensaiado murchou como um balão de festa.
- Ah, oi...
- Ué, parece que não ficou feliz em me ver! Estava com saudades. Oi Rony! – cumprimentou.
Rony apenas levantou a mão, num aceno.
- É que... ah, deixa pra lá.
- Nossa, você está cada dia mais bonito! – a moça pegou o rosto de Harry pelo queixo, analisando cada parte dele. Gostou dos meus novos cabelos? – a ruiva passava as mãos, jogando charme.
- Hum... Estão muito bonitos, disse Harry, completamente sem graça.
- Acho que eu fiquei bem, ruiva.
- Realmente, muito bem.
Harry estava cada vez mais decepcionado e Rony quase não continha o riso.
- Tudo bem, garotos. Vou deixa-los descansar. Acho que andaram muito hoje.
Harry tentou fazer aquela cara “ah, o que é isso, fica mais um pouco” mas, definitivamente, não obteve êxito.
- Boa noite, então. Tchau, Rony!
- Boa noite, Tonks, disseram em coro.
Ao fechar a porta, Harry fez uma careta, enquanto Rony abafava o riso no travesseiro.
- Que droga, hein? Não era bem a ruiva que você imaginava, era?
- Não enche!
Depois daquela decepção, não restava nada melhor a fazer que dormir. Os dois amigos vestiram seus pijamas e se deitaram. O ruivo logo dormiu, enquanto Harry ainda estava entretido pelos seus pensamentos, que lhe tiravam totalmente o sono. Também não seria uma boa idéia dormir sem pelo menos tentar esvaziar a mente. Mas, depois de alguns minutos, alguém bateu à porta novamente.
- Ah, não! Será que ela não tem nada melhor a fazer? – resmungou Harry.
Rony já estava em sono alto, jamais atenderia. A qualquer momento ele acordaria com seu próprio ronco. “Não vou abrir aquela porta!”, pensou Harry, colocando o travesseiro nos ouvidos. “Não vou, não vou, não vou...”. Mas a pessoa era insistente, ele não teve escolha.
- Já vou, já vou! – gritou.
Dessa vez, ele preparou uma cara bem feia. Se alguém, por acaso, quisesse conversar, desistiria em instantes. Mas, quando abriu a porta, teve uma grande surpresa.
***
Dumbledore, Arthur e Molly estavam há algum tempo no escritório da casa conversando sobre a Ordem, Harry e Lorde das Trevas. Tonks tinha acabado de passar por eles e os cumprimentou, passando em seguida para as alas dos quartos para ver os garotos. Estavam todos com expressões preocupadas, com exceção de Dumbledore, que se mantinha sereno até dando de cara com Aque-que-não-deve-ser-nomeado.
- Acho que Harry está melhor agora. Mesmo que não esteja feliz como antes, ponderou a senhora Weasley.
- Certamente que sim, Molly. Mas não podemos descuidar dele. Temo que Voldemort esteja tramando algo bem mais eficaz que antes. Agora, ele deve imaginar que Harry saiba o conteúdo do profecia e vai desejar, mais que antes, entrar em sua mente para descobri-la. Se, por nossa infelicidade, ele desvendar esse mistério... Harry estará em sérios apuros! – concluiu Dumbledore, visivelmente preocupado.
- Nem me diga uma coisa dessas. Ele não pode nos deixar... – Molly agora estava profundamente entristecida.
- Não fique aflita antes do tempo... Não podemos esquecer que Harry já o derrotou outras vezes, não será tão simples assim Voldemort vence-lo. Ele tem muita força dentro de si.
- Também temos que lembrar que é indispensável o empenho de Harry em suas aulas de Oclumência. Só assim poderá ter uma chance, advertiu o senhor Weasley.
- Certamente que sim, meu caro. Gostaria de tratar disso pessoalmente, mas como já disse, creio que, por enquanto, ele não se sinta tanto à vontade comigo, respondeu Dumbledore em tom de lamento.
- Entendo... Talvez Lupin tenha mesmo os créditos para tal tarefa, lembrou Molly.
- Logo que ele reaparecer, falarei com ele. Tenho certeza que ele não irá se opor.
- Mas como Lupin poderá dar as aulas para o Harry enquanto ele estiver em Hogwarts? E quanto à Ordem, vai continuar como antes, mesmo sem Sirius? – perguntou Arthur.
- Sobre as aulas de Harry, eu já achei uma solução para isso, que não me convém revelar agora. Sobre a Ordem, é claro que vai continuar. POR SIRIUS. Ele merece que lutemos contra aqueles que o tiraram de nós. Também não podemos deixar que o mal ganhe essa guerra, que segundo os meus pressentimentos, não tarda a começar. Não há um dementador que ainda não tenha se aliado a eles, os gigantes também foram corrompidos, segundo fontes seguras. Talvez a nossa salvação seja ampliar a Ordem, assim como a Armada de Dumbledore, que os garotos criaram e nós já pudemos nos certificar de seus resultados. Não são todos os jovens que lutam com Comensais e saem vivos para contarem a história.
- Não acho que seja uma boa idéia incentiva-los a lutar, Dumbledore... São muito crianças... – considerou a senhora Weasley.
- Não iremos incentiva-los a ir para a guerra, Molly. Apenas temos que estar preparados para qualquer eventualidade. Ninguém está a salvo dos ataques, você sabe disso.
- Sei, e isso me assusta.
- Não vamos nos preocupar antes do tempo... Aliás – o velho bruxo agora olhava para um grande relógio em uma das paredes –, é hora de dormir. Vou me recolher, acho que deviam fazer o mesmo.
Todos se levantaram e seguiram para os seus quartos, já era tarde da noite.
***
- Gina???
- Nossa, que cara... Desculpe, não achei que já estivesse dormindo. Amanhã eu volto, disse magoada, dando meia-volta.
- Não, Gina... Não vá, por favor! – implorou, estendendo um dos braços. Me desculpe, eu achei que era outra pessoa.
A ruiva ainda de costas, deu um breve sorriso e o desfez rapidamente quando se virou para encara-lo.
- Eu não vou demorar. O Rony ta aí no quarto?
- Tá sim.
- Você poderia pedir pra ele sair?
- Hum... Acho que não é possível. Dá uma olhada...
Gina esticou o pescoço para dentro do quarto e viu que o irmão dormia como um anjo, ou melhor, como um suíno.
- Urgh! Como você consegue dormir com esse barulho? – perguntou, incrédula.
- Não consigo!
Os dois riram bastante daquilo, mas logo Gina continuou, séria. Harry estava com o coração aos pulos de ansiedade pelo que a ruiva poderia lhe falar, mas tentava disfarçar o nervosismo.
- Acho que é melhor não conversarmos aqui, vamos para o meu quarto, disse, pegando em sua mão e o puxando.
Foi quando Harry notou, envergonhado, que estava de pijamas.
- Calma aí, preciso trocar de roupas. Não posso andar pela casa assim!
Gina corou violentamente, ela também não havia percebido. Harry entrou e se trocou rapidamente. Quando saiu, a garota o segurou novamente pela mão e foi à frente, enquanto ele a observava de costas, arrastado. “Como ela está bonita!”, pensou. Andaram nas pontas dos pés para que ninguém os notasse, porque certamente seria muito difícil explicar o que os dois estariam fazendo sozinhos andando pela casa àquela hora da noite. Gina abriu a porta do seu quarto devagar para não fazer barulho e viu uma Hermione ansiosa sentada na pontinha da cama.
- O que vocês dois estão fazendo aqui? – sussurrou, assustada.
- Não pude conversar com ele no quarto, Rony já estava dormindo.
- E agora?
- Ah, sei lá, vai pro quarto deles, daqui a pouco o Harry volta pra lá e você pode vir.
- Tudo bem, tudo bem, disse conformada.
Quando Hermione saiu, foi direto para o quarto dos garotos, pensativa. Tinha consciência que deveria dar uma chance a Rony, senão iria sofrer. Era muito difícil admitir, mas ela sabia que estava sentindo algo por Harry e não poderia revelar esse sentimento, já que provavelmente perderia três amigos. E a ironia disso tudo é que também sentia um grande carinho por Rony. “Será que é possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?”. Mione sabia que não. Mas teria que descobrir direitinho o que seu coração reservava para cada um. E ia começar tentando com Rony, pois magoaria menos pessoas se fosse decepcionada nessa tentativa.
Ao chegar à porta, abriu-a com cuidado para não acordar o ruivo. Estava com um sono imenso, esperava que aquela conversa entre Harry e Gina não demorasse muito para que fosse dormir e tentar colocar as idéias no lugar. Mesmo com a aflição que estava sentindo, lembrou que, ao voltar a Hogwarts, teria muito mais com que se preocupar do que com esses sentimentos que só faziam desequilibra-la. Teria que estudar muito mais para se dar bem nos NIEMs e isso provavelmente a faria esquecer esses “probleminhas”. Como Rony estava dormindo, ela não titubeou em também tirar um cochilo na cama de Harry.
***
Gina estava de costas para Harry. Respirou fundo e virou-se para falar.
- Você deve estar achando isso tudo muito estranho, não é?
- Estou... Mas eu também estava esperando por isso. Esperando que você quisesse conversar comigo – como era difícil para ele dizer aquilo. Quase nunca falava sobre o que se passava em sua cabeça.
- Hum... Sabia que você era esperto o bastante para notar o que está acontecendo, falou, em tom misterioso.
- É, creio que não sou tão insensível assim, disse, com um risinho discreto.
- Pois bem, se você já sabe, não vou ficar de rodeios: Eu preciso de sua ajuda, informou, categoricamente.
- Minha ajuda? Para quê? – Harry agora estava extremamente confuso.
- Ora, para juntar Rony e Hermione! Sobre o que poderia ser? – Gina agora se continha para não rir da cara de decepção que Harry transparecia.
- Mas eu, eu...
- Vai ou não vai ajudar? Ou vai ficar com ciuminhos da Mione? – disse, cinicamente.
- Eu? Ciúmes dela? Por que teria? – questionava, alterado.
- Não sei, isso você que vai me responder. Gina cruzou os braços e olhou para Harry com aquela cara de “vamos lá, pode dizer!”.
- Você sabe que eu não tenho motivos porque... – ele novamente se aproximou dela perigosamente.
- Por que o quê? – Gina agora suplicava por ouvir ele dizer que gostava dela, quase se esquecendo que deveria se conter, hipnotizada.
- Por que ELA É MINHA AMIGA! – agora ele se fazia de difícil, se afastando e olhando pela janela.
- Tudo bem, tudo bem. Não precisa ficar nervoso. Vai ou não vai ajudar? – disse, se sentando e polindo as unhas nas vestes.
- Claro que vou. Acho que Rony também quer ficar com ela, respondeu, num suspiro.
- Ha ha ha, isso vai ser muito fácil, então! – disse, empolgada. Bom o plano é simples. A Mione me garantiu que vai tentar brigar menos com Rony. A idéia é, sempre que pudermos, deixarmos os dois sozinhos. Mas nós também temos que criar situações propícias, entende...
- Sei... Eles pararem de brigar vai ser uma missão quase impossível, mas não custa tentar. Quanto às situações propícias, eu não consigo pensar em absolutamente nada.
- Deixa comigo.
- Era só isso? Estou com sono, preciso ir dormir, concluiu, com cara de poucos amigos.
- Era.
A ruiva estava se esforçando como nunca para ser forte, mas quando a pessoa que ela mais gostava no mundo estava cruzando a porta tão chateado com ela, seu coração apertou.
- Harry!- chamou, num impulso.
- Sim? – ele até esboçou um sorriso.
- Er... Boa noite!
Ele apenas retribuiu com um movimento na cabeça. Gina, por sua vez, ficou grata consigo mesma de não ter dito nada de que pudesse se arrepender depois. “Por que essas coisas são tão difíceis?”, ela se perguntava. Mas não havia resposta. A única certeza que ela tinha é que, se fosse tudo fácil na vida, as coisas não teriam graça nenhuma. E assim, conformada, ela foi dormir sem nem mesmo esperar pela amiga chegar.
***
- Eu não acredito que isso está acontecendo comigo. Ela quer me enlouquecer? – Harry resmungava, sozinho.
Foi contrariado para o seu quarto, com muito cuidado para não fazer nenhum barulho. Abriu a porta cuidadosamente e trocou de roupas, vestindo o pijama novamente. Quando foi se deitar, notou que Hermione estava em sua cama, abraçada com seu travesseiro, dormindo graciosamente. Ela estava linda, com a luz do luar iluminando seu rosto e seus cabelos, mais parecia um boneca. Num primeiro momento, ficou sem saber como agir. Mas pensou que conseqüências poderiam ter se ele a deixasse dormir ali, em seu quarto, em sua cama. Harry, então, se aproximou dela devagar para não assusta-la, curvou o corpo e falou baixinho ao seu ouvido:
- Mione, acorda!
Olá pessoal, aí está o capítulo 7, espero que estejam gostando. Não sei quando vou poder postar o próximo, estou enrolada com uns projetos (arquitetura)... Mas garanto que muitas coisas legais acontecerão daqui pra frente. Espero que todos comentem, volto a falar que é muito importante. Até mais
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