Prólogo
Beautiful Ghost
Hear the voice of the Bard
(Escute a voz do poeta)
Who present, past, and future, sees
(Que vê o presente o passado e o futuro)
Whose ears have heard
(De quem os conselhos tenho escutado)
The Holy Word
(A Palavra Santa)
That walk'd among the ancient trees
(Que tem caminhado entre velhas árvores)
Janeiro de 1999
Harry olhou uma ultima vez para o quarto que havia dividido com Rony nos últimos meses. Em menos de uma hora,ele Rony e Hermione estariam fazendo algo muito perigoso.Mais uma das infrutíferas tentativas de achar e destruir as Horcruxes.
A guerra já durava tempo demais. As perdas haviam sido muitas. Com o ministério paralisado e infestado por espiões e a ordem da Fênix destruída, Voldemort ganhava cada vez mais espaço.
Pegou uma foto que estava ao lado de sua cama e encarou os rostos jovens e felizes de Liliam e Tiago Potter no dia de seu casamento. Guardou a fotografia no bolso como uma lembrança do porque de ainda estar lutando, e sem pensar em mais nada desceu as escadas.
Hermione viu Harry agarrar a taça de Helga Lufa-lufa, um milésimo de segundo antes que um raio vermelho explodisse o lugar onde sua mão estava.
Os comensais da morte surgiram de repente. Rony estuporou um ao mesmo tempo em que Harry abria caminho com os ombros entre dois deles.
- Protego - ela gritou empurrando Harry para frente. Os três correram se desviando dos ataques e como em um estranho flashback ela se viu no mesmo corredor onde haviam estado 4 anos antes. Escolheram uma sala aleatória e trancaram a porta com um feitiço.
Hermione colocou as mãos sobre os joelhos e se esforçou para conseguir respirar.
- Para o andar abaixo desse – disse Harry com urgência segurando Hermione pela manga da camisa e se preparando para aparatar, quase ao mesmo tempo em que a porta era arremessada por cima de suas cabeças explodindo vários tanques com substancias estranhas.
O pescoço de Harry formigou, e por segundo perdeu o cão debaixo de seus pés.
E então nada. Se viu de pé segurando Hermione na mesma sala em que estavam momentos antes. Ela olhou confusa para a porta intacta a sua frente e Harry respondeu com aceno de ombros indicando que também não sabia o que havia acontecendo
Com varinhas em punho saíram para o corredor, mas não havistaram nenhum comensal. Tão poucos estavam mais a frente.
O Ministério parecia deserto e estranho de uma maneira que Hermione não conseguia explicar.
- Estupefata! – várias vozes gritaram em coro e tudo escureceu.
Os olhos de Harry custaram a abrir. Sua cabeça doía horrivelmente e aonde quer que a tivesse batido fora duro o suficiente para formar um galo gigante em sua testa.
Aos poucos foi tomando consciência de que seus braços estavam firmemente colados na lateral de seu corpo. Viu-se sentado em uma cadeira com pelo menos uma varinha apontada diretamente para seu rosto.
- Eu já disse, meu nome é Hermione Granger. - Harry ouviu a voz um pouco exasperada da amiga.
- Eu só vou perguntar mais uma vez – disse o homem sentado do outro lado da mesa- E então vou ser obrigado a usar métodos mais convincentes para fazê-la falar. Não digo que gosto disso, mas farei se for obrigado.
Harry fixou a vista já que seus óculos haviam desaparecido. Apesar de mais descabelada que o usual e presa como ele, Hermione aparentava estar bem. Estavam em uma sala pequena e bem iluminada. Os homem que apontava a varinha para ele não estava vestido como comensal.O que parecia o chefe apontou para a taça dourada sobre a mesa.
-Pois bem, senhorita Granger – disse acentuando o nome como se não acreditasse nele – você sabe qual a pena para quem é pego roubando um objeto histórico como esse?
Os olhos de Harry foram do homem para a Horcruxe e então novamente para o homem.Tentou puxar na memória aonde tinha visto aquele rosto.Depois de um curto vácuo ,uma cena desagradável voltou a sua mente com clareza.O senhor Weasley estava em St’Mungus e por coincidência encontrara Neville em uma ala especial .
- Longbotton – murmurou Harry sem poder se conter.
- Nós nos conhecemos ?- perguntou o homem levantando uma sobrancelha.
- Harry – esganiçou Hermione – O que...
Mas as palavras morreram em sua garganta quando a porta se abriu e um Rony cambaleante foi empurrado para dentro .
- Ah ! Vocês também morreram ?- perguntou Rony grogue
- Achamos mais um – falou outro homem que estava entre Rony e o batente da porta.
Mas foi quando ele se afastou para dar passagem a outra pessoa que o coração de Harry realmente parou de bater.
- Frank – disse uma figura alta e excêntrica com uma longa barba branca.
- Professor Dumbledore! Desculpe chama-lo tão tarde, mas achei que deveria ver isso antes que se torne oficial. - disse apontando para a taça de Helga Lufa-lufa em cima da mesa.
Os olhos de Dumbledore brilharam momentaneamente em direção ao objeto.
-E tem mais - falou o homem que supostamente era Frank Longbotton entregando uma fotografia amassada para o diretor - Isso estava com eles.
- Ai Meu Deus Harry- Disse Hermione o Tirando do entorpecimento em que se encontrava - Acho que a gente...
Ela parecia ter dificuldade em falar as palavras. E Harry sentia que sequer conseguiria conceber a idéia que ameaçava se formar em sua cabeça.
- Frank acha que eu poderia...
O homem moreno assentiu se dirigindo para a saída, antes porem lançou um olhar desconfiado na direção de Rony. Harry e Hermione.
- Professor, o ministro ainda não foi informado- disse ao puxar a porta – Mas as histórias correm depressa por aqui.Ele deve chegar logo.E não seria bom que o encontrasse ...
- Serei breve- disse Dumbledore gentilmente tomando o lugar do outro lado da mesa – Senhores ,têm algo para me dizer ?
Rony e Hermione estavam sentados há mais de duas horas, em um canto discreto do Cabeça de Porco em Hogsmead.
- Ele esta demorando demais – disse Rony pela terceira vez.
- Harry e Dumbledore têm muito que conversar – falou Hermione – Só queria que tivéssemos sido convidados para ir até Hogwarts também. Eu poderia aproveitar esse tempo procurando algo sobre o que aconteceu na biblioteca
- E sobre isso: Você não acha que Dumbledore aceitou tudo rápido demais? Quer dizer, se três malucos me aparecessem dizendo que vieram do futuro, eu os mandaria direto para St’ Mungus.
- Mas você não é um oclumente tão bom quanto Dumbledore, é? Além disso, está havendo uma guerra por aqui, e Harry não é uma arma que se possa dispensar. Sem falar na Horcruxe que trouxemos – disse abaixando o tom-
-Mas se qué chaber a verdade - falou Rony com a boca cheia de cerveja amanteigada- acho que Dumbledore não sabe exatamente o que fazer com a gente... Foi o que pareceu depois que ele livrou nossa cara no ministério.
Alguns minutos mais tarde quando Harry entrou deixando que um filete de vento frio segui-lo para dentro, poucas cabeças se voltaram na sua direção.
Ele andou até os dois e se deixou cair em uma cadeira bamba que quase sucumbiu com seu peso.
- E então?-perguntaram os dois quase ao mesmo tempo
- Dumbledore acha... Bem, ele não tem certeza do que provocou a viagem no tempo. É obvio, foi algo que estava no ministério, mas é possível que a foto de meus pais – que por acaso foi tirada hoje - tenha nos direcionado para cá.
- E como voltamos – perguntou Rony sem rodeios
Harry hesitou e desviou o olhar do amigo.
- Ele não acredita que podemos...
- O que?- gritou Rony atraindo um pouco de atenção. - E por que não?
- Por que não se pode viajar para o futuro, só para o passado. - disse Hermione baixinho.
- E você sabia disso todo o tempo?- perguntou Rony
-Eu suspeitava!- Ela falou com um pouco de rebeldia-No terceiro ano quando usei o vira tempo pesquisei um pouco. É opinião de alguns autores que quando alguém viaja para o passado altera a linha temporal e termina destruindo o tempo de onde veio. Nosso tempo agora, pode ter se tornado uma realidade alternativa... Mas nada é certo. Por isso eu queria procurar algo na biblioteca.
- Não! De jeito nenhum - falou Rony com veemência – Nós vamos voltar para o ministério e fazer tudo igual. Simples assim!
- Só que não sabemos o que fazer igual – disse Harry – E qual de nós você sugere que fique para explodir a porta?
Rony se calou e Hermione fixou o olhar em algum ponto na parede. Depois de alguns minutos de silencio insuportável Harry jogou uma chave pequena sobre a mesa.
- Dumbledore ficou com a taça e me deu isso. Um lugar para ficarmos escondidos por um tempo...
Os três não conversaram por todo o caminho de volta a Londres. A chave pertencia a uma casa pequena e com poucos movéis no leste da cidade.
Harry se acomodou em um colchão sem lençóis e fingiu dormir, certo de que Rony e Hermione faziam a mesma coisa.
Seus pensamentos vagavam entre o absurdo da situação, ressentimento por ter perdido o mundo que conhecia, e um alento tímido por saber que seus pais estavam vivos e não muito distante dali.
No dia seguinte Hermione pulou da cama cedo, disposta a cuidar de assuntos práticos.
- Precisamos de dinheiro para roupas e comida.
- Eu gastei meu ultimo galeão no Cabeça de Porco ontem – disse Rony bocejando .
- Eu trouxe a chave do meu cofre. Sempre trago comigo - explicou Harry para Hermione que franzia a testa.
- Só que agora não é mais seu cofre – disse Hermione
- Tenho certeza que meu pai não vai se importar. Principalmente se não ficar sabendo...
- Isso é uma emergência, Hermione – falou Rony apoiando Harry – mas se você preferir podemos mendigar no Beco Diagonal.
- Ou arranjar um emprego, isso é se você não se importar em comer só depois do primeiro salário - disse Harry sarcástico.
Hermione sorriu de má vontade e ergueu as mãos se dando por vencida.
O Beco Diagonal de 1979 não era muito diferente do que o que conheciam. Estava mais vazio do que o normal, provavelmente por causa da guerra e as pessoas pareciam tensas e desconfiadas, exatamente como no futuro. A única diferença visível eram as vestes usadas em outro estilo e um os bigodes que definitivamente estavam na moda.
- Se quiser se misturar é melhor deixar crescer um também Rony – Provocou Harry.
- Sim, e vou apará-lo na forma de um hipogrifo.
- Mucho macho, Rony – disse Hermione rindo.
Apesar de estar apreensivo com as medidas de segurança anormais que Gringotes estava tomando Harry não teve dificuldade em pegar o que precisava.
- É muito, Harry - falou espiando a bolsa que ele carregava.
- Não sabemos quanto tempo vamos ficar por aqui. E então, por onde começamos?
- Roupas –Ela disse com prontidão- As nossas chamam atenção demais.
Compraram tudo em pouco mais de uma hora. Hermione se encarregou de escolher a maioria dos itens inclusive os deles. Harry voltou para casa usando uma calça de brim de boca larga, uma camisa lastimavelmente justa e uma capa marrom em cima de tudo.
- Cara, parece que saí da capa de um disco brega da minha mãe. - falou Rony olhando com nojo para seu suéter listrado de gola alta.
- Podia ser pior Rony – disse Harry - apontando para um bruxo cuja capa verde estava estampada com várias garrafas de suco de abóbora. – Ei, cadê a Hermione?
Avistou o topo da cabeça castanha dela atravessando a rua, quando chegou mais perto percebeu que ela estava ofegante e vermelha.
- Fui comprar o Profeta Diário de hoje e vocês não acreditam quem eu encontrei por aqui...
De relance Harry viu uma jovem Sibila Trelawney passar ao lado deles. Usava um turbante verde-metálico e brincos que imitavam cartas de baralho. Rony comentou alguma coisa, mas ele não ouviu, uma pontada em sua cicatriz o fez se curvar para frente.
- Prewett – ouviu a voz fria de Voldemort dizer em sua cabeça.
Harry acordou e encontrou os olhares aflitos de Rony e Hermione. Estava de volta a casa ,deitado e coberto por uma manta leve.
- Você desmaiou- disse Rony sem necessidade – E tivemos que te tirar do Beco ás pressas .
- Eu ouvi Voldemort – disse Harry tentando se levantar.- Algo sobre os Prewett.
- Prewett? – gritou Rony - Gideon e Fabian Prewett eram irmãos da minha mãe .Foram preciso cinco comensais para acabar com eles .
- Quando foi isso ?-perguntou Hermione que voltava da cozinha trazendo uma xicara de chá que entregou para Harry com expressão de quem não aceitaria recusas.
- Eu não sei- disse Rony- Antes de eu nascer ...
- Você ouviu mais alguma coisa Harry ? – perguntou Hermione
- Não.Ele estava irritado ,mas só ouvi dizer o nome .Nada mais.
- Dumbledore. Precisamos avisar Dumbledore- disse Harry se desvencilhando dos braços que insistiam e mante-lo deitado.- Se eles estiverem vivos ,talvez não saibam que estão sendo caçados.
Sem se preocupar em ser visto ,conjrou seu patrono pensando no escritório de Dumbledore e viu o servo prateado sumir na escuridão da rua.
Os cinco dias seguintes passaram mais devagar do que qualquer época que Hermione conseguisse lembrar.Ela ,Harry e Rony quase não conversavam.Sua rotina se resumia a preparar alguma coisa para comer e dissecar cada nova edição do profeta diário.
Não receberam nenhuma noticia de Dumbledore,nem ficaram sabendo se havia acontecido alguma coisa aos Prewett.Rony que havia pretendido descobrir ele mesmo algo sobre os irmãos de sua mãe ,havia desistido depois de perceber que seria impossivel encontra-los se estivessem realmente se escondendos dos comensais.
Na manhã do sexto dia ,ela quase deixou cair uma travessa com rosquinhas quando uma fenix prateada surgiu no meio da sala.
- Estejam prontos hoje a noite. Alguém irá busca-los - falou a voz inconfundivel de Dumbledore – E Senhor Potter eu sujeriria usar algum disfarce .
Quando a noite caiu os três já aguardavam sentados na sala de estar há algum tempo.
Harry havia usado transfiguração .O cabelo espetado estava mais claro e uma barba fina ia de encontro até grandes costeletas- O que ocasionou risos gerais .
Com um baque surdo um homem aparatou bem em frente a porta.
Hermione reconheceu o homem que os havia interrogado.
- Olá – ele cumprimentou relaxado- Eu sou Frank Longbotton .Estão prontos para ir ?
Se notou alguma diferença em Harry não disse nada.Simplesmente colocou um livro velho em cima da mesa e esperou que os três tocassem na chave de portal.
Depois da sensação costumeira de ser içado pelo umbigo ,Harry se viu atrás de um predio em ruinas.
- Aliás – continuou dizendo Frank Longbotton sorrindo como se nunca tivessem parado de conversar- Se vocês tivessem me dito que estavam fazendo algo para Dumbledore eu poderia ter ajudado.- Ele bateu tres vezes em uma portão de ferro e deu um passo para trás.- Tive o maior trabalho em limpar a confusão que vocês fizeram.
Hermione abriu a boca para se desculpar ,mas o portão de ferro girou no ar deixando a vista uma passagem subterranea disfarçada sob o asfalto .
Frank esperou que entrassem e disse.
- Bem vindos a Ordem da Fenix !
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