Accio Amigo!
Alvo caminhava, sozinho, na Estação de King’s Cross. Suas malas prontas e varinha no bolso, deixara Godric’s Hollow há algumas horas. Não insistiu na presença da mãe, pois sabia que esta estava ocupada cuidando de Ariana. Mesmo que Kendra não quisesse admitir, chamou a Sra. Ollivander para levar seu filho à loja de varinhas para que a menina não ficasse sozinha. Por vezes, Aberforth ofereceu-se para cuidar da irmã, mas Kendra era implacável. Havia algo no estado de Ariana que parecia uma maldição para a família. Alvo já havia notado que ela não era capaz de produzir magia, por simples observação. Não tocava no assunto, pois sabia que isso traria sofrimento à mãe. E entendia que, mesmo Ariana não sendo uma vergonha, não deveria contar à ninguém, pois isso despedaçaria o coração de Kendra.
Na estação, Alvo procurou pela plataforma nove e meia, a qual não achou por meios normais. Alvo, diferentemente de qualquer criança de sua idade, descobriu o segredo da plataforma pelo modo com que a luz atingia a parede de tijolos. Notou o descompasso que causava tal estrutura à estação trouxa. Logo em seguida, caminhou diretamente à parede, sabendo que não chegaria a tocá-la. Em momentos, encontrava-se na frente de um grande e imponente trem, que o levaria à escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Entrou discretamente e largou seus pertences em uma cabine. Sentou-se ao lado da janela e mirou sua varinha. Em poucos instantes, poderia utilizá-la sem que o Ministério o culpasse. Tão logo o trem começou a andar, sentiu-se em casa. Parentes e amigos de alunos abanavam enquanto o trem se distanciava. Alvo sentiu falta de um aceno de despedida, mas logo se recompôs. Porém, havia uma dúvida em sua cabeça. Qual seria o primeiro feitiço que ele aprenderia?
Pensou nos feitiços que vira sua mãe fazer. Nenhum deles parecia especial o bastante para ser o primeiro daquela varinha, ou daquele bruxo. Queria algo que ficasse em sua memória. Foi então que um menino franzino e curioso entrou na cabine. Carregava seus pertences e possuía marcas no rosto, como se housse contraído catapora. Havia também um ligeiro esverdeamento em sua pele. Alvo mirou-o, esperando que falasse algo. Se havia algo que aprendera desde cedo, era esperar para que as pessoas tivessem tempo para formar suas frases. Encarou o garoto, fitou-o nos olhos. Este gesto pareceu acalma-lo. Foi em seguida que ele disse, “ Bom dia. Meu nome é Elphias...Doge, Elphias Doge. Posso me sentar nessa cabine?”.
Alvo consentiu, afinal de contas, a cabine era tão sua quanto de milhares de alunos que já a haviam ocupado. Alvo perguntou-se, por um instante, se o trem já havia sido utilizado para alguma outra tarefa, além de levar alunos a Hogwarts. Parou de devanear e começou a conversar com Elphias. O garoto parecia surpreso pelo fato de Alvo conversar com ele normalmente, ignorando seu estado. Não estava doente, contara ao mais novo amigo, havia se recuperado de uma Febre do Dragão há pouco tempo. Ninguém mais no trem parecia querer se aproximar. Ninguém exceto Alvo, que sentiu-se aliviado por encontrar um novo amigo. Ambos descobriram um sentimento em comum; embora se sentissem em casa, sentiam que eram como estrangeiros, não sabiam o que esperar de Hogwarts. Ambos compartilhavam uma vontade de fazer de Hogwarts sua casa, mas não sabiam exatamente como seria na escola. Alvo se perguntava se os professores seriam capazes de ensinar tudo quanto ele poderia aprender, pois sentia que poderia aprender tudo relacionado à magia. Foi então que um evento repentino aconteceu. Um grupo de alunos, já de uniforme, entrou na cabine. Vestiam trajes verdes, e definitivamente, não eram do primeiro ano. O que estava à frente apontou a varinha para Elphias e disse, em um tom zangado, “Repete o que você falou pra mim, repete?”. Alvo olhou de Elphias para o garoto desconhecido, e perguntou, “ Do que você está falando?”. O garoto, de cabelos loiros bem curtos, respondeu: “Isso não é da sua conta!”. Elphias, porém, explicou para Dumbledore: “ Ele zombou das marcas no meu rosto, então eu falei que, mesmo com elas, eu não parecia tão doente como ele!”. Alvo gargalhou por um momento ou dois, tempo suficiente para conquistar o ódio dos garotos. O loiro apontou a varinha para Alvo, dizendo: “ Como você ousa rir da ridicularidade que ele acabou de falar?”. Alvo, calmamente, respondeu: “ Ridicularidade? Não ouvi nenhuma ridicularidade. O que eu ouvi foi uma opinião sincera e apurada. E eu recomendo que formem suas próprias opiniões antes de atacar as dos outros.
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