Reencontros



Dois anos após a morte de Dumblendore, Hogwarts se encontrava fechada. A guerra já tinha acabado, mas os bruxos ainda não se sentiam seguros para mandar seus filhos para lá, e, pela primeira vez na história, o colégio não abrira por falta de alunos.
Apesar de saber que encontraria apenas uma vaga sombra do que Hogwarts fora, Hermione foi visitar o castelo. Sempre fazia isso quando precisava pensar, um hábito adquirido no último ano. Sua cabeça estava a mil por hora, parecia que ia explodir. Quando escolheu trabalhar para o Ministério, não pensara em como isso poderia ser desgastante.
Organizar papéis, caçar ex-comensais, dar entrevistas... Ela não tinha mais tempo nem para respirar, aquela situação a sufocava. Quando um amigo do senhor Weasley lhe oferecera o emprego de auxiliar do ministro não pensou que isso arrumaria tanta confusão.
Com um “pop”, aparatou em Hogsmead, pois, mesmo desativado, o colégio ainda possuía proteção contra aparatação. Andou um pouco até dar de cara com os portões já tão conhecidos. Abriu-os e segui em direção ao lago.
Adorava andar às suas margens, dava uma sensação de calma, de que tudo estava bem. Contudo, a imagem que vira fez o seu coração dar saltos. Não era possível ela só poderia estar delirando.
“Mas ele não tinha morrido na batalha final?”, indagou-se surpresa, “ Por Merlin, eu estou ficando louca! Só pode ser!”.

I'll always remember
(eu sempre me lembrei)
It was late afternoon
(de que era fim de tarde)
It lasted forever
(que durou uma eternidade)
And ended so soon (yea)
(e que acabou rápido demais)
You were all by yourself
(você estava sozinho)
Staring up at a dark gray sky
(encarando o céu cinza-escuro)
I was changed
(eu fui mudada)

Já estava anoitecendo, o que dava ao céu uma coloração escura. Além disso, nuvens carregadas indicavam que começaria um temporal, mas ela não ligava, nem ele. Parecia alheio a tudo com seus olhos claros perdido em algum lugar daquela imensidão cinza.
Hermione duvidou do que via, achou que seus olhos lhe pregavam uma peça. Esfregou-os, abrindo-os em seguida na esperança de não encontrar mais ninguém ali. Contudo, não foi isso que aconteceu. Ao mirar as margens do lago, lá estava ele, quieto, sereno, frio, mais parecia uma estátua de mármore.
A despeito de seu receio, aproximou-se. Talvez se a jovem soubesse o que veria, a confusão que se instalaria em sua mente e em seu coração, ela nunca daria um passo em direção a ele.


In places no one will find
(em lugares que ninguém encontrará)
All your feelings so deep inside (deep inside)
(Todos os seus sentimentos mais profundos )
It was now that I realized
(foi nesse momento que eu me dei conta)
That forever was in your eyes
(do que sempre esteve em seus olhos )
The moment I saw you cry
(no momento em que o vi chorar)
The moment that I saw you cry
(no momento que o vi chorar)



Vi-o suspirar e pôde reparar que suas faces estavam molhadas. Ele chorava! Nunca imaginou que aqueles olhos frios eram capazes de demonstrar sentimentos... Nunca pensou que ele pudesse ter sentimentos. Não era essa a lembrança que guardava dos tempos de colégio.
E pela primeira vez, Hermione sentiu pena dele. Era como se a dor que ele sentia fosse irradiada e, por um momento, a jovem também se sentiu triste. Seu coração pesava, assim como o dele.
Era final de setembro, um mês que sempre lhe trazia lembranças, especialmente relacionadas ao castelo. Como era bom embarcar no expresso no dia primeiro e encontrar Rony, Harry, Gina, Luna... Sentia falta do diretor dando os recados de início de ano letivo, das canções do chapéu seletor, das trapalhadas de Neville. Até das implicâncias de Malfoy! Mas, infelizmente, aquele tempo não voltaria mais, nunca mais...

It was late in September
(era final de setembro)
And I've seen you before (and you were)
(e eu já tinha o visto antes)
You were always the cold one
(você sempre foi o frio)
But I was never that sure
(mas eu nunca tive certeza)
You were all by yourself
(de que você estava sozinho)
Staring up at a dark gray sky
(encarando o céu cinza-escuro)
I was changed
(eu fui mudada)

Deu mais alguns passos em direção do rapaz, parando ao lado deste, encarando-o. Aqueles cabelos tão claros, tez tão pálida e traços ta finos lançaram-na em um turbilhão de lembranças.
O seu primeiro encontro em Hogwarts. O soco que dera nele durante o final do terceiro ano. O prazer que parecia ter em humilhá-la. O choque ao descobrir que ele era primo de Sirius. A tentativa de escapar dele e seus amiguinhos durante o quinto. O comportamento estranho durante o sexto...
Sentiu-se um pouco tonta, piscou lentamente numa tentativa de recobrar o equilíbrio. Nesse momento, como se o jovem tivesse acabado de perceber a presença da garota, secou as lágrimas e virou-se para ela.
- Olá, Granger – falou com toda a calma do mundo.
- Malfoy? – perguntou espantada.
- Mudei tanto assim nos últimos anos a ponto de espantá-la?
- Não, pelo contrário – disse, sentando-se ao lado dele – está tão igual que parece mais um fantasma...
- Talvez eu seja um.
Dizendo isso, voltou a encarar a imensidão cinza. Suas feições mostravam o cansaço que o acometia. Parara de chorar, embora seus olhos continuassem vermelhos. O cabelo curto e liso balançava com o bater do vento, como se este brincasse com os fios loiros.
Hermione não conseguiu evitar pensar o como ele ficava mais bonito assim: sem o gel, sem a máscara de frieza, sem o discurso sobre sangues-puros... Finalmente, vira a face de Draco que faltava: a humana. Ela nunca pensara que um dia isso fosse acontecer.
Resolveu parar de analisá-lo e olhar o céu. As nuvens ficavam cada vez mais negras. Definitivamente, choveria muito naquela noite. Já era possível ouvir alguns trovões e ver uns poucos relâmpagos.
“Por Merlin! Isso tudo é muito surreal! Eu estou sentada ao lado de Draco Malfoy, que foi dado como morto há quase um ano...”, pensou, olhando-o de esgueira. Como se ele tivesse sentido o olhar dela sobre si, falou, sem se virar para encará-la:
- Fala, Granger.
- Falar o quê?- replicou assustada. Será que ele era legismente?
- O que você quer perguntar.
- Eu não quero perguntar nada! – respondeu defensivamente. Nesse momento, o loiro desviou sua atenção para o rosto da morena.
- Então, ótimo. Então eu não vou ter de responder nada. Vamos continuar aqui sem dizer nenhuma palavra com nossas dúvidas e medos a nos atormentar - dizendo isso, tornou a encarar a imensidão cinza.
Hermione ainda ficou a olhá-lo por algum tempo, até deitar-se na grama para poder melhor observar o céu. Era estranho fazer isso. Em geral, quando ia a Hogwarts, ficava dando voltas pelo lago ou andava pelo campo de quadribol, no máximo, pelo próprio castelo. Preferia andar ao ar livre para colocar os pensamentos em ordem. Contudo, naquele momento parecia que ali havia as respostas para as suas perguntas. Era esquisita essa sensação, mas, ficar ao lado dele, dava a ela uma certa paz.
Entretanto, causava uma certa ansiedade ao mesmo tempo. Como era possível? Sentimentos tão antagônicos conviviam tão bem lado a lado. Mione sabia que no momento que respondera que não tinha perguntas a fazer mentira. Ela tinha muitas dúvidas que ele poderia facilmente esclarecer. Como, por exemplo, de que maneira ele forjou a própria morte? Quem era a pessoa que lutava ao lado dos comensais e foi morta por Mood?
Ela lembrava muito bem do que acontecera naquele dia. Os membros da Ordem lutavam contra comensais perto de um bairro trouxa. Estes tinham planejado invadir o local e matar quantos trouxas pudessem. Ela duelava com Rabicho, muito próxima da cena. Pôde ouvir quando a maldição foi proferida. Por pouco não fora atingida pelo feitiço do ex-maroto. Conseguiu, então, acertá-lo com um feitiço estuporante e pôde, finalmente, dar à cena toda atenção que ela merecia. Vi quando a luz verde atingiu o peito do loiro e este caiu inerte no chão. Também observou à expressão atordoada de Snape. Lançando um “expelliarmus”, correu de encontro ao corpo. Suspirou resignado e sacudiu a cabeça. A próxima a ação do ex-professor de poções a surpreendeu: ele pôs fogo no cadáver e depois voltou para a batalha como se nada houvesse acontecido.
Aquelas questões tinham ficado sem explicação por um bom tempo. Aquela era a sua chance de descobrir a verdade. Talvez ele tivesse boa vontade e não a expulsasse a pontapés. Talvez ele nem se dignasse a encará-la. Talvez, talvez, talvez... Se ela não tomasse coragem para falar, aquelas dúvidas continuariam a persegui-la.



- Malfoy- chamou com uma voz falha.. Estava incerta. Tinha medo da reação dele. Nunca tivera boas relações com o loiro, e aquela pergunta parecia tão pessoal...
- Fala, Granger – a voz de Draco saiu mais rouca do que o normal.
- Quem era?
- Quem era o quê? – seu rosto demonstrava confusão.
- Quem era que estava no seu lugar? Quem era a pessoa que o Mood matou? – falou apressada encarando o chão. Quando o encarou, quase se arrependeu de perguntar. Os olhos dele estavam repletos de um sentimento que ela não conseguia identificar. Seria remorso?
- Minha mãe – uma lágrima solitária correu por seu rosto. A morena ficara atônita. Como assim? Narcisa Malfoy? Ela estava se passando pelo próprio filho? Mas por quê? Aquilo tudo não fazia sentido.
- Por quê?- sentiu um frio no estômago, sabia que estava passando do limite. Ela não deveria estar perguntando aquilo. Na realidade, não deveria nem ter ficado ali. Deveria ter corrido ao Ministério para informar que Malfoy estava vivo, mas, por algum motivo desconhecido, sentia a necessidade de saber o que se passava. Precisava entendê-lo.
- Ela tinha medo que eu morresse. Não queria que eu lutasse, mas eu não tinha escolha. Eu tinha que ir. Então ela se passou por mim. Ela achava que era uma causa idiota. Eu achava que era uma causa idiota. Sabe, não é agradável acordar todas as manhãs sabendo que vai ter de se arriscar por algo que não vale a pena... Pelo menos vocês tinham um ideal, vocês tinham um motivo. Eu tinha uma ameaça.
- Foi por isso que o Snape pôs fogo no cadáver?
- Foi. Dentro de pouco tempo a poção polissuco iria expirar. Ele não poderia deixar que descobrissem o que nós fizemos.
- Onde você esteve nesse tempo todo?
- Marselha. Num vilarejo perto de lá.
- Mas não há nenhuma comunidade bruxa por lá! Você estava com trouxas?- perguntou espantada.
- Irônico, não? – comentou com um leve sorriso – Aquele garoto mimado que judiava de nascidos trouxas teve de viver como um.
- Bastante. Por que voltou? Afinal, depois de todos os esforços da sua mãe para manter você longe da guerra, voltar não me parece algo...
- Inteligente?
- Eu ia dizer apropriado, mas inteligente serve – um silêncio tenso se instalou. Hermione conseguia sentia a indecisão do rapaz quanto a revelar-lhe o motivo de sua volta.
- Eu vim para o julgamento do Snape.
- Como? – a morena chegou a se sentar devido ao susto.
- Ele não é o culpado pela morte do diretor.
- Claro que é! O Harry o viu matando o professor - explodiu.
- Ele morreria se não fizesse isso!
- E daí, que o Voldemorte quisesse a cabeça dele por isso... - não conseguiu terminar, pois foi interrompida pelo loiro.
- Você não entende! Ele fez um voto perpétuo com a minha mãe! Se eu não conseguisse cumprir com a minha missão, ele deveria fazê-lo. Voldemorte nunca perdoou meu pai pelo fracasso na sala dos mistérios... Ele queria se vingar e me usou para isso. Se eu não fizesse o que ele me mandou, ele mataria toda a minha família. Sabendo disso, minha mãe correu para pedir ajuda ao Snape. Ele não fazia idéia de quais seriam os planos do Lorde das Trevas. Só queria ajudar uma velha amiga a proteger o próprio filho. Isso lhe parece tão desumano assim? – sua voz era clama e fria, fazia Hermione sentir calafrios ao ouvi-lo. Ela sabia que ele estava querendo fazê-la sentir o mesmo que estava sentido. O pior é que estava funcionando. Cada palavra de Draco atravessava seu peito como uma faca sem fio-de-corte, que vai rasgando sem direção certa em vez de cortar com precisão...
Não sabia o que responder. Não poderia dizer que Snape era inocente, que merecia o perdão total, mas também que ele não era de todo culpado. Era estranha ver a história numa outra ótica. Sempre viu o sofrimento que a guerra causara aos seus, mas nunca enxergara o que ela havia feito com os que estavam do outro lado do campo de batalha. É... Nenhuma guerra tinha vencedores, apenas perdedores. Havia os que perderam muito e os que perderam quase tudo, mas ninguém ganhou nada. Paz? Talvez... Mas por quanto tempo? Quantos anos se passariam até que aparecesse outro louco com síndrome de ditador? Outra pessoa capaz de matar muitos para conseguir chegar ao poder? Provavelmente não muito. A história trouxa e a bruxa mostravam isso claramente.
Começava a trovejar com mais força. Com certeza desabaria um temporal. O vento era forte. As folhas secas pareciam bailar pelo ar. As nuvens carregadas pareciam se mover com mais lentidão, como se quisessem retardar a chuva que estava por vir. Tudo era belo, estranhamente belo. O mais estranho era estar se sentindo bem ao lado de Malfoy. Apesar de nunca terem sido amigos, ela sentia uma conecção entre os dois. Era algo forte e ao mesmo tempo delicado. Tinha receio de que ela simplesmente terminasse. Talvez por isso não tivesse ido embora ainda.
- O que pretende fazer quanto ao Snape?
- Eu quero testemunhar. Não é justo que ele passe o resto da vida em Azkaban por minha causa.
- Você sabe que pode ser preso por falsidade ideológica, não?
- Sei, mas a pena é mais leve, pois não fui eu quem assumiu o lugar de outra pessoa, apenas fui conivente.
- Talvez nem seja condenado, mas vai ter de responder a um inquérito... - falou com simplicidade.
- Como sabe de tudo isso?
- Sou assessora do Ministro da magia.
- Está explicado - Mione deu um leve sorriso com o comentário.
Mais uma vez Draco parecia estar a quilômetros de distância dali. Seus olhos focavam o céu, mas a moça duvidava que ele realmente estivesse enxergando alguma coisa. Tinha um olhar perdido pela imensidão cinza. Foi observando os olhos dele, que ela percebeu algo muito interessante: eles estavam predominantemente azuis. Quando chegara, eles estavam num tom quase cinza-chumbo. Assim como o céu depois da tormenta volta ao seu azul límpido, a íris de Draco voltava gradativamente ao tom que ele sempre ostentara. Parecia que a tempestade interna estava passando, e a conecção deles se quebrando. Hermione não estava gostando da sensação de vazio que se instalara em seu peito.
- Granger?
- Quê?
- Você tem como convencer o Ministro a me ouvir? Eu sei que essas coisas são organizadas com muita antecedência, mas eu não pude vir antes. Era arriscado demais. Se alguém me encontrasse, provavelmente, me trancaria em Azkaban sem dar tempo para me defender – falou com o seu tom de voz usual. Sim, o momento que eles tinham compartilhado tinha acabado. Aquele era o velho Draco que ela conhecia.
- Por que eu faria isso?
- Porque você sabe que o Snape não merece passar a vida inteira em Azkaban e porque , ao contrário dos seus amigos, você é uma pessoa razoável. Não se deixa levar só pela emoção.
- Ta bom... eu vou tentar.
O loiro se levantou e deu mais uma olhada para o céu. Este estava quase negro quando um raio o atravessou. Com a claridade, a morena pôde observar melhor o outro. Parecia tão pálido naquelas roupas pretas, que ela notou serem trouxas. Definitivamente, algo tinha mudado nele. Seria para melhor?
- Vai chover muito – comentou ainda olhando para o firmamento, o que causou um sorriso na jovem.
Ele não poderia fazer um comentário mais óbvio, não? Há horas uma tempestade ameaçava cair. Será que só agora ele notara isso? Será que, por esse tempo todo, ele encarara o vazio, sem realmente se importar com o que acontecia ao redor?
- Vem, vamos entrar no castelo – disse oferecendo a mão para a garota se levantar. “Ta bom, talvez a fala dele não tenha sido assim tão óbvia”, pensou Mione. Ela aceitou a ajuda e ele a puxou. Quando ficou de pé, Hermione reparou que ele não deveria ser mais do que uns doze centímetros mais alto do que ela. Então, a grifinória levantou o rosto o suficiente para encarar aqueles olhos azuis, ou seriam cinza? Ela já não era mais capaz de definir a cor daquela íris.
Por um instante eles ficaram se encarando. Ele inclinou o rosto um pouco para a direção da morena, o que fez o coração dela acelerar. Alguns fios loiros tocavam a sua face. A proximidade era tanta que ela podia sentir a respiração dele contra sua pele. A grifinória estava tão perdida e nervosa que mordeu o lábio. Tal ação fez com que o rapaz fechasse os olhos e se aproximasse ainda mais. Hermione seguiu o exemplo. Seus lábios se tocavam levemente, quando...
Desabou um temporal imenso, o que fez com que eles abrissem os olhos imediatamente. Isso se msotrou um pouco inútil porque mal conseguiam enxergar um ao outro. “Merlin deve estar se divertindo lá no firmamento. Rindo horrores às minhas custas. Não bastava eu quase ter beijado ele, logo ele de todas as criaturas? Não... Tinha que chover e acabar com o clima... Claro! Afinal é de Hermione Granger que estamos falando. A garota que nunca conseguiu ter um relacionamento maior do que três dias seguidos... Nem o Vítor com quem eu terminei e voltei algumas vezes no quarto ano durou mais que um final de semana prolongado. Que raios! ”, pensou enquanto tentava inutilmente proteger o rosto dos pingos que caiam.
- Vamos lá para dentro – gritou Malfoy numa tentativa um pouco falha de superar o barulho da água.
- Hã? Lá dentro? Mas está fechado!
- Vem! – sem dizer mais nada, Draco a pegou pela mão e puxou-a em direção ao castelo. Quando chegaram às escadarias, antes mesmo de subi-las, o rapaz lançou um feitiço que explodiu a porta. Eles então entraram rapidamente no castelo.
Tudo estava limpo, apesar de estranhamente vazio. É como se aquele não fosse o castelo em que ela passara tantos anos de sua vida. Dava uma sensação de... Tristeza. Era essa a palavra correta. Embora tenha havido um momento de sentimentalismo, logo ele foi substituído por um de dúvida. Afinal, quem é que estivera cuidando do castelo por todo esse tempo?
Quando ela se virou para perguntar isso para o loiro, ele não estava mais lá. Apenas a porta completamente recomposta se apresentava perante os seus olhos castanhos. Olhos esses que começaram a vasculhar o salão freneticamente por um sinal do sonserino. Ele não poderia ter desaparecido, poderia? Ninguém podia aparatar nos terrenos de Hogwarts...
- Aqui em cima, Granger! – chamou Draco em um tom divertido.
Quando Hermione finalmente descobriu de onde vinha a voz, seu queixo caiu. Ele estava sentado no parapeito de uma janela que estava a nada menos do que 2 metros e meio do chão.
- Sobe aqui. Tem uma vista linda do lago...
- Hã... Não, obrigada.
- Que foi? Meio alto para você?
- Não – respondeu esperando que tivesse soado convincente, mas tendo certeza de que não seria.
- É por isso então... – comentou o loiro pensativo.
- Por isso o quê?
- Que você não jogava quadribol... Você tem medo de altura! – falou como se tivesse passado por uma epifania – Como eu não pensei nisso antes? Você era boa em todas as matérias... Tinha de haver um ponto fraco.
A menção da expressão “ponto fraco” irritou a morena. Seu orgulho grifinório tinha sido mortalmente ferido. Grifinórios não eram fracos, ela ia provar isso. Sem pensar duas vezes começou a escalar a parede, apoiando os pés e as mãos nas fendas entre as pedras. Enquanto isso, o loiro a observava atentamente.
Quando já esta há mais ou menos 2 metros do chão, ela se desequilibrou e começou a cair. Podia sentir seu corpo ganhar aceleração quando o ouviu proferir “Wingardium leviosa”. Em poucos segundo estava sentada sobre o parapeito.
- Você está bem? – perguntou genuinamente preocupado.
- Si-sim..
- Então por que você está tremendo? – indagou levantando a sobrancelha direita. Por que ela tremia? Medo? Um pouco. Frio? Com certeza. Choque? Sem dúvidas. Pensando em qual seria a melhor resposta, optou por:
- Frio
Ao mencionar essa palavra o olhar do loiro caiu sobre as suas roupas encharcadas. Ela pôde perceber que ele fizera uma careta. Não reparou no que ele sussurrou, mas sentiu uma onda de conforto invadi-la. Era como se uma onda de calor percorresse o seu corpo.
- Pronto. Resolvido.
- Obrigada – disse recostando na parede e encarando a vidraça.
- De nada – respondeu fazendo o mesmo - Você sabe que não precisava ter feito isso, não sabe?
- Sei, mas, se eu não fizesse, eu não mereceria o título de grifinória-cabeça dura, mereceria?
- Não, definitivamente não.
Sem mais uma palavra, voltaram a encarar o céu como se nada tivesse acontecido ou importasse. E realmente não importava. Não importava se um dia eles se odiaram ou se lutaram por causas diferentes. Não fazia diferença. Não naquele dia.

In places no one will find
(em lugares que ninguém achará)
All your feelings so deep inside (deep inside)
(Todos os seus sentimentosmais profundos)
It was now that I realized
(Foi nesse momento que eu me dei conta)
That forever was in your eyes
(que o sempre esteve nos seus olhos)
The moment I saw you cry
(no momento que te vi chorar)

A próxima coisa que Hermione viu foi um par de grandes olhos castanhos a encarando. Onde ela estava? Esse não era o seu quarto. E o que esse elfo-doméstico estava fazendo do lado dela?
- Ah! – gritou.
- Shhhhh.... Senhorita não precisa ter medo de eu, Dobby nunca machucaria senhorita.
- Dobby? É você? – perguntou ansiosa.
- Sim – respondeu receoso.
- Graças! Merlin não me odeia tanto quanto eu achava... – disse puxando o elfo para um abraço.
- Interrompo alguma coisa?- indagou uma voz masculina.
- Nãã-ão, pequeno mestre – disse tentando se separar da morena - Dobby acha que senhorita estava assustada. Ela não conhecer o quarto...
- Onde eu estou afinal?
- Dormitório masculino da Sonserina do sexto ano.
- Dormitório masculino da Sonserina? – repetiu incrédula.
- Do sexto ano. – confirmou o rapaz.
- Por que me trouxe para cá?
- Preferia dormir no peitoril da janela?
- Por que você respondeu a minha pergunta com outra pergunta?
- Por que você tem de fazer perguntas tão desnecessárias?
- Por que você não me responde?
- Por que você não me responde? Afinal, a minha resposta ficou bem clara.
- Não ficou não. Foi uma pergunta.
- Já ouviu falar em “ler as entrelinhas”?
- Já, mas não vem ao caso.
- Claro que vem, mas eu não vou perder tempo discutindo por isso. Está tarde e nós temos que ir ao Ministério.
- Que horas são?
- Oito.
- Como você me deixou dormir até agora?
- Como eu deveria adivinhar que você tinha que acordar mais cedo?
- Pára! Pára de responder as minhas perguntas com outras! Que irritante – resmungou enquanto se levantava – E só para sua informação, gênio, eu tenho que ir em casa, trocar de roupa e só então falar com o ministro!
- Parece que a moça não é uma pessoa da manhã, Dobby.
- Eu sou sim. Eu só odeio atrasos... – declarou enquanto procurava por seu chinelo. Até se dar conta de que ela nunca o acharia porque ele não estava lá.
- Ali.
- Ali o quê, Malfoy? – falou com o pouco de paciência que ainda lhe restava.
- Seus sapatos. Aos pés da cama.
- Ah... Ok.
- Não mereço um “obrigada, Malfoy”?
- Não. Eu iria achar meus sapatos mais cedo ou mais tarde.
- Se fosse mais tarde, você se atrasaria ainda mais.
- Ta bom. Obrigada.
- Malfoy.
- Obrigada, Malfoy – repetiu mal-criada enquanto calça enquanto calçava os sapatos.
- Ah... Ok.
- Cadê o “de nada”?
- Pensei que você não se importasse com a educação nesse horário... – comentou com a expressão mais cínica que alguém poderia ter.
- Você está fazendo isso só para me irritar? Não está?
- Talvez...
- Por quê?
- Você fica vermelha. É engraçado.
- Engraçado? Engraçado? Queria ver se fosse com você!
- Sinto muito querida... Eu não fico vermelho. Não com essa facilidade.
- Claro, você é quase albino.
- Alt! Isso magoa sabia? – ele fez uma careta de dor tão forçada que não dava para não rir – E ainda ri da miséria alheia? É isso que ensinaram na Grifinória? E ainda dizem que os sonserinos são sem-coração...
- Cala boca, Malfoy!
- Sim, senhora.
- Senhorita.
- Sim, senhorita. Credo, que estranho. Senhora soa melhor.
- Mas eu não sou casada...
- O que é muito preocupante devido à sua idade avançada...
- Idade avançada? Eu só tenho 18 anos...
- Como eu disse 81 anos... Idade avançada demais para conseguir um bom partido...
- 81? Doido... Bem, então te encontro daqui há meia hora no Ministério?
- Não vai tomar o café que o Dobby preparou especialmente para você?
- Não dá tempo, deixa para próxima.
- Ok! Sobra mais bolinho de cenoura com chocolate para mim... Ah e é: direita, sobe, direita, reto, reto, reto, direita, parede, corredores...
- O que é isso?
- O caminho, oras! Como você queria sair da Sonserina sem ao menos saber o caminho?
- Pensei que vocês iam me levar...
- Ta bom... A gente te leva... Mas só até os corredores!
-Ai! Que falta de cavalheirismo! – o comentário fez com que ele levantasse a sobrancelha direita que tinha uma pequena falha.
-Desculpa, se eu estou com fome.
-Está desculpado – disse piscando para ele. “Oh my! Eu acabei de dar em cima do Malfoy! Ah! Eu vou ter o resto da minha vida para me arrepender disso...”, repreendeu-se Hermione.
Surpreendentemente, ele a levou até o portão. Não falaram nada pelo caminho. O que havia para falar? “Nada, afinal, vocês não têm nada de incomum, Hermione...”, pensou ao dar uma olhada de esgueira antes de se afastar, “Até que ele fica bonitinho assim sério...”.

I wanted to hold you
(Eu queria abraçar você)
I wanted to make it go away
(Eu queria fazer isso ir embora)
I wanted to know you
(Eu queria conhecer você)
I wanted to make your everything, all right....
(Eu queria consertar tudo para você)


A sala de julgamentos estava uma confusão. Parecia que todo o mundo bruxo desejava ver o que aconteceria com o assassino de Dumbledore. Vendo o recito lotado, Granger sentiu como se houvesse uma pedra de gelo no seu estômago. Era nessas horas que ela se perguntava por que caíra na Grifinória se, quando mais precisava, a coragem parecia fugir dela?
Um barulho a arrancou de seus devaneios. Era Severo Snape que acabara de ser trazido para a cadeira dos réus. Seus pulsos estavam machucados onde a algema prendia. Seu cabelo ainda mais oleoso do que nunca. Seus olhos estavam vermelhos como se ele houvesse chorado muito. Essa cena foi o suficiente para forçá-la a falar com o Ministro.
- Senhor... Tem uma testemunha de última hora que deseja participar. Tenho a sua permissão para chamá-la depois do depoimento do Harry?
- Quem é? – perguntou interessado.
- Definitivamente, uma surpresa.
- Você acha que irá acrescentar algo?
- Com certeza.
- Então vá logo disse baixo para ela, antes de se dirigir a todos – Bem, damos início ao julgamento de Severo Prince Snape pelos crimes de assassinato e alinhamento a Voldemort. Senhor Snape, o que tem a dizer sobre o assassinato do ex-diretor de Hogwarts?
-Nada – podiam-se ouvir as exclamações de surpresa de todos os presentes.
- Claro que não falará nada... Não tem como se defender... – disse uma voz vinda de trás da morena.
-Ai Harry! Que susto! Você quase me matou do coração... Por falar em matar, onde está o Rony? Eu vou matar aquela criatura quando puser minhas mãos nela.
- Nossa, Mione! Que maneira carinhosa de se referir ao seu namorado... – implicou Harry.
- Harry James Potter! Será que você não poderia simplesmente me informar se aquele cabeça-dura está aqui?
- Sim, ele está. Lá em cima – apontou logo antes de ser chamado a depor – Bem, vou lá. Até mais, Mi.
- Até.
Depois de se despedir do moreno, Hermione correu para a entrada do Ministério. Se demorasse muito, Draco não conseguiria testemunhar. Então ela correu, correu, correu. Tudo passava por ela num turbilhão de cores, mal podia notar o caminho que tomava. Ao chegar ao orelhão trouxa que servia de entrada para o Ministério, estava esbaforida e não conseguia, de jeito nenhum, encontrar Malfoy.
- Desse jeito, o Snape vai apodrecer em Azkaban. Cadê o incompetente do Malfoy?
- Competentemente escondido para salvar a própria pele? – veio uma voz perto da sua orelha esquerda.
- Vocês dois têm algum plano para me matar de ataque cardíaco ou o quê?
-Hã? Nós dois? Do que você está falando?
- Nada. Vamos logo que temos menos de cinco minutos para chegar até lá – disse, puxando-o para dentro da cabine.

I'll always remember...
(Eu sempre vou me lembrar)
It was late afternoon...
(era fim de tarde)
In places no one will find...
(Em lugares que ninguém encontrará)

Quatro minutos e meio depois, Granger entrava na sala. Ainda há tempo de ver Harry se levantando da cadeira das testemunhas e indo se sentar entre Rony e Gina. Respirou fundo numa tentativa quase desesperada de recuperar o fôlego e foi falar com o ministro.
- Ele já está aqui. Do lado de fora da sala – informou em sussurros.
- Quem é ele? –indagou o ministro no mesmo tom.
- Draco Malfoy.
- Draco Malfoy? – gritou – Como ele vai testemunhar? Ele está morto!
- Acho que não... – respondeu em meio a balburdia que se instaurou. De onde estava, podia muito bem ver as expressões surpresas de seus amigos e namorado.
- Tem certeza?
- Sim.
- Mande-o entrar então – ela assim o fez.
Logo que o loiro colocou os pés naquele lugar, o barulho de pessoas falando aumentou consideravelmente. Malfoy olhava de um lado para o outro com a mesma expressão de nojo que Hermione cansara de receber nos tempos do colégio.
- Senhor Malfoy, pode se sentar – dizia o ministro enquanto observava o rosto de Snape se contorcer em desespero – Acho que, antes de começarmos seu depoimento, o senhor nos deve algumas explicações...

I'll always remember...
(eu sempre vou me lembrar)
It was late afternoon…
(era fim de tarde)
In places no one will find...
(em lugares que ninguém encontrará)


Ao longo do depoimento, Hermione vira ele contar a mesma história que ela ouvira no dia anterior. Só que, dessa vez, não havia lágrimas, mas sim uma dose de Veritasserum.
Quando Draco se calou, a sala estava num silêncio absoluto. Podia-se ouvir as respirações descompassadas dos presentes. Ou a falta delas, como era o caso de Rony. O garoto parara de respirar havia algum tempo, o que preocupava Hermione quase tanto quanto o fato de ela ter certeza que sua mão estava quebrada. Não era possível que sobrasse algum osso inteiro após os apertos que recebera do namorado.
- Garoto idiota! – urrou Snape - O que pensa que está fazendo?
- Tentando salvar a sua pele?
- E tudo o que a sua mãe fez, Draco? Foi em vão?
- Não... Eu estou vivo, não estou?
- Está, mas você não deveria ter voltado.
- Ah! Fala sério, Dindo! Eu não poderia ficar sentado na minha poltrona na França enquanto você leva uma sentença de prisão perpétua ou morte!
Uau! Então era por isso o desespero dele... O padrinho estava sendo preso por um crime que ele é que deveria ter cometido... Finalmente, fazia algum sentido a dor que aqueles olhos claros escondiam... Nossa! Parecia que quanto mais ela descobria o verdadeiro Draco Malfoy, mais novidades apareciam.

In places no one will find
(Em lugares que ninguém encontrará)
All your feelings so deep inside (forever was in your eyes)
(Todos os seus sentimentos mais profundos – sempre em seus olhos)
It was now that I realized
(Agora eu compreendi)
That forever was in your eyes
(o que sempre esteve em seus olhos)
The moment I saw you cry
(no momento que você chorou)


A sentença foi declarada meia hora depois: inocente. Severo Prince Snape poderia ir para casa naquele mesmo dia.
Ouviu –se o “click “ das algemas abrindo. Sem esperar mais nem um segundo, o ex-professor de poções foi correndo abraçar o afilhado. Os dois se separavam, se olhavam, riam e voltavam a se abraçar. Era tão reconfortante ver aquela cena. A morena quase podia sentir o alívio daqueles dois. Não pôde evitar abrir um sorriso.
Neste momento, o seu olhar se encontrou com o do loiro, que fez algo inesperado. Abriu um sorriso maior ainda para ela e murmurou um obrigado. Isso a fez ter vontade de participar daquilo. Mesmo sabendo que eles nunca fariam parte se sua vida, por uma fração de tempo, ela quis ser parte da deles.
-Mione, amor. Vamos embora? A mamãe está nos esperando para almoçar. Ela fez o seu prato favorito…
A voz suave de Rony a fez voltar para a realidade. A sua realidade. A realidade em que os Weasley eram quase a sua família, em que era a melhor amiga de Harry Potter e em que não era nada para Draco Malfoy.
-Então o que estamos esperando? Vamos logo!
Puxou o namorado em direção à saída sem ao menos olhar para trás. Prometeu a si mesma guardar tudo que acontecera par si. Nunca ninguém saberia. Aquele era um momento deles e de mais ninguém. Com esse pensamento, atravessou a porta.



CINCO ANOS MAIS TARDE...

Estavam sentados à mesa de um restaurante novo no Beco Diagonal Gina, Harry, Luna, Neville, Hermione e Rony. O ruivo estava entre a morena e a loira. Harry estava ao lado esquerdo de Hermione e ao direito de Gina, sua noiva, enquanto Neville ficava entre a loira e a ruiva. Quem visse de fora, poderia jurar que era uma reunião de casais, o que não estava de todo errado.
Antes de pedirem a sobremesa, Rony e Mione começaram a falar ao mesmo tempo:
-Eu tenho ...
- Eu tenho...
- Pode falar.
-Não, fala, você.
-Não, eu insisto. Fala você porque o que eu vou falar talvez cause um certo choque.
-Posso dizer o mesmo...
- Rony! Eu já disse para você falar primeiro!
-Ok, então – começou o ruivo enquanto puxava uma caixinha de veludo de seu paletó e se ajoelhava – Então... Luna Lovegood, quer casar comigo?
- Claro! – respondeu oferecendo a mão direita para ele colocar o anel.
Todos ficaram alvoroçados com a notícia. Não que não fosse de se esperar, pois era. Weasley e Lovegood namoravam há mais de quatro anos e, desde que começaram, era óbvio para todos que eles se completavam.
Como tudo aquilo começou? Bem, começou em dezembro. No início de dezembro para falar a verdade. Ronald ainda estava se recuperando do final do seu namoro de dois anos com Hermione quando eles se beijaram pela primeira vez. Foi um acidente. Não era para ter acontecido. Contudo, assim que aconteceu, eles perceberam que era algo que eles iam querer repetir sempre.
Era nessas horas, quando via a felicidade do amigo com a “nova” namorada, que Hermione agradecia pela confusão que se instalara em sua cabeça após reencontrar Malfoy. Não foi preciso mais de uma semana para a morena perceber que o relacionamento dos dois não passava de uma enorme amizade. Ela nunca conseguiria ter com o ruivo a mesma conecção que tinha com o loiro. Parecia que Rony estava sempre em AM e ela, em FM.
Não podia dizer que estava apaixonada por Draco. Isso era radical demais. Talvez ela só estivesse interessada nele. É. Era só isso. Se bem que aquela vozinha em sua cabeça continuava a dizer que isso era mentira. Granger pensava nisso quando a voz de Gina a interrompeu:
- O Rony ia fazer um pedido de casamento... E você, Hermione? O que você ia falar de tão chocante?
- Bem, depois de um pedido de casamento, a minha notícia vai parecer insossa – tal comentário fez a mesa toda rir.
- Eu disse para você falar antes, Mione...
- É eu sei... To começando a me arrepender de não ter te dado ouvidos...
- Fala, logo! – insistiu Harry
- É! Fala logo! – corroborou Neville.
- Bem... Eu sou a nova professora de transfiguração de Hogwarts!
- Ah! Não acredito! – gritaram as garotas em coro.
- Acreditem! Vou substituir a McGonnagall.
-Parabéns, Mi.
- É! Parabéns!
- Parabéns!
- Parabéns!
- Perai! – interrompeu Rony - Isso significa que você vai se mudar para lá?
- Claro, Ron! Achei que isto estava subentendido...
- E para a casa de quem eu vou correr quando a Lu fizer aquelas comidas malucas dela? – indagou horrorizado, Fazendo a morena rir.
- Elas não são malucas, Roniquinho...
- Não... São para ruminates... Mione! Você não pode me deixar a mercê dos dotes culinários da minha noiva!
- Deixando o chato do meu irmão de lado... Quando você vai para lá?
- Amanhã.
- Mas já? – foi a vez de Neville.
- É... Afinal, as aulas começam em setembro, não?
-É, mas ainda não é agosto!
- Verdade, Harry, mas a equipe toda está sendo renovada. Nós temos que nos reunir o quanto antes para ver como faremos...

The moment I saw you cry
(O momento em que o vi chorar)
I think I saw you cry
(Acho que o vi chorar)
The moment I saw you cry
(O momento em que o vi chorar)

Na sua ansiedade de não se atrasar, Hermione acabou por se adiantar muito. Chegou ao colégio quando ainda faltava mais de uma hora para a reunião dos novos professores. Para o seu espanto, parecia que os demais professores também fizeram a mesma coisa.
- Diretora, eu sei que ainda falta meia hora, mas por que não começamos já? – perguntou uma ruiva de uns trinta e poucos, que Hermione descobrira ser a nova mestra de Herbologia.
- Porque o nosso mestre de História da Magia ainda não chegou.
- O Binns se aposentou, diretora? –indagou com sincero espanto
- Professora Granger, quando eu disse que toda a equipe seria renovada eu não fiz ressalvas, fiz?
- Não, senhora.
-Então, sim. O professor Binns se aposentou.
Aquilo era realmente inesperado! Nem depois de morto aquele fantasma parara de dar aulas... Por que agora? O que o levou a parar de lecionar? Será que era por causa da morte do ex-diretor? Será que ele não optou pela aposentadoria, mas foi forçado? Não... A Minerva nunca faria isso. Faria?
A morena estava tão atordoada com a descoberta que não ouviu a porta ser aberta nem escutou os passos ecoando pelo Salão Principal.
- Espero não estar atrasado, diretora.
- Não, professor Malfoy. Pontual como sempre.
“Malfoy? Eu ouvi Malfoy? Eu devo estar ficando louca...”, pensou Hermione antes de encarar o loiro ao seu lado.
- Não acredito...
- Bom dia para você também, Granger!
-Ah... Desculpa... Bom dia.
- Você definitivamente não é uma pessoa da manhã, né?
- Pelo visto não... – disse virando-se para frente e voltando a encara-lo – Mas História da Magia? Por que não poções?
- Por que não astrologia em vez de transfiguração?
- Você não vai parar de responder às minhas perguntas com perguntas?
- Pelo visto não – falou sorrindo.
“Ah, não! Esse sorriso não! Cadê os risinhos sarcásticos que ele tanto esbanjava durante seis anos? Cadê, hein? Eu preferia eles... Não, mentira. Eu prefiro esse, mas é que… é que... Ah! Me dá vontade de retribuir … Não, Hermione! Não! Não faça isso! Putz! Tarde demais…”, pensava enquanto lutava em vão para não devolver o sorriso.
Ao ver que a garota sorria de volta, o sonserino se permitiu alargar o sorriso antes de se virar para encarar a diretora.
“É... esse vai ser um longo ano... Bem, pelo menos eu vou ter tempo para conhecê-lo melhor...”, imaginou virando para McGonnagall que já começava a dar instruções.


I wanted to know you
(Eu queria te conhecer)
I wanted to know you
(Eu queria te conhecer)
I wanted to know you
(Eu queria te conhecer)


N/A: Demorou mais saiu! huahauahua Bem, o final dessa fic não é o original! Isso porque eu resolvifazer uma continuação dela. Só que, dessa vez, o ponto de vista será do loirinho querido. O nome deve ser "Nunca será tão simples assim" ou "Leva tempo para compreender". Não sei ainda, mas eu aviso! Espero que vocês tenham gostado! se tiverem, comentem. É a única maneira te eu saber que a fic agradou e que vocês querem a continuação. Bem, vou indo Beijão!

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