Veneza



Veneza
Por Anne Haze Granger


N.A.: Essa fic é inteiramente dedicada à MSM, que foi graças a ela que eu voltei a escrever fics.

“Mas é Carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar
Deixa o barco correr
Deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira
Que você me quer
O que você pedir, eu te dou
Seja você quem for
Seja o que Deus quiser”

Confetes e serpentinas por todos os lados. O baile de máscaras do Pálace Hotel de Veneza tinha começado. Draco Malfoy usava uma bela farda de general e uma máscara cor de prata que tapava a parte de cima do rosto. Seus cabelos estavam para trás e a boca estava á mostra, o que não o impedia de estar irreconhecível.
Talvez fosse ousadia estar hospedado num hotel trouxa e participar do baile de carnaval, mas Draco não se preocupava. A guerra tinha acabado, seus pais estavam mortos (como todos os outros comensais), ele tinha acabado a escola e podia gastar toda a fortuna dos Malfoy sozinho. Aproveitaria tudo que pudesse aproveitar sem nem um pingo de culpa. Quiçá encontrar uma bela italiana e passar uma noite louca nos braços dela.
Era melhor parar de sonhar e dançar. O baile era clássico e de bom gosto. Colombinas, Pierrots e Arlequins lotavam o salão celebrando a magia da noite. Draco se perguntava como os trouxas prendiam as máscaras ao rosto enquanto dançava com uma bailarina.
A bailarina era bela, formas perfeitamente arredondadas, era feminina e simples. A simplicidade matava. Draco não via mistério nela, não queria saber quem era. Cansou-se antes de tentar qualquer coisa e trocou de par.
Foi aí que ele a viu. Ela usava um vestido branco com detalhes em violeta, parecia ter vindo do século XVIII, o vestido tinha as mangas finas caídas e deixava à mostra os belos ombros da moça. A máscara dela tapava da testa ao fim do nariz e era branca. Os cabelos estavam presos de um jeito despojado, alguns fios ficavam soltos na frente e atrás o cabelo se fazia em belos cachos. O que mais chamava atenção era o colar singelo que ela usava. Era tudo tão perfeito nela. Era tão atraente...
Ela também olhava para ele, que queria saber quem era a dona da pele alva por trás da máscara. Ela estava sentada e o provocava mexendo nas mangas da blusa, olhando dentro dos olhos dele. Ele ardia em desejo, mas não parava de dançar com a colombina.
Ela então aceitou dançar com o Pierrot que a convidou. Draco a seguia pelo salão enquanto guiando a Colombina. A moça se aproximava do Pierrot sem desgrudar os olhos de Draco. Ela provocava e o sangue dele fervia. Por que ele estava tendo ciúmes de alguém que sequer conhecia? Foi até lá com a Colombina, fez os dois pararem de dançar e começou:
_Meu caro Pierrot, creio que você vai gostar da companhia dessa colombina._Draco disse e antes que o Pierrot pudesse responder tomou a moça e saiu pelo salão. Ela segurava uma gargalhada enquanto seguia Draco.
Os dois então dançavam sem trocar frases. Ele a envolvia pela cintura fina, ela se apoiava nos ombros dele. Cada nota musical era pra ele um pingo a mais de desejo pela pele dela. Beijar o ombro alvo da moça era idéia constante.
_Você está hospedado aqui?
_Você está?
_Não pode responder?
_Quer ir ao meu quarto?_ele sussurrou no ouvido dela.
_É tão apressado!
_A culpa é toda sua!
_Minha?
_Sim.
_Como?
_Me provocou dês de que te vi.
_Eu?
_Por quê você nega?
_Não neguei nada.
Ele então se aproximou do corpo dela mais do que a valsa permitia. Queria senti-la para talvez descobrir o que o atraia tanto. Ao senti-la queria tirar logo seu vestido, queria beijá-la e tê-la ali mesmo. Tentava conter seus impulsos. O certo era levá-la até o seu quarto e fazer o que queria lá.
_Não consigo entender o que você tem que me atrai tanto.
_Quer racionalizar?
_Não, quero que você suba comigo até o meu quarto.
_Não sei se aceito...
_Por que?
_Nem te conheço.
_Eu te conheço menos ainda, mas te quero.
_Não seria cedo demais pra dizer?
_Você acha cedo?_ela riu quando ele perguntou_ O que você quer saber de mim?
_Quero saber por que logo eu.
_Por que você é a mais bela daqui.
_Pretensioso... Nem viu meu rosto!
_Posso ver?
_Quer mesmo que eu suba, general?
_Quero te ter.
_Eu subo com você._ ela disse rindo como se aquilo fosse a maior loucura que ela já tinha feito na vida.
Chegaram ao quarto dele, a suíte presidencial, e ele a conduziu até a cama. Ela não hesitava em momento algum. Ele a deixou sentada e saiu para buscar duas taças de champanhe. Ela esperava ele voltar, queria saber o que ele faria e como faria. Tinha curiosidade, desejo, ânsia.
Draco entrou, entregou a taça dela, os dois brindaram e ele se sentou na poltrona que ficava de frente para a cama só pra olhar pra ela, pra decorar cada detalhe.
_O que foi?
_Quero saber quem é você.
_Isso hoje não é importante.
_O que é importante?
_Ah General... Meu nome vai diminuir o desejo que você aparenta ter por mim?
_Não. Eu te quero muito.
_Nem me viu direito...
_Acredite, vi o suficiente pra te querer. Você não diz nada. Posso saber se você me quer como eu te quero?
_Te quero como eu quero.
Nessa hora ele se sentiu autorizado a se aproximar. Foi devagar até ela, direto para o pescoço. Ela ficava parada enquanto ele lhe beijava o pescoço. A pele era tão macia que ele não mais se contentava em roçar os lábios, queria morder, lamber. Subiu até a orelha, mordiscou-a e depois voltou ao pescoço, lambendo dessa vez. Queria sentir pra sempre o gosto dela. E ela continuava parada, mas então respirava fundo, queria sentir cada toque da forma mais intensa que pudesse. Foi aí que ela puxou-o pela nuca e beijou seus lábios. As línguas se derretiam, o beijo era perfeito; era o melhor que ela já teve e o melhor que ele já teve. Ela queria mais e descia fazendo o que ele tinha feito a pouco de forma peculiar.
_Quer que eu tire a máscara?
_Não, General, eu não vou tirar a minha.
_Ela não vai cair?
_Te asseguro que não.
_A minha também não vai cair.
_Ótimo, agora cala a boca e me beija.
Ele adorou aquilo. Ela era perfeita! Quem era ela, afinal? Tentava desabotoar o vestido enquanto a beijava, estava transbordando de desejo. Ela afastou-o um pouco para tirar o paletó dele. Ela era, de fato, muito mais eficaz. No instante seguinte ele estava de cueca e máscara, enquanto ela continuava vestida. Ele tentou desabotoar o vestido de novo, mas ela freou.
_Calma General, desse jeito você não vai conseguir._ela se levantou na cama e tentou mostrar como se fazia, abrindo o primeiro botão.
Ele tentou de novo, não obteve sucesso, então perdeu a paciência e rasgou a roupa dela. Ela riu quando ele fez isso, parecia ter adorado. Ela usava um corpete branco muito justo e uma calcinha fio dental da mesma cor. Já não havia freios. Se beijavam violentamente e compulsivamente. Pouco depois estavam nus, sem saber quem eram e se conhecendo bem mais que qualquer outra pessoa. Eram somente um do outro naqueles onze minutos.
No final continuaram abraçados, deitados na cama dele. Se questionavam como a máscara do outro não tinha caído. Queriam saber quem eram. Não queriam se desgrudar. Queriam continuar ali aproveitando o momento de êxtase. Ela já estava quase adormecendo quando caiu em si:
_É melhor eu ir, meu General.
_Fica um pouco mais.
_Não dá. É tarde.
_Fica que eu sou seu do jeito que você quiser.
_Eu realmente tenho que ir.
_Com que roupa?
_Como você rasgou meu vestido, creio que fará a gentileza de me ceder a farda.
_Te empresto sim. Não vai me dizer seu nome?
_Ia estragar tudo, General.
_Te chamo como, então?
_Como você quer me chamar?
_Te chamo de Linda por hoje.
_Está na minha hora. Vou indo...
_Você foi a única que eu continuei querendo, mesmo depois de ter.
_Para com isso. Vamos fazer o seguinte: amanhã você busca tua farda no meu quarto. Você descobre quem eu sou, eu descubro quem você é e depois a gente vê o que faz._ela disse, colocou a roupa dele que estava no chão, beijou-o na boca e foi saindo.
_Qual o número do quarto?
_102, é no décimo andar. Boa noite general! Vê se sonha comigo!
_Boa noite minha linda!
Ela bateu a porta e deixou com ele o seu cheiro. Nenhuma antes teve esse efeito. Por um instante Draco teve medo de saber quem ela era. A melhor e mais bonita mulher que ele já teve. Desfez o feitiço que grudava a máscara ao seu rosto e fez o possível para dormir.
Sonhou com mil rostos e sabia que um deles era o dela. Ele estava num labirinto e queria chegar no centro, ele sabia que ela estaria lá. Então o fio que ele trazia consigo _o que o guiaria de volta a entrada_ se rompeu. Estava perdido sem saber como chegar nela e sem ter como voltar atrás.
Acordou, se aprontou, desceu para o café, procurava ela nas mesas do salão do
hotel, mas sem certeza de nada resolveu ir ao décimo andar.
O elevador estava enguiçado e ele teve que subir dez lances de escada. Aparatar alí seria um tanto quanto arriscado. subiu correndo, ofegante, suu, por um instante não queria que ela o visse assim. mas a curiosidade era tão grande que ele não se deteve. tocou a campainha do quarto dela e esperou que ela abrece a porta. o coração batia num misto de cansaço e ansiedade. ouvia os passos dela...
_Quem é?
_ Posso falar o nome?
_Estou com medo de saber quem é você, General.
_Não vai abrir?
_Vou sim, me espera só tomar coragem.
_Pra quê isso?
_ Estou abrindo!
O coração dele acelerava enquanto ela girava a chave. ele ouviu o som da maçaneta e ficou olhando para o chão. tinha um misto de medo e curiosidade.
_Não acredito!_ a voz dela então estava assustada e ele tomou coragem para encará-la. ele conhecia aqueles olhos, aquele rosto e naquele momento reconheceu até a voz. Mas ele ainda não acreditava que era ela. Olhava nos olhos dela se questionando sobre o que queria e o que faria.
_Ainda quer que eu entre?_ ele foi por impulso.
_Claro! senta, fica á vontade._ a voz dela ainda estava nervosa.
_Tudo bem... Ahn... Como eu te chamo agora?
_Pode ser de Hermione.
_Vai ser estranho, mas eu me acostumo a deixar o Granger de lado.
_Isso quer dizer...
_O que você quer que isso queira dizer?
_quer dizer que a gente tem futuro?
_Claro! A não ser que você não concorde.
_Não sei. É estranho isso de você eu e... ahn...
_Eu não te odiar e essa falta de ódio ser mútua?
_É também...
_E você?
_Eu o que?
_Você podia falar alguma coisa...
_Falo sim... Deixa só o susto passar.
_Susto?
_Ah Mal... Draco... Como eu te chamo agora?
_Draco mesmo.
_Sim, Draco, é que eu esperava qualquer outra pessoa no mundo...
_Achou ruim?
_Não. Você?
_Nem um pouco. Foi bom descobrir que você é tão bonita. Não sabia disso em Hogwarts._Ela enrubesceu com o elogio. E ele se aproximou dela, tinha vontade de colocá-la no colo, era tão frágil, tão pequena, tão mulher. Beijou-a sem máscaras
_E o que vai ser depois?
_É mesmo importante?
_Não mais que viver o agora.
Os dois repetiram mais vezes o ato anterior, dentro e fora de Veneza. Não é exagero falar que eram o retrato da paixão. Pena as máscaras de Hogwarts não terem permitido os dois de se descobrirem antes das máscaras de Veneza.

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